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Umberto Tavares: Mistura de Sucesso

Produtor que ajudou a levar Anitta do funk ao pop, o carioca criado entre influências sonoras variadas aposta no encontro de gêneros como próxima grande onda da música

por_ Kamille Viola ■ do_ Rio ■ foto_ Elisa Eisenlohr

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O produtor em seu estúdio: toque de midas e faro para o novo

O produtor em seu estúdio: toque de midas e faro para o novo

Umberto Tavares tem mais de 600 composições gravadas por outros artistas. Já perdeu a conta das músicas produzidas por ele e pela equipe da UM Music, cofundada com o Carlos Costa, o Mãozinha. Um de seus últimos lançamentos foi nada menos que “Paradinha”, investida internacional de Anitta, composta e produzida por ele com seu parceiro Jefferson Junior, além da própria cantora, e que já conta mais de 60 milhões de visualizações no YouTube. Tem um quê de toque de midas em quase tudo o que Tavares faz na área musical. E bem que ele tentou enveredar por outros caminhos.

Ex-estudante de Direito na Universidade Federal Fluminense (UFF), esse carioca nascido no bairro do Rio Comprido, na fronteira entre a Zona Norte e o Centro do Rio de Janeiro, talvez quisesse, inconscientemente, buscar um voo próprio. Não era tarefa fácil. Filho de Jurema Lourenço da Silva e sobrinho de Jussara e Robson, do Trio Ternura, além de neto de Umberto Silva, que foi diretor e tesoureiro da UBC e autor do sucesso “Ninguém é de Ninguém” (gravado por Cauby Peixoto), ele passou a infância e a adolescência entre discos e bastidores.

“Minha mãe fez backing vocal para Marisa Monte, Cazuza, Sandra de Sá, Alcione, Grupo Raça, Beth Carvalho”, enumera. “Minha formação musical é muito heterogênea. Cresci assistindo à busca pela melhor palavra, ao meu avô levando dois dias para terminar uma frase de uma música”, descreve.

Anitta: do funk ao pop e o fenômeno ‘Paradinha’

Anitta: do funk ao pop e o fenômeno ‘Paradinha’

ESTOURO COM O BONDE DO TIGRÃO

Quando viu, estava fazendo suas letras. Na primeira, já teve sorte. “Em 1998, eu tinha 20 anos, estava na faculdade, fiz minha primeira música, e ela entrou no disco do Mauricio Mattar, que ia sair pela Sony, e foi título do álbum, ‘A Gente Nunca Esquece’”, conta. Tavares seguiu estudando Direito, compondo nas horas vagas e tendo canções incluídas em outros discos.

Em 2000, surgiu a chance de produzir o Bonde do Tigrão para a Sony. Não tinha jeito: teve que trancar o curso (inicialmente seria por só seis meses) e se dedicar ao projeto. “Era para sair com uma tiragem de três mil cópias. Lançamos antes a faixa ‘O Baile Todo’. Explodiu de tal forma que o álbum saiu com 105 mil, e o resultado final foram 510 mil cópias vendidas, disco duplo de platina”, lembra. “Até hoje não consegui destrancar a faculdade”, ri.

Hoje, a produtora UM Music conta com um time que, além de Tavares e Mãozinha, inclui Jefferson Jr. (sobrinho de Alcione e parceiro de Tavares na maioria de suas músicas), o técnico de gravação e mixagem Marcos Sabóia e o músico, arranjador e multiinstrumentista Toninho Aguiar. “A gente tem uma equipe e uma trajetória já muito sólidas”, resume Tavares.

Kelly Key, Sorriso Maroto, Belo, Nego do Borel, Buchecha, Ludmilla, Fiuk, MC Sapão, Naldo e MC Leozinho, além de Anitta, estão entre os artistas produzidos pela UM Produções. A virada pop da cantora com maiores aspirações internacionais do Brasil é obra deles. “Ela já era rainha no funk naquele momento, e a gente entendia que podia ser rainha no pop, com TV, tema de novela... Queríamos um projeto maior, e ela comprou. Começou aí o (álbum) ‘Meiga e Abusada’, de 2012. De lá para cá, produzimos tudo juntos”, diz Tavares.

Até hoje não consegui destrancar a faculdade (de Direito).”

Kelly Key e Fiuk: dois dos artistas produzidos pela UM Music, de Umberto Tavares e Mãozinha

Kelly Key e Fiuk: dois dos artistas produzidos pela UM Music, de Umberto Tavares e Mãozinha

Workaholic e metódico, ele diariamente confere as mais ouvidas no Spotify e nas paradas da Billboard e está sempre ligado no que acontece no pop. Com seu talento quase inato para lançar hits, Tavares crava: a mistura de gêneros e estrelas de mundos às vezes opostos é a próxima onda forte na música. “A gente faz muitas músicas que são funks e têm momentos que são outra coisa, como hip hop, reggaeton, tudo junto. O ‘feat’ (participação especial) também está muito em voga. Aposto nisso, em pegar artistas de estilos variados e misturar essas sonoridades, o ponto forte de um e o ponto forte do outro, o público de um e o do outro. Ou mesmo vários estilos em uma mesma música de um artista só”, ensina. Pelo histórico dele em fazer sucessos em sequência, o curso de Direito vai continuar ainda um bom tempo trancado.

Ouça Mais!

Escute “Paradinha”, sucesso internacional de Anitta e mais recente superprodução de Umberto Tavares em ubc.vc/ParadinhaANITTA