Raizes de luz - Mundo Elemental

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Débora Knittel & Érica Falcão


Raízes de Luz

copyright © 2016 Débora Knittel e Érica Falcão EDIÇÃO

Enéas Guerra Valéria Pergentino PROJETO GRÁFICO E DESIGN

Valéria Pergentino Elaine Quirelli CAPA

Enéas Guerra REVISÃO DE TEXTO

Maria José Navarro Maria José Bacelar CONSULTOR LITERÁRIO

James McSill

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Marília Lessa dos Santos CRB-5/1775

K67r

Knittel, Débora Raízes de Luz : mundo elemental / Débora Knittel e Érica Falcão ; [ilustrações Enéas Guerra]. -- Lauro de Freitas, BA : Solisluna Editora, 2016. ISBN 978-85-89059-83-1 1. Ficção juvenil. I. Falcão, Érica. II. Guerra, Enéas. III. Título.

CDD-028.5 Índices para catálogo sistemático: 1. Ficção : Literatura juvenil 028.5

Todos os direitos desta edição reservados à Solisluna Design Editora Ltda. www.solisluna.com.br editora@solislunadesign.com.br 55 71 3024.1047


Ă€ vida. Aos seres que habitam o nosso fantĂĄstico planeta Terra.



PRÓLOGO

Muitos anos atrás, no Reino Elemental do Grande Jacarandá

A

o longe, o brilho prateado da lua cheia invadia o Reino do Grande Jacarandá da Pedra da Gávea. Argos sentou-se em um dos cogumelos brancos fosforescentes que havia em frente a sua casa, e seus pés impacientes, no ar, tentavam alcançar o chão. “Em poucos dias terei idade para ser respeitado como meu pai.” Pensou em voz alta sem conseguir conter a expectativa de completar 12 anos e iniciar o ofício de seu pai, o grande mago Magmont. Argos admirava as estrelas, enquanto balançava os pés ao ritmo da música que o vento trazia da celebração no Grande Jacarandá pela chegada do solstício de inverno, até que, por entre as copas das árvores, surgiu sua mãe, Tamis, que retornava da celebração rodopiando aos risos, nos braços de Magmont. A cada giro, as suas asas translúcidas ondulavam, erguendo os cachos ruivos de seus cabelos longos, enquanto a capa vermelha de seu pai balançava ao vento. Argos reconheceu, no ar, o aroma adocicado da coroa de pequenas 7


orquídeas que enfeitava os cabelos de sua mãe. Assim que o viu, ela lhe lançou um beijo com a palma da mão e depois abriu um sorriso luminoso. Não havia no reino uma fada com o olhar tão terno quanto o dela. No instante em que seu pai falou alguma coisa no seu ouvido, pararam de dançar. Após beijá-la na testa, eles pousaram no chão, próximos a Argos. – Mãe, posso dançar contigo? – De canto de olho, ele percebeu o olhar de reprovação do pai. – Meu amor, dançaremos outro dia – a mãe respondeu com a voz doce, afagando seus cabelos. – Já está na hora de dormir. – Poxa! – disse Argos, a contragosto, descendo do cogumelo. Ele cruzou os braços e seguiu caminhando ao lado dos pais até a entrada da sua casa. Algumas perguntas não saíam de sua mente e ansiava que, depois do seu aniversário, tivessem respostas. Por que ele e sua família moravam em uma casa incrustada no tronco da embaúba-prateada, próxima ao Grande Jacarandá e não com os outros elfos? O que seu pai fazia nas noites em que não ficava em casa? Na porta, antes de entrar em casa, Argos respirou fundo e se dirigiu a Magmont. – Pai, posso ir com você? – Você sabe que não pode ir comigo – o pai cerrou as sobrancelhas, como se estivesse em dúvida se o ato de Argos era de bravura ou de teimosia.

