Versus Magazine #18 Fevereiro/Março 2012

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A música de Haemoth assemelha-se a Black Metal de contornos muito clássicos. Concordas? Syth – Haemoth reflete apenas a nossa perceção do Black Metal, nada mais. Parto do princípio de que se sentem mais influenciados por bandas nórdicas do que francesas (se é que reconhecem alguma influência). É assim mesmo? Ao ouvir o vosso «In Nomine Odium», recordei-me dos primeiros álbuns de Emperor, os meus favoritos. Descobrimos o Black Metal no início dos anos 90 através da cena escandinava. Portanto, é natural que a nossa música seja influenciada por essas bandas. Bandas como Mysticum, Thorns, Mayhem, Manes, Darkthrone, Emperor e até Dodheimsgard afetaram profundamente a nossa perceção da música e, por conseguinte, surgem para nós como fontes de inspiração nos nossos primórdios. Contudo, compomos de forma espontânea e não com o intuito de nos assemelharmos a qualquer outra banda. Na realidade, as nossas influências são muito nu-

O ritmo é rápido, mas, por vezes, a música surge como muito monótona. É impiedosa, obsessiva. Que tipo de ódio pretendem representar através de som desta natureza? As passagens mais lentas simbolizam um ódio visceral, aquele que faz com que tenhas vontade de fazer explodir uma bomba num local público, ou planear um assassínio a sangue frio, ou espancar o teu patrão numa rua escura depois de teres esperado “calmamente” que o teu miserável dia de trabalho chegasse ao fim. É uma tensão constante, que só precisa de um estímulo para explodir violentamente. A vossa ideologia musical tem alguma ligação a convicções políticas? Nenhuma. A política e a música são dois mundos completamente distintos. A nossa mensagem de ódio dirige-se a todo a mundo, não a uma pessoa ou grupo em particular. E, muito francamente, não me parece que combinar política e Black Metal produzisse algum resultado apreciável.

“As passagens mais lentas simbolizam um ódio visceral, aquele que faz com que tenhas vontade de fazer explodir uma bomba num local público […]” merosas e ultrapassam o Black Metal e até o campo musical. O vosso último álbum soa como um pesadelo musical. É o efeito que produz em mim o vosso som compacto (combinando as guitarras – predominantes – com a bateria não muito audível e os vocais desestabilizadores). É este efeito que pretendem atingir? Este álbum é muito diferente dos vossos trabalhos anteriores? Com «In Nomine Odium», pretendíamos compor a música mais odiosa que conseguíssemos criar. Queríamos que fizesse o ouvinte pensar apenas em elementos como dor e tortura, experimentar uma espécie de som vindo diretamente do Inferno. Desde a criação dos riffs até à masterização, o nosso objetivo foi sempre exprimir o ódio que sentimos, que é a essência da nossa música. O ódio está – e estará sempre – no centro da entidade musical que Haemoth constitui.

Como se sentem em relação à ideia corrente de que o fim do mundo pode estar iminente? O fim está à vista! A humanidade tem dificuldade em aceitar que é perecível, mas o ser humano não é mais útil, nem mais imortal do que um verme. O seu tempo está a chegar ao fim, tal como aconteceu com outras espécies ditas dominantes. O regresso ao nada inicial é inevitável. O vosso álbum tem uma excelente capa, que me faz lembrar o inferno de Dante, particularmente visto através das ilustrações de Gustave Doré. Quem é o autor? E que relação mantêm com o conceito subjacente ao álbum? Quem a criou foi o Haemoth [o outro membro da banda]. Usou múltiplas imagens/impressões/ símbolos que evocam ideias abordadas no nosso álbum. Inspirou-se na nossa música e nos sentimentos que esta expressa. Aliás, a imagem e a música estão sempre intimamente ligadas e constituem um todo.


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