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making of :: capa

Prémios 2009 NÚMERO ESPECIAL, CAPA ESPECIAL. Pedimos à jovem e talentosa designerCatarina Carreiras que desenhasse uma capa para anunciar os Prémios blue Design 09.Catarina apresentou várias propostas (podem espreitar os estudos em baixo) e escolhemos a misteriosa e gráfica It Takes Time.

IT TAKES TIME, BY CATARINA CARREIRAS/ FABRICA “ItTakesTime” é uma fonte criada especificamente para a exposição da Fabrica na ExperimentaDesign deste ano “Take Your Time”. Através da apropriação noção de vagar vs rapidez: duas constantes sempre em batalha em qualquer processo criativo. Catarina Carreiras (1985, Lisboa) Licenciada em Design de Comunicação pela Faculdade

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das formas que os ponteiros do relógio geram à medida que o tempo corre, a fonte procura jogar com a

comunicação patrocinado pela Benetton, em Treviso (Itália). Nos últimos três anos teve a honra de receber duas bolsas de mérito, atribuídas pela Universidade de Lisboa, e duas nomeações

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de Belas Artes de Lisboa desde 2008, trabalha actualmente na Fabrica, o centro de pesquisa em

na categoria de Design Gráfico do concurso Jovens Criadores (2008 e 2009). 3


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editorial :: blue design

Dez SE ESTE NÚMERO FOSSE UM NÚMERO, seria o dez. E isto apesar de ser o número doze. Não é um número como os outros. Nem número o dez, nem esta edição, que reúne uma data de dezes. Dez são os designers que escolhemos para representarem a década que agora fechamos. Dez as categorias dos Prémios blue Design que anunciamos. Dez sobre dez (ou quase), a postura que procuramos em todos (designers e objectos que desenham), para estarem nas nossas páginas. A década que deixamos para trás pode até ter sido infernal, como sugere a desalentada revista Time, bebé chorão na capa. Mas para o design, até onde este pode ser desligado do mundo, parece que até nem correu mal. Nasceu o iPod. Os bebés passaram a andar em carrinhos cool, ergonómicos e todo-o-terreno. As garrafas de água tornaram-se objectos de culto. Os suecos desafiaram o “design elitista”. Os computadores portáteis, orelhinhas de coelho a abanar, chegaram a milhares de crianças em aldeias africanas. Começámos a usar, nos pés, objectos de design. Revelaram-nos a beleza do design Supernormal. E percebemos que não era incompatível com o design art. Os holandeses continuaram a contar histórias com objectos. Os racionalistas não morreram. Os franceses trouxeram-nos poesia. E os espanhóis rasgo e raça. Voltou-se ao craft, mas com juízo. Avançou-se na prototipagem rápida. O minimal reciclou-se. Fizeram-se reedições e nasceram novos ícones.

Feitas as contas, até dez ou depois, não há razão para rabugices. Esta década passou a correr, como tudo passa, mas até nem correu mal. E no fim de contas, o importante é que corra.

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MADALENA GALAMBA mgalamba@blue.com.pt

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DESIGN

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SUMÁRIO

W W W . R E V I S TA B L U E D E S I G N . B L O G S P O T. C O M D E S I G N B L U E 10

13 B R A N D N E W D E S I G N As últimas novidades das primeiras marcas.

30 E S P E C I A L : D E S I G N ( E R S ) D A D É C A D A O nosso ten best do que já vivemos neste século XXI.

52 D E S I G N G U R U : S T E F A N D I E Z O incansável designer-maker mostra-nos os seus últimos projectos.

62 ESPECIAL: PRÉMIOS BLUE DESIGN 2009 O melhor do ano em produtos, marcas, ideias e criativos.

88 P R O J E C T O D E S I G N : ( S U M ) O N E Miguel Rios e Ângela Ferreira num diálogo criativo.

92 PROJECTO ARTE: LA CONFUSION DES SENS A Louis Vuitton deixa-nos baralhados. E ainda bem.

100 P R O J E C T O D E S I G N : C I N R E M A K E Em trânsito e colorido.

106 DESIGN INTRO: LUCA NICHETTO Ar fresco no design italiano.


98 PROJECTO ARQUITECTURA: LAGAR SOVENA

IDEIAS

Espaços privados e públicos que brilham.

102 E X P O S I Ç Ã O : D I E T E R R A M S

GUIA

110 L I V R O S

O mestre no Design Museum de Londres.

114 S N E A K P R E V I E W Levantamos o véu e descobrimos o design mais fresco.

O lagar do futuro segundo Bak Gordon.

Para folhear o design.

111 E X P O S I Ç Õ E S A arte que vem.

112 M O R A D A S

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Procure e encontre.

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ARQUITECTURA & INTERIORES

84 B R A N D N E W A R Q U I T E C T U R A

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OFEREÇA UMA ASSINATURA BLUE DESIGN CONTACTOS PARA ASSINATURAS: Tel.: 214 142 909; Fax: 214 142 951; E-mail: jmtoscano.com@netcabo.pt

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E-MAIL: N.º DE CONTRIBUINTE

Cheque à ordem de: JMTOSCANO-Comunicação e Marketing Lda Transferência Bancária: N I B 0 0 4 5 4 0 6 0 4 0 1 0 2 9 7 2 0 7 3 1 9 , da Caixa Crédito Agricola

A FORMA SEGUE A EMOÇÃO

BLUE MEDIA Rua Vera Lagoa, n º 12, 1649 - 012 Lisboa, Tel.: 217 203 340 | Fax geral: 217 203 349 | Contribuinte nº 508 420 237 DIRECTOR GERAL Paulo Ferreira | DIRECTORA Madalena Galamba, mgalamba@blue.com.pt DIRECTOR DE ARTE E PROJECTO GRÁFICO BLUE DESIGN Pedro Antunes, pantunes@blue.com.pt | COLABORAM NESTA EDIÇÃO Ricardo Polónio (Fotógrafo) DIRECTOR COMERCIAL Paulo Ferreira, pferreira@blue.com.pt | DEPARTAMENTO DE MARKETING & PUBLICIDADE Maria Reis, mreis@blue.com.pt; Fax publicidade: 217 203 349 MARKETING Designer: Alberto Quintas, aquintas@blue.com.pt | REVISÃO DE TEXTO Elsa Gonçalves | PRÉ-IMPRESSÃO Nuno Barbosa, nbarbosa@blue.com.pt DISTRIBUIÇÃO Logista | IMPRESSÃO União Europeia | DEPÓSITO LEGAL 257664/07; Registado no E.R.C. 125205 | PROPRIEDADE: Paulo dos Reis Ferreira | Tiragem: 20.000 exemplares { INTERDITA A REPRODUÇÃO DE TEXTOS E IMAGENS POR QUAISQUER MEIOS }

O seu comentário é fundamental para melhorarmos a blue Design a cada edição. Assim, criámos este e-mail para que nos possa apontar todos os defeitos que for encontrando na sua revista. Muito obrigado! qualidade@blue.com.pt


design :: brand new

COLOR HANGER, DE FERNANDO BRÍZIO

Tubo de ensaio APRESENTADO NA EXPOSIÇÃO SÓTÃO, que juntou Fernando Brízio e Miguel Vieira Baptista na galeria Marz, em Lisboa, Color Hanger é um dos nossos objectos do ano. Brízio usou a sinterização selectiva por laser para solidificar a tinta que sai do tubinho, em mais uma

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um alvo apoiado em dardos. Na mouche. www.marz.biz

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expressão feliz do seu design conceptual e lúdico. Outro, é a mesa Target,

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brand new :: design

DUPLEX, DE CONSTANCE GUISSET

Ilusionista UM PÁSSARO e um peixe conversam neste habitat onírico criado pela coqueluche do design francês, Constance Guisset. A designer, que trabalhou com os irmãos Bouroullec antes de montar o seu próprio estúdio, tem conquistado o mundo do design com os seus objectos poéticos e ilusionistas. Vencedora do Grand Prix du Design de la Ville de Paris (2007) e do prémio do público da Design Parade, Villa Noailles, Guisset é um talento a seguir. Nem tudo o que parece é, no design de Guisset: no candeeiro Fiat Luxe uma bola parece levitar orbitando à volta do corpo da luminária. Na realidade ela é o interruptor e acende a lâmpada se a aproximarmos do candeeiro. Nesta gaiola-aquário, um pássaro e um peixe fazem companhia um ao outro, e parecem flutuar, atrás das longilíneas varas de madeira. www.constanceguisset.com


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www.onitsukatiger.com


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COLECÇÃO WAJIMA, DE RONAN & ERWAN BOUROULLEC PARA A JAPAN BRAND

Oriental HÁ UMA AFINIDADE NATURAL entre o design dos irmãos Bouroullec e o Japão. Por isso, não é de estranhar que a Japan Brand, um organismo que promove tudo o que é japonês e bom, tenha convidado os designers franceses para criarem uma colecção de objectos contemporâneos a partir de uma técnica ancestral: o lacado japonês. Um candeeiro, uma bandeja (perfeita para comer sushi), são alguns dos objectos que formam a colecção Wajima. Modular (ou não fosse uma proposta Bouroullec, para acabar em casa), os objectos combinam-se para formar um conjunto indivísivel. Uma compreensão profunda do material e da técnica (os designers visitaram as oficinas de lacagem para perceberem, ao lado dos artesãos, como tudo se

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processa) reflecte-se em objectos cuja forma ecoa, numa linha contínua e curva, o brilho táctil do lacado. www.bouroullecs.com

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www.krups.com


brand new :: design

BIBERON MIMIJUMI

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NÃO HÁ NADA MELHOR QUE O LEITE MATERNO, dizem os especialistas e as mães ajuizadas,

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Mimoso os biberons Mimijumi são o mais próximo que se consegue chegar da maravilhosa morfologia humana.

mas quando não pode ser, não há nada a fazer. E nessa altura, existem os biberons da Mimijumi, prontos a socorrer progenitoras em apuros e crias esfomeadas. Desenvolvidos por uma equipa de designers e médicos na Califórnia,

Morfológicos, ergonómicos, com uma tetina redondinha que termina numa garrafa com uma base vermelha, é o novo biberon para os bebés cool. E felizes. www.mimijumi.com

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www.plantagri.com


W+W, DA ROCA

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CHAMA-SE W+W E TRANSPIRA NOVIDADE. Uma peça única, inteira, criada pela Roca,

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Quatro em um automático de limpeza, a precaver formação de bactérias e a evitar cheiros. Cabe em grandes e pequenos espaços,

que vai fazer a revolução em qualquer casa de banho. Dois em um, ou melhor, quatro em um, junta o lavatório à retrete, e o design à ecologia. Águas do lavatório aproveitadas, graças ao sistema Reusing Water, e sistema

minimiza canalizações e tem um ar futurista muito elegante. Há coisas que demoram, mas acabam por mudar. Parabéns aos criativos da Roca pela corajosa intervenção e inovação! www.roca.pt

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www.fluxograma.com


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COLECÇÃO FW09, COOL DE SAC

Airosa UM ADEREÇO, UM ACESSÓRIO, um par de brincos, um anel, um vestido, uma gabardina, uma peça, outra e mais outra, um espírito original, desprendido e são, muito são. Sim, uma alma grande, animada por subtil sabedoria, serenamente lúcida e equilibrada. É o que reside e apaixona em cada marca eleita pela Cool de Sac, uma loja em Lisboa que desvenda, num beco sem saída, o conceito da madrilena Maria Luísa Pries. Tudo escolhido a dedo, produções não massificadas, estilos muito bem definidos, um espaço diferente a que a cidade ainda não tinha tido, ainda, direito. Ao fundo de um túnel, no Príncipe Real, bons e exclusivos ventos de Paris, da Dinamarca, de Espanha... Não perca, para uma ocasião especial ou porque todos os dias merecem ser brindados com o nosso empenho.

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www.cooldesac.pt

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COLECÇÃO AW 09, ANDY WARHOL BY PEPE JEANS

The Factory is back HÁ NOMES QUE SE LIGAM COM CONSEQUÊNCIAS EXPLOSIVAS. Ao caso, vem a colecção Andy Warhol by Pepe Jeans, a demonstrar que a arte eterna de um nome mítico se propaga pelos corredores da moda urbana, em harmoniosa e feliz fusão. Cores e estampas saem dos vários trabalhos de Warhol, para cobrir, colorir e carregar de vida e de história cada peça de vestuário. Dos acessórios aos básicos, dos jeans às t’shirts, dos blusões aos cintos, às carteiras, aos sapatos, a irreverência da cultura nova-iorquina dos anos sessenta contra-ataca, revivendo um herói que o mundo conhece, um artista de génio ímpar, sobre um suporte onde o espírito forte, inconformista e aventureiro é apanágio. The Andy Warhol Collection by Pepe Jeans é uma celebração que une a consagrada marca londrina à Andy Warhol Foundation, em honra dos homens e das mulheres do nosso século. Criações e protagonistas que Warhol

www.pepejeans.com

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para a noite em grande estilo, sempre fashion, provocador, chic, original. Só visto.