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– Deixe-me ir com você – Argos decidiu insistir. – Sei que posso ajudar e quero ser um grande mago dos Elfos da Luz, assim como você – ele uniu as mãos. – Por favor! – Argos! – o tom de voz do pai mudou e soou mais firme. – Já entendi – ele encolheu os ombros e baixou a cabeça, resmungando por saber que não tinha como convencer o poderoso Magmont. Tamis colocou a mão no ombro de Argos e deu um aperto suave, confirmando o momento de se calar e de que, como sempre, a última palavra seria do pai. – Filho, você sabe o quanto te amamos! – o pai falou com a voz baixa e apoiou a mão no outro ombro de Argos. – Fico feliz por saber que um dia você se tornará um grande mago da luz, porém devemos seguir as regras do nosso clã. O rei Pakili e a rainha Jaci aceitaram sua mãe no Reino dos Elfos como uma de nós, mas, para isso, superamos muitos desafios com o amor que nutrimos um pelo outro. Do fruto desse amor nasceu você, nosso bem mais precioso – a voz dele embargou. – Aprenda a ter paciência e, no momento certo, você será meu aprendiz. Confie em minhas decisões. Argos abraçou os pais. – Amo vocês e tenho muito orgulho de ser filho do mago Magmont. Após dar um beijo na face da mãe, Argos foi para o seu quarto, deixando seus pais na entrada da casa. Ele costumava acatar as suas ordens, mas algo o inquietava. Talvez fosse 9


a influência do solstício ou a proximidade de seu aniversário. Queria tanto sair com seu pai naquela noite... Se o Reino Elemental estivesse em perigo, talvez pudesse ajudar de alguma forma e provaria estar pronto para se tornar o aprendiz do grande Mago Magmont. Então, encostou o ouvido do lado de dentro da porta do seu quarto, certificando-se de que sua mãe não escutou o barulho que ele fez ao abrir a janela do quarto, e notou que a música da celebração havia cessado. Na ponta dos pés, ele cruzou o quarto e pulou a janela, escondendo-se entre os arbustos da lateral da casa. Assim que seu pai foi em direção à mata, Argos o seguiu, camuflando-se por entre a vegetação, como aprendera com ele desde criança. No momento em que atravessou a cachoeira e saiu do reino do Grande Jacarandá, Argos temeu estar fazendo a escolha errada, porém não desistiu de seguir seu pai. Resolveu acelerar os passos pelo trecho tortuoso e escuro da Floresta da Tijuca, nunca percorrido por ele antes. Ao se aproximar de um rochedo, em grande parte coberto por vegetação densa, Magmont parou, pronunciando algumas palavras em uma língua que Argos não conseguia compreender. Segundos depois, parte da rocha se moveu, afastando a vegetação que a cobria, até abrir uma fenda do tamanho de uma porta de quase dois metros de altura. Antes de entrar no que parecia ser uma gruta, seu pai pegou uma tocha, presa no interior da rocha, e a acendeu. Argos seguiu logo atrás antes que o acesso se fechasse. Arrastou-se pela 10


parede irregular do corredor da entrada da gruta e, ao fundo, pôde ver o vulto de seu pai entrar em um vão clareado por uma luz trepidante. Foi se aproximando e, encostado na parede do corredor, espreitou, com um olho só, seu pai tirar a capa e pendurá-la no galho incrustado na rocha, sobre a lareira. Ao lado, uma estante de madeira armazenava vários potes e outros objetos que, pela distância, ele não conseguiu nomear. De repente, a parede pareceu se mover com o reflexo das labaredas da lareira, até que, pouco a pouco, um pedaço de rocha ganhou vida na forma de um ser, como um robusto pigmeu de pedra, com menos de um metro de altura. Seu pai se dirigiu ao ser de pedra e ergueu a mão. – Grotten, traga-me a poção – foi até uma mesa de madeira rústica. Grotten, com passos curtos, andou sem jeito, atrás do seu pai, segurando um frasco. Argos fez menção de entrar e avisar que estava ali, mas temeu o castigo por estar na gruta espionando-o. – Mestre, guardei parte da poção como me ordenou – Grotten pôs o frasco sobre a mesa, em frente ao seu pai. – Muito bem – Magmont gesticulava a mão com desdém, sem tirar os olhos do livro aberto sobre a mesa. – Muito bem... De costas, seu pai e Grotten tinham a atenção voltada para o livro e Argos aproveitou para entrar na sala, engatinhando 11


