PURE MAGAZINE #3

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pure/ Pure Magazine / Edição TRÊS / primavera 2009

Catarina Wallenstein em entrevista Moda em evolução Tendências Fabien Baron Revolução Francesa MIKIO NARUSE O ilustre desconhecido Vestuário e tecnologia


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/ EDITORIAL

/ FICHA TÉCNICA

DIRECÇÃO / EDIÇÃO A edição de Moda e todo o universo que envolve Helga Carvalho a escolha de conteúdos imagéticos nas revistas www.helgacarvalho.com tem sofrido mudanças visíveis ao longo dos DESIGN GRÁFICO tempos. O papel do editorial de moda passou Paulo Condez, Marta Branquinho, a ser muito mais dinâmico deixando para trás Anna Hazod e Lourenço Salgueiro conceitos relacionados com a simples maneira de www.designbynada.com coordenar um look ou a melhor forma de mostrar WEB DESIGN Ivo Fernandes ao leitor o que vestir em determinada ocasião. disturb.not@gmail.com Hoje em dia além da diversidade de páginas, as histórias são outras. Novas revistas e novos COLABORADORES registos mostram as infindáveis possibilidades Edição / Texto de abordar a moda. Os editoriais de moda Ana Rita Clara Brígida Ribeiros passaram a ter um papel desafiante: o de fazer Natálio sonhar. A construção de uma história segundo um Carlos Chiara Vecchio tema ou conceito nunca esteve tão presente e a Claudia Rodrigues própria fotografia tem vindo a reforçar a ideia Ema Mendes Francisco Vaz Fernandes de que a moda abandonou os clichés formais de Soraia do Carmo Patrícia Cruz que tanto foi conotada. A forte tendência é Rita Campino a negação do próprio termo moda, o que nem Tiago Santos Sara Andrade sempre se torna compreensível num domínio Sara Gomes mais mainstream. É neste contexto que a Pure Susana Lage se insere, na busca de autenticidade e e numa aproximação ao registo “real life” retratado com Fotografia Olivier Jacquet mais ou menos crueza, e ao qual costumo chamar Pedro Pacheco Ricardo Cruz Novo Realismo. E porque falamos de registos, de experiências, mudanças e linguagem visual, Ilustração João Gonçalves nada melhor do que fazer uma retrospectiva do trabalho que temos desenvolvido ao longo deste pure primeiro ano de existência. Pure Magazine / Edição TRÊS / MarÇo 200)

Helga Carvalho

capa : Luize fotografada por Olivier Jacquet, Styling: Anne Laroche

www.puremagazine.pt

COLABORADORES Chiara Vecchio / Italiana de 26 anos, é licenciada em Ciências da comunicação mas desenvolveu desde cedo um forte interesse pela moda. Trabalhou no departamento de imagem da Gucci em Milão e passou pelo departamento de moda da Vogue Portugal; é hoje freelancer na área da produção de moda e publicidade. Esta é a sua estreia na Pure Magazine. Ana Rita Clara / Formada em Sociologia das Organizações, Master em Gestão Editorial e Empresarial dos Media, Jornalismo em Televisão e ainda em Teatro, trabalha desde 2001 na área de televisão, tendo iniciado o percurso na SIC Radical, posteriormente RTPN e desde 2005 na SIC. Como apresentadora destaca-se sobretudo pela apresentação de inúmeros formatos televisivos e rosto de projectos especiais ou de grande audiência como o “Rock in Rio Lisboa” em duas das suas edições. Para além da versatilidade na comunicação, fundou a sua própria produtora (DROP Produções) no sentido de expandir a intervenção para novos conceitos e áreas. A sua imagem é igualmente associada a causas de solidariedade social e humanitárias, como a campanha nacional de prevenção de Luta Contra o Cancro, para a “Laço”. Assume-se como melómana, fascinada pela imagem, cinema e verdades documentais. Para além da revista PURE, colabora actualmente com outros suportes editoriais e culturais. E costuma dizer que ainda lhe falta fazer tudo… Pedro Pacheco / Estudou fotografia no Arco em Lisboa e foi assistente inúmeros fotógrafos nacionais e internacionais. Tem trabalhado como produtor de fotografia em várias campanhas publicitárias internacionais,mas é na fotografia de moda que encontra a sua expressão. Pedro Pacheco tem vindo a apurar a sua técnica e estética apostando na formação e qualidade da sua equipa, tendo desde 2005 publicado em revistas como a Parq, Dif, Neo 2, N Style, Elle Portugal e Vogue Portugal. Rita Campino / Arquitecta formada na Faculdade de Arquitectura da UTL em 2003, nasceu em Lisboa em 1979. Nesta colaboração vê a oportunidade de aliar o gosto de sempre pela escrita e o fascínio pela moda, numa perspectiva diferente do trabalho que desenvolve na arquitectura. Soraia do Carmo / Nasceu em Lisboa em 1983. Licenciou-se em Comunicação Social pela Universidade Católica Portuguesa.Fez um estágio no gabinete de imprensa internacional da ModaLisboa. Começou a trabalhar na área do Jornalismo na TVI. Durante dois anos trabalhou como jornalista nos programas Deluxe e Cartaz das Artes. Na área da imprensa escrita colabora com a revista de cultura NContrast (www.ncontrastcp.pt).Nos últimos meses trabalhou no programa Iniciativa da RTP2. De momento está a tirar um curso de fashion styling na creative academy com a Susana Marques Pinto. Susana Lage / Nasceu em Lisboa em 1982. Estudou Comunicação Social, com especialização em jornalismo científico e tecnológico. Colaborou com a revista Inversus e mais tarde com a agenda cultural “Hoje vou aqui”, na área da música, cinema e teatro. Concluiu a licenciatura com o estágio na revista Focus, onde ficou a trabalhar cerca de um ano. Actualmente é directora dos jornais Correio do Montijo e Jornal de Alcochete. Nos tempos livres, desfruta da sua paixão pela música dos anos 70, 80 e 90 e brinca de DJ.