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eternizou, eleitos para todas as ocasiões – do prático e confortável ao sofisticado, do dia

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brand new :: design

MOLESKINE ARTIST COLLECTION DIARIES, DE MARTI GUIXÉ

Vestido para matar MATAR DE DESEJO QUEM GOSTA DE ESCREVER, de anotar, de agendar, de não falhar, de reter momentos importantes! Quem não prescinde do emblemático Moleskine a cada novo ano, prepare os sentidos para o encontrar... em de traje de festa. O controverso e aclamado designer catalão, Martí Guixé, acedeu ao convite e encetou a denominada Moleskine Artist Collection Diaries, que 2010 inaugura. Resultado é um look à medida de Guixé, a que juntou 81 desenhos auto-colantes, símbolos úteis e que animam os dias, numa edição limitada, que contempla versões pocket e large, com opção de planeamento semanal ou diário em 400 páginas. Como Guixé lembra, “há quem sinta que o tempo é sempre curto, mas é uma percepção que muda consoante o contexto. O Moleskine pode servir estas pessoas, com vidas de 26 horas por dia e 400 dias por ano! Temos de trabalhar a nossa percepção do tempo”,

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acrescenta. Preto ou vermelho, grande ou pequenino, a edição é limitada e imperdível. Espreite em www.moleskine.com.

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SAPATOS CINDERELLA, BY KARTELL + .NORMALUISA

Era uma vez PODEMOS COMEÇAR, SIM, POR ERA UMA VEZ... uma empresa de design industrial cuja produção se impôs com elevada estima e consideração do mercado, pelas peças de mobiliário que vem trazendo à luz, em que o plástico ou similar material é capaz das mais encantadoras formas de expressão. Trata-se da italiana Kartell, cuja fama se espalhou e que ora nos presenteia com uma insólita aposta. Segura do seu know-how, do espaço que ocupa e das armas que tem, tratou de fazer uma parceria com quem dá cartas pelos meandros da moda made

merece a estação das flores, qualidade e conforto, como é tradição das suas assinaturas. www.normaluisa.com

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neutros, para os “Lady”. Ambos elegantes, desenhados com mestria e, obviamente, feitos de plástico 100% reciclado. Leves e airosos como

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in Italy e conhece os desejos das suas mais íntimas amigas – as senhoras. Kartell confiou o design à .normaluisa e produziu dois modelos de sapatos para a próxima Primavera-Verão que reúnem simpáticos predicados. Saltos rasos e cores alegres, para os “Cinderella”, saltos altos a tons

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LINHA KILIM, , DE SANDRA FIGUEROA PARA A GANDIA BLASCO

Mediterrânico UMA VERSÃO ACTUALIZADA DO KILIM, esta linha de tapetes desenhada por Sandra Figueroa para a Gandía Blasco traz-nos ares do Mediterrâneo. Três nomes sugestivos - Catania, Siracusa e Palermo - para três composições únicas à volta de padrões e cores ancestrais, em fio de lã. Nós rendemo-nos aos encantos deste Catamia, em vermelho, branco e preto, que evocam a terra. Mas podiamos perder-nos na simplicidade gráfica (e azul) de Palermo ou Siracusa. São uma novidade da GAN, a linha de tapetes da Gandía Blasco. www.gan-rugs.com


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MÁQUINA DE CAFÉ ESPRESSERIA AUTOMATIC PIANO BLACK DISPLAY, DA KRUPS

da família das automáticas, o que significa que numa fracção de segundo, podemos preparar um delicioso e aromático espresso, sem nos preocuparmos com rigorosamente mais nada a não ser degustá-lo. O design compacto reúne várias funções: moinho de café incorporado, placa para colocação e aquecimento de chávenas, display LCD. Totalmente automática e programável, a máquina inclui um acessório auto-cappuccino

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AS MÁQUINAS DE CAFÉ DA KRUPS são um clássico e uma garantia. Esta Piano Black Display faz parte

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Completa com recipiente para leite, em inox, um pormenor que lhe dá um ar intemporal. www.krups.pt 27


brand new :: design

BANCO STRIPE, DE GABRIELE PEZZINI PARA A MAXDESIGN

Boa Onda COM UM PERFIL INCONFUNDÍVEL, Stripe é um banco monobloco, em poliuretano, que assenta sobre uma estrutura de aço cromado. Desenhado por Gabriele Pezzini para a Maxdesign, existe em três cores metalizadas: branco pérola, cobre e ouro e foi pensado como uma estrutura modular. Juntando vários Stripe, prolongamos a ondulação até onde quisermos. Confortavelmente sentados, é claro.

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www.fluxograma.com | www.maxdesign.it

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ESPELHO PRET À PORTER, DE CARLO TINTI PARA A CASAMANIA

Espelho mágico MAIS UMA PEÇA ENGENHOSA e bem humorada, editada pela Casamania, Prêt à Porter é um espelho para princesas modernas. O espelho foi desenhado tendo em conta as limitações dos espaços pequenos e a consequente necessidade de versatilidade. E mudança. Prêt à Porter é facilmente transportável, um espelho de parede dos pés à cabeça (reflecte o corpo todo) que pode ser mudado de sítio sem esforço, através de duas pegas laterais, simetricamente dispostas. Em contraplacado ou MDF e alumínio, é um reflexo dos tempos que correm (e não se cansam) desenhado por Carlo Tinti.

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www.fluxograma.com | www.casamania.it

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encontro :: design

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design :: encontro

Não foi nada fácil, mas escolhemos os dez designers que mais marcaram a primeira década do século XXI. Mais do que de figuras, a escolha partiu dos objectos. Visionários, poetas, funcionalistas ou supernormais, mas por uma razão ou outra incontornáveis, este é o nosso “ten best” de design(ers)

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que fizeram os últimos dez anos.

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Ronan & Erwan Bouroullec Quase sem querer, Ronan & Erwan Bouroullec podem muito bem ser os designers que mais marcaram a última década. Afinal, poucos interpretaram, como eles, o mundo tal como ele se desenrolou ao longo dos dez primeiros anos do século XXI. O design dos irmãos Bouroullec colase à vida contemporânea como uma segunda pele. É uma resposta em aberto, nítida e sensível, às aspirações, às dúvidas e aos desejos de hoje. Inteligente, poético e audaz, o design dos irmãos bretões é sempre intensamente humano: quer na escala, quer no constante apelo que faz ao utilizador, convidado a completar, expandir ou alterar a peça pelo uso que lhe dá. Os Bouroullec assinam alguns dos hits do início deste século, inaugurando tipologias (Algue), revolucionando o espaço de trabalho (Joynt), ou fazendo um update levíssimo da cadeira de salão (Slow). Sem esquecer projectos únicos, como o habitat nómada, a casa-barco Maison Flottante. Dominam, como poucos, os meandros da indústria (a colaboração com a Vitra é disso exemplo), mas mantêm o mesmo à vontade quando se trata de incursões experimentais, como as exposições na Galerie Kreo ou a retrospectiva organizada para o festival Villa Noailles.

Veja a entrevista com os irmãos Bouroullec na blue Design 7


ALGUE (2004) VITRA Chamam-lhe uma “micro arquitectura”. Impossível de catalogar, entre o mobiliário e a arquitectura, Algue inaugura uma tipologia: não é mobiliário, não é uma parede, é alguma coisa in between. Pequenos elementos de polipropileno com forma de algas são agregados uns aos outros através de um sistema muito simples (um click basta), que permite que o utilizador crie e escolha a configuração que quiser. Surgem assim divisórias semi-transparentes entre espaços, esculturas vegetalistas, telas permeáveis por onde passa a luz, ou, ao contrário, densas cortinas de várias camadas, quando decidimos sobrepor vários módulos. É a modularidade ilimitada, freestyle. Uma paisagem em aberto que encarna o espírito dos irmãos Bouroullec. Em última análise, é a pessoa,

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e não o produto, que decide o fim da história.

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Konstantin Grcic

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Como ele próprio nos confessou, no princípio da década Konstantin Gric era um designer relativamente desconhecido. Depois de aprender carpintaria, estudar no Royal College of Art e passar pelo estúdio de Jasper Morrison, dava os seus primeiros passos a solo, iluminado pelo brilho de Mayday. Dez anos depois, Grcic é um dos incontornáveis. Muito além do minimalismo, muito além do funcionalismo, o seu design é como os amores impossíveis: quanto mais difícil, mais exuberante. Em objectos como chair_ONE, ou o seu “sucedâneo” banco Miura (outro single-piece) ou nos mais recentes Myto ou Extrusions, Grcic deixa bem claro porque é que é um dos designers (industriais) da década.

Veja a entrevista com Konstantin Grcic na blue Design 11


CHAIR_ONE (2002), MAGIS Provavelmente é “o” clássico de design da década. Aquele que escolhemos de caras, sem hesitar. Produzida pela Magis, a chair_ONE de Konstantin Grcic foi imediatamente reconhecida como um ícone. Grcic trabalhou nela quase intuitivamente, construindo várias maquetes de cartão para chegar à forma final. A partir de um molde de alumínio que permite fazer uma cadeira praticamente numa só peça, chega-se a um objecto onde a forma e a estrutura se fundem totalmente. Grcic comparou a estética multifacetada da cadeira a uma bola de futebol. Usada em interiores e exteriores, existe nas cores “básicas” predilectas

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de Grcic e em duas versões: com quatro pernas e com uma base de betão.

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Tokujin Yoshioka

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As peças de Tokujin Yoshioka comunicam beleza em estado puro (e líquido e gasoso). À partida é mais um artista que um designer mas a verdade é que podemos sempre sentar-nos numa cadeira Yoshioka. Objectos poéticos, tácteis, materiais, e que no entanto são capazes de nos por a flutuar acima do chão. Nascido em 1967 em Saga, Japão, Yoshioka estudou na escola de design de Kuwasawa, Tóquio e aprendeu com os mestres: Shiro Kuramata e Issey Miyake. A singularidade dos seus projectos experimentais (como Honey Pop e o sofá Pane, que cresce como um pão no forno) chamaram a atenção de marcas como a Driade, a Moroso e a japonesa KKDI, que lhe encomendaram projectos em série. Inspirado, intuitivo e versátil (tão competente a projectar uma cadeira como um telemóvel) Yoshioka realiza projectos de design de interiores e lançamentos para marcas, como mostram as lojas Issey Miyake e Swarovski e as colaborações com a Peugeot e a Hermès, no Japão.

Veja a entrevista com Tokujin Yoshioka na blue Design 6


HONEY POP (2001) “Queria criar uma cadeira que nunca tivesse existido” disse Tokujin Yoshioka à blue Design a propósito de Honey Pop. Apresentada em 2001, Honey Pop catapultou Yoshioka para a fama e actualmente faz parte das colecções do MoMA e do Centre Georges Pompidou. É formada por 120 folhas de papel ultrafino -semelhante ao utilizado nos álbuns de fotografias dos nosso avóscortadas quando a cadeira está fechada, isto é, plana. Aberta como uma harmónica cor de marfim, revela-se extremamente sólida, apesar da aparente leveza, e adapta-se ao corpo de quem se senta, tomando a sua forma final. A inspiração, contou-nos Yoshioka, vem dos “comics japoneses,

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onde de repente uma coisa pequena se torna uma coisa grande”.

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Tord Boontje

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Tord Boontje é o protagonista de uma espécie de conto de fadas do design contemporâneo. Depois de um início próximo do minimalismo, abraçou, sem preconceitos, os motivos decorativos, e fê-lo, curiosamente, de forma radical: com flores e animais, num ambiente fantástico e irreal. Em 2002, a luminária Blossom, que desenhou para a Swarovsky Crystal Palace, lançou-o para a fama, e esteve na origem do primeiro “hit” industrial do designer: Wednesday, uma fina folha de alumínio recortada com motivos vegetais. Boontje, que nasceu em Enschede, na Holanda, em 1968, teve um percurso by the book: estudou na Design Academy de Eindhoven, fez um mestrado no Royal College of Art e começou por se instalar em Londres, onde esteve até meados dos anos 90. Depois, mudou-se para Bourg Argental, no sul de França, e foi um dos precussores da onda new romantics, assumindo craft como central no seu trabalho. Tanta florzinha e floresta acabou por gerar algum cansaço, e Boontje afastou-se um pouco da ribalta, sem perder a forma, como demonstram projectos mais recentes para a Artecnica e a Bisazza.


MIDSUMMER (2004), ARTECNICA Herdeira dos candeeiros Wednesday e Garland, a luminária Midsummer é um

início deste século. A ideia é muito simples: duas folhas de Tyvek de cores diferentes, com flores recortadas, sobrepõem-se uma à outra, produzindo um efeito tão sublime quanto acessível. A Midsummer, produzida pela norteamericana Artecnica, foi apresentada, com enorme sucesso, no contexto da instalação de Tord Boontje para a Moroso, Happily Ever After, uma espécie

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uma luz vaporosa, a Midsummer remete para o novo romantismo que emergiu no

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dos objectos mais populares da década. Representativa do design emocional de Boontje, a aderência é imediata. Uma filigrana de delicadas flores, emitindo

de bosque encantado contemporâneo, com uma atmosfera feérica. 39


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Maarten Baas

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Já passou algum tempo desde que Maarten Baas, recém saído da Design Academy de Eindhoven, incendiou o mundo do design com a sua peculiar forma de costumizar os clássicos (ou as velharias neo-barrocas encontradas em leilões na Net). Baas defendia que, depois de usadas, riscadas, descascadas (ou, radicalmente, depois de carbonizadas), as peças adquiriam uma nova qualidade, uma imperfeição perfeita. E, de facto, quando olhamos para o resultado das piras de fogo de Baas, é impossível negar-lhes a beleza. Depois do sucesso da série Smoke (tornada industrial e mainstream, pela Moooi, que produz o cadeirão e o candeeiro) não era fácil manter-se no topo. Mas Baas conseguiu-o, subvertendo os conceitos do belo, do certo, do adequado, em projectos como Clay Furniture, Hey Chair Be a Boolkshelf!, Sculpt ou The Chankley Bore. Este ano, a sua instalação fílmica “Sweepers Clock”, parte do projecto Realtime, em que o lixo se transforma nos ponteiros de um relógio accionado por dois varredores, foi um dos imperdíveis de Milão.

