A Dama de Branco

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Graziela Domini

Edsoleda Santos ilustraçþes




A Dama de Branco Copyright texto © 2010 Graziela Domini Peixoto Copyright ilustrações © 2010 Edsoleda Santos Copyright © 2010 Solisluna Design Editora Edição Enéas Guerra Valéria Pergentino Design e editoração Valéria Pergentino Elaine Quirelli Revisão do texto Maria José Bacelar Guimarães

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Domini, Graziela A dama de branco / Graziela Domini ; ilustrações Edsoleda Santos. -- Salvador, BA : Solisluna Design Editora, 2010. ISBN 978-85-89059-27-5 1. Literatura infantojuvenil I. Santos, Edsoleda. II. Título. 10-05752

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático:

1. Literatura infantojuvenil 028.5 2. Literatura juvenil 028.5

Todos os direitos desta edição reservados à Solisluna Design Editora Ltda. (71) 3379.6691 | 3369.2028 editora@solislunadesign.com.br www.solislunadesign.com.br www.solislunaeditora.com.br


Graziela Domini

Edsoleda Santos

ilustrações

BAHIA 2010



Lucas nunca tinha sentido uma dor tão doida. Na intensidade desse sentimento, seus pensamentos fizeram uma viajem de retorno até o início daquele ano, época em que conhecera Clara – a garota dos olhos de mel, como ele preferia chamá-la. 5


No primeiro dia de aula, Clara tinha sido a última aluna a entrar na sala. Todos se viraram para vê-la. Lucas também. Porém, enquanto os outros colegas retomaram suas atividades, Lucas fixou seus olhos naquela menina. Ele tinha sido flechado por Cupido. Foi amor a primeira vista. Amor, paixão... uma mistura de sentimentos que aquele garoto nunca tinha experimentado. Foram os meses mais bonitos da vida de Lucas... Ele estava encantado! Amava Clara de longe, como se ela fosse uma deusa inatingível.


Aquela imensa alegria, no entanto, tinha se transformado, repentinamente, numa intensa e profunda dor. Clara, para Lucas, era uma deusa, sim. Ele só não sabia que ela era mortal. Aquela linda e frágil menina tinha sido afetada por uma doença, que após muito sofrimento fez com que ela se encontrasse com a morte. E agora Lucas estava ali, velando o corpo que tanto amou... ou ainda amava? Ele não sabia. Estava confuso no meio de tanto choro, lamentações (fofocas e risinhos escondidos também) e, principalmente, tantos questionamentos.

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As crianças se mantinham caladas. Pareciam entender tudo ou não entender nada. Os adultos, no entanto, mergulhavam num mar de perguntas, como se quisessem matar a sede do saber e assim aliviar aquela quase que insuportável dor. Perguntavam eles: – Por que, com tanta gente ruim no mundo, a morte leva uma menina tão doce? – Por que a morte vem buscar alguém tão jovem, que ainda tinha tanto para conhecer da vida? Eram tantas perguntas sem respostas que Lucas já estava tonto. Naquela sala, uns choravam; outros se lamentavam e se questionavam; alguns contavam piadas, fofocas (coisa que Lucas não conseguia entender).


Mas... existia alguém que nada fazia: era uma mulher que se cobria com um vestido alvo transparente e parecia estar muito distante (a despeito de muito próxima). Seus olhos estavam tristes, sim. Seus lábios, no entanto, tinham o sorriso sereno dos que conheciam as Leis do Universo. Era realmente uma linda mulher, ou melhor, uma “Linda Dama”. E foi naquela serenidade que Lucas tentou buscar consolo. Era no colo daquela mulher sensual, com jeito de deusa e de mãe, que ele queria chorar, lamentar, fazer perguntas e até, quem sabe... contar piadas e fofocas. 9


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