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/ EDITORIAL

/ FICHA TÉCNICA

DIRECÇÃO / EDIÇÃO A edição de Moda e todo o universo que envolve Helga Carvalho a escolha de conteúdos imagéticos nas revistas www.helgacarvalho.com tem sofrido mudanças visíveis ao longo dos DESIGN GRÁFICO tempos. O papel do editorial de moda passou Paulo Condez, Marta Branquinho, a ser muito mais dinâmico deixando para trás Anna Hazod e Lourenço Salgueiro conceitos relacionados com a simples maneira de www.designbynada.com coordenar um look ou a melhor forma de mostrar WEB DESIGN Ivo Fernandes ao leitor o que vestir em determinada ocasião. disturb.not@gmail.com Hoje em dia além da diversidade de páginas, as histórias são outras. Novas revistas e novos COLABORADORES registos mostram as infindáveis possibilidades Edição / Texto de abordar a moda. Os editoriais de moda Ana Rita Clara Brígida Ribeiros passaram a ter um papel desafiante: o de fazer Natálio sonhar. A construção de uma história segundo um Carlos Chiara Vecchio tema ou conceito nunca esteve tão presente e a Claudia Rodrigues própria fotografia tem vindo a reforçar a ideia Ema Mendes Francisco Vaz Fernandes de que a moda abandonou os clichés formais de Soraia do Carmo Patrícia Cruz que tanto foi conotada. A forte tendência é Rita Campino a negação do próprio termo moda, o que nem Tiago Santos Sara Andrade sempre se torna compreensível num domínio Sara Gomes mais mainstream. É neste contexto que a Pure Susana Lage se insere, na busca de autenticidade e e numa aproximação ao registo “real life” retratado com Fotografia Olivier Jacquet mais ou menos crueza, e ao qual costumo chamar Pedro Pacheco Ricardo Cruz Novo Realismo. E porque falamos de registos, de experiências, mudanças e linguagem visual, Ilustração João Gonçalves nada melhor do que fazer uma retrospectiva do trabalho que temos desenvolvido ao longo deste pure primeiro ano de existência. Pure Magazine / Edição TRÊS / MarÇo 200)

Helga Carvalho

capa : Luize fotografada por Olivier Jacquet, Styling: Anne Laroche

www.puremagazine.pt

COLABORADORES Chiara Vecchio / Italiana de 26 anos, é licenciada em Ciências da comunicação mas desenvolveu desde cedo um forte interesse pela moda. Trabalhou no departamento de imagem da Gucci em Milão e passou pelo departamento de moda da Vogue Portugal; é hoje freelancer na área da produção de moda e publicidade. Esta é a sua estreia na Pure Magazine. Ana Rita Clara / Formada em Sociologia das Organizações, Master em Gestão Editorial e Empresarial dos Media, Jornalismo em Televisão e ainda em Teatro, trabalha desde 2001 na área de televisão, tendo iniciado o percurso na SIC Radical, posteriormente RTPN e desde 2005 na SIC. Como apresentadora destaca-se sobretudo pela apresentação de inúmeros formatos televisivos e rosto de projectos especiais ou de grande audiência como o “Rock in Rio Lisboa” em duas das suas edições. Para além da versatilidade na comunicação, fundou a sua própria produtora (DROP Produções) no sentido de expandir a intervenção para novos conceitos e áreas. A sua imagem é igualmente associada a causas de solidariedade social e humanitárias, como a campanha nacional de prevenção de Luta Contra o Cancro, para a “Laço”. Assume-se como melómana, fascinada pela imagem, cinema e verdades documentais. Para além da revista PURE, colabora actualmente com outros suportes editoriais e culturais. E costuma dizer que ainda lhe falta fazer tudo… Pedro Pacheco / Estudou fotografia no Arco em Lisboa e foi assistente inúmeros fotógrafos nacionais e internacionais. Tem trabalhado como produtor de fotografia em várias campanhas publicitárias internacionais,mas é na fotografia de moda que encontra a sua expressão. Pedro Pacheco tem vindo a apurar a sua técnica e estética apostando na formação e qualidade da sua equipa, tendo desde 2005 publicado em revistas como a Parq, Dif, Neo 2, N Style, Elle Portugal e Vogue Portugal. Rita Campino / Arquitecta formada na Faculdade de Arquitectura da UTL em 2003, nasceu em Lisboa em 1979. Nesta colaboração vê a oportunidade de aliar o gosto de sempre pela escrita e o fascínio pela moda, numa perspectiva diferente do trabalho que desenvolve na arquitectura. Soraia do Carmo / Nasceu em Lisboa em 1983. Licenciou-se em Comunicação Social pela Universidade Católica Portuguesa.Fez um estágio no gabinete de imprensa internacional da ModaLisboa. Começou a trabalhar na área do Jornalismo na TVI. Durante dois anos trabalhou como jornalista nos programas Deluxe e Cartaz das Artes. Na área da imprensa escrita colabora com a revista de cultura NContrast (www.ncontrastcp.pt).Nos últimos meses trabalhou no programa Iniciativa da RTP2. De momento está a tirar um curso de fashion styling na creative academy com a Susana Marques Pinto. Susana Lage / Nasceu em Lisboa em 1982. Estudou Comunicação Social, com especialização em jornalismo científico e tecnológico. Colaborou com a revista Inversus e mais tarde com a agenda cultural “Hoje vou aqui”, na área da música, cinema e teatro. Concluiu a licenciatura com o estágio na revista Focus, onde ficou a trabalhar cerca de um ano. Actualmente é directora dos jornais Correio do Montijo e Jornal de Alcochete. Nos tempos livres, desfruta da sua paixão pela música dos anos 70, 80 e 90 e brinca de DJ.