Ver entrevista com Maarten Baas na blue Design 1


SMOKE (2002) O projecto de fim de curso do jovem Baas na Design Academy de Eindhoven transformou-se num dos ícones do design da primeira década do século XXI. A irreverência de Maarten foi absorvida e tornou-se chique. Do caótico estúdio de Baas para os salões do hotel Gramercy, em Nova Iorque, Smoke mostrou que havia fumo e fogo. A técnica consiste em aplicar uma camada de epoxy sobre a superfície queimada e negra dos móveis.

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Apesar do excesso (o cadeirão tornou-se ubíquo) o carvão nunca foi tão cool.

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Fernando Brízio

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O único português a integrar a lista dos dez da década, Fernando Brízio é o local hero do design nacional. Mesmo existindo outros nomes, e muito bons, nenhum atingiu o reconhecimento e a admiração que Brízio suscita lá fora (por alguma razão foi capa da Intramuros e da Icon, por alguma razão é representado pela reputada Galerie Kreo). E cá dentro. Há muitas e boas razões para isso. Chamam-se Sound System, Journey, Tablecloth, Pata Negra, Handle, Color Hanger... O design conceptual nunca foi tão fino, espirituoso e cheio de graça.

Ver entrevista com Fernando Brízio na blue Design 9


PAINTING A FRESCO WITH GIOTTO (2006) O acaso está na origem de uma das peças mais conhecidas (e procuradas) de Fernando Brízio. Os borrões coloridos de tinta, deixados por canetas de feltro (baratas e correntes, como as da Giotto) nos lugares mais improváveis e indesejáveis são o ponto de partido da série Painting a Fresco with Giotto (taça e jarra). É um “acidente” provocado, mas altamente criativo e belo: as pontas de feltro, ao tocarem na superfície virgem da faiança, deixam manchas aleatórias, compondo o fresco final. Sendo tintas de água, têm de ser fixadas com um verniz especial. Brízio veste a pele

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do designer-maker e trabalha nelas uma a uma, no seu atelier. Irrepetíveis.

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Jaime Hayon

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O madrileno Jaime Hayon (sim, vive em Barcelona mas nasceu em Madrid em 1974) é um dos criativos mais explosivos da última década. Realmente interessa pouco se ele é designer ou skater (como parecia ser a sua intenção quando resolveu ir viver para os Estado Unidos). Acreditamos que, de uma maneira ou de outra, teria deixado a sua marca no mundo. Melhor ainda: teria feito o seu próprio mundo. Depois de passar pela Fabrica (aos 23 anos director do departamento de design), Hayon entregou-se a projectos a solo, alguns na fronteira entre a arte e o design (como Mediterranean Digital Barroque e Mon Cirque), outros com vocação industrial (como as fabulosas colecções AQHayon e Showtime) apesar de apoiados numa forte identidade individual e sincrética. Nos últimos anos, os seus projectos para a Bisazza, Established & Sons, Gaia & Gino, Baccarat e Camper não deixam ninguém indiferente.

Ver artigo sobre Jaime Hayon na blue Design 1


AQHAYON Quando o fabricante de casas de banho ArtQuitect pediu a Jaime Hayon que pensasse num produto “design” para o mercado espanhol, não imaginou que estava prestes a fazer história. AQHayon, que foi apresentada em Milão em 2004, é uma revolução soft, que transforma a tradição em futuro,

branco, amarelo, e preto, dourado e prateado), AQHayon coloca a casa de banho no centro do palco doméstico. Em porcelana, fibra de vidro e madeira, a colecção composta por lavatório, banheira e armários, permite inúmeras composições, e completa-se com acessórios, como os cabides de parede em

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orgânicas, referências cruzadas (do neobarroco, ao mobiliário anos 60 passando pelo look boudoir), e irreverência cromática (combinações de

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o conservadorismo em progresso. Ou, como expressa Hayon “uma celebração da casa de banho como peça de mobiliário”. Com as suas formas

forma de cabeça humana (sem feições) ou os candeeiros retro-futuristas. 45


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Patrick Jouin

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“Multifacetado” é um adjectivo que descreve bem a personalidade (inquieta) de Patrick Jouin. Mas há muito mais neste designer que procura estar “sempre no presente, mas nunca na moda”. Aprendiz de Starck, Jouin deixou o mestre em 1998 para abrir o seu próprio atelier. Desenvolveu projectos de mobiliário para a Cassina, Kartell, Ligne Roset e Bernardht, e também iluminação, para a Murano Due ou a Artemide. Projectou os interiores dos restaurantes de Alain Ducasse, incluindo o 58, no primeiro andar da Torre Eiffel. A sua habilidade para conciliar tradição e modernidade valeu-lhe alguns projectos preciosos como o design de interiores do showroom da Van Cleef & Arpels em Paris. Apesar de ter nascido em Nantes, em 1967, Paris é a sua casa. “Fizemos as contas, e em Paris, encontramos um design de Jouin a cada 350 metros” disse Valerie Guillaume, curadora de design do Centre Georges Pompidou e comissária da primeira restrospectiva sobre Patrick Jouin, que teve lugar este ano em São Paulo.

Ver artigo sobre Design Digital na blue Design 3


SOLID (2004) De inspiração orgânica, mas altamente técnica, Solid é o nome da colecção de mobiliário produzida a partir da estereolitografia. Este nome complicado é uma forma de prototipagem rápida que usa um raio laser para solidificar, por camadas, resina líquida, transformando o desenho num objecto tridimensional. Em 2004, Patrick Jouin foi o primeiro designer a conseguir produzir objectos em tamanho real, “imprimindo-os”, através desta técnica, directamente do CAD. A prototipagem rápida representa um avanço importantíssimo nas técnicas de manufactura, comparável à introdução do plástico. Uma oportunidade que Jouin soube aproveitar, com resultados surpreendentes também ao nível formal, em Solid, que parece reproduzir elementos do mundo natural (folhas, células)

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amplificando-os e fixando-os para sempre.

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Jasper Morrison

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Unanimemente considerado um dos maiores designers vivos, Jasper Morrison (1959) é um perfeccionista atarefado em melhorar as coisas, mais do que fazer coisas novas. Mas a maravilha é que os seus objectos, mesmo quando reescrevem tipologias sobejamente conhecidas, são sempre inteira e subtilmente novos. Morrison está nos pormenores. E na convicção de que a inovação e o aperfeiçoamento, passam mais pela redução do que pelo acrescento. Do “utilitismo” ao Supernormal, Morrison é impossível de fixar num objecto. Aquilo que os permeia, a todos, é um silêncio extremamente falador, a modéstia dos grandes.

ver entrevista com Jasper Morrison na blue Design 8


AIR CHAIR (2000) MAGIS A Air Chair é um exemplo particularmente eloquente do talento de Jasper Morrison para reinventar tipologias. Um objecto corrente, barato, banal – a cadeira de plástico monobloco- transforma-se num ícone quando é tocado pela graça subtil de Morrison. E pela tecnologia: a moldagem do plástico por injecção a gás permitiu chegar com muita facilidade (e um baixo custo) a formas nunca antes imaginadas. Com o seu confortável equilíbrio de “ângulos e curvas”, a elegante Air Chair causou uma revolução na maneira como vivemos os espaços exteriores. Porque de repente, uma vulgar cadeira de plástico podia ser bonita, prática e durável (mesmo as versões coloridas não se esvanecem ao sol). Morrison começou por desenhar a Air Chair versão

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empilhável, para depois ampliar a linha com mesas e o modelo dobrável.

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Bertjan Pot

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Bertjan Pot talvez pareça um nome relativamente marginal para integrar a lista dos dez da década. Mas se pensarmos no êxito estrondoso, ou na popularidade ubíqua, de alguns dos objectos que desenhou nestes dez anos, vemos que não é tão periférico. Bertjan Pot faz parte da geração de designers holandeses que vê o dia quando os últimos foguetes da Droog design explodiam nos céus. O que significa que participa do espírito Droog, mas já é outra coisa. Em Pot, que nasceu em 1975, essa outra coisa começou por ser explorar incansavelmente “a superfície como estrutura”. Depois de objectos como Carbon Chair (uma citação directa de um clássico dos Eames) e Random Light, onde a exploração do material e da peleesqueleto do objecto é central, Pot tem diversificado o seu approach, embora sempre guiado pela experimentação, como testemunham projectos mais recentes como Revolving Chandelier e Lazy Bastard.

Ver entrevista com Bertjan Pot na blue Design 10


RANDOM (1999-2002) Apesar do aparente caos, o candeeiro Random levou três anos a desenvolver. Começou por ser um projecto do atelier Monkey Boys, criado por Bertjan Pot e Daniel White em Roterdão em 1999. Quando o estúdio se desfez, Pot continuou a trabalhar no projecto, até que a Moooi o colocou em produção transformando-o num dos ícones do design do século XXI. A ideia de Pot é simples: fazer um novelo de fibra de vidro banhada em epoxy

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à volta de um enorme balão cheio que serve de molde.

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STEFAN DIEZ O P E R F E C C I O N I S TA Depois de vários meses à espera de uma entrevista com Stefan Diez, decidimos avançar e mostrar o seu trabalho. Sem conversa. E quando olhamos para a perfeição da cadeira Houdini, perguntamo-nos: palavras, para quê? TEXTO MADALENA GALAMBA IMAGENS STEFAN DIEZ


design :: entrevista

CHAIR_ONE No atelier de Munique, Diez acumula objectos que o marcaram. Objectos que fizeram a sua história ou para cuja história contribui. Entre as mesas de trabalho, avistamos uma chair_One. Branca.

“OBSTINADO”. “PERFECCIONISTA”. “Alguém que vai até aos limites”. É assim que os colaboradores de Stefan Diez, que com ele convivem e trabalham no seu atelier-oficina de Munique, descrevem o designer. Depois de vários meses de trocas de e-mails com um dos assistentes de Diez à espera de conseguir uma entrevista, estas palavras podem bem ser o mais perto que chegamos do designer. Filho e neto de carpinteiros, Diez (pronuncia-se “ditz” e não há nada de latino no nome) é um homem de poucas palavras. E muito trabalho. Raramente dá entrevistas, e percebemos porquê: está demasiado ocupado. E cada projecto, um longo e árduo caminho até à perfeição, leva-lhe imenso tempo. Stefan Diez, que em poucos anos (abriu o seu estúdio em 2003) se tornou uma das figuras cimeiras do design alemão, faz parte do selecto clube de designers que

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vincam o lado industrial da sua profissão. É assim que

”DIEZ PODE NÃO SER O MAIS PROLÍFICO DOS DESIGNERS,

se apresenta num documentário realizado para o canal

mas os objectos que desenha deixam

pense o que quiser”.

marca (e ganham prémios) ”

Com o seu aspecto de poeta torturado, Diez pode até

ARTE, que começa com esta declaração de princípio, e termina com uma reflexão extremamente humilde e realista: “o design nunca trará respostas às grandes questões filosóficas. E quem pense o contrário, que

falar pouco, mas quando fala, mesmo silenciosamente, nota-se. O mesmo se passa com o seu design. Diez pode não ser o mais prolífico dos designers, mas os objectos que desenha deixam marca (e ganham prémios).

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HOUDINI A celebrada cadeira desenhada para a e15.

THONET TĂŠcnica antiga, formas actuais.


ENGENHO Para a Rosenthal, Diez desenhou Shuttle, um sistema de recipientes de vidro com tampas inteligentes.


entrevista :: design

O exemplo mais recente é a cadeira Houdini, editada pela empresa anglo-alemã e15, e que foi um dos objectos mais louvados no último Salone del Mobile de Milão. Como o nome indica, a cadeira tem truque. Ou melhor, o truque é a ausência de truque. Não tem um único prego ou parafuso, é apenas uma sucessão meticulosa (colada à mão) de pranchas de madeira, nas costas e no assento. Clara, sucinta, confortável, é a imagem do novo design alemão: sério mas cheio de graça.O sucesso de Houdini não é, no entanto, uma excepção. O percurso de Diez é uma sucessão de objectos exemplares. Vejamos: em 2002 vence o “Design Report Award” do Salone Satellite de Milão com Big Bin, um sistema de armazenamento de plástico que permite inúmeras configurações. Em 2006, desenvolve, para a Rosenthal, Shuttle, uma engenhosa colecção de recipientes de vidro para cozinha. Extremamente versáteis, mudam consoante a tampa (como um biberon) que é formada por duas partes: uma de material plástico, como borracha, que adere ao vidro e adopta a forma da base, e outra, na extremidade, de porcelana, que termina o trabalho, afinando a função, transformando a base numa garrafa de azeite, num saleiro, numa jarra...

e dedica tanto tempo a imaginar a forma do próximo objecto como a polir (ou a esculpir) as pernas de uma cadeira. “O nosso objectivo é chegar a uma unidade entre a forma e a função de um produto”, afirma a certa altura no documentário. Note-se, não se trata de uma proximidade, ou consequência, ou correspondência. É uma união.

”CLARA, SUCINTA, CONFORTAVEL, A CADEIRA HOUDINI é a imagem do novo design alemão: sério mas cheio de graça”

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de estrela. Mantém-se fiel à sua metodologia “hands on”

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Apesar de acumular prémios Stefan Diez não tem nada

Não admira que dê tanto trabalho. 57


Antes de avançar para o protótipo, Diez trabalha a maqueta obsessivamente, até à exaustão. Como uma escultura, onde por vezes há que limar, por outras acrescentar.


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BIG BIN Um sistema de arrumação modular desenvolvido para a Aunthentics.

