Jorge Sanmartin – O fantástico mundo da bola

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Jorge Sanmartin - O fantástico mundo da bola copyright © 2016 JorgeSanmartin

EDIÇÃO

Enéas Guerra Valéria Pergentino PROJETO GRÁFICO E DESIGN

Valéria Pergentino Elaine Quirelli ENTREVISTAS, ORGANIZAÇÃO E TEXTO FINAL

José de Jesus Barreto CAPA

Enéas Guerra REVISÃO DE TEXTO

Maria José Bacelar FOTOGRAFIAS

Créditos página 128

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Marília Lessa dos Santos CRB-5/1775 796.334 S194

Sanmartin, Jorge O fantástico mundo da bola: Super San: 50 anos de jornalismo. Salvador: Solisluna, 2016. 128 p.; Ils ISBN 978-85-89059-82-4 1. Futebol – História. 2. Bahia – Futebol. 3. Jornalismo esportivo. 4. Copas do mundo (Futebol). I. Título.

Todos os direitos desta edição reservados à Solisluna Design Editora Ltda. www.solisluna.com.br editora@solislunadesign.com.br 55 71 3024.1047

CDD 796.334


Agradecimentos Em primeiro lugar, a minha esposa Janilda Campos Fonseca (Jane), amada. A meus amigos, companheiros de trabalho e todos aqueles que sempre me cobravam a edição deste livro. A meu pai, José Fontenla Samartin, a minha mãe, Maria José Santos Samartin, a meu irmão mais velho, padrinho e compadre, Salvador, que me levou pela primeira vez à Fonte Nova, plantando em mim a semente da paixão pelo futebol, e demais familiares.



Sumário

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Um parceiro dedicado e decente

Virgílio Elisio da Costa Neto

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Uma vitoriosa trajetória

17

Esquema tático

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Perfil do craque

71

Melhores lances

101

Destaques da peleja

117

Resenha do jogo

João Carlos Teixeira Gomes

Zédejesusbarreto


Entrevista com LĂŠo Oliveira.



Sanmartin em ação pela Rádio Excelsior da Bahia na década de 1970.


Um parceiro dedicado e decente

J

orge Samartin é um profissional com passagem pelo rádio, jornais e TV. Na maior parte do tempo, trabalhou nas Rádios Sociedade da Bahia e Excelsior, sempre com destaque. Há alguns anos está na TV Educativa, onde participa do “Cartão Verde”, mantendo a mesma linha no trato da informação e nos comentários responsáveis, como fez no rádio, criando um estilo que tem tido o merecido sucesso. Samartin possui uma memória muito boa e a utiliza regularmente na busca de detalhes das competições, informações atuais e passadas, com um poder de síntese impressionante. Provavelmente ele sabe os nomes dos principais clubes campeões da Europa e do Brasil, bem como detalhes das seleções campeãs do mundo. Brincando com ele, alguns o chamam de o “Google do Futebol”. Uma enciclopédia do futebol. Ainda me lembro de lances e momentos que vivemos lado a lado, quando trabalhamos juntos nas Rádios Cultura e Sociedade da Bahia, e pude avaliar bem a qualidade do profissional, comprometido com a função. Fomos fazer um jogo Santa Cruz x Bahia, em Recife (Estádio do Arruda), eu, Djalma Costa Lino e Jorge Samartin, que era o repórter. Bem antes de seguirmos para o estádio, ele saiu e foi “às compras”, trazendo os principais jornais pernambucanos – Jornal do Comércio e Diário de Pernambuco. As páginas esportivas destacavam o jogo, muito importante pelas colocações dos clubes e pela rivalidade entre as duas forças. Samartin, então, fez um 11


trabalho de “clipagem”, selecionando as matérias de interesse. Recortou o que interessava e colou num caderno espiral, que sempre levava para as jornadas. Naquela época não existia internet, é bom lembrar. Quando iniciamos a transmissão, nós – comentarista e narrador – estávamos abastecidos de informações, com riqueza de detalhes: jogadores suspensos, contundidos, colocação das equipes e algo mais. Essa era uma rotina absolutamente sagrada desse profissional que tinha um grande senso de responsabilidade. Como no rádio, nos jornais A Tarde, Tribuna da Bahia, Jornal da Bahia e hoje na TVE, Samartin sempre teve e tem seus admiradores, seguidores cativados com a qualidade da informação, uma de suas marcas. Pouca gente sabe de outra faceta na vida profissional de Jorge Samartin, membro da equipe que presidi na Federação Baiana de Futebol, entre 1994 e 2001. Ele trabalhou diretamente comigo, no Gabinete da Presidência, na Diretoria Técnica, ao lado de Sinval Vieira, no apoio técnico a várias competições que a FBF administrava e dando suporte ao setor de imprensa. Foi um período rico de trabalho para todos nós. Jorge Samartin é um velho amigo e nos conhecemos há quase cinquenta anos. Há 35 anos ele vive com D. Jane, sua fiel escudeira. Fico feliz em vê-lo escrevendo este livro. Sempre cobrei dele, como outros amigos, a realização desse trabalho e compartilho agora a sua felicidade. Virgílio Elisio da Costa Neto Ex-radialista, comentarista, presidente da Federação Baiana de Futebol (FBF) e diretor da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)