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catarina wallenstein Por Josine Crispim

Catarina Wallenstein tem ao longo dos últimos anos recebido críticas positivas pelo seu desempenho como actriz e vencer a primeira edição do prémio L’Oréal Jovem Talento no Estoril Film Festival em 2007 veio confirmar isso. Do seu currículo faz parte cinema, televisão, e até mesmo um musical. Já contracenou com gigantes da representação como Nuno Melo no filme Lobos e acabou recentemente de gravar o “Singularidades de uma Rapariga Loira” Manoel de Oliveira. Depois de uma temporada a estudar em Paris regressa a Portugal. de Maonel

Catarina veste vestido, € 140, RICARDO DOURADO / Casaco em malha, €347, BY MALENE BIRGER FOTOGRAFADO POR: PEDRO PACHECO www.pedro-pacheco.com / ASSISTIDO POR: LUÍS ALMEIDA / STYLING: HELGA CARVALHO / MAQUILHAGEM E CABELOS: JOANA BELLUCCI / LIGHT EQUIPMENT: www.spot-lightservice.com


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catarina wallenstein Por Josine Crispim

Catarina Wallenstein tem ao longo dos últimos anos recebido críticas positivas pelo seu desempenho como actriz e vencer a primeira edição do prémio L’Oréal Jovem Talento no Estoril Film Festival em 2007 veio confirmar isso. Do seu currículo faz parte cinema, televisão, e até mesmo um musical. Já contracenou com gigantes da representação como Nuno Melo no filme Lobos e acabou recentemente de gravar o “Singularidades de uma Rapariga Loira” Manoel de Oliveira. Depois de uma temporada a estudar em Paris regressa a Portugal. de Maonel

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Catarina veste vestido em seda, €295, TWENTY 8 TWELVE / Casaco em malha de algodão, LEVI’S


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Catarina veste vestido em algodão, €320, BOSS ORANGE. / Colete em pele, €428, LUÍS BUCHINHO

Catarina veste vestido em seda, €900, ISILDA

PELICANO / Top e sandálias em pele, €150 e €200 respectivamente, WHITE TENT


Catarina veste vestido em seda, €347, BY MALENE BIRGER / Casco em malha de algodão, MASSIMO DUTTI

Catarina veste vestido em seda, €250, TWENTY 8 TWELVE / Túnica em algodão, €110, DIESEL / Casaco em malha de algodão, MASSIMO DUTTI / Casaco curto em malha de seda, €230, BOSS BLACK / Sapatos, €190, BOSS ORANGE


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Catarina veste vestido em seda, €250, TWENTY 8 TWELVE / Túnica em algodão, €110, DIESEL / Casaco em malha de algodão, MASSIMO DUTTI / Casaco curto em malha de seda, €230, BOSS BLACK / Sapatos, €190, BOSS ORANGE


Quando é que decidiste que querias ser actriz? Descobri a representação no atelier de teatro do liceu francês e gostei muito mas não me apercebi logo de que viria a querer ser actriz. Foi mais o crescimento do interesse. Depois fiz o “Só Gosto de Ti” e quando dei por mim já dizia que me ia inscrever no conservatório. Não me lembro do momento da decisão. Tens uma noção clara que tipo de carreira queres construir? Não tenho qualquer tipo de ambição ou ânsia concreta, quero ser actriz e fazer o meu caminho em passinhos pequeninos Normalmente a família influencia (ou tenta) na escolha de uma profissão. Foi o teu caso? Os meus pais nunca fizeram qualquer tipo de pressão. Por outro lado sempre me empurraram para apostar numa formação, fosse em que área fosse. Se não fosses actriz o que é que achas que acabarias por fazer? Não faço a mais pequena ideia. Música? Não sei fazer outra coisa. Qual foi a personagem que até hoje interpretaste mais parecida contigo? Todas as personagens têm algo parecido connosco e todas são demasiado diferentes. Sou eu que interpreto e, apesar do papel fundamental da imaginação, crio a partir da minha experiência e da minha visão do mundo. Tento analisar dessa forma. Tenho feito papeis de miúdas, em vários registos, e obviamente que cada ser humano se pode identificar com certos aspectos, é essa a grande magia do teatro ou do cinema. Qual é o teu critério para aceitares ou recusares um trabalho? Saber que quero dar a cara por um trabalho. Se acreditar no trabalho obviamente é porque quero dar tudo o que tenho. Tem a ver com tudo: o projecto em si, a equipa, com o diálogo que se estabelece com quem está a dirigir… O ideal será ser um guião no qual acredito, um texto do qual gosto, um director com quem quero e consigo trabalhar.

