Versus Magazine #18 Fevereiro/Março 2012

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que se ouça um álbum como quem lê um livro abstraído completamente do mundo real não foram suficientemente apurados. Nota-se por vezes um evidente desequilíbrio na harmonia entre os teclados e o resto dos instrumentos (no tema “Warcry”) e que nos deixam a pensar se temos os auscultadores ideais para ouvir este trabalho. Honestamente não encontro explicação para alguns desacertos no equilíbrio dos instrumentos. Já ouvi álbuns muito menos dotados de genialidade nas composições e na mistura de elementos criativos de relevo mas que com uma produção muito mais capaz conseguem a ligação e o equilíbrio que faltam a «Persepolis». Este era um álbum de Deathcore que teria merecido claramente uma nota 10, que teria sido uma obra-prima, mas que por algum factor aparentemente inexplicável não foi onde deveria ter ido. Mas atenção, julgo ser uma obrigação ouvir este disco dos Dark Helm que como banda têm um potencial enorme e que espero consigam colmatar num próximo álbum o que faltou a «Persepolis». [8/10] Sérgio Teixeira DIABULUS IN MUSICA «The Wanderer» (Napalm Records) Nuestros hermanos ‘Diabulus in Musica’ estão de volta em 2012 e decidiram quiçá inspirar-se na potência dos touros de Pamplona, de onde são originários, para produzir um excelente disco de Gothic Metal. Começando pelos pontos menos conseguidos eles serão a inevitável colagem às inúmeras bandas que proliferam actualmente com vozes femininas; a comparação com Nightwish é inevitável… Talvez não tenham conseguido também aquelas melodias que ficam logo na memória auditiva e que nos fazem repetir a audição do álbum em loop; mas tirando estes pormenores arrisco a dizer que tudo o resto é sempre a somar. Quem gosta do género, vai encontrar um conjunto de 12 temas dotados de peso e energia, temperados pela voz sensual de Zuberoa Aznárez superiormente colocada ao serviço de uma obra de distinção. A produção está excelente, os teclados presentes estão na dose certa conferindo o fio condutor que mantém o álbum a respirar nos momentos certos e colocam a tonalidade certa nos vários temas. O trabalho de bateria não causa rupturas incoerentes mas também não se limita ao básico; mais uma vez a técnica esteve ao serviço do equilíbrio a dar resultados de distinção na parte rítmica. Em termos de originalidade como disse pode haver a tendência de se comparar com o resto do que se faz dentro do género; apesar de não ser uma obra-prima está muito perto de o ser e cativa desde o primeiro até ao último minuto. Dentro do Gothic Metal provavelmente não haverá muito mais por onde inovar e por isso a nota de distinção para «The Wanderer» inteiramente merecida. [9/10] Sérgio Teixeira DIGAMMA «Guidance» (Edição de autor) Agradado! Deveras agradado com este grande álbum de estreia dos nacionais Digamma. Após uma breve passagem pela sua biografia é incrível como os Digamma ainda procuram editoras ou distribuidoras. Esta primeira edição de «Guidance» teve só 1000 cópias. Musicalmente falando, para um álbum de estreia, onde todo o trabalho de produção, mistura e masterização foi muito bem feito por Miguel Carvalho (guitarra), está incrivelmente coeso, adulto, maduro e original. São 13 temas cantados em Inglês dos quais 2 em Português e 2 interlúdios. A voz de André Cardoso é perfeita para este estilo de música – rock moderno/alternativo – muito ao estilo de Manuel Cruz (Ornatos Violeta/Pluto) ou Pedro Laginha (Mundo Cão), deveras competente e “salpicada”, q.b., com mais agressividade em alguns temas, tais como “Two Edged Sword”, “African Cowboy” ou “O Ódio Libera a Razão”. A qualidade técnica dos restantes músicos está bastante acima da média e como não acontece muitas vezes, todos os instrumentos têm a força certa e sobressaem cada um à sua maneira. O que me espanta (pelo lado negativo) é muitas vezes ouvir bandas que não têm 1/10 da qualidade serem promovidas enquanto, quem realmente merece não tem a devida atenção. «Guidance» foi dos melhores lançamentos nacionais (Sim! E a nível internacional!) que tive o prazer de ouvir e que farei tudo para os promover e dar a conhecer. Merecem! [9/10] Eduardo Ramalhadeiro


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