Stefan Diez nasceu em Freising, Alemanha, em 1971. Foi aprendiz de carpinteiro (corre-lhe nas veias, e por isso não é estranho que admita que sempre soube que algum dia teria o seu atelier de carpintaria) e estudou design industrial na Academia de Arte e Design de Estugarda. Em Munique, trabalhou no estúdio de Konstantin Grcic (onde teve um papel muito activo no desenvolvimento da icónica chair_One, e é fácil perceber porquê) antes de abrir o seu próprio estúdio, em 2003. É aí que, com uma equipa de quatro designers (incluindo a sua mulher Saskia, com quem desenvolveu uma linha belíssima de sacos de papel) que desenvolve os seus projectos, colaborando com diversas empresas e numa variedade de áreas. Para a Authentics, da qual foi director de arte, Diez fez de tudo: contentores, sacos de viagem de papel (de Tyvek, ligeiros e indestrutíveis) como Papier A1 e Papier A2 e clips para acoplar canetas à agenda ou ao bolso (Pen Clip). Para a lendária Thonet, reinterpretou a técnica do prensado encontrando-lhe novas formas. Para a Moroso a série “picotada” Bent, ou o alumínio com cara de papel. E em cada projecto adivinha-se a sua enorme reverência para com os materiais (seja madeira, papel, metal ou vidro) que trabalha e estica como se todos tivessem possibilidades elásticas, e uma enorme aptidão para actualizar tipologias e combinar conceitos. Do nada à ideia, da ideia ao desenho, do desenho à maqueta, da

”STEFAN DIEZ NÃO SE LIMITA A ‘DAR O RISCO’, COMO NOS ENSINARAM. Ele controla tudo até ao limite, mesmo

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num contexto industrial onde, inevitalmente, algo se perde ”

maqueta ao protótipo, do protótipo ao produto, a dedicação é total e exclusiva, de maneira a que nada seja desperdiçado nem fique fora do lugar. Numa cadeira, por exemplo, a ideia é que o protótipo se aproxime realmente muito do objecto final (inclusive, se possível, antecipando e testando o processo de fabricação) para minimizar riscos (de falhas, de custos). Este designer não se limita a “dar o risco”, como nos ensinaram. Ele controla tudo até ao limite, mesmo num contexto industrial onde, inevitavelmente, algo se perde. Claro, funcional, sem adornos nem desculpas, o design de Stefan Diez tem endurance. Porque as coisas que levam tempo têm mais chances, parece, de perdurar no tempo. e www.stefan-diez.com

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PICOTADA A sĂŠrie Bent, editada pela Moroso



O melhor do ano em produtos, marcas, ideias e criativos A segunda edição dos prémios Blue Design volta a distinguir os fora-de-série do ano. Passamos 2009 em revista à procura de inovação e criatividade.

As categorias CRIATIVO DO ANO : CRIATURA DO ANO: ESTREIA DO ANO: REGRESSO DO ANO : LUXO DO ANO : BÁSICO DO ANO MÁQUINA DO ANO : SPOT DO ANO : IDEIA BRILHANTE DO ANO : INSPIRAÇÃO DO ANO

10 categorias, 50 finalistas, 10 vencedores


CRIATIVO DO ANO

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DESIGN É INSPIRAÇÃO E INOVAÇÃO O melhor do ano em produtos, marcas, ideias e criativos que marcaram 2009

A FIGURA OU COLECTIVO QUE NOS ESMAGOU EM 2009

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Konstantin Grcic Novembro foi o mês de Konstantin Grcic. Com duas exposições a inaugurar quase em simultâneo, o alemão confirma o que todos já sabiamos: que é um dos designers mais influentes da sua geração. Em Chicago, o Art Institute dedicava-lhe uma retrospectiva, Decisive Design. Em Londres, Grcic assumia a curadoria da primeira exposição de design com a chancela da Serpentine Gallery, Design Real. "Decidido" e "real" são de facto dois bons adjectivos para qualificar a postura de Grcic face ao design, que leva a sério, como poucos, e com humor, como menos ainda. E se Novembro foi um mês em cheio para Grcic, o resto do ano também não lhe correu mal. Em 2009, apresentou a cadeira Monza (Plank), a mesa Table B, para a BD Barcelona, uma linha de mobiliário o

o

de escritório tubular para a Thonet/Muji e uma das peças do ano: a cadeira de escritório 360 (Magis). A 360 é emblemática do design de Grcic: não é especialmente fácil, ou convidativa, mas acaba por revelar-se perfeita. o

A estranheza e a rigidez formal de 360 é um truque ergonómico: a cadeira foi desenhada para passarmos pouco o

tempo nela, o que se torna benéfico para costas maltratadas. Meio cadeira, meio banco, a 360 é uma bofetada de luva branca aos obcecados pela ergonomia, e convida-nos a fazer coisas bem mais produtivas do que trabalhar, como alguém sugeriu. Fiel aos seus principios, Grcic não pareceu nada incomodado com as críticas, e fez humor com elas. No seu estúdio de Munique, continua ocupado com os seus projectos, que mais do que desenhar, redesenham o mundo. Apaixonado pela indústria e pelos materiais, rejeita o estatuto de estrela, mesmo quando é inegável que conquistou o seu lugar no panteão. E por isso é o nosso designer do ano. www.konstantin-grcic.com


BARON

STUDIO

MAKKINK

&

BEY

SAM

{ FINALISTAS }

SAM BARON

STUDIO MAKKINK & BEY

NACHO CARBONELL

TIM BURTON

Saber qual será o próximo projecto de Sam

Rianne Makkink e Jurgen Bey formam

Em dois anos, o valenciano Nacho

Com uma mega retrospectiva no MoMA,

Baron é sempre um desafio aliciante.

um casal aparentemente tão feliz em casa

Carbonell passou do estatuto de jovem

o cineasta norte-americano Tim Burton

A imaginação, a poesia, o lado onírico

como nas colaborações criativas.

promessa a estrela consumada.

passou de realizador a (verdadeiro) artista.

e louco do seu design são uma surpresa

A arquitecta e o designer holandeses

A diferença, em relação às estrelas

Compararam-no a Andy Warhol

constante. Este ano Baron presenteou-nos

continuam o seu percurso luminoso entre

fugazes, é que o fez com muita consistência

e chamaram-lhe “surrealista pop”.

com mais objectos extra-ordinários: a série

a arte e a indústria, assinando alguns

e assertividade, apesar do seu ar

Para nós é um criativo cinco estrelas.

de cerâmica Bizarre, a colecção Royal

dos projectos mais frescos do ano.

vagamente tresloucado. Eleito Designer

E o ano não teria sido o mesmo sem ele.

Actual, para a Vista Alegre, a série em vidro

Como a loja Droog no Soho de Nova Iorque

of the Future pela Design Miami,

www.timburton.com

Utiles & (F)utiles para a Secondome e mais

ou a linha office "ma non troppo"

o idiossincrático Carbonell soube

uma colaboração inspirada, Issima, com a

projectada para a editora alemã Prooff.

conquistar o seu lugar na cena mais arty

Bosa. Um sofá e uma mesa para a Zanotta

www.jurgenbey.nl

do design, com os seus cocoons e formas

mostram que apesar de ser um mestre na

uterinas. A sua passagem pelo espaço

cerâmica, o seu talento não se esgota aí.

Rossana Orlandi e pela exposição Craft

www.sambaron.fr

Punk (ou pela EXD, em Lisboa) não passou despercebida.

NACHO

CARBONELL

www.nachocarbonell.com


CRIATURA DO ANO

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DESIGN É INSPIRAÇÃO E INOVAÇÃO O melhor do ano em produtos, marcas, ideias e criativos que marcaram 2009

O ÍCONE (DE DESIGN OU ARQUITECTURA) DO ANO A QUEM DARÍAMOS UM ÓSCAR SEM PESTANEJAR

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Quilt, de Ronan & Erwan Bouroullec para a Established & Sons A primeira colaboração dos irmãos Bouroullec com a Established & Sons não podia ser mais inspirada. Estiveram indecisos, mas acabaram mesmo por baptizar este sofá que grita "sentem-se!" com o nome de Quilt. É a antítese dos sofás rígidos e estruturados e a sua chave está no material. Desenvolvido pelos especialistas dinamarqueses da Kvadrat (que colaboraram com os bouroullec em Tiles e Cloud), este tecido elástico é como uma "luva com vários bolsos". E cada bolso está cheio de espuma. Duas camadas de tecido cozidas desenhando favos de mel fazem esta manta acolchoada, que depois cobre uma estrutura de fibra de vidro. Assim se chega a uma peça onde o conforto visual é tão conseguido quanto o conforto físico. Um sofá contemporâneo para as novas formas de sentar e estar. O ponto de partida, explicam os irmãos, era fazer um sofá ultraconfortável, desestruturado e acolhedor. Embora para alguns a pele de Quilt evoque geometrias moleculares, a explicação dos Bouroullec é muito mais prosaica: inspiraram-se, dizem, na carapaça de uma tartaruga ou mesmo numa bola de futebol. E chegam a comparar Quilt a um superherói musculado. Musculado, sim, mas ainda assim doce. www.establishedandsons.com


EDGES

(RED)

RAW DE

HANGER

PLEAT

COLOR

PLEATED

{ FINALISTAS }

PLEATED PLEAT

COLOR HANGER (RED)

HOUDINI

SOFT PARCEL

Apresentada na performance Craft Punk,

É só um cabide. É de Fernando Brízio e é

Para a alemã e15, Stefan Diez fez uma

Desde que fundaram o estúdio TAF,

organizada pela Design Miami em Milão,

uma das "relíquias" que sairam do sótão

cadeira de perfil invejável . Houdini é,

em 2002, os suecos Gabriella Gustafson

a cadeira Pleated Pleat de Yael Mer e Shay

do designer para a exposição que fez com

como o seu nome indica, uma ilusionista.

e Mattias Stahlbom têm feito um percurso

Alkalay (Raw Edges) é mais um exemplo

Miguel Vieira Baptista na Marz. Desde que

Por detrás do seu rigor e simplicidade

sossegado mas seguro. Arquitectos de

da habilidade dos designers para

o vimos não pensámos noutra coisa que

formal esconde-se uma técnica inovadora,

formação, fazem design de interiores

transformar materiais planos em volume,

não fosse pendurar nele um chapéu de

inspirada no fabrico de modelos de

e equipamento. Determinados a tornar

e passar num ápice da bidimensionalidade

feltro, ou não. Até o próprio Brízio, quando

aeroplanos. Duas lâminas de madeira

o quotidiano menos banal, são autores de

à tridimensionalidade. Uma série

um coleccionador se declarou demasiado

coladas uma à outra (sem pregos nem

alguns dos melhores projectos do ano.

de mobiliário de papel (na realidade,

interessado em adquirir a peça, se mostrou

parafusos) numa espécie

Como a colecção de assentos modulares

é Tyvek) onde as dobras e pregas,

reticente em separar-se dela. Dizem-nos

de moldagem manual.

Soft Parcel, que desenvolveram

enchidas com espuma de poliuretano,

que a tinta solidifica através de um

www.stefan-diez.com

para a Rossana Orlandi.

dão literalmente corpo a uma ideia.

processo chamado "sinterização selectiva

Um tecido com a aparência de papel

www.raw-edges.com

por laser". Mas até podia secar ao ar.

lustroso forra volumes de espuma para

Adorávamos na mesma.

formar pacotes onde nos sentamos.

www.marz.biz

O look "embrulhado" no seu melhor.

HOUDINI,

DE

STEFAN

DIEZ

PARA

A

E15

SOFT

PARCEL

www.tafarkitektkontor.se


ESTREIA DO ANO

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DESIGN É INSPIRAÇÃO E INOVAÇÃO O melhor do ano em produtos, marcas, ideias e criativos que marcaram 2009

A ENTRADA TRIUNFANTE EM PORTUGAL OU NO MUNDO

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Moustache Atrás deste “bigode” divertido esconde-se uma das melhores surpresas do ano. Apresentada oficialmente em Milão, a Moustache causou sensação. A editora criada pelos fundadores da Domestic (especialistas em stickers de vinil) é a coqueluche do design gaulês. Juntou uma mão-cheia de designers de talento (Inga Sempé, François Azambourg, Matali Crasset, Big Game e Ana Mir com Emili Padrós) e passou-lhes um brief desafiante: desenhar objectos para a casa tão bons quanto acessíveis.O alvo era um segmento pouco explorado: a enorme fatia que se estende entre o do-it-yourself comercial e o design para as elites. Acertaram na mouche. Os nossos preferidos: as cadeiras Bold, dos Big Game, a mesa de François Azambourg, as cadeiras instantâneas de Matali Crasset, e o balão de ar fresco, em forma de luminária, de Inga Sempé. www.moustache.fr


MILÃO EM MARGIELA

GUISSET

MARTIN

CONSTANCE SKITSCH

{ FINALISTAS }

CONSTANCE GUISSET

MARTIN MARGIELA

Depois de trabalhar no estúdio dos irmãos

A entrada do "estilista sem rosto" na arena

Bouroullec, a polivalente Constance Guisset

de Milão foi uma das jogadas do ano.