Já fizeste cinema e televisão mas nunca teatro. Fiz o curso de actores numa escola de teatro, e o que acontece com isso é ficar com vontade de fazer teatro. Tenho tido a sorte de fazer cinema mas teatro ainda não fiz. O que te fez ter tido também uma formação musical e em canto lírico? Estudei música desde pequenina, a minha mãe é cantora lírica e o meu pai é contrabaixista. Com a escola de música que frequentava fiz parte do coro infantil que integrava algumas óperas no Teatro Nacional de São Carlos. Depois disso fiz um papel na ópera Albert Herring de Brittent no Teatro Aberto. Pensas algum dia voltar a representar num musical? Gostava muito. Gosto da ideia de poder juntar a representação com a música. Voltaste recentemente de Paris. O que é que resultou dessa experiência? Como é o mercado lá? Terminei o ano lectivo, estou licenciada mas apesar de ter terminado os meus estudos por lá ainda quero sondar o mercado francês. Acho que é mesmo importante sair de onde quer que estejamos, é bom mudar de sítio. Embora seja sempre Europa, em Paris há uma cultura diferente, uma tradição de teatro diferente, e qualquer escola tem formas diferentes de trabalhar e portanto, é importante mudar para ver como se trabalha de outras formas. Tenho de ver se consigo fazer alguma coisa em língua francesa. Não recebi convites, tenho de batalhar: primeiro encontrar o agente, conhecer os directores de casting, ir aos castings. Mas para ir a castings tenho de lá estar. Do que mais tiveste saudades quando estiveste em Paris? Do sol e do mar.

No filme Lobos tens cenas íntimas e reveladoras com Nuno Melo. Qual é a tua relação com o corpo e a nudez? Não tenho problemas à partida com o facto de fazer cenas de maior exposição do meu corpo. Tem de se estabelecer uma confiança no realizador que o permita e que sinta que a cena em questão tem uma justificação e não é uma mera exposição barata. O “Singularidades de uma Rapariga Loira” já estreou na 59.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim. Qual foi o feedback? Parece-me que correu relativamente bem. Não sei dizer muito mais porque aquilo é uma azáfama de festival mas a resposta à estreia pareceu-me ter sido positiva. Ao receberes o prémio L’Oréal Jovem Talento sentiste-te privilegiada ou que de alguma forma o merecias? Senti que foi importante terem criado esse prémio, foi uma iniciativa generosa. É um reconhecimento, obviamente, e é claro que me senti privilegiada, não estava nada à espera. Qual é a tua relação com a moda? Ligo relativamente pouco. Não gasto muito dinheiro em roupa. Claro que gosto, sou mulher e gosto, mas não sou uma vítima da moda. Hoje em dia, olhando para o teu currículo, terias feito alguma escolha diferente? Acho que não. A nível do meu trabalho, com a experiência que tenho hoje, julgo-me e penso que podia ter feito de forma diferente isto ou aquilo. Mas a nível de escolhas não. Acredito que as coisas acontecem como devem acontecer e se não acontecem é porque não é para acontecer naquele momento ou porque tenho alguma coisa a aprender de qualquer das maneiras.

Catarina veste camisola em malha, €35, MANGO


Quando é que decidiste que querias ser actriz? Descobri a representação no atelier de teatro do liceu francês e gostei muito mas não me apercebi logo de que viria a querer ser actriz. Foi mais o crescimento do interesse. Depois fiz o “Só Gosto de Ti” e quando dei por mim já dizia que me ia inscrever no conservatório. Não me lembro do momento da decisão. Tens uma noção clara que tipo de carreira queres construir? Não tenho qualquer tipo de ambição ou ânsia concreta, quero ser actriz e fazer o meu caminho em passinhos pequeninos Normalmente a família influencia (ou tenta) na escolha de uma profissão. Foi o teu caso? Os meus pais nunca fizeram qualquer tipo de pressão. Por outro lado sempre me empurraram para apostar numa formação, fosse em que área fosse. Se não fosses actriz o que é que achas que acabarias por fazer? Não faço a mais pequena ideia. Música? Não sei fazer outra coisa. Qual foi a personagem que até hoje interpretaste mais parecida contigo? Todas as personagens têm algo parecido connosco e todas são demasiado diferentes. Sou eu que interpreto e, apesar do papel fundamental da imaginação, crio a partir da minha experiência e da minha visão do mundo. Tento analisar dessa forma. Tenho feito papeis de miúdas, em vários registos, e obviamente que cada ser humano se pode identificar com certos aspectos, é essa a grande magia do teatro ou do cinema. Qual é o teu critério para aceitares ou recusares um trabalho? Saber que quero dar a cara por um trabalho. Se acreditar no trabalho obviamente é porque quero dar tudo o que tenho. Tem a ver com tudo: o projecto em si, a equipa, com o diálogo que se estabelece com quem está a dirigir… O ideal será ser um guião no qual acredito, um texto do qual gosto, um director com quem quero e consigo trabalhar.

