Formas 155

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DESIGN . 100

Flickr William Veerbeek

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Ampliando o foco: a arquitetura e o cliente que a gente não vê O dia a dia do escritório é corrido: atende cliente, tira dúvida do desenhista, corrige desenho, corre garimpar aquele parafuso-que-vai-ser-a-solução-pra-sua-ideia, pensa no projeto, vai na obra, faz controle financeiro... ufa! Tem dia que as 24 horas são pouco! Quem dirá uma jornada de 8 horas! A correria é grande, a pressão do cliente é constante e a máquina tem que girar! Nesse meio, tentamos pensar em tudo e oferecer o melhor serviço possível! Deixar o cliente satisfeito, garantir um projeto que turbine o portfólio e garantir muitos likes nas redes sociais são, facilmente, objetivos de qualquer profissional comprometido. Mas, fato importante e muito mais duradouro que a cor da fachada do edifício é: como a cidade (pessoas, leis, vias de trânsito, o prédio do lado, o clima da cidade e tantas outras coisas que fazem o entorno onde é erigido nosso trabalho) vai responder ao surgimento deste novo prédio? Estamos pensando nisso quando rabiscamos os primeiros traços? (Neste ponto, um adendo: quando me refiro a isso, falo de como a cidade responderá ao que lhe somamos com nosso trabalho de arquiteto, e não em como ela condiciona nossa ação. Entendido a diferença? Então, vamos em frente!) Ainda que sem a pretensão de agradar a gregos e a troianos, a reflexão sobre as consequências do nosso trabalho para um sem fim de possíveis afetados com a nova presença é indispensável. O quanto de lixo, energia ou tráfego um novo edifício vai consumir, ou gerar, pode ser descrito nos relatórios técnicos necessários à sua aprovação nos órgãos municipais. Mas, você já parou para pensar também em quanto de sombra seu edifício fará na casinha do terreno ao lado? Se ele não é muito maior - ou mais alto - que toda a

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