até a parte de trás da poltrona que ficava próxima à lareira. De lá, inclinou-se e viu a névoa cinza que surgia sobre a cabeça de seu pai, como se estivesse saindo da poção que ele manipulava sobre a mesa. – Mestre, tem certeza do que está fazendo? – perguntou Grotten. – Quem é você para se intrometer em minhas decisões? Sou o Mago Magmont – esbravejou. – Ouviu bem! Não preciso de sua opinião – sua voz soou severa, como Argos nunca ouvira antes, fazendo-o se encolher. – Fique aqui enquanto eu entrego a poção. – Sim, mestre – Grotten respondeu com o mesmo tom submisso de antes. O pai pegou sua capa e desapareceu pelo corredor. Aquela era a chance de Argos sair da gruta antes que seu pai descobrisse sua insubordinação. – O que você faz aqui? – Grotten surgiu diante de Argos, gesticulando os braços curtos. – Vai trazer problemas para mim. – Ei... calma – Argos levantou-se, endireitando o corpo. – Sou o filho de Magmont e preciso que me ajude a sair daqui, antes que meu pai volte. – Não é permitido entrar na gruta de Magmont e agora não o deixarei sair até que o mestre retorne. – Como ousa me desafiar? – Argos empinou o corpo o mais alto que pôde. 12


– Só recebo ordens do mestre Magmont – respondeu, empinando o corpo também. Argos precisava criar um plano. Caso contrário, ele não conseguiria sair da gruta. Então, aproximou-se de Grotten e falou baixinho: – Seu mestre ficará muito furioso – ele notou o ar de dúvida de Grotten e continuou. – Já pensou no que meu pai fará com você, quando souber que não fez o que pedi? Eu, o filho do grande Mago Magmont? Grotten arregalou os olhos redondos, deixando-os ainda maiores. – Temo a fúria do mestre – baixou a cabeça. Argos foi em direção ao corredor, pronto para ordenar que Grotten abrisse o acesso da gruta para ele retornar para casa, sem que sua invasão fosse descoberta. Entretanto, teve o impulso de se voltar para a mesa atrás dele e constatou que o livro brilhava com intensidade. Como se existisse um fio invisível entre eles, caminhou em direção ao livro aberto. Grotten tentava detê-lo, falando sem parar, mas as palavras se tornavam incompreensíveis à medida que Argos se aproximava da mesa. Nesse momento, nem mesmo o temor de ser pego por seu pai o impediria. Diante do pote, ao lado do livro, um calafrio percorreu o corpo de Argos, da espinha até a nuca. O líquido espesso e preto, que preenchia a metade do pote, borbulhava, como se tivesse vida própria, e emanou algo que ele sentiu como um 13


desejo incontrolável de tocá-lo. Uma parte de Argos alertava para não continuar e a outra o desafiava. Grotten segurou sua mão. – Filho de Magmont, não deve fazer isso. Argos empurrou Grotten com força, fazendo-o cair no chão, e agarrou o pote com ânsia. Aquela seria a poção que dava poderes ao seu pai? Erguendo o pote em frente ao rosto, Argos examinou o líquido preto fascinante, que refletia o brilho dos seus olhos. – ARGOS! – a voz grave de Magmont fez estremecer as paredes da gruta. Argos virou-se, sobressaltado com a presença do pai, e sentiu o ardor do líquido viscoso escorrer pela sua mão. O líquido alastrou pelo seu corpo, envolvendo-o e fazendo-o cair ao chão. Trêmulo de dor, ele se encolheu em posição fetal, sem conseguir emitir uma só palavra. – NÃO! – o grito do pai atingiu seu coração. – O que foi que eu fiz a você, meu filho?