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Uma vitoriosa trajetória

E

ste livro é um valioso registro da trajetória profissional do radialista, jornalista e homem de TV Jorge Samartin, iniciada em 1 de março de 1966, após fazer um teste na Rádio Cultura da Bahia, então localizada no Campo Grande, em Salvador. Era apenas um “foca”, mas logo passou a conviver com nomes já consagrados, como, dentre outros, José Ataíde, Virgílio Elísio, Pedro Souza, Luís Carlos Alcoforado. Transferiu-se em seguida para a Rádio Cruzeiro, voltando a trabalhar com José Ataíde. Em certo período, militou na Rádio Sociedade em Feira de Santana, de onde veio para a prestigiosa Rádio Sociedade da Bahia, a conhecida PRA-4, que congregava uma espécie de “seleção de ouro” do rádio baiano, sob o comando de Genésio Ramos, um gentleman dos esportes, durante muitos anos editor do jornal A Tarde. Nesse veículo, Samartin ingressou posteriormente, a convite do seu redator-chefe, o jornalista Jorge Calmon. Era a época em que o então vespertino liderava a imprensa em todo o Nordeste brasileiro. Trabalhou ainda no Jornal da Bahia e na Tribuna da Bahia, cujo redator-chefe era o escritor João Ubaldo Ribeiro. Colaborou também com seu amigo e grande desportista Luís Eugênio Tarqüínio, proprietário do Esporte Jornal. Outra etapa da sua carreira foi desenvolvida na Rádio Excelsior da Bahia, tendo atuado ao lado de Fernando José, que chegou a ser prefeito de Salvador, Nilton Nogueira, Souza 13


Durão e Sílvio Mendes. Foi um momento difícil, pois o estádio Octávio Mangabeira, mais conhecido como Fonte Nova, estava fechado para ampliação, e o Esporte Clube Bahia disputou toda a relevante “Taça de Prata” em Aracaju, forçando o radialista a sucessivos deslocamentos. Samartin passou então a conviver mais de perto com grandes jogadores da época, como o argentino Sanfelippo, que chegou a atuar na poderosa seleção portenha e tinha vindo para o Bahia. Nosso repórter esportivo passou a assumir tarefas nacionais e internacionais, quando conviveu com jornalistas do nível de João Saldanha, Armando Nogueira, Waldir Amaral, Jorge Cury, Fiori Gigliotti, Luís Fernando Veríssimo e Osmar Santos (cuja carreira foi interrompida por um grave acidente). Suas rondas internacionais lhe valeram coberturas alusivas às Copas de 1978 na Argentina, então dominada pela sangrenta ditadura de Jorge Rafael Videla, à segunda Copa do México, em 1986, à traumática derrota na Copa da Espanha, quando o favorito Brasil foi eliminado pela Itália por 3 a 2, e tantos outros eventos que os leitores encontrarão devidamente registrados neste livro. Loquaz, Jorge Samartin só passou a usar o microfone três meses depois do seu ingresso na Rádio Cultura, pois começou como estagiário no plantão esportivo, na qualidade de captador de notícias. Foi a partir daí que aprendeu a organizar as ideias para apurar a dicção característica e acelerar o discurso radiofônico. Paulatinamente, soube aprofundar a consciência crítica, a fim de melhor analisar os fatos futebolísticos (e esportivos em geral), não só da Bahia como do Brasil. Uma das marcas da atuação de Samartin é a sua independência crítica. Com adequação e sem excessos retóricos, tem-se constituído um analista sereno dos nossos meios 14


esportivos, não raro combativo, mas nunca avassalador. Usa a voz e a pena com critérios construtivos, sabendo denunciar com rigor a imperfeição dos nossos quadros dirigentes, não dando tréguas, assim, à cartolagem. É um inconformado com o amadorismo que predomina na mentalidade dos dirigentes baianos e nacionais, os maiores responsáveis pelo atraso, por exemplo, do nosso futebol nos dias que correm, infinitamente inferior em competência, organização e qualidade ao que hoje se faz na Europa. De referência à Bahia, é comum que o ouçamos a criticar os presidentes e diretores de clubes, a improvisação reinante em nosso pobre futebol, as contratações onerosas e ineficientes de jogadores em geral ultrapassados, o sistemático desperdício de recursos, no Bahia sempre fartos pela paixão da torcida. Jorge Samartin é um entusiasta defensor das formações de base, bem como da ascensão dos clubes interioranos. Uma das tônicas da sua pregação tem sido defender com insistência a consolidação do futebol do interior como única alternativa válida para escaparmos da limitada, prolongada e cansativa predominância da dobradinha Bahia-Vitória. Também não aceita que ambos, detentores de torcidas numerosas e aguerridas, permaneçam ano após ano nos escalões intermediários do futebol brasileiro como forças secundárias, sem alcançar as posições de relevo a que estariam destinados pelas suas tradições e pela importância da Bahia na vida nacional. Em suma, estou seguro de que o depoimento que os leitores verão adiante é um precioso inventário do esporte baiano e nacional, fundado na competência do analista e na coerência com que expõe suas ideias. Resta dizer que a atuação de Samartin como radialista e jornalista se ampara em sua formação cultural, pois foi aluno do curso de História da Faculdade de Filosofia 15


