Obaluaê

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Edsoleda Santos

Atot么!




Obaluaê

Copyright ilustrações e texto © 2015 Edsoleda Santos Copyright © 2015 Solisluna Design Editora Edição Enéas Guerra Valéria Pergentino Texto e ilustrações Edsoleda Santos Texto da contracapa Paulo Rufino Matos Design e editoração Valéria Pergentino Elaine Quirelli Revisão do texto Maria José Bacelar Guimarães Nota da edição: A autora inspirou-se na versão original de Pierre Verger para a escrita do texto e criação dos desenhos.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Santos, Edsoleda Obaluaê / Edsoleda Santos ; baseado na obra de Pierre Fatumbi Verger. -- 4. ed. -- Lauro de Freitas : Solisluna Editora, 2015. -Bibliografia. ISBN 978-85-89059-60-2 1. Contos africanos - Literatura infantojuvenil I. Verger, Pierre, 1906-1996. II. Título. II. Série. 14-13409

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático: 1. Contos africanos : Literatura infantojuvenil 028.5 2. Contos africanos : Literatura juvenil 028.5

Este livro foi selecionado pelo Edital 13/2013 (Apoio à Publicação de Livros por Editoras Baianas - 2014), da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia através da Fundação Pedro Calmon, e foi financiado com recursos do Fundo de Cultura.

Todos os direitos desta edição reservados à Solisluna Design Editora Ltda. (71) 3379.6691 | 3369.2028 editora@solislunadesign.com.br www.solislunadesign.com.br www.solislunaeditora.com.br

Dedico este livro ao meu tio Tata Kamukengue Raimundo Henrique Pires (in memoriam).


Edsoleda Santos

Atot么!



N

os tempos antigos, em uma região encantada de nome Empê, nasceu o personagem principal da nossa história: Obaluaê – deus da varíola e das doenças contagiosas. As terras férteis de Empê abrigavam lindas florestas banhadas pelas águas doces dos rios. Nesse ambiente onde o frescor da vegetação exalava aromas exóticos próprios da sua biodiversidade, cresceu Obaluaê, compreendendo profundamente a terra, as águas, as ervas e os animais. O seu aspecto físico, porém, era feio. Tinha o rosto deformado e a pele do corpo cheia de cicatrizes, o que o obrigava a proteger-se dos olhares curiosos com uma coroa trançada com palha da costa em volta da qual se prendiam longas franjas. Apesar desse castigo que lhe foi imposto, não esmoreceu; ao contrário, ampliou seus conhecimentos e exercitou o seu poder de realização sobrenatural (Axé), tornando-se mais tarde um guerreiro destemido e valente. Por onde passava, exigia ser tratado com respeito e submissão, não tolerava a desconfiança e o deboche. Irritava-se quando grupos inimigos criavam impedimentos para limitar sua liberdade de percorrer os quatro cantos do mundo.


Diante desses atos preconceituosos e perversos, ele reagia castigando severamente seus opressores. Carregava no braço direito o xaxará – objeto feito com palha de dendezeiro e decorado com muitos búzios, contas e cabaças contendo axé. Com esse objeto de poder, disseminava a varíola, minando a força dos seus adversários.



Mas o xaxará também curava todos os tipos de peste que assolavam cidades inteiras. Nesses momentos, Obaluaê era dócil, dedicando-se com esmero ao exercício da cura. Uma vez, quando passava por uma aldeia, notou que estava acontecendo um surto de varíola. Aproximou-se e, vendo a gravidade daquela situação, compadeceu-se e bateu o xaxará no chão para conter o avanço da doença. Com o axé contido nas suas cabaças sagradas, foi curando as pessoas já contaminadas. Dias depois, quando a paz retornou, despediu-se, recebendo de todos oferendas de pipocas em sinal de agradecimento.



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