Antologia Brasil, 1890-1930

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Deixemos Mlle. de Suyrot, em França e passemos ao Sr. Edgard Haniel, digno secretário da legação alemã, que se apresenta com uma dúzia de magníficos trabalhos em papel Velox, pela variedade do tom e brilhantismo do efeito. O Sr. Haniel, apesar de estrangeiro, é dos expositores aquele que maior variedade de lugares apresentou, pois que se mostrou paisagista exímio e admirador das nossas belezas. Apreciamos em seus trabalhos a justeza da exposição sem a qual não é possível obter todos os detalhes das grandes massas de verdura que o autor se compraz em apresentar constantemente. Os cortes da natureza são bem feitos, o que mostra ser o autor um artista; só não apreciamos o Un... deux... trois (57), em que o assunto é por demais prosaico e as figuras do primeiro plano grandes demais, desproporcionadas mesmo. A sujeição ao formato foi outra coisa que prejudicou o Sr. Haniel; alguns dos seus quadros ganhariam em ser aparados. Como trabalho de grande movimento entretanto Dans la pergola (59) é admirável. Na paisagem Corcovado (48) sente-se bem o grande vácuo que separa o primeiro plano do cume da montanha que se divisa através da vegetação que se abre, e que dá ao quadro uma grande beleza e majestade. Falaremos agora do Sr. Guerra Duval que se apresentou como um exímio, como um notável... carvoeiro. Os franceses dizem charbonnier dos que trabalham em carvão; dão licença que deles digamos ― carvoeiros? Reproduziremos aqui, ampliando, a consideração que fizemos a propósito do retrato nº 11 de Barroso Netto ― a impossibilidade de manipular-se o processo a carvão no nosso clima não pode mais subsistir depois dos admiráveis trabalhos do Sr. Guerra Duval. Os dez estudos desse amador são todos em carvão Fresson, e não há dúvida que o autor dos quadros tirou do processo francês todo o partido que era possível. Duval escolhe de preferência os tons frios e compraz-se na variedade de nuanças do mesmo tom; sente-se constantemente a intervenção do algodão para baixar um valor, às vezes para chegar ao branco do suporte; mas, isso é feito com rara habilidade, sem erro de sombras e sempre dentro dos limites permitidos, necessários e indispensáveis. Com efeito, nesse amador mais do que nos outros estudados aqui, notamos a intervenção do retoque inteligente que o carvão Fresson permite e que é um dos maiores recursos do fotógrafo artista. Esperamos que depois da revelação feita pelos magníficos

A exposição do Fotoclube, 1 904


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