Já fizeste cinema e televisão mas nunca teatro. Fiz o curso de actores numa escola de teatro, e o que acontece com isso é ficar com vontade de fazer teatro. Tenho tido a sorte de fazer cinema mas teatro ainda não fiz. O que te fez ter tido também uma formação musical e em canto lírico? Estudei música desde pequenina, a minha mãe é cantora lírica e o meu pai é contrabaixista. Com a escola de música que frequentava fiz parte do coro infantil que integrava algumas óperas no Teatro Nacional de São Carlos. Depois disso fiz um papel na ópera Albert Herring de Brittent no Teatro Aberto. Pensas algum dia voltar a representar num musical? Gostava muito. Gosto da ideia de poder juntar a representação com a música. Voltaste recentemente de Paris. O que é que resultou dessa experiência? Como é o mercado lá? Terminei o ano lectivo, estou licenciada mas apesar de ter terminado os meus estudos por lá ainda quero sondar o mercado francês. Acho que é mesmo importante sair de onde quer que estejamos, é bom mudar de sítio. Embora seja sempre Europa, em Paris há uma cultura diferente, uma tradição de teatro diferente, e qualquer escola tem formas diferentes de trabalhar e portanto, é importante mudar para ver como se trabalha de outras formas. Tenho de ver se consigo fazer alguma coisa em língua francesa. Não recebi convites, tenho de batalhar: primeiro encontrar o agente, conhecer os directores de casting, ir aos castings. Mas para ir a castings tenho de lá estar. Do que mais tiveste saudades quando estiveste em Paris? Do sol e do mar.

No filme Lobos tens cenas íntimas e reveladoras com Nuno Melo. Qual é a tua relação com o corpo e a nudez? Não tenho problemas à partida com o facto de fazer cenas de maior exposição do meu corpo. Tem de se estabelecer uma confiança no realizador que o permita e que sinta que a cena em questão tem uma justificação e não é uma mera exposição barata. O “Singularidades de uma Rapariga Loira” já estreou na 59.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim. Qual foi o feedback? Parece-me que correu relativamente bem. Não sei dizer muito mais porque aquilo é uma azáfama de festival mas a resposta à estreia pareceu-me ter sido positiva. Ao receberes o prémio L’Oréal Jovem Talento sentiste-te privilegiada ou que de alguma forma o merecias? Senti que foi importante terem criado esse prémio, foi uma iniciativa generosa. É um reconhecimento, obviamente, e é claro que me senti privilegiada, não estava nada à espera. Qual é a tua relação com a moda? Ligo relativamente pouco. Não gasto muito dinheiro em roupa. Claro que gosto, sou mulher e gosto, mas não sou uma vítima da moda. Hoje em dia, olhando para o teu currículo, terias feito alguma escolha diferente? Acho que não. A nível do meu trabalho, com a experiência que tenho hoje, julgo-me e penso que podia ter feito de forma diferente isto ou aquilo. Mas a nível de escolhas não. Acredito que as coisas acontecem como devem acontecer e se não acontecem é porque não é para acontecer naquele momento ou porque tenho alguma coisa a aprender de qualquer das maneiras.

Catarina veste camisola em malha, €35, MANGO


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news por Susana Lage The Ultimate Collection - Veruschka A Assouline anuncia um retorno ao luxo e à mística. Uma edição limitada que presta homenagem à mulher que ajudou a mudar o panorama da moda e da fotografia. Veruschka foi mais do que uma cara bonita. Enquanto modelo, estlista, e criativa obstinada, sempre projectou uma enorme inteligência e força. De página para página, o livro revela uma história de aventura, de cultura em mudança e de beleza requintada. Escrito por David Wills em colaboração com Vera von Lehndorff (nome verdadeiro da modelo), a obra inclui entrevistas com a antiga editora da Vogue americana, Diana Vreeland, e comentários da própria Veruschka sobre o que se passava nos bastidores das mais célebres fotografias que fez com fotógrafos como Richard Avedon, Irving Penn e Steven Meisel.

Vernizes de inspiração musical A empresa de cosméticos Uslu Airlines desafiou quatro Dj’s internacionais a criarem, cada um, uma série de vernizes inspirados no ambiente da pista de dança. Cada um escolhe a sua cor preferida e a Uslu cria o verniz correspondente. Em troca, os artistas criam uma faixa sonora correspondente ao seu verniz, que estará disponível para ouvir nos sites da Uslu e dos respectivos Dj’s. Os vernizes são uma espécie de montra para os Dj’s reflectirem o seu universo artístico. As quatro cores incluem o fluorescente, “PSG” de Ed Banger, o lilás “JMK” de Rollerboys, o azul claro “ZRH” de Headman, e o prateado metálico “THF” de Fetisch. www.myspace.com/usluairlinesdjs

Colecção unissexo de YSL Fato, blazer, camisa, calça e trench-coat são as peças essenciais do guarda-roupa masculino que constituem a mini colecção unissexo lançada por Stefano Pilati. O criador reinterpretou os códigos da casa Yves Saint Laurent e criou dezassete looks inspirados na colecção de homem Primavera/ Verão 2009, que foram ajustados aos tamanhos de senhora. Esta linha estará exclusivamente à venda nas lojas YSL Homme, durante as Semanas de Moda de Nova Iorque, Londres, Milão e Paris.

