Antologia Brasil, 1890-1930

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escolha do ponto focal, quer ajustando os elementos da própria objetiva, quer na focalização propriamente dita, quer na escolha do diafragma. Escolhida a focalização que mais convenha ao assunto em questão, não vai o operador calcular matematicamente o tempo de exposição que deve dar, e, sob esse ponto de vista, somos contrários aos fotômetros que dizem com rigor a exposição ótima. Da exposição muito depende o resultado final, sendo bastante lembrar que com uma exposição longa, nós conseguimos diminuir os contrastes exagerados do original, com uma exposição breve, nós conseguimos aumentar os contrastes do original sem vida, e com uma justa exposição conseguimos reproduzi-lo tal como se nos apresenta. Facilmente, pois, se verifica a intervenção do operador, trabalhando com maior ou menor exposição para obter o resultado que tem em vista, o que só se consegue, é verdade, com algum tempo de prática e de cuidadosa observação. Assim, sendo, em fotografia artística, para que nos serve o apregoado fotômetro? Para nos indicar um determinado tempo de exposição e consultando os nossos interesses adotarmos um outro? Para o noviço ainda se compreende tal aparelho, mas para o "glorificado" chega a ser interessante. Sempre a prática, sempre a observação, em todos os campos, ao lado de uma teoria fundamental, devem ser os nossos roteiros. Em seguida procura o operador escolher a chapa fotográfica cuja emulsão mais se coadune com a reprodução desejada do seu original. Hoje temos uma infinidade de emulsões: rápidas, lentas, anti-halo, ortocromática ― pancromática etc, cada uma delas correspondendo a certa necessidade, ficando ao critério judicioso do artista a respectiva escolha e o uso adequado do filtro competente. Feita a exposição em condições perfeitas e em chapa própria, passamos à obtenção do negativo fotográfico, revelando a imagem latente até então e fixando-a em seguida. Domínio misterioso em sua essência, mas profundamente estudado e dirigido em seus resultados finais. O artista-fotógrafo é hoje senhor absoluto da revelação, podendo chegar ao extremo de, por esse método operatório devidamente conduzido, obter efeitos diametralmente opostos aos que obteria em revelação normal. A constituição química do revelador, a própria natureza do redutor, o seu maior ou menor grau de concentração, a temperatura do banho, o tempo de revelação e outros

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