Versus Magazine #13 Abril/Maio 2011

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Os fãs mais antigos, já muito habituados às vozes de Jonna Enckell e Mia Stahl, é que podem ficar desapontados com esta mudança. O que tens a dizer sobre isto? Ouçam os discos mais antigos que também são excelentes. Nós é que não podemos voltar a fazer o que já fizemos. Eu preciso de estar sempre em evolução; sempre a aperfeiçoar o som dos TPH. Ao fim de seis álbuns com o mesmo tipo de vozes chegou o tempo de mudar alguma coisa nas vozes femininas. Se os fãs não gostam, paciência! Eu não faço música para vós; faço música para mim. E não me estou a referir a ti em particular; obviamente já percebi que entendes o que estamos para aqui a fazer. Gostava de saber se compuseste a totalidade ou parte deste material já com a voz da Ruby em mente? Não, nunca escrevo música a pensar nas vozes; isso vem depois. Componho música que se basta a si própria, mesmo sem as vozes adicionadas. É esse sempre o meu objectivo. Depois de compor a música para este álbum senti que precisava de qualquer coisa mais para lhe fazer justiça. A Ruby foi a resposta para essas necessidades. Claro que o Jörgen [Sandström, voz] também tem aqui os seus créditos, mas esse eu nem sequer preciso de mencionar – ele é sempre o nº 1 em tudo o que faz. A música dos TPH é extremamente rica e elaborada. Compor estes longos temas deve ser um trabalho brutal. Fala-me um pouco da tua maneira de fazer música. Escrever e gravar música para os TPH não é tarefa fácil. Já o disse um milhão de vezes e repito: não deve haver por aí gente que trabalhe a sua música com tanto afinco como eu. Dizer que dedico uma quantidade maluca de horas/dias/semanas a aperfeiçoar o que ouves nos discos não chega para te transmitir o trabalho que tenho. Quando para a maior das pessoas uma canção já está na fase final do processo de composição, para mim ainda só está 10% completa. Compor é, para mim, um processo extremamente exigente; mas é assim que eu gosto e por isso acaba por ser uma coisa fantástica. Há muita coisa no que fazemos que exige do ouvinte uma atenção total. Se te deixares absorver pelo álbum sem hesitar, descobrirás que a música é incrivelmente compensadora. Se isso não acontecer, é porque és surdo. Há dias ouvi alguém afirmar que somos uma das piores bandas “Pro-Tooled”, o que para mim é não só divertido como um elogio, tendo em consideração que nem usamos Pro-Tools* nem “limpamos” muito o que gravamos. O que faço na realidade é tocar o melhor que sei, usando o melhor equipamento disponível. No fim de gravar não preciso de fazer batota no som – por exemplo, para fazer soar a guitarra mais coesa ou para “limpar” alguma coisa. Nunca gostei de trabalhar assim e tenho orgulho no que faço. Se tiver duas secções duma canção com o mesmo riff, nunca faço copy/paste. Toco o riff duas vezes – e faço-o pelo menos com quatro guitarras. Trata-se de satisfação e orgulho pessoal. É um trabalho doido mas eu adoro o que faço. [*NR: Pro-Tools é a designação de um conjunto de ferramentas profissionais de software usadas na gravação e edição de áudio e vídeo] À semelhança dos álbuns anteriores, «Bleeding… » é também pautado por valores anti-cristãos. Fazes isto apenas por gozo, ou porque acreditas que o Cristianismo é de facto uma força nociva no mundo? Digamos apenas que não nos irás ver tão cedo à volta de Jesus. Não seremos com certeza amigos de bebedeira. Para alguns de nós, as convicções pessoais desempenham um papel muito importante nas letras deste álbum. Já pensaste alguma vez em estender este ódio a outras religiões, em lugar de te concentrares apenas no Cristianismo? Todas as religiões devem ser destruídas.


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