Versus Magazine #18 Fevereiro/Março 2012

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podem ouvir e abusar deste álbum pois muito provavelmente não irão arder nas chamas deste odium para renascer e espalhar o caos. Vão, decerto, ficar deliciados com tão grandiosa vaga sonora, pesada e negra que quase nos iludimos que a podemos tocar. A frieza de “Slaying the blind”, a grandeza de “Demonik omniscience” e a obscuridade de “Son of the black light” são momentos que repetirão sem qualquer receio de arder no inferno… pois esse destino é reservado para os mais fracos. [8.5/10] Victor Hugo HEIDEVOLK «Batavi» (Napalm Records) Esta banda Holandesa de Pagan/Viking Metal volta em Março de 2012 à carga com o álbum conceptual «Batavi» em que o contexto histórico é centrado nas lutas entre os povos germânicos e o império de Roma pelo controlo do Norte da Europa. Em termos de conteúdo lírico integralmente em holandês as coisas andam muito por aí. Bom mas o que interessa mesmo é o que se pode desfrutar ao ouvir o álbum que do ponto de vista musical e sonoro nos transporta exactamente para essa época, tendo por base o uso de linhas melódicas características do nosso imaginário pré-medieval. Apesar de o Pagan/Viking Metal ser um estilo musical bastante estanque e pouco dado a inovações ou grandes misturas, acaba por se ter uma certa lufada de ar fresco ao ouvir «Batavi». Isto em certos temas; noutras faixas fica um pouco a desejar e é precisamente a limitação inerente como referi ao estilo que impede o álbum de descolar para outros níveis de criatividade. No geral os riffs e as vocalizações são poderosos, as dinâmicas rítmicas são variadas e as composições fáceis de digerir. Do ponto de vista da produção há aparentemente uma ligeira dose de contribuição do digital nas guitarras, mas tirando isso o equilíbrio sonoro foi claramente conseguido. Gostei bastante do single “Een nieuw begin” ou ainda “Als de dood weer naar ons lacht” que recomendo como uma boa porta de entrada. Em suma, resulta assim um álbum que possivelmente não colando toda a gente ouvir Pagan Metal acaba por ser algo que captará o interesse dos adeptos deste género musical e não só. [8/10] Sérgio Teixeira IRON FIRE «Voyage Of The Damned» (Napalm Records) Confesso que já tinha saudades de ouvir um álbum de Power Metal com as características deste. Confesso também que me afastei do estilo nos últimos anos, e por isso é com espanto e renovado entusiasmo que ouço esta nova proposta dos dinamarqueses Iron Fire intitulada de «Voyage of the Damned». Mas vamos lá ver porque é que este trabalho me agarrou pelos colarinhos e ainda não me largou. Não é pelo conceito nem pela história de ficção-cientifica que os Iron Fire apresentam, nem pela capa que por sinal está bastante porreira, mas antes pela pujança sonora que estes tipos espalham em cada tema do álbum, pelos ambientes criados com texturas orquestrais muito boas sem serem demasiado sinfónicas, e pelo facto de terem transformado a aura da sua música. Continuamos a ouvir um Power Metal, mas não tão “happy”, por assim dizer, nem tão medieval com espadas, machados e feitiços. «Voyage of the Damned» é um álbum negro, obscuro e também sumptuoso. Muito graças aos ambientes criados e às estruturas dos temas que estão muito bem trabalhados, com ritmos ora rápidos, ora lentos, sempre com a mestria das guitarras no ritmo e nos solos arrasadores, e com o pano de fundo dos teclados, orquestrações e coros. Já a voz de Martin Steene está bastante boa e afinada, mas também poderemos escutar momentos com vozes mais agressivas e guturais que dão um toque genial nas músicas. Para ajuda-lo, Martin pôde contar com a ajuda da voz de Dave Ingram e da voz de Nils K. Rue, dos Pagan’s Mind, que canta no tema “The final odyssey”. Os Iron Fire parece que tomaram vitaminas e otimizaram-se, razões suficientes para lhes darem uma oportunidade de se agarrarem e não vos largarem durante uns tempos. [8.5/10] Victor Hugo


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