Revista Tag #5

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tags: brechó, moda, fashion, retro, vintage

que são descartados quando ainda são válidos, ‘materialmente’ duráveis”. Como o comportamento do consumidor influencia diretamente no mercado, a professora observa que quando os produtos são reutilizados o processo de fabricação também muda o seu fluxo e vice-versa, influenciados também por novas ferramentas como o design e o marketing. Com o crescimento do apelo das mídias ao consumo consciente e com o resgate de valores como família e tradição, na opinião de Verena, a aceitação dos consumidores tende a crescer cada vez mais, além de ser uma questão cultural por ser um produto que já pertenceu a outra pessoa. A professora acredita que ainda haja preconceito e “principalmente uma certa ‘desconfiança’ da parte dos consumidores”.

A História Não há muitos registros sobre a origem dos brechós no Brasil. Umas das teorias é que no século XX um mascate chamado Belchior ficou conhecido por vender roupas e objetos de segunda mão no Rio de Janeiro e com o passar do tempo o nome de estabelecimentos com esse intuito passou de loja de Belchior para Brechó, simplesmente. Alguns historiadores consideram os brechós uma fonte riquíssima de dados de outras épocas da história tanto da moda quando da sociedade de um determinado lugar e por isso o valor do brechó foge do limitado fim comercial das lojas convencionais.

Em Bauru Pesquisando pela cidade de Bauru os diversos brechós da cidade, descobrimos

que em sua maioria estão localizados no centro, nos arredores da Avenida Rodrigues Alves e que suas localizações são pontos antigos, com compradores fiéis, de anos, e também com uma clientela rotativa de estudantes das universidades da cidade, que procuram por peças exclusivas e inovadoras. O Brechó Ponto Fixo tem uma clientela fiel tanto de quem compra as roupas como de quem fornece. A proprietária Sônia ressaltou o prazer de se trabalhar em brechós pelo fato da mercadoria ser algo inesperado, as roupas que chegam são sempre uma novidade e não seguem uma tendência da indústria da moda. Um fato interessante é que as roupas mais vendidas no brechó são artigos masculinos. Sobre o preconceito Dona Sônia fala sobre mudança: “antes as pessoas tinham receio em comprar em Brechó sim, agora melhorou”, conclui. Um estilo inovador de brechó é o Empório Contracultural Extinção, especializado em discos de vinil, vestuário e cultura, também localizado em Bauru. O lugar é bem vanguardista, além de brechó, é um sebo e exibe filmes semanalmente. Outro Brechó que visitamos é o Ponto Certo, que apesar de estar na mesma rua que o Ponto Fixo e terem um nome tão semelhante são de proprietárias diferentes. Dona Silene Maria Bertoli Gimenis, 55, dona do brechó diz que todas as classes sociais vistam o Ponto Certo. Ela ressaltou também o movimento feito por estudantes de moda e arquitetura que vem em busca de um bom acervo nos brechós. “Os jovens são mais desprendidos, mais esclarecidos”, confirma Silene. Todos os vendedores ressaltaram o cuidado que tem com as roupas usadas que recebem quando são vendidas. Elas são lavadas, consertadas (se necessário) e passadas, e só assim expostas.

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