DESIGN MAGAZINE 13 - SETEMBRO/OUTUBRO 2013

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Da estação ferroviária das Devesas, em Vila Nova de Gaia, às caves da Grahams são menos de 5 minutos num percurso feito de automóvel. Localizado nas proximidades de Portucale, no topo de uma colina, o edifício apresenta-se de forma sóbria resguardando o seu interior e a as suas vistas para a zona ribeirinha. Percebe-se desde logo as diferentes cotas e não é à primeira vista que tomamos a devida percepção da volumetria do todo. A manhã está soalheira e a temperatura quente. Somos recebidos pelo arquitecto Luís Loureiro e por Nuno Gusmão, que nos fazem uma breve introdução à obra de reabilitação e reforma das caves. Ao entrarmos no edifício deixamos para trás uma impressão de uma estrutura de linhas simples, de arquitectónica sóbria mas elegante. Complementamos agora outras expressões de simplicidade, com uma área de recepção marcada pela forte presença da madeira, no pavimento e na estrutura da cobertura. Um grupo de turistas russo circula na área de recepção e nem mesmo a numerosidade de pessoas conversando ou o som de saltos altos percorrendo o hall são capazes de se sobrepor à comodidade acústica sentida. A presença da madeira, no seu tom natural e pintada a branco, produz um contraste harmonioso de bom apuro visual. A forma estruturada da cober| 58 |

tura ganha aspectos de monumentalidade e remete-nos para antigas sapiências ligadas às engenharias da construção. Uma grande mesa de exposição introduz-nos a um pequeno espaço dedicado ao historial das famílias escocesas, Grahams e Symington, cujas diferentes gerações foram responsáveis pela evolução dos processos de produção vinícola e de projecção de uma marca. E percebemos de forma cronológica o progresso da missão e como ela se tornou tão reputada na produção de vinhos do Porto vintage. Simplicidade na apresentação, suportada por um grafismo bem pensado e atraente. Ainda neste piso visitamos um pequeno auditório, sóbrio e adequado ao programa estabelecido. Aos poucos vamos interiorizando e consolidando os valores do historial, a antiguidade do terreno e os percursos das famílias. Mais do que as vontades e as afinidades dos donos em relação ao terreno, são-nos transmitidos os valores que trazem até ao presente as memórias e desígnios antigos das famílias. Por detrás de grandes investimentos financeiros há sobretudo um forte carinho pela região, cujo historial exibido nos revela. Há uma forte tradição e um saudável peso de uma continuidade com um profundo respeito pelo passado e revelador da vontade de novas conquistas. Não é uma afirmação gratuita de


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