Formas ed 153

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Invenção associada ao ano de 2013, o Phoneblok foi concebido pelo designer Dave Hakkens como forma de combater a produção de lixo eletrônico no planeta. O aparelho é montado como um Lego, permitindo que suas partes, independentes, possam ser trocadas ou consertadas separadamente, evitando o descarte de todo o aparelho.

Então, ligar as antenas e estar atento às sutis informações que vemos - e muitas vezes sequer percebemos -, pode ser o diferencial para alimentar um conhecimento que, cedo ou tarde, acaba fazendo diferença enquanto criadores. Fazer perguntas, observar tudo (e todos), analisando detalhes e pensando no quê faria diferente são ações características de pessoas curiosas. É aquela velha mania de se pegar olhando algo bem de perto, tentando entender como foi feito, ou de se ver refletindo sobre como foi

Fonte: Phonebloks.com

o processo para algo ser criado, por exemplo. O ir além, a que o curioso normalmente se propõe e os demais simplesmente deixam pra lá, é justamente esse plus, que lhe permite analisar o que existe e refletir sobre o que vê, mas, principalmente, imaginar novas formas para organizar o que enxerga. Ou seja: criar! A equação, claro, não é assim tão direta e objetiva. Além de envolver

V. Fernandes

uma nova forma de observar o que nos cerca, trata de deixar-se engrenar num sem fim de possibilidades de aplicação dos conceitos observados anteriormente. Seja dando continuidade a um processo já observado, ou aplicando soluções conhecidas em novos campos, é a liberdade da tentativa e erro que permite se chegar aos casos de sucesso. De toda forma, é fácil perceber como o espírito curioso, que já ajudou desde o progresso da ciência à simples mudança de uma receita de bolo por aí, pode nos levar a novos e necessários caminhos na sociedade. Não deixar-se levar pelo óbvio ou, mais ainda, deixar-se levar por aí, sem amarras e padrões pré-estabelecidos, é um passo para a abertura de novas portas. À custo zero, sem prazo de validade, preconceitos ou pré-requisitos técnicos, a curiosidade é uma ferramenta ao alcance de todos e só depende da vontade de cada um. Exercitá-la pode ser um traço nato de personalidade, realizada sem esforço, ou um compromisso individual, praticado com persistência. Em ambos os casos, porém, pode fazer muito bem: àquele que se dedica a conhecer, e aos demais que fazem uso das suas descobertas.

Leila Guilhermino é arquiteta pela UFRN (2006) e especialista em Design de Interiores pela Universidad Politécnica de Cataluña (2010). leila@leilaguilhermino.com


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