(para além do design é formada em

Sempre em trompe l'oeil, a vanguardista

ciências políticas e joga andebol) lança-se

griffe belga transportou para a semana

num voo a solo. A designer é considerada

do design o seu universo engessado e cool,

uma das grandes promessas do design

e deixou claro que tem uma palavra a dizer

francês. Uma cadeira que dança, um

no crossover entre a moda e o mobiliário.

aquário-gaiola e um canedeeiro que levita

Algumas das peças que encontramos

são alguns dos projectos absolutamente

nos showrooms da marca já estão

"fora" que não nos importariamos nada

a ser comercializadas.

de levar para "dentro" de casa.

www.maisonmartinmargiela.com

www.constanceguisset.com

SKITSCH

MUDE

Apadrinhada pela jornalista Cristina

O MUDE mudou-se para a Baixa numa

Morozzi (que aqui assegura a direcção

das mais esperadas (ante) estreias do ano.

artística) a Skitsch é uma nova editora

A imprensa não poupou elogios à

italiana com vocação internacional.

intervenção dos arquitectos Ricardo

Outra debutante num segmento a

Carvalho e Joana Vilhena na antiga sede do

despontar (o middle-luxury) a Skitsch

BNU e não era para menos. Chamaram-lhe

produz versões acessíveis do design de

"selecção destrutiva" e o resultado está à

autor. Quer isto dizer que podemos ter, por

vista: a estrutura do edifício, nua, pontuada

um preço acessível, um serviço de chá de

por elementos sagrados (o magnífico

Maarten Baas ou um candeeiro dos

balcão) não rivaliza, mas enaltece,

Campana. A nata do design internacional

os Eames e as Westwoods.

(atenção às Front, a Kiki van Eijk ou ao cada

www.mude.pt

vez mais notado Philippe Nigro) numa nova label com espírito democrático.

MUDE

www.skitsch.it


REGRESSO DO ANO DESIGN É INSPIRAÇÃO E INOVAÇÃO O melhor do ano em produtos, marcas, ideias e criativos que marcaram 2009

PROTAGONISTA DE UM “COMEBACK” MEMORÁVEL EM 2009

Royal Actual, de Sam Baron para a Vista Alegre O ADN da Vista Alegre descodificado e rebaralhado por Sam Baron na colecção Royal Actual é o nosso regresso do ano. Porque neste projecto o designer francês parte de um riquíssimo espólio — toda a tradição decorativa e formal da Real Fábrica de Porcelanas, todo o know-how acumulado e o património humano —e apropriando-se dele para o reinventar, torna-o inquestionavelmente contemporâneo. Conseguir novas

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formas a partir de formas já existentes não é uma novidade.

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Mas fazê-lo com tanta harmonia, equilíbrio e subtileza já não é tão óbvio. As formas, históricas e actuais, entrelaçam-se em peças irrepetíveis simultaneamente barrocas e depuradas. O mesmo gesto se repete na apropriação dos motivos florais, um cruzamento de várias épocas, que passam a preto, tornando-se num novo desenho, com requintados toques dourados. Beleza inquebrável. www.vistaalegre.pt


SANTOS SOUSA

COLECÇÃO

IKEA

PS

09

MARCO

COLECÇÃO IKEA PS 09

SYSTEM (RE)ACTIVE

PROUST GEOMÉTRICA

Para a Experimenta, Marco Sousa Santos

De três em três anos, com o lançamento

System (Re)Active é um upgrade da "mala"

As pinceladas no estofo da cadeira Proust,

resolveu tirar da gaveta alguns projectos

das colecções PS, a IKEA diverte-se a

System 2K07, lançada pelo gabinete Miguel

que representam "fragmentos de

"adormecidos", misturando-os com

desafiar o design elitista. Para deleite de

Rios Design em 2007. Uma versão

memória", podiam ter sido pixelizadas,

abordagens novas, em Workstation.

todos os que adoram design mas têm

optimizada, que deixa claro que mesmo

numa versão contemporânea. Mas

Todos são cadeiras. Todos são design

carteiras formato flatpack (e não incha).

perto da perfeição, podemos sempre fazer

Alessandro Mendini preferiu torná-las

irrepreensível e juntos fizeram uma das

Mas este ano, o gigante sueco esmerou-se.

melhor. Colorido, compacto, mas deixando

geométricas numa versão actual, editada

exposições mais memoráveis da Bienal,

Hella Jongerius e as Front estão entre os

intacto o espírito visionário do modelo

pela Cappellini, do clássico do Studio

à volta de um dos objectos mais difíceis

autores convocados para fazer o design

original, o System é um dos nossos

Alchymia de 1979. Não é um ícone,

(pela sua própria evidência) para um

descer à terra. E agradece-se.

regressos do ano. Comercializado

mas é um regresso assinalável.

designer. As cadeiras do passado, vistas

www.ikea.pt

internacionalmente, foi o vencedor

www.capellini.it

do Prémio Nacional de Design -

do que promissor.

Sena da Silva na categoria Moda/Têxtil.

ww.marcosousasantos.com

www.miguelriosdesign.eu

SYSTEM

(RE)ACTIVE

e revistas, num regresso ao futuro mais

PROUST

MARCO SOUSA SANTOS

GEOMÉTRICA

{ FINALISTAS }


LUXO DO ANO DESIGN É INSPIRAÇÃO E INOVAÇÃO O melhor do ano em produtos, marcas, ideias e criativos que marcaram 2009

IMPOSSÍVEL OU NÃO, O LUXO A QUE TODOS GOSTARÍAMOS DE NOS DAR

D E S I G N

Não é um num milhão, é um em 77. Uma produção limitada de 77 unidades coloca o Aston Martin

B L U E

Aston Martin www.one-77.com

72

One-77 no topo dos topos dos objectos de luxo mais desejados do ano. Esteticamente puro, dinâmico e com um visual agressivo é um tailor-made à altura da elegância seu ocupante mais famoso: James Bond. Mesmo que tudo não passe de ficção, continuemos a sonhar.


CRYSTAL

CANDY

COLLECTION WAJIMA

{ FINALISTAS }

AZEITE QUINTA DE SÃO VICENTE A garrafa de azeite desenhada por Michael Young para a Herdeiros Passanha, é poderosa. Olhamos para ela, na prateleira do supermercado, e não conseguimos resistir. Aderimos instintivamente, mesmo antes de sabermos quem a desenhou, e mesmo antes de provarmos o azeite que contém (Quinta de S. Vicente) e constatar que é uma maravilha. O design alia (mesmo) tradição e modernidade e desta vez é a sério e vale a pena. O ouro líquido no seu interior não é eclipsado pelo packaging de luxo, vencedor de vários prémios.

CRYSTAL CANDY

TAPETE MANGAS

O verdadeiro luxo é uma peça que simboliza

Ananases, romãs, bolas de golfe e gotas de

Pode pendurar-se na parede, como uma

o encontro entre os irmãos Bouroullec e

água foram alguns dos motivos explorados

tela, ou estender-se no chão, para receber

o Japão. A colecção Wajima, desenvolvida

por Jaime Hayon na colecção Crystal

passos calorosos. É o tapete Mangas,

para a Japan Brand, encontra novas

Candy, da Baccarat.Texturas e espessuras

desenhado por Patricia Urquiola, mestre

aplicações e usos para técnicas ancestrais,

diferentes, as habituais combinações

na combinação do new craft com o estilo

como o lacado. Uma série de objectos para

insólitas de materiais (cerâmica e cristal)

clean, para a Gandía Blasco. Formado por

a casa onde a suavidade - táctil e formal -

intervêm num jogo de brilhos e mates,

módulos combináveis, de lã 100% virgem,

dá o mote. Brilhante.

transparências e cores, com o génio de

é a encarnação de um luxo muito íntimo

www.bouroullec.com

Hayon. São nove peças precisosas, numa

e valioso: o de nos sentirmos bem,

edição limitada de 25 conjunto e são um

protegidos, em casa.

luxo que se come com os olhos.

www.gandiablasco.com

www.hayonstudio.com

B L U E

WAJIMA COLLECTION

D E S I G N

TAPETE

MANGAS

www.passanha.eu

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BÁSICO DO ANO

B L U E

D E S I G N

DESIGN É INSPIRAÇÃO E INOVAÇÃO O melhor do ano em produtos, marcas, ideias e criativos que marcaram 2009

O ESSENCIAL QUE DEVIA SER OBRIGATÓRIO

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Maruni A japonesa Maruni é o nosso básico do ano. Claro que é um básico bastante high-end, mas teve de ser. Porque fazer coisas simples é infinitamente mais complexo do que complicar. Como a ultraleve cadeira Cord, de nendo, em madeira e aço, cujos pés têm 15mm de diâmetro. Ou as novidades da colecção Hiroshima, de Naoto Fukasawa, onde facilmente está tudo o que é essencial.www.maruni.com


DIEZ SASKIA r5.5

SACOS

PAPIER,

HARMONY HAPHAZARD

Com muito chá, servido no conjunto Haphazard Harmony, que desenhou para a Skitsch. Simples e bom. www.maartenbaas.com

UTILITY “Longevidade, dureza e peso”. A partir de materiais longevos e duros, como o vidro industrial e a pedra, o britânico Tom Dixon fez uma colecção resistente. À prova do tempo e das modas, Utility concentra-se no essencial e ganha a aposta, como no candeeiro Fluoro, em enérgico corde-laranja industrial. www.tomdixon.net

R5.5 A colecção de relógios r5.5, desenhada por Jasper Morrison para a Rado, é um básico de luxo. Pormenores subtis que fazem toda a diferença. www.jaspermorrison.com

PAPIER Ultraleves, super resistentes e bonitos, os sacos Papier, desenvolvidos por Stefan Diez e a mulher, Saskia, são um básico que devia fazer parte de qualquer guarda-roupa moderno. São feitos de papel sintético (dos especialistas em materiais muito à frente, Dupont) e apesar do seu peso pluma (115g o mais pequeno, 135g o maior) podem levar roupa para um fim-de-semana. www.saskia-diez.de

TOM

um menino bem comportado.

UTILITY

Afinal, Maarten Baas pode até ser

COLECÇÃO

HAPHAZARD HARMONY

DIXON

{ FINALISTAS }


MÁQUINA DO ANO DESIGN É INSPIRAÇÃO E INOVAÇÃO O melhor do ano em produtos, marcas, ideias e criativos que marcaram 2009

A MAQUINA – CARRO, GADGET, ELECTRODOMÉSTICO — QUE MAIS NOS FASCINOU EM 2009

Philips Food Design Probes Muito à frente. É essa a filosofia da Philips, que através do projecto de pesquisa Design Probes procura detectar tendências e assegurar-se de que pelo menos algumas delas se tornarão mainstream em relativamente pouco tempo. A ideia é a partir de sintomas marginais da sociedade actual, antecipar o futuro, e desenhar o lifestyle pós 2020 em cinco grandes áreas: política, economia, cultura, ambiente e tecnologia. A comida é um dos temas em foco e foram

B L U E

D E S I G N

desenvolvidos três projectos - Diagnostic Kitchen, Food Creation e Home Farming – que antevêem como comeremos

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e o que comeremos dentro de 15 ou 20 anos. Uma máquina que analisa a comida e avalia se corresponde às nossas necessidades nutricionais pessoais, uma impressora que torna a cozinha molecular uma realidade doméstica, e um aparelho que permite criar uma mini biosfera caseira (e daí extrair alimentos) são algumas das ideias extravagantes mas que podem muito bem tornar-se realidade. www.design.philips.com


PORTÉGÉ

R600

EDITION WHITE

TOSHIBA

M8 LEICA

TOSHIBA PORTÉGÉ R600

TELEVISOR BEO VISION

Em tudo idêntica à mítica M8, menos na cor

779 gramas é quanto pesa o Toshiba

Potente e discreto, o Beovision 4 e 103''

HUGO BOSS MOBILE PHONE BY SAMSUNG

– branca – a Leica M8 White Edition foi um

Portégé R600, apresentado como

da Bang & Olufsen é a prova de que pensar

Elegante, minimal, intuitivo. O telemóvel

dos lançamentos (limitados) do ano.

o “ultraportátil mais leve de sempre”.

em grande também resulta.

Hugo Boss by Samsung é um dos gadgets

Podemos até preferir a clássica em preto

O perfil ultrafino não faz concessões à

O único televisor gigante com suporte

do ano. Em preto metalizado e com capa

e cromado, mas uma Leica é uma Leica.

performance. E essa é uma

metalizado, o que permite movê-lo

de pele a condizer, é perfeito para bloggers

www.leica.com

das ideias do bom design.

e ajustar a sua posição facilmente.

modernos: no seu ecrã touch screen os

www.toshiba.com

www.bang-olufsen.com

widgets permitem o acesso directo às funcionalidades favoritas. E não são poucas. www.samsung.com

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LEICA M8 WHITE EDITION

D E S I G N

TELEVISOR

BEO

VISION

HUGO

BOSS

MOBILE

{ FINALISTAS }

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SPOT DO ANO DESIGN É INSPIRAÇÃO E INOVAÇÃO O melhor do ano em produtos, marcas, ideias e criativos que marcaram 2009

UM HOTEL, GALERIA, RESTAURANTE OU LOJA DE ONDE NÃO QUEREMOS SAIR

Hotel Juvet Nos bosques noruegueses, o hotel Juvet é o spot do ano. Para um detox bucólico recomenda-se contacto com a natureza, mas também com a arquitectura de herança modernista e o design contemporâneo. Assim, simples e bonito. A ideia de abrir este geoturismo com design partiu do extravagante Knut Slinning , abençoado com a ideia de partilhar o seu bocadinho de paraíso terrestre com o resto do mundo. Contratou o gabinete de arquitectura Jensen & Skodvin para desenvolver o projecto, guiado pela integração das cabanas na natureza e a ideia de que cada quarto só pode ter vista para as árvores, riachos e pedras (e não para as outras cabanas) para garantir a privacidade total. Durante o Verão, organizam-se estadias de cinco dias, com direito a actividades várias para desfrutar ao máximo da paisagem. No Inverno, a acção volta-se para dentro, com packs dirigidos a empresas e organizações. Ao ar livre ou dentro da cabana envidraçada a experiência é sempre o máximo. www.juvet.com


BELÉM

HOUSE

OF

BLUE

ALTIS

{ FINALISTAS }

ALTIS BELÉM

HOUSE OF BLUE

LOJAS CAMPER TOGETHER

ACE HOTEL NYC

O hotel Altis Belém tornou-se um spot

A loja da Droog Design no Soho

Não é um lugar, são vários. A Camper

Depois de Portland e Seattle, é a vez da

obrigatório na Lisboa ribeirinha.

novaiorquino é mais um projecto delicioso

continua a apostar, com muitíssimo êxito,

costa leste dos Estados Unidos conhecer

Os descobrimentos revisitados num

do Studio Makkink & Bey.

na colaboração com designers de primeira

o espírito inconfundível dos hotéis Ace.

projecto de sonho realizado pela fina flor

House of Blue é uma casa dentro de uma

para projectarem “lojas de autor” com

Criados por um entrepreneur ligado ao

da arquitectura e do design nacionais:

casa, feita de espuma de poliuretano

o projecto Camper Together. Alguns

mundo da música, são uma mistura de

Risco, RMAC e Manuel Alves

e onde podemos encontrar todas

exemplos que marcaram o ano: a loja dos

Americana, objectos vintage, e design

José Manuel Gonçalves.

as memórias portáteis da Droog.

irmãos Bouroullec perto do Pompidou,

contemporâneo. Sem esquecer os livros,

www.altishotels.com

www.droog.com

em Paris, e o espaço desenhado por Jaime

a música e a arte.

