Revista Vitrine Cultural 17

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Brincando de fazer

segurança Morte da juíza Patrícia Acioli desnuda as falhas na proteção a magistrados que combatem o crime organizado O episódio do assassinato da juíza carioca Patrícia Lourival Acioli, 47 anos, põe a nu o descaso com que são tratados pessoas e assuntos essenciais no cotidiano da sociedade em todo o Brasil. Passadas duas semanas do crime, notícias de juízes sofrendo ameaças pipocam em todos os estados do país. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) presidido pela ministra Eliana Calmon, divulgou que existem atualmente 134 magistrados em todo o país sob ameaças de morte. Terão o mesmo destino de Patrícia?

Não é de se duvidar. A morte da juíza carioca é mais uma sucessão de erros e descasos tão típicos deste país. Ela foi assassinada por nada menos que 21 tiros, no último dia 12, quando chegava em sua casa, num condomínio em Niterói, por homens que estavam em dois carros em duas motos, segundo testemunhas. Ela também estava sem nenhuma escolta. Tamanha brutalidade contra uma mulher é difícil de aceitar, mas o ato brutal justificaria o cuidado com o tipo de atuação da magistrada. Ela julgava ações

do crime organizado, nas quais figuravam inúmeros policiais. O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, designou, para a vara onde a juíza dava expediente, no Fórum de Nova Iguaçu, três novos juízes, todos com a devida segurança. O que quer dizer, no lugar onde trabalhava uma única mulher, desprotegida, trabalham agora três homens, seguros até o pescoço. O estado do Rio de Janeiro merece ser processado pela morte de Patrícia Lourival Acioli. Por


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