Antologia Brasil, 1890-1930

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Impressão artística

O ateliê de Sylvio Bevilaqua Longe vão os tempos em que a arte fotográfica era a reprodução branco-negra de uma imagem, sem relevo nem vida, além daqueles que certas condições de luz "queriam" conceder-lhe. O fotógrafo era um artífice, não era um artista. Não passava de um motor, ou, antes, de uma verdadeira máquina fotográfica, porque o que se chamava máquina merecia muito pouco esse nome. O pintor era o sol, e somente ele. Os meios de que dispunha o operador eram os mais restritos e os menos variados. Hoje tudo isso está mudado. A fotografia moderna é uma nobre arte que emprega o concurso de outros conhecimentos. Enriqueceu os seus processos, aperfeiçoou os seus métodos, utilizou diversas espécies de matérias, deixou de ser vassala do sol para render-lhe apenas um tributo de gratidão remota. Fez-se um dos ramos da pintura e serve de laço concreto, experimental, entre as belas-artes e físico-química. Decerto, os progressos da fotografia se têm nobilitado, e noblesse oblige, a arte do fotógrafo é mais difícil atualmente do que o era há vinte anos. Sem entrar na técnica especial da arte fotográfica, nem lhe querer traçar a história desde Niépce e Daguerre até os Lumiére, Lippmann, Neuhaus e Seil ― baste-me convidar o leitor a comparar dois trabalhos do gênero: um apanhado há vinte anos, o outro composto segundo os processos modernos.

Antologia Brasil, 1 890-1 930

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