Hayon em Tóquio.

www.acehotel.com

LOJAS

NYC HOTEL ACE

CAMPER

TOGETHER

www.camper.com


IDEIA BRILHANTE DO ANO

B L U E

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DESIGN É INSPIRAÇÃO E INOVAÇÃO O melhor do ano em produtos, marcas, ideias e criativos que marcaram 2009

UM OBJECTO OU IDEIA QUE FEZ TODA A DIFERENÇA OU BRILHOU MAIS FORTE EM 2009

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Vapeur, de Inga Sempé para a Moustache Podia ser um chapéu de cozinheiro ou um balão a hélio extremamente sedutor mas é Vapeur, o candeeiro desenhado pela francesa Inga Sempé para a colecção inaugural da Moustache. Feito de Tyvek (o versátil material desenvolvido pela Dupont, que parece papel, mas não é) tema leveza e a poesia das Akari de Noguchi. Mas as “pregas” denunciam a sua origem: é claramente um plissado de Sempé. Daqueles que nos fazem “levitar”. www.ingasempe.fr


BULBS LIGHT ERMIDA R2

LIGHT BULBS

MAKE IT BETTER

A meio caminho entre o design e a arte,

A empresa portuguesa Móvelpartes decidiu

Pieke Bergmans é um nome a reter no novo

apostar no design como ferramenta

PARA

design holandês. Faz autênticos prodígios

diferenciadora, e pediu aos ateliers Miguel

com o seu material de eleição, o vidro,

Vieira Baptista, Pedrita e Lagranja que

DIESEL

MOROSO

{ FINALISTAS }

como na edição especial das Light Bulbs,

desenhassem novos equipamentos para

onde, contaminado pelo design “viral”

a sua linha de mobiliário em kit, Make it.

de Bergmans, o vidro parece liquefazer-se

Um upgrade bem-vindo em tempos

(ou não chegar a solidificar).

de crise.

A moda e o mobiliário nunca estiveram

voltaram a ocupar a fachada da Ermida de

tão próximos. A alimentação recíproca,

Belém com Dois Tempos, uma instalação

de marcas de roupa que capitalizam

gráfica que brilhou. Mesmo à noite, ou não

o se estilo e editam peças de design,

tivessem as letras (que formavam frases

e editoras de mobiliário que de repente

retiradas da imprensa internacional, a

se viram para a moda,

propósito do tempo) sido pintadas com tinta

é uma das tendências do ano.

invisível e luminescente. O tangencial mais

A Diesel, que entrou triunfante neste

luminoso da Experimenta.

nicho, asosciando-se à Moroso

www.r2design.pt

e à Foscarini, soube tirar partido desta ideia brilhante. www.diesel.com

IT

DIESEL SUCCESSFUL LIVING

Artur Rebelo e Lizá Ramalho, os R2,

MAKE

R2 ERMIDA

BETTER

www.piekebergmans.com


INSPIRAÇÃO DO ANO

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D E S I G N

DESIGN É INSPIRAÇÃO E INOVAÇÃO O melhor do ano em produtos, marcas, ideias e criativos que marcaram 2009

UM LIVRO, EXPOSIÇÃO OU OBRA QUE NOS INSPIRA E SEM O QUAL 2009 NÃO TERIA FEITO SENTIDO

EXD 09 A imprensa internacional elogiou a Bienal e Lisboa. Nós elogiamos a Bienal de Lisboa, felizes com o regresso da EXD a casa. Quase colada à década que a inspirou e que inspirou, a EXD fez dez anos em força. Com ups e downs, mas muito mais para cima do que para baixo, a “nossa” Bienal está mesmo de parabéns.

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www.experimentadesign.pt


SERPENTINE SANAA

TRANSFORMER PRADA

{ FINALISTAS }

PRADA TRANSFORMER

SUMMER PAVILION

VIA LÁCTEA

FARAWAY

O palácio rotativo e camaleónico de Rem

O Summer Pavilion da Serpentine,

A colaboração entre Júlio Dolbeth e Sam

Revolucionária, visionária, a casa-

Koolhaas para a princesa Miu Miu foi um

foi tomado pelo atelier de arquitectura

Baron para a Vista Alegre é prodigiosa.

-de-banho Faraway, desenhada pelos

dos happenings do ano. Em Seul, foi palco

Japonês SANAA. Uma folha reflectiva

Novas constelações a partir de estrelas

mestres Ludovica & Roberto Palomba para

de exposições, cinema e instalações.

de alumínio passeava sobre as nossas

conhecidas, gráficas e materiais. Parece

a Zuchetti/Kos, é a expressão de um futuro

Um tetraedro mágico.

cabeças, como uma nuvem espelho ou um

que o ilustrador e o designer tocaram o céu,

que afinal não está tão longe.

www.prada.com

lago flutuante. Uma maravilha que mais

e levaram-nos com eles.

Uma inspiração revigorante.

que inspirar, faz suspirar.

www.julioguestlist.blogspot.com

www.palombaserafini.com

FARAWAY

www.serpentinegallery.org


spot :: brand new

Rua do Loreto, 61 www.aervilhacorderosa.com.

LOJA RETROSARIA, DE ROSA POMAR

O Pomar de Rosa UMA DAS PRIMEIRAS bloggers em Portugal, Rosa Pomar, decidiu fazer o movimento inverso e abriu a sua primeira loja off-line. No segundo andar de um prédio na Rua do Loreto,

B L U E

D E S I G N

a “designer-maker” abriu a sua retrosaria, onde podemos encontrar tecidos, bonecas, fitas, slings e até uns minúsculos bonecos de plástico anos 20, confortavelmente deitados nas suas caminhas, feitas à mão, é claro. Rosa Pomar abriu este espaço porque tanto tecido já não cabia em casa. Mas há mais: “Há muito tempo que sonhava com um espaço em que pudesse conciliar o trabalho de atelier com a organização de workshops. Estar num segundo andar permite-me ter o ambiente ideal para isto: nem demasiado exposto como numa loja de rua, nem inacessível como em casa”. Entretanto, podemos sempre espreitar o blog de Pomar, que já fez oito anos 84


??????????? :: ?????????

24 ISSEY MIYAKE, DE NENDO

Tudo à vista DEPOIS DE TOKUJIN YOSHIOKA, é a vez da nova promessa (realidade) do design japonês, Oki Sato/ Nendo, se associar ao mestre Miyake, num projecto de design de interiores para a nova loja do criador. O atelier de Oki Sato assina o projecto da loja 24, um espaço que apresenta uma selecção de peças de Issey Miyake, disponíveis em várias cores, cheias de energia. A loja é um pano de fundo propositadamente branco e clean, onde a roupa de Miyake sobressai sem esforço. A estética inspira-se nas lojas de conveniência nipónicas, com os produtos ordenadamente expostos e ao alcance de todos. Tudo à vista (não há espaço de armazenamento, quando a colecção exposta é vendida, é substituída por outra)

B L U E

D E S I G N

e tudo em movimento: a loja é a roupa, e quando a colecção muda, estamos noutro espaço.

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brand new :: showroom

SHOWROOM BULTHAUP CHIADO

Cozinha Contemporânea QUEM PASSAR NO LARGO DA ACADEMIA DE BELAS ARTES, em Lisboa, pode nem reparar no novíssimo

D E S I G N

estamos num lugar diferente, onde tudo foi cuidado até ao mais pequeno pormenor para mostrar algumas das mais bonitas

B L U E

showroom da Bulthaup, de tal maneira está integrado na arquitectura local. Mas ao passar a porta, rapidamente percebemos que

projecto integrado que dá uma boa ideia da experiência de cozinha contemporânea ao nosso alcance. Design e tecnologia ao lado de

cozinhas do mundo. Neste espaço, os vários sistemas desenvolvidos pela marca alemã (do mais básico ao mais sofisticado) podem ser vistos e testados, como se quer. Para além dos sistemas Bulthaup, há lugar para as soluções de vanguarda da Gaggenau, neste

azulejos antigos e uma das mais bonitas vistas sobre Lisboa. A cereja no topo do bolo: mobiliário e iluminação da Established & Sons, numa selecção de objectos da exclusiva editora inglesa, também à venda. www.bulthaupchiado.com

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ESPAÇO BÁ

EmBÁsbacados FOI ASSIM QUE FICÁMOS ao visitar o Espaço BÁ, uma “plataforma de áreas criativas” na Rua do Barão, perto da Sé, em Lisboa. O espaço serve de sede ao atelier de design e consultoria BÁ, mas será muitas mais coisas. Para já, há uma parceria com a galeria 3+1, que expõe obras dos seus artistas (arrancando com Sara&André, que não está nada mal). Mas o inteligente projecto de renovação, com espaços versáteis e bem aproveitados (inclui um bar!) abre muitas outras opções. Na fachada, o ambiente é NoHo, por dentro, um quadro despojado e contemporâneo, numa sucessão de vénias ao bom gosto, dignas de menção (indo, reparem na oliveira, na campainha e na casa de banho). O Espaço BÁ é uma ideia da responsabilidade de dois ilustres colaboradores da blue Design, o Luís Royal e o Rui Catalão, tão boa, que nem é preciso puxar a brasa à nossa sardinha.

D E S I G N B L U E

© Bate Chapas – Oficina de Imagens

www.ba-studio.com

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B L U E

D E S I G N

foco :: design

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(SUM)ONE: EXERCICIOS DE APROPRIAÇÃO, projecto colaborativo de Miguel Rios Design e Ângela Ferreira.

CONTAMINAÇÃO CRIATIVA (SUM )one, o primeiro projecto de design de mobiliário de Miguel Rios, nasce de uma instalação de Ângela Ferreira que por sua vez parte da intersecção de três referências: um banco, uma casa e uma moeda. Complicado? Talvez. Mas fascinante. POR MADALENA GALAMBA

UM BANCO EM LISBOA ligado a outro banco em Maputo, ligado a uma casa visionária em Brno, ligada a uma moeda, ligada à Minikitchen de Joe Colombo. Ligações. Citações. Hipervínculos. Textos que se apropriam de outros textos, textos que desembocam noutros textos, portas que se abrem, gavetas que deslizam à velocidade de um duplo clique. A intertextualidade está no núcleo do projecto colaborativo entre o gabinete Miguel Rios Design e a artista plástica Ângela Ferreira. Eles chamam-lhe “exercícios de apropriação” e é este dialogismo que está na origem das duas partes do projecto (que por sua vez “conversam” entre si): a instalação BNU, de Ângela Ferreira e o equipamento (SUM)one, de Miguel Rios Design. Para além de explorar ligações verticais (um objecto que remete para outro objecto e assim sucessivamente) (SUM)one, apresentado em finais de Outubro na Galeria Filomena Soares, propõe uma “renovada reflexão interna acerca das ligações e diferenciações entre a arte e o design”. Tudo começou com uma “encomenda” do MUDE. O Museu do Design e da Moda desafiou Miguel Rios a criar um projecto e Miguel Rios desafiou Ângela Ferreira, uma artista cujo percurso seguia há muito, a colaborar com ele. “Ela apropriava-se de um espaço arquitectónico no MUDE, fazia o que quisesse, e a partir daí eu fazia uma peça”. Por esta ordem, o trabalho de Ângela Ferreira é virgem (até onde qualquer obra o pode ser) e a abordagem de Miguel Rios, surge já contaminada pelo seu predecessor (e muito mais). Para Ângela Ferreira, o detonador foi uma sala do edifício do MUDE em Lisboa, outrora a

do edifício do século XIX) era um espaço atípico, distante das premissas modernistas do resto do edifício, mas também uma imagem fortíssima do poder imperial português. No coração do banco emissor para as colónias, era o centro do centro. Por razões logísticas, não foi possível realizar o projecto nessa sala. Mas um parapeito, em forma de meia rotunda, que delimita o foyer no primeiro andar, debruçado sobre a ampla entrada no rés-do-chão,

B L U E

(homenagem ao administrador do banco que, nos anos 1950/1960 ordenou a remodelação

D E S I G N

sede do Banco Nacional Ultramarino na metrópole. A sala Dom Luís Pereira Coutinho

chamou a atenção da artista. É desse elemento arquitectónico que parte a reflexão de Ângela 89


deixa de se interessar pelos espaços, ou pelos objectos que ocupam espaços, e passa a interessar-se por objectos que são eles próprios espaços” salienta o designer. Para Miguel Rios, o discurso de flexibilidade/mobilidade/espaço dentro de espaço criado por Colombo nos anos 60 faz todo o sentido actualmente. E a própria ideia de desdobramento, de montagem e desmontagem, de dinamismo, tem muito a ver com o trabalho de Rios: “Fazia todo o sentido dar outro sentido à peça de Colombo. A Minikitchen é uma “all in one” onde tudo acontece. (SUM)one é um somatório de várias partes, é um “sum in one”“ . Uma peça onde algumas coisas acontecem, para alguém (someone). E o que acontece? O que quisermos. (SUM)one, uma mesa com arrumação e dois móveis de assento, pode ser uma bancada de apoio à cozinha, ou, aberta, um mini escritório ou um espaço de refeições. Modular, multifuncional, não é tudo, mas é

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D E S I G N

muitas coisas. É sobretudo o que precisarmos que seja.