da Universidade Federal da Bahia (UFBA), tendo como prestigiosos mestres Jorge Calmon, Consuelo Pondé de Sena, Fernando da Rocha Peres e Luís Henrique Dias Tavares, que ele qualifica como “uma geração fantástica de professores”. Chegou a hora de encerrar estas linhas, por dois motivos: em primeiro lugar, obviamente, o texto que aqui interessa é o do autor e não o do prefaciador; em segundo lugar, escrevo num domingo e estou apressado para ver e ouvir Jorge Samartin no louvado “Cartão Verde” da TV Educativa (TVE), em que ele desponta sempre como comentarista atuante, destemido e lúcido. Vamos juntos, caros leitores! João Carlos Teixeira Gomes Jornalista, escritor e torcedor do Bahia

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Esquema tático

Q

uando Valéria Pergentino e Enéas Guerra, da Solisluna Editora, me ofereceram a oportunidade de escrevinhar este livro, não relutei e topei de cara, antes mesmo de discutir e amarrar detalhes. Primeiro do que tudo pela temática: Bola, futebol e rádio, um fascínio de vida. Depois, pela figura de Samartin, que sempre admirei pelo seu trabalho nos microfones e nas transmissões esportivas antes mesmo de conhecê-lo tão de perto como agora. Um sujeito cativante, um profissional diligente, um cidadão decente, um papo rico e agradável. Esses escritos, feitos livro pela Solisluna, editora de tantas artes, são fruto de horas sem conta de gravações em cinco tardes da primavera de 2016, na casa da Editora, em Vilas do Atlântico, ao lado de Enéas, às vezes de Valéria – mais observadora –, sob os olhares do fotógrafo Kin Guerra e a vigilância de Elaine Quirelli. E teve uma sessão de fotos e papo com Valéria e Kin no apartamento de Samartin, para avaliação e fotografias do acervo e guardados do vivido repórter. E mais uma entrevista pingue-pongue, cara a cara, sem gravador, na base do papo e papel, regada a bolinhos de bacalhau e refrigerantes num restaurante da orla de Salvador, diante de mar e céu de um azul estonteante. Não foi fácil domar a fera, um expert da comunicação, um mestre de microfones e focos, um apaixonado pelo mundo da bola e do rádio. Incontrolável às vezes pelo entusiasmo, pelo fluir e fruir da conversa livre, a fugir dos roteiros que tolamente tentei estabelecer por escrito, antecipadamente. Lembranças, 17


histórias, vivências, causos, referências que muitas vezes fizeram-no levantar-se, andar de um lado para outro gesticulando, falando com firmeza, expondo-se inteiro, ora com veemência, ora com humor, aos risos. Grande figura, esse Samartin que os leitores terão oportunidade de conhecer lendo este livro. A obra está divida em etapas bem distintas. Na primeira delas, na qual incluo este texto, estão uma apresentação feita pelo amigo de San e companheiro de labutas Virgílio Elísio, outro moço decente e muito competente, tricolor de coração. E mais um prefácio assinado pelo jornalista e escritor João Carlos Teixeira Gomes, o conhecido Joca, o “Pena de Aço” do jornalismo baiano, a quem Samartin conheceu em sua paragem pelo Jornal da Bahia, onde Joca foi Editor Chefe, um profissional de redação respeitado e temido pelos adversários por sua contundência. Outro tricolor de fé. Na sequência da obra, um perfil do personagem com texto construído pelo redator e fundamentado nos relatos gravados, como um guia. Os dois capítulos seguintes – “Melhores lances” e “Destaques da peleja” – se constituem de narrativas de Samartin sobre suas vivências e andanças profissionais, causos e curiosidades; e suas observações bem confessionais sobre muitas pessoas com quem cruzou – amigos, colegas, exemplos, cartolas, radialistas... – nos seus 50 anos de muita rodagem e experiências. Por último, uma espécie de “resenha do baba”, aquele pingue-pongue rápido e caceteiro sobre o que Samartin viu e vivenciou de melhor e pior nesses tempos de batalha e prazeres. Por que não? Prazer é o que desejamos ao leitor ao passar os olhos e entreter-se com essas letras sobre o mundo da bola, uma visão histórica do futebol baiano e algumas páginas de um tempo de mais criatividade e mais respeito à informação no rádio esportivo baiano. Boa leitura, pois. 18

Zédejesusbarreto, o escrevinhador


San com colegas de trabalho.


Entrevistando atleta do Cearรก Sporting.



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