Henry Holland despe a moda Henry Holland, da House of Holland, ficou conhecido pelas suas t-shirts com estampas de rimas divertidas com nomes famosos. Depois de slogans como “Do me daily Christopher Bailey” ou “Cause me pain Hedi Slimane”, agora o designer deixa as palavras de lado para dar lugar à imagem. Na sua nova linha de t-shirt´s estampou desenhos de personalidades, como Karl Lagerfeld, Donatella Versace, John Galliano, Agyness Deyn e Luella Bartley, com nada no corpo a não ser uma flor nas suas partes íntimas. Todos os retratos foram aprovados e estarão à venda já este ano. www.houseofholland.co.uk

Valentino: uma história de glamour O reduzido número de edições e o seu elevado preço impediram que muitos leitores conseguissem um exemplar original sobre a vida de Valentino Garavani. Mas brevemente vai ser lançada uma edição ilimitada, mais acessível ao grande público. O conteúdo reúne cópias das imagens dos arquivos de Valentino, incluindo desenhos, fotografias de revistas, anúncios publicitários, artigos de jornais sobre a carreira do criador, entre outros materiais cronologicamente documentados. Editado por Armando Chitolina, da Vogue Itália e L’Uomo Vogue, escrito por Suzy Menkes, editora-chefe de moda do International Herald Tribune, e Matt Tyrnauer, correspondente especial da Vanity Fair, o livro de 576 páginas custará €49.99

Dolce&Gabbana entra no mundo das cores A marca de Domenico Dolce e Stefano Gabbana desenvolveu uma linha de maquilhagem em parceria com a Procter & Gamble Prestige Product. Há cores fortes e tons suaves, umas com cheiro e outras neutras. Scarlett Johansson foi escolhida pela dupla de criadores para ser o rosto da nova linha. “A Scarlett é segura de si. É bonita mas também muito simpática. É muito Dolce&Gabbana”, explicou Stefano Gabbana ao jornal Women’s Wear Daily. As fotografias da campanha publicitária, tiradas em Londres por Sølve Sundsbø, revelam a sensualidade da actriz norte-americana inspirada em Marilyn Monroe.

Linha de acessórios de Felipe Oliveira Baptista Com apenas 33 anos, Felipe Oliveira Baptista é um dos nomes mais promissores da moda, sendo as suas peças vendidas em Paris, Nova Iorque, Los Angeles ou Tóquio. Desta vez, as carteiras são a nova aposta do criador português para compor as suas silhuetas orgânicas e arquitectónicas, com um toque dos anos 70. Felipe propõe quatro modelos em pele, de cores fortes como o vermelho alaranjado, o amarelo limão, o azul, o verde, ou o preto. Muito grandes, tipo saco, de mão ou para usar ao ombro, as novas carteiras já estão disponíveis e serão vendidas entre €600 a €1100.

As quatro histórias de Givenchy Harvests A Givenchy reinterpretou quatro perfumes já existentes e tornou-os mais ricos com um toque de Alta Costura. A imagem dos novos frascos conserva o seu design elegante, mas ganha uma fita preta de cetim onde surge desenhada a flor emblemática de cada fragrância. E as novas embalagens apresentam um símbolo que representa o país de onde foram colhidas as flores. Índia, Turquia, Madagáscar e Marrocos são as regiões com as quais Givenchy estabelece uma ligação, ao mesmo tempo que presta homenagem aos artesãos que tornam a colecção “Colheitas” uma realidade.


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news por Susana Lage The Ultimate Collection - Veruschka A Assouline anuncia um retorno ao luxo e à mística. Uma edição limitada que presta homenagem à mulher que ajudou a mudar o panorama da moda e da fotografia. Veruschka foi mais do que uma cara bonita. Enquanto modelo, estlista, e criativa obstinada, sempre projectou uma enorme inteligência e força. De página para página, o livro revela uma história de aventura, de cultura em mudança e de beleza requintada. Escrito por David Wills em colaboração com Vera von Lehndorff (nome verdadeiro da modelo), a obra inclui entrevistas com a antiga editora da Vogue americana, Diana Vreeland, e comentários da própria Veruschka sobre o que se passava nos bastidores das mais célebres fotografias que fez com fotógrafos como Richard Avedon, Irving Penn e Steven Meisel.