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Ferreira, nascida em Maputo em 1958, num trabalho

Podemos sempre acrescentar.

sempre centrado (ou descentrado) na arquitectura

O design de produto é de Telma Barrelas, que trabalhou

e no colonialismo. Ou como escreve Jurgen Bock, no “in

o esquisso de Miguel Rios e o converteu num habitat

between”, o espaço intersticial entre o passado e o futuro,

contemporâneo de proporções exactas e toque aveludado.

o Norte e o Sul, e todos os colonialismos. Do parapeito em

A realização de um equipamento como o (SUM)one não

Lisboa, Ângela Ferreira passa rapidamente para a parede

teria sido possível sem o apoio da Fabri cozinhas, que

curva e fluida de Mies van der Rohe na “Casa Tugendat”,

recebeu o projecto de “braços abertos” e prestou todo o

em Brno, actual República Checa, e fecha o círculo (ou

apoio técnico e consultoria para transformar a maqueta

abre) na moeda moçambicana de dez meticais, que

numa realidade. Já em 2008, a Fabri cozinhas tinha

inspira a sua “mesa de reuniões” (de poder), uma das

apresentado a “Space Kitchen”, um protótipo em Corian®

componentes da instalação de BNU. Este círculo, essa

desenhado por Inês Sabino, que evidenciava a ambição

mesa de poder, é o ponto de partida de Miguel Rios.

inovadora da empresa. Agora, prepara uma edição

A ideia de “mesa” acende outra ligação na cabeça de Rios.

limitada do (SUM)one, destinada ao segmento alto do

Retrocede até 2008, ano em que escolheu a Minikitchen

mercado (o protótipo deverá ser adquirido pelo MUDE).

(1963) de Joe Colombo, como a “sua” peça da Colecção

Realizado em MDF, com acabamento lacado (num subtil

Francisco Capelo, para uma exposição do MUDE no

jogo de brilho e mate) e um pormenor em Corian® (o vaso

Inspired Lisbon. Com os condicionamentos próprios de

onde é plantado autêntico capim moçambicano, numa

um projecto de design, o objecto de Miguel Rios é ao

alusão literal e viva às ramificações do projecto), o

mesmo tempo, uma apropriação da instalação de Ângela

(SUM)one é uma caixa de surpresas que se abre como

Ferreira e uma citação formal e conceptual da icónica peça

quisermos. Miguel Rios, o “último apropriador”, trans-

de Colombo. “ A uma determinada altura, Joe Colombo

formou a “mesa de poder” numa “mesa para todos”. e


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LA CONFUSION DES SENS

Espace Culturel Louis Vuitton

VIAJAR PARA DENTRO Há Confusão dos Sentidos nos Campos Elísios. Mais propriamente, no Espace Culturel Louis Vuitton, até 10 de Janeiro. Uma exposição acima da alta costura. POR NUNO DIAS


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Projecto :: arte

SE, PARA MUITOS, é o cunho das malas mais apetecidas do mundo, para a própria Louis Vuitton, tal definição de si própria não chega. Prova disso é o Espace Culturel Louis Vuitton que, bem ali, no cruzamento entre a rue Bassano e a avenida dos Campos Elísios, tem oferecido ao público (que é, também, o turista que sabe que Paris vai muito além da Torre Eiffel), ao longo da duração do seu programa, uma abordagem diferente sobre o tema das viagens nas suas múltiplas facetas, dando a conhecer, para isso, a diversidade da arte contemporânea de todo o mundo. “La Confusion des Sens” é a décima exposição e, até 10 de Janeiro de 2010, convida a explorar, não um qualquer safari,

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com ou sem bagagem bem acondicionada numa Louis Vuitton, mas sim a viagem interior. Mergulhemos, então, para dentro de nós, escutemos o nosso corpo e alertemos todos os sentidos para que, ao conhecermonos melhor, possamos também compreender a complexidade do mundo que nos rodeia. Esqueçamos, à partida, todas as nossas certezas porque, daqui, a nossa percepção das coisas não sairá a mesma. 94

>>>


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projecto :: arte

Obras de Véronique Joumard, Auguste Dormeuil e Berdaguer & Pejus.

>>>

Na concepção de Michel Foucault, “As relações que nos deveriam entreter connosco não são relações de identidade. Devem, isso sim, ser relações de diferenciação, de criação, de inovação. É demasiado fastidioso ser-se sempre o mesmo”. E, se esta poderia ser a conclusão a que cheguemos depois desta exposição sensorial, o seu ponto de partida é o trabalho de Olafur Eliasson, criado para marcar a inauguração do Espace Culturel Louis Vuitton, no elevador central, e que envolve o visitante na escuridão total. Olafur quis, com este “Your Loss Of Senses”, explorar a percepção individual e da consciência do eu com o que denominou de “Câmara de Estropia Sensorial”. É o início perfeito para os trabalhos que se seguem, da autoria de oito artistas que

a desenvolverem as suas próprias imagens mentais.

e

B L U E

do seu próprio corpo, do lugar deste no espaço e, também,

D E S I G N

estimularão os seus visitantes a tomarem consciência

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Projecto :: arquitectura

LAGAR DE AZEITE, PROJECTO DE RICARDO BAK GORDON PARA A SOVENA

UM LAGAR DO SÉCULO XXI “Verde foi meu nascimento e de luto me vesti, para dar a luz ao mundo, mil tormentos padeci” Velha adivinha,pranto sentido, chora a azeitona, seu destino grandioso. É dele que vamos falar. Do lagar. De um lagar. POR GUI ABREU DE LIMA

EM REDOR DE UM LAGAR há muitas vidas e muitas histórias. De fazer chorar as pedrinhas da calçada, porque tocam o coração, de chorar por mais, que o paladar é divino, de chorar a rir, que o trabalho no campo tem sua pândega, e até as temos de chorar baba e ranho, se virmos a que chegou o olival português. Triste sina a da agricultura nacional, a que a azeitona não escapa. Portugal foi, sim, um senhor produtor de azeite, do mais fino e saboroso, e há quem saiba que o futuro depende da capacidade de produzirmos bem e melhor o que a nossa terra dá. A novidade chega da Sovena, a empresa que detém a gama de azeites Oliveira da Serra (alguns já premiados), proprietária de 4.000 hectares de olival, locatária e compradora de azeitona fora de portas, e que acaba de apresentar, justamente, o projecto para um novo lagar. Novo e cheio de significado para o sector, para a região onde se insere e pelo mérito arquitectónico de que se reveste. Um edifício capaz de responder às necessidades industriais da empresa, uma referência do design contemporâneo, com uma vertente cultural de relevo. Uma joint-venture com a Atitlan e o convite dirigido ao arquitecto Ricardo Bak Gordon, com o desejo de assinalar uma nova era na história do azeite em Portugal, resultaram na visão que a maqueta proporciona, a firmar outros contornos à arquitectura industrial no meio rural. É a nova geração, empenhada em fundir-se harmoniosamente na paisagem, diluindo os impactos, apostando no design, na funcionalidade da infra-estrutura, na mais-valia da polivalência, na divulgação in loco e na valorização do seu produto. O lagar de Bak Gordon

serão partilhados conhecimentos e experiências, através de degustações e exposições relacionadas com esta cultura tão antiga e importante na vida da humanidade. A Sovena merece vénia pelo exemplo de inovação, pela qualidade que o seu produto alcançou e pelo espírito empreendedor com que rege a sua actividade e a sua posição no

B L U E

para obter azeites de alto nível de qualidade, numa lógica sustentável e amiga do ambiente,

D E S I G N

será um espaço para todos, onde além de se produzir azeite com as mais avançadas técnicas

mercado. Tal como a azeitona deu a luz ao mundo. e 99



PROJECTO RE-MAKE 2009

O PODER DA COR Depois de uma festa de apresentação, literalmente debaixo de tinta, o CIN Re-make voltou a sair à rua, de metro e de autocarro. A CIN é a mentora da simpática iniciativa que este ano contemplou Lisboa e o Porto. POR GUI ABREU DE LIMA FOTOS CIN

NUNCA OS TRANSPORTES PÚBLICOS foram tão cobiçados como nos dias que correm. As razões são várias e importantes. A indiscutível urgência em diminuirmos a circulação automóvel e a poluição nas grandes zonas urbanas, o facto de constituirem um suporte magnífico para intervenções publicitárias, e mais recentemente e em abono de todos os que preferem os veículos públicos, para dar largas à imaginação e à criação artística. É o fenómeno Re-make’09, lançado pela marca de tintas CIN, que já em 2008 transformou oito eléctricos de Lisboa em autênticas obras de arte. Este ano, a CIN reformulou o desafio, desta vez a alunos de Arquitectura e de Design de Lisboa e do Porto, que mostraram a força do seu talento criativo. Os alvos foram autocarros e carruagens de metropolitano de ambas as cidades, num total de oito intervenções, que contemplaram tanto exteriores como os interiores de cada exemplar. Artistas do IADE, da Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa, da Restart, da ETIC, da Faculdade de Belas Artes do Porto, da UCP – Escola das Artes, da ESAD e da ESAP deram a alma e dignificaram, com distinção, o repto.

a inspiração veiculada pelos temas, a musicalidade das ilustrações, as reminiscências de outras épocas e de longínquas paragens, a dinâmica dos padrões e os múltiplos efeitos visuais conseguidos, rasgaram o quotidiano das viagens rotineiras e dos percursos de sempre, abriram sorrisos e encantaram corações. Quem viu e quem não viu, pode sempre espreitar a ideia, conhecer os autores e o significado das suas criações no site

B L U E

(ar)regalaram os olhos com as criações dos entusiastas concorrentes. A alegria das cores,

D E S I G N

De 26 de Outubro a 26 de Novembro, tripeiros e alfacinhas, transeuntes e utentes,

www.cinremake.com e 101



LESS AND MORE:

THE DESIGN ETHOS OF DIETER RAMS, NO DESIGN MUSEUM DE LONDRES

Uma retrospectiva no Design Museum de Londres presta homenagem a Dieter Rams, lenda-viva do design industrial e um dos incontornáveis do século XX. Os “dez princípios do bom design” continuam imbatíveis, e até já há quem procure o décimo-primeiro. POR MADALENA GALAMBA

que mudaram a paisagem doméstica para sempre

a geração 2.0, pode até ser difícil imaginar um mundo de

e fizeram de Rams um dos mais influentes designers

máquinas enfadonhas, anterior a Rams. Mas ele existiu.

do século XX. À beira dos oitenta anos, Rams simboliza

E se Rams não tivesse aparecido, tudo seria infinitamente

a integridade imperturbável do designer industrial.

mais sombrio e confuso. Dieter Rams nasceu em 1932,

Com ele, o funcionalismo brilha. E basta.

em Wiesbaden, na Alemanha. Neto de um carpinteiro

O ornamento, a moda que passa, torna-se definiti-

(porque é que tantos grandes designers têm um

vamente obsoleta, anacrónica, mesmo antes de existir

carpinteiro na família?), estudou arquitectura e design de

(para se extinguir). Inspirado na Bauhaus, despojou os

interiores, e foi como arquitecto que entrou na empresa de

objectos de toda a inutilidade e excesso: libertos de

electrodomésticos Braun, em 1955. Rams tinha 23 anos.

decoração, legíveis, em tudo reduzidos ao essencial,

E passaria as quatro décadas seguintes (em 1995 deixou

formalmente austeros, com um sentido inato de ordem,

a empresa passando o testemunho a Peter Schneider) a

rigorosos, e no entanto convidativos, apelativos,

desenvolver mais de 500 produtos para o fabricante

intrinsecamente user friendly.

alemão, muitos dos quais tão influentes que as suas

Mas chegar à simplicidade é extremamente complexo.

características mais revolucionárias se tornaram

Porque não basta fazer menos, é preciso que seja melhor

standards para a indústria. A partir de 1957, Rams

(“less but better”). Rams é tão exigente (consigo próprio)

colabora também com a Vitsoe, desenvolvendo, no

que retirou uma lista de dez princípios, de uma pergunta

design de mobiliários, peças icónicas como a estante

autodirigida “Será que o meu design é bom design?”

modular 606. Gira-discos, calculadoras, aparelhagens,

(num blogue, alguém recomenda que todos

isqueiros, máquinas de barbear, são alguns dos objectos

os designers tatuem os dez princípios no braço.).