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CAPÍTULO UM

Enquanto houver amor, haverá esperança

O

táxi se afastava do mirante da Vista Chinesa e os bons momentos que Holly passou ao lado de Celino se dissipavam em seus pensamentos. Restara apenas um fio de esperança de salvá-lo e evitar que o mundo humano fosse destruído. Ela se ajeitou no banco traseiro do táxi, esticando a ponta da sua blusa laranja. De canto de olho, observou Maiara com o semblante tenso enquanto seguiam pelas ruas do Rio de Janeiro para o Reino Elemental da Pedra da Gávea. Holly acreditava que, lá, elas teriam mais chances de encontrar as respostas e a ajuda que precisavam para vencer as trevas. Ela enxugou, com a mão, o suor que escorreu pelo seu rosto e percebeu que o motorista do táxi segurava o volante do veículo com uma mão, enquanto a outra esfregava o lenço da testa até o pescoço. Ele a olhou pelo retrovisor e, mais uma vez, tentou ajustar a temperatura do ar condicionado para dar conta do calor. 15


De repente, uma freada brusca fez Holly apoiar-se no banco da frente. Por pouco o motorista não atingiu um grupo de ciclistas que estava parado no acostamento da ladeira íngreme, derramando água de suas garrafas térmicas no rosto, como se estivessem no deserto. Holly e Maiara entreolharam-se sem dizer uma palavra, como se soubessem que o aumento da temperatura na Terra era resultante da interferência de Lavínia e das trevas. Evitava a imagem pessimista de que fosse tarde demais para os Mundos Elemental e Angelical salvarem seu mundo e apertou os lábios trêmulos, como se quisesse impedir que seus pensamentos fossem ditos em voz alta. Pelo vidro da janela do táxi, Holly notou as ondas de calor que emanavam do asfalto e o alvoroço entre os motoristas de outros veículos, que buzinavam e ultrapassavam, como se quisessem escapar de um perigo iminente. Ela desviou sua atenção para o motorista que, nesse momento, ligava o rádio, e ouviu o que estava sendo noticiado: Nossa equipe de repórteres está sobrevoando a praia de Copacabana com dificuldades devido à formação de nuvens que cobriu o céu da orla do Rio de Janeiro... O motorista aumentou o volume. Temos a informação de que o mar, devido a uma grande ressaca, invadiu o calçadão de Copacabana. Muitas pessoas que se banhavam na praia foram levadas pelas ondas. Outras tentam escapar das colisões dos veículos que se aglomeram na rua. 16


Holly cobriu a mão de Maiara sobre o banco. Nenhum som se ouvia, a não ser o da voz do radialista. Fontes meteorológicas divulgam que ainda não encontraram a causa de a temperatura do planeta Terra ter aumentado 0,5 graus em menos de 48 h, evento não previsto pelos cientistas. O que se espera é que a temperatura se estabilize até que eles possam encontrar uma solução para amenizar esse fenômeno, pois, se aumentar mais 1 grau, em 15 dias ocorrerá o desaparecimento de ilhas, e as águas dos oceanos invadirão os continentes. – Pensei que teríamos mais tempo – Maiara falou baixinho ao ouvido de Holly. O motorista desligou o rádio e passou a mão trêmula pela careca suada. Holly cutucou o ombro da irmã, sem acreditar no que acontecia. Do asfalto, emergiam, como ervas daninhas, seres das trevas sem faces e cobertos com túnicas escuras, arrastando no chão seus chicotes de fogo. Eles transitavam nas ruas, entre as pessoas e os veículos, e o atrito dos seus chicotes com o asfalto criava uma névoa esbranquiçada que se misturava com as ondas de calor. Algumas pessoas davam passos rápidos, enquanto outras, paralisadas, cobriam os rostos ou corriam, como se tivessem a mesma visão daquele horror. O motorista olhou pelo espelho retrovisor com a expressão assustada, coberta pela barba por fazer. Ele parecia confuso e sem noção da gravidade da situação. “Se o motorista pudesse ver aqueles seres sombrios, não seria capaz de dirigir 17


