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Fernando Moura: Mago das Trilhas

Um dos mais bem-sucedidos criadoresbrasileiros de músicas para audiovisual fala sobre seu trabalho e dá dicas a iniciantes

por_ Alessandro Soler ■ de_ Nova York

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Fernando Moura é um craque das canções originais para TV, cinema, teatro e publicidade. Nem por isso deixa de aceitar virtualmente qualquer pedido que lhe caia nas mãos. Trabalhar, trabalhar e trabalhar são as variáveis da equação simples e certeira deste que tem no currículo trilhas para mais de três mil comerciais, centenas de programas de canais como Globo, Record, GNT, TV Brasil, Futura, mais de 30 discos produzidos e/ou estrelados por ele mesmo, 21 trilhas de filmes, onze de peças de teatro...

Neste papo por telefone com a Revista, ele fala sobre esse universo em expansão.

Para começo de conversa, a palavra trilha está mesmo proscrita? O correto é dizer música original?

Bobagem, trilha é trilha. A única coisa que incomoda mesmo é ser chamado de trilheiro. Adoraria ser aquele cara com mochila nas costas, bermudão, subindo uma trilha. Mas o meu dia a dia é de muito trabalho.

O processo de produção de uma trilha difere demais de uma composição normal?

É muito diferente. A música, na trilha sonora, está a serviço de uma imagem para construir uma narrativa. Quando a genteestá começando, quer que a música apareça demais, faz a orquestração cheia, os truques, asreverberações. Aí, quando vai ouvir o resultadona tela, a música está baixa, e a voz do ator oudo locutor, alta. É a maior frustração (risos).Você precisa aprender a deixar o ego de lado etrabalhar em conjunto com o produtor, o diretor.O seu trabalho vai somar ao todo.

Como entrar nesse filão tão promissor?

Em primeiro lugar, vá se formar. Faça uma lista de grandes filmes, vá vê-los, vá estudar o trabalho dos criadores de grandes trilhas. Depois, fique atento a todas as oportunidades. Não adianta colocar uma demo incrível no YouTube e ficar em casa esperando que te chamem. Procure os que estão no mesmo nível. Não espere trabalhar com o maior diretor do momento ou começar no horário nobre da TV Globo. Cresça com os iniciantes, vá fazendo contatos, uma rede. Leva tempo, mas eu não conheço outra fórmula.

Nino Rota, Bernard Herrmann, Ennio Morricone, John Williams, Hans Zimmer… O que esses compositores de música original para cinema têm que os torna grandes? “Uma das cenas mais famosas, a do banho de Psicose, não teria dado certo se alguém dissesse: ‘põe uns violinos aí’… Mas o Bernard Hermann pôs”, diz Fernando Moura. “Ele espera até o último momento para entrar com a música, e em três minutos resolve a coisa toda. A tensão é criada pela fotografia, a água, a silhueta do assassino… A música entra no último momento, o momento certo, sem desejos descabidos de protagonismo. Quem entender isso entendeu tudo.”

Que outros segmentos estão em expansão? Videogames, por exemplo?

A música original, de trilha sonora, é um nicho em crescimento em qualquer área. Como a galera da UBC diz, a coisa mais fácil, com as novas tecnologias, é descobrir música utilizada sem autorização. Antigamente, pegava-se música de outros, mascarava-se e mandava. Hoje não dá, daí a demanda por tanta coisa nova.

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Confira o Guia de Música em Audiovisual da UBC, em ubc.vc/GuiaMusicaAudiovisual