Vernizes de inspiração musical A empresa de cosméticos Uslu Airlines desafiou quatro Dj’s internacionais a criarem, cada um, uma série de vernizes inspirados no ambiente da pista de dança. Cada um escolhe a sua cor preferida e a Uslu cria o verniz correspondente. Em troca, os artistas criam uma faixa sonora correspondente ao seu verniz, que estará disponível para ouvir nos sites da Uslu e dos respectivos Dj’s. Os vernizes são uma espécie de montra para os Dj’s reflectirem o seu universo artístico. As quatro cores incluem o fluorescente, “PSG” de Ed Banger, o lilás “JMK” de Rollerboys, o azul claro “ZRH” de Headman, e o prateado metálico “THF” de Fetisch. www.myspace.com/usluairlinesdjs

Colecção unissexo de YSL Fato, blazer, camisa, calça e trench-coat são as peças essenciais do guarda-roupa masculino que constituem a mini colecção unissexo lançada por Stefano Pilati. O criador reinterpretou os códigos da casa Yves Saint Laurent e criou dezassete looks inspirados na colecção de homem Primavera/ Verão 2009, que foram ajustados aos tamanhos de senhora. Esta linha estará exclusivamente à venda nas lojas YSL Homme, durante as Semanas de Moda de Nova Iorque, Londres, Milão e Paris.

Henry Holland despe a moda Henry Holland, da House of Holland, ficou conhecido pelas suas t-shirts com estampas de rimas divertidas com nomes famosos. Depois de slogans como “Do me daily Christopher Bailey” ou “Cause me pain Hedi Slimane”, agora o designer deixa as palavras de lado para dar lugar à imagem. Na sua nova linha de t-shirt´s estampou desenhos de personalidades, como Karl Lagerfeld, Donatella Versace, John Galliano, Agyness Deyn e Luella Bartley, com nada no corpo a não ser uma flor nas suas partes íntimas. Todos os retratos foram aprovados e estarão à venda já este ano. www.houseofholland.co.uk

Valentino: uma história de glamour O reduzido número de edições e o seu elevado preço impediram que muitos leitores conseguissem um exemplar original sobre a vida de Valentino Garavani. Mas brevemente vai ser lançada uma edição ilimitada, mais acessível ao grande público. O conteúdo reúne cópias das imagens dos arquivos de Valentino, incluindo desenhos, fotografias de revistas, anúncios publicitários, artigos de jornais sobre a carreira do criador, entre outros materiais cronologicamente documentados. Editado por Armando Chitolina, da Vogue Itália e L’Uomo Vogue, escrito por Suzy Menkes, editora-chefe de moda do International Herald Tribune, e Matt Tyrnauer, correspondente especial da Vanity Fair, o livro de 576 páginas custará €49.99

Dolce&Gabbana entra no mundo das cores A marca de Domenico Dolce e Stefano Gabbana desenvolveu uma linha de maquilhagem em parceria com a Procter & Gamble Prestige Product. Há cores fortes e tons suaves, umas com cheiro e outras neutras. Scarlett Johansson foi escolhida pela dupla de criadores para ser o rosto da nova linha. “A Scarlett é segura de si. É bonita mas também muito simpática. É muito Dolce&Gabbana”, explicou Stefano Gabbana ao jornal Women’s Wear Daily. As fotografias da campanha publicitária, tiradas em Londres por Sølve Sundsbø, revelam a sensualidade da actriz norte-americana inspirada em Marilyn Monroe.

Linha de acessórios de Felipe Oliveira Baptista Com apenas 33 anos, Felipe Oliveira Baptista é um dos nomes mais promissores da moda, sendo as suas peças vendidas em Paris, Nova Iorque, Los Angeles ou Tóquio. Desta vez, as carteiras são a nova aposta do criador português para compor as suas silhuetas orgânicas e arquitectónicas, com um toque dos anos 70. Felipe propõe quatro modelos em pele, de cores fortes como o vermelho alaranjado, o amarelo limão, o azul, o verde, ou o preto. Muito grandes, tipo saco, de mão ou para usar ao ombro, as novas carteiras já estão disponíveis e serão vendidas entre €600 a €1100.

As quatro histórias de Givenchy Harvests A Givenchy reinterpretou quatro perfumes já existentes e tornou-os mais ricos com um toque de Alta Costura. A imagem dos novos frascos conserva o seu design elegante, mas ganha uma fita preta de cetim onde surge desenhada a flor emblemática de cada fragrância. E as novas embalagens apresentam um símbolo que representa o país de onde foram colhidas as flores. Índia, Turquia, Madagáscar e Marrocos são as regiões com as quais Givenchy estabelece uma ligação, ao mesmo tempo que presta homenagem aos artesãos que tornam a colecção “Colheitas” uma realidade.


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moda em evolução A sua produção como conteúdo editorial ao longo dos anos. por Sara Andrade E ainda que, explicado desta forma simplista, possa parecer um pequeno passo para o Homem, este foi um grande passo para a Humanidade... porque no início, a História era outra. De acordo com Linda Watson, no livro Vogue Fashion, a chegada, em 1892, da que agora é conhecida como a Bíblia da moda, trazia consigo quase nenhuma referência à mesma – o que não é de estranhar, uma vez que a indústria estava a dar os seus primeiros passos: no início do século, havia possivelmente apenas um nome criativo a reter e passerelles ou desfiles não faziam parte do vocabulário. Por isso, as matérias abordadas, maioritariamente numa perspectiva de repórter e não de crítica, resumiam-se grandemente ao lifestyle e afins da alta sociedade, e a ilustração de roupas em revistas resumia-se à descrição das que eram usadas pela aristocracia da época em eventos sociais. À medida que a moda começou a ganhar contornos de negócio mundial e Paris passou a ser a capital da indústria, com designers como Jeanne Lanvin, Jean Patou e Paul Poiret e exportarem os seus designs além do Atlântico, que a inclusão do tema nas revistas da área se tornou cada vez mais relevante. Em começo dos anos 20, por exemplo, a Vogue deixou de