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É SIMPLES. Sem Dieter Rams, não haveria iPod. Para

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FOTOS LUKE HAYES, ©DESIGN MUSEUM

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foco :: design

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Por todos estes motivos, Dieter Rams não é apenas um

Rams inspirou os designers da Bibliothèque, que isolaram

designer importante; é um “designer muito importante”

elementos característicos da linguagem visual do alemão

como escreveu um jornalista da Eye. E nós

e os extrapolaram para os painéis da exposição.

acrescentamos: muito, muito importante. E por tudo isto

Interruptores, grelhas, teclados, parafusos, respeitando a

os seus 40 anos de carreira são revisitados numa

ordem e a geometria aparecem, magnificados,

retrospectiva de peso no Design Museum de Londres.

abstractizados, ao longo da exposição, onde 244 objectos

A exposição, intitulada “Less and More: The Design Ethos

estão organizados em cinco secções: os projectos a solo,

of Dieter Rams” é originária do Japão (e pensamos nas

os projectos da Braun supervisionados por Rams, a

ligações de Rams ao conceito de Kansei) e esteve patente

Vitsoe, tipologias e legado. Falando de legado, outro dos

nos museus Suntory, de Osaka, e Fuchu, de Tóquio.

highlights da exposição são as entrevistas, especialmente

Em Londres, o design de exposição esteve a cargo dos

realizadas para a ocasião, com designers como Jonathan

consultores gráficos da Bibliothèque que fizeram um

Ive, Jasper Morrison, Sam Hecht e Naoto Fukasawa.

trabalho sem mácula. A equipa da Bibliothèque - que

E por que se trata de ethos, convém não esquecer o

anteriormente tinha feito o design de exposição da mostra

debate sobre a metodologia e a filosofia de Rams, que

Cold War Modern, no Victoria & Albert – partiu de uma

reunirá figuras do design alemão e britânico

constatação de Klaus Kemp, um dos curators da

no Goethe Institut de Londres, à procura, nada menos,

exposição original, que descreve os objectos de Rams

que do 11º princípio. E há quem ainda não tenha

como “imagens”. A “natureza gráfica” dos objectos de

aprendido os dez primeiros. e


”CHEGAR À SIMPLICIDADE É EXTREMAMENTE COMPLEXO. Porque não basta fazer menos,

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é preciso que seja melhor ”

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foco :: design

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LUCA NICHETTO

AR FRESCO NO DESIGN ITALIANO Aos trinta e três anos, o veneziano Luca Nichetto é um dos nomes fortes do novo design italiano. Uma cabeça arejada, que em cinco anos desenvolveu quarenta projectos, número impressionante para um designer em princípio de carreira. Autor de alguns dos hits da Casamania, o seu trabalho alia rigor projectual a imaginação. POR MADALENA GALAMBA

LUCA NICHETTO é um veneziano de gema, por isso não é de estranhar que os seus primeiros passos tenham sido dados à volta do cristal de Murano. Com esquissos debaixo do braço, apresentava-se, ainda estudante, à porta das oficinas de vidro da cidade, à espera que os seus desenhos ganhassem forma. Passou pelo Istituto d´Arte de Veneza, mas foi na faculdade de arquitectura que se formou em design industrial. Depois de desenhar peças para a Salviati, depois de um estágio na Foscarini (onde aprendeu muito sobre materiais e product development) abriu o seu atelier, Nichetto & Partners 2006. Desenvolvendo projectos de design industrial e consultoria em design, Luca Nichetto e a sua equipa venceram vários prémios, como o Gran Design Award 2008, o IF Product Award 2008 e o prémio de novos talentos Elle Decoration International Design Awards 2009. Um reconhecimento acompanha uma produção frenética: mais de 40 projectos, em várias

para a Foscarini, cerâmica para a Bosa e mobiliário para a Casamania by Frezza. Com esta editora, partilha um espírito inovador e ousado, o que torna a colaboração especialmente frutífera e inspirada. A cadeira VAD, por exemplo, tornou-se uma quase imagem de marca da Casamania, no seu lado mais versátil e racional. Inspirada na tradição do design escandinavo, esta cadeira empilhável é uma monobloco em polipropileno, sobre estrutura

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Procurado pelas grandes marcas, Nichetto fez, entre muitos outros projectos, iluminação

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tipologias e para vários clientes, nos últimos cinco anos.

de metal, em vários acabamentos e cores. 107


Num registo muito diferente, a estrutura modular Maria, forma paredes ou cortinas semi-transparentes, usadas como decoração ou separador, em espaços interiores e exteriores. Existe uma versão termosensível, em que as folhas mudam de cor, representando ainda melhor o cruzamento explícito entre natural e artificial. Modular, como as folhas de plástico Maria, é Benn Grimm, um sistema de assentos que permite várias configurações e inclui a possibilidade pouco comum neste formato

”PROCURADO PELAS GRANDES MARCAS, Nichetto fez, entre muitos outros projectos, iluminação para a Foscarini,

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cerâmica para a Bosa e mobiliário para a Casamania by Frezza. ”

de acrescentar costas aos módulos. A última novidade é Nuance, uma cadeira em duas versões (de mesa e lounge) que combina ergonomia e charme craft (cada “tubo” forrado a tecido ou a pele, tem uma cor diferente, em tons de azul). Apesar de abrir um caminho novo, Luca Nichetto insere-se complemente na tradição industrial do design italiano. Dá valor à pesquisa em torno de novos materiais e processos de fabrico, ao know-how acumulado pelas aziende. Como ele próprio declarou, já existem os holandeses para se encarregarem das peças únicas. Os italianos devem tirar partido e aproveitar a máquina industrial ao seu dispôr. Sem desperdício. Com verdadeiro stile italiano.e

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design :: intro

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BERTRAND

O historiador de arte Àlex Sánchez Vidiella,

PAOLO DEGANELLO; AS RAZÕES DO MEU PROJECTO RADICAL ESCOLA SUPERIOR DE ARTES E DESIGN DE MATOSINHOS EM PARCERIA COM A CAMARA MUNICIPAL DE MATOSINHOS

acaba de dar à estampa, com a chancela da

WWW.PRADA.COM

ÁLVARO SIZA; APONTAMENTOS DE UMA ARQUITECTURA SENSIVEL

WWW.ESAD.PT

WWW.BERTRAND.PT

livros :: media

PRADA BOOK

FONDAZIONE PRADA

Sob a chancela da Fondazione Prada, a marca italiana tem publicado vários títulos de arte e

Bertrand, uma monografia que resultou da

O primeiro livro sobre a obra do arquitecto

arquitectura. A própria marca foi já objecto de

compilação dos projectos arquitectónicos mais

Paolo Deganello, é uma publicação

estudo em "Projects for Prada", onde Rem

actuais e representativos da vasta obra de Álvaro

coordenada por Maria Milano, arquitecta e

Koolhaas disserta sobre a sua colaboração. Desta

Siza, um dos mais reconhecidos arquitectos

docente na ESAD – Escola Superior de Artes e

vez Miuccia dispensa-o e, juntamente com o

internacionais da actualidade. O livro revela o

Design de Matosinhos. Fundador do Grupo

marido, Patrizio Bertelli (CEO da Prada), assume

amplo percurso criativo do arquitecto português

Archizoom e criador do Movimento Radical

a autoria do livro. 708 páginas, uma espécie de

que arrecadou já os mais prestigiados prémios

nos anos 60 e autor de inúmeras peças

bíblia sobre os últimos 30 anos de história da

de arquitectura, como o “Mies van der Rohe de

produzidas por empresas de renome na área

Prada, que significaram uma expansão radical do

Arquitectura Contemporânea da União

do Design, como a Cassina, a Vitra, a Venini,

seu raio de acção muito além do universo da

Europeia” (1988), o “Pritzker Prize” (1992), o

entre muitas outras, Paolo Deganello marca

moda. Através de ensaios fotográficos,

“Nacional de Arquitectura de Portugal” (1993), a

presença nos principais museus internacionais

instantâneos e reproduções, é revelada a vocação

Medalha de Ouro da Fundação Alvar Aalto

de Design. Maria Milano criou uma relação de

multidisciplinar da marca, com projectos nas

(1998) e, este ano, a Medalha de Ouro do Royal

colaboração entre Paolo Deganello e a escola,

áreas da arquitectura, do cinema, da

Institute of British Architects.Acarinhando a obra

iniciada em 1998 e consolidada com a sua

comunicação e da arte. No mínimo inovadores,

de Siza com a expressão “arquitectura sensível”,

participação nas aulas de Projecto, do Curso de

muitas vezes experimentais, estes projectos

o autor leva-nos a viajar pelo seu interior, através

Interiores. O livro conta com contribuições de

ajudaram a criar um novo conceito de luxo onde

de uma ampla selecção de imagens, gráficos e

críticos e historiadores de renome, e o projecto

a moda é apenas o ponto de partida de uma

documentação, agrupados em diversas

gráfico é de João Faria e Pedro Nora. Nas lojas

intensíssima espiral criativa. Nas lojas Prada, em

tipologias. 29,95 €

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livrarias seleccionadas e na Internet. 100 €


Expos ... E PROPOMOS ALGUMAS EXPOSIÇÕES QUE NÃO VAI QUERER PERDER. LESS AND MORE

C O O R D E N A D A S S O LTA S Sementes suecas - A Suécia desenha para crianças quase, quase a terminar, é uma iniciativa conjunta do Instituto Sueco, da Embaixada da Suécia em Brasília e da Svensk Form, que passou por Berlim, Bogotá e Cidade do México. A derradeira mostra é no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, para nos derretermos com o engenho, a imaginação e “a atitude sueca de que as crianças devem ter os melhores produtos”, como referiu Kerstin Wickman, professora da Escola de Belas Artes de Estocolmo. Divertidos, simples e pensados ao pormenor, são cerca de cinquenta objectos de encantar. Espreite o site em seu louvor: www.swedishseeds.com. Via Design 3.0 é a proposta do parisiense Centro Pompidou para comemorar os 30 anos do VIA (Valorização da Inovação no Mobiliário) que apresenta cerca de quarenta protótipos eleitos entre os peças mais representativas do design francês, desde 1979. Para descobrir as primeiras obras de Philippe Starck, Martin Szekely, Jean-Paul Gaultier, Ronan and Erwan Bouroullec, Matali FRANK LLOYD WRIGHT

Crasset, Mathieu Lehanneur, François Azambourg, Philippe Rahm, Gaetano Pesce ou Andrée Putman. Frank Lloyd Wright é celebrado no Guggenheim de Bilbau, numa exposição sobre a relevância do seu pensamento espacial e da enorme influência que teve na organização da vida moderna. Mais de oitenta projectos para admirar, desde casas privadas, escritórios, edifícios públicos e religiosos, auditórios e teatros, alguns deles nunca executados. Um arquitecto lendário, uma obra poética, uma mostra não muito longe de nós, num museu que merece visita demorada. Serralves 2009 - “A Colecção” agora no seu terceiro momento, incide sobre formas de edição múltipla da obra de arte através do livro de artista, do som e da fotografia. Parte da exposição revela a colecção de livros de artista da Biblioteca da Fundação de Serralves, uma importante memória da criação artística dos anos 60 até aos nossos dias, em diversos formatos: livros, cartazes, filmes, postais e revistas. Interessante olhar retrospectivo, a não perder. Less and More - The Design Ethos of Dieter Rams chama-nos ao Design Museum de Londres. O criativo desenhador da marca alemã de electrónica Braun e um dois mais influentes designers industriais do século XX, é lembrado, através dos mais significativos e referenciais produtos criados para a Braun nos últimos 40 anos, e de algum mobiliário para a Vitsoe, com a genial alma que lhe assiste e que se pulveriza ao design contemporâneo. Se está ou vai a Londres, delicie os olhos com as originais telefonias e os pick-up do mestre Rams. ■ SEMENTES SUECAS - A SUÉCIA DESENHA PARA CRIANÇAS, Museu da Casa Brasileira, São Paulo, até 17 de Janeiro, www.mcb.sp.gov.br

■ FRANK LLOYD WRIGHT, Guggenheim Museum, Bilbau, até 14 de Fevereiro, www.guggenheim-bilbao.es

■ SERRALVES 2009 - “A COLECCÃO”, Fundação de Serralves, Porto, até 7 de Março,www.serralves.pt

■ LESS AND MORE - THE DESIGN ETHOS OF DIETER RAMS, Design Museum of London, até de 7 Março, http://designmuseum.org

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■ VIA DESIGN 3.0, 1979-2009, 30 Anos de Criação de Mobiliário, Centre Pompidou, Paris, até 1 de Fevereiro, www.cnac-gp.fr

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SERRALVES 2009 - “A COLECCÃO”

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D E S I G N

POR ORDEM ALFABÉTICA, O ELENCO DE DESIGNERS QUE PARTICIPAM NESTE NÚMERO

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SNEAK PREVIEW

Espreitamos pelo buraco da fechadura e mostramos-lhe o design que há-de vir. E que muito pouca gente viu.

PELE, PROJECTO DE FOOTWEAR DESIGN DE NUNO MATOS

Curtidos Duplamente curtidos, porque são de pele, e porque exploram conceitos relacionados com a passagem do tempo, as memórias, a deterioração e a erosão —e já agora porque são giros— os sapatos da colecção Pele, de Nuno Matos, resultam de um intenso processo criativo de pesquisa e experimentação. Juntos, os sete pares constituem uma colecção irrepetível de objectos-sapato que remete para o passado, revisitando os clássicos e empregando técnicas de fabrico artesanal, mas que tem claramente um pé no futuro. Pintalgados, corroídos, riscados, adornados, estes sapatos encenam uma luta de extremos, entre o velho e o novo, o rico e o pobre, o interior e o exterior.

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TO BE CONTINUED… ( NO PRÓXIMO NÚMERO DA BLUE DESIGN )

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