até a Floresta da Tijuca.” Pensou Holly, colocando a franja atrás da orelha. Outra freada brusca. – Querem continuar? – o motorista perguntou ofegante e, ao voltar a atenção ao trânsito, desabafou: – Parece que o mundo enlouqueceu. Será o fim dos tempos? – ele tocou o crucifixo preso ao retrovisor do carro. – Não se preocupe senhor, vamos ficar bem – Maiara respondeu, segurando a mão de Holly, que permanecia em silêncio. – Continue, por favor. O táxi acelerou e logo depois virou à direita, subindo a ladeira da rua, margeada pela vegetação densa da Floresta da Tijuca. – Pode parar aqui – Holly fez sinal para o acostamento, assim que reconheceu Kami e percebeu seu movimento de mãos para criar um arco de proteção a uns dez metros de distância. Desacelerando até parar, o motorista olhou para os lados e depois se voltou para Holly e Maiara, olhando-as com as sobrancelhas cerradas. – Ficaremos seguras – insistiu Maiara, enquanto Holly pegava o dinheiro na mochila para pagar a corrida. Ele coçou a cabeça, como se buscasse coragem para perguntar mais alguma coisa, porém não o fez. Após se despedirem, Holly desceu do táxi, seguida por Maiara, e o veículo se afastou enquanto foram ao encontro de Kami. 18


Conforme Holly andava, a sensação térmica melhorava. Mesmo assim, não impediu que o medo dominasse seu corpo, causando-lhe vertigem e deixando suas pernas instáveis. Antes do Eclipse da Lua Azul, lutara com bravura, ao lado de Maiara, Kami e Celino, contra as forças do mal. Agora, porém, perguntava-se como venceriam as trevas sem a ajuda do anjo Celino. Pior era saber que ele estava sob o domínio das trevas e nas mãos do anjo Lavínia, e ela se sentia impotente, por não poder fazer nada em relação a isso. Holly entrelaçou as mãos, enquanto pensava que não seria capaz de lutar contra Celino, caso fosse preciso. Assim que as duas se aproximaram, Kami as saudou. – Achei melhor vir buscá-las. Não esperávamos que o clima fosse se agravar em tão pouco tempo – disse em tom apreensivo. – Estamos fazendo o possível para conter este aumento da temperatura, enquanto não encontramos uma forma de deter as trevas. Ao sentir a mão de Maiara tocar seu ombro, Holly lembrou-se de que, mais uma vez, não estaria sozinha em sua jornada. �

Durante o caminho para a cachoeira próxima do Grande Jacarandá Lilás, Holly observava a vegetação ressecada pelo calor e o voo desordenado das aves. A cada passo, a ansiedade de chegar ao Reino Elemental aumentava. Ela seguiu Kami, ao lado de Maiara, até que avistou a rainha Atiara sobre uma 19


pedra próxima da queda d’água da cachoeira, mais intensa desde a última vez que ali estiveram. Atiara sorriu e ergueu seu cetro da Pedra da Lua, direcionando a luz azul brilhante que emanava da pedra para a água clara da cachoeira. Kami deu passagem para Holly e Maiara. – Vamos – disse ele. – Não podemos ficar vulneráveis aos seres das trevas. Holly admirava Kami. Mesmo depois de se casar com a rainha Atiara e se tornar rei, ele não se envaideceu, pelo contrário, continuava a ser um líder magnânimo. Ela ajeitou a mochila nas costas e, junto com Maiara, atravessou a água, diminuindo de tamanho para entrar no Reino Elemental, numa dimensão paralela ao Mundo Humano. A fragrância doce que perfumava o ar e o frescor daquele reino dissolveu qualquer vestígio da indisposição que Holly sentira. Atiara logo se juntou a ela e a Maiara, abraçando-as. “Se estivessem vivendo no mundo humano, aquela cena seria de três jovens amigas se reencontrando pela afinidade que existia entre elas.” Pensou Holly. Kami se aproximou, pegou a mão de Atiara e, com gentileza, convidou Holly e Maiara a segui-los. A roupa de cor marfim que ele usava contrastava com a pele dourada e o cabelo castanho liso que caía sobre os ombros, deixando-o ainda mais bonito ao lado de Atiara. Junto a Maiara, Holly seguia os dois por entre as raízes do Grande Jacarandá, pelo corredor de elfos que os recebiam. O olhar terno e ao mesmo 20


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