Já no séc. XVII, Louis XIV disse que que “a Moda é um espelho”. Um espelho do que somos, do que representamos, a onde pertencemos. O que me leva a crer que, hoje, só podemos ser esquizofrénicos. Sofremos de múltipla personalidade, não porque encerramos uma multiplicidade de estilos, mas porque podemos exteriorizá-los: numa era em que a hierarquia social deixou de ser estanque, os condicionamentos comportamentais da sociedade em geral se tornaram mais tolerantes e a fronteira entre o aceitável e o condenável se encontra cada vez mais ténue e afastada do conservadorismo, estão criadas as condições para que se explore mais o modo como nos vestimos e como nos apresentamos. Causa (ou consequência?) disso é a proliferação da Imprensa de moda e a sua ramificação em dezenas de linhas editoriais que surgiram para preencher rentáveis nichos de mercado que pediam vertentes mais ligadas à música, ao cinema, ao lado urbano da moda, ou à sua vertente mais Alta-Costura. Hoje, há mais escolha que nunca. Esta diversidade de opções é resultante da evolução e da multiplicação dos conteúdos editoriais e imagéticos, mas acima de tudo, é fruto do rompimento de barreiras na fotografia de moda e na divulgação de tendências.

comportar-se como mera espectadora do social e do seu guarda-roupa, para passar a ser comentadora, com algum humor e mordazes observações, e a entrar no campo da análise e da previsão de tendências moda – multiplicam-se os artigos dedicados à criação de roupa dentro da conjuntura da época e em Novembro de 1920, a revista publica o seu primeiro editorial: “A Group of Paris Frocks that posed for Vogue”. Pode assumir-se que foi o primeiro vislumbre da moda enquanto algo mais do que o básico da roupa, os tecidos e a cor: a moda era e é estilo, pose e atitude. Pode também apontar-se aqui a estreia do papel da modelo como mais do que um simples cabide ou manequim. Ao longo dos anos, a profissão tornou-se cada vez mais exigente, com modelos, hoje em dia, a saltarem, despirem-se, e acrobaticamente posarem para uma objectiva, tendo, muitas vezes, um papel interveniente e decisor – a capacidade de sugerir poses, expressões, de fazer passar a visão de um fotógrafo tornou-se, actualmente, tão ou mais importante que a fisionomia para expor a roupa. O exemplo mais flagrante da importância da modelo para a indústria surgiu nos anos 90, com o célebre trio Naomi Campbell, Christhy Turlington e Linda Evangelista a ganharem um mediatismo

equivalente ao de uma estrela de cinema, quase ao ponto de tirarem a atenção daquilo que divulgavam: as roupas. Talvez por isso, hoje em dia, o conceito supermodelo esteja em desuso e nenhuma outra cara se aproximou da fama que as modelos dos anos 90 conseguiram, embora hoje em dia haja alguns nomes que sejam reconhecíveis e admirados. Não que a fama de uma modelo fora das páginas de uma revista seja indicador da evolução dos conteúdos editoriais e imagéticos da Imprensa de Moda, mas é denotador de como esta evolução criou ou reescreveu muitos dos papéis intervenientes na produção de moda. Como, por exemplo, provocou a emergência de um stylist, ou, por outras palavras, um editor que decide o que deve e como deve entrar o vestuário numa produção de moda: quando os seguidores de moda se tornaram mais exigentes, a roupa deixou de passar directamente das passerelles para ser exposta num manequim nas revistas e passou a ser interpretada por analistas do meio, que reconfiguram as peças de maneira a tornar uma tendência mais próxima do público ou, paradoxalmente, mais próxima do sonho do público. Provocou o aparecimento do set designer, quando se levou as produções

1 ANOTHER MAGAZINE, Primavera/Verão 2007 / 2 HARPER’S BAZAAR, Setembro / 3 i-D, Novembro / 4 NUMÉRO 92 / 5 PURPLE, Outono/Inverno 2008

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moda em evolução A sua produção como conteúdo editorial ao longo dos anos. por Sara Andrade E ainda que, explicado desta forma simplista, possa parecer um pequeno passo para o Homem, este foi um grande passo para a Humanidade... porque no início, a História era outra. De acordo com Linda Watson, no livro Vogue Fashion, a chegada, em 1892, da que agora é conhecida como a Bíblia da moda, trazia consigo quase nenhuma referência à mesma – o que não é de estranhar, uma vez que a indústria estava a dar os seus primeiros passos: no início do século, havia possivelmente apenas um nome criativo a reter e passerelles ou desfiles não faziam parte do vocabulário. Por isso, as matérias abordadas, maioritariamente numa perspectiva de repórter e não de crítica, resumiam-se grandemente ao lifestyle e afins da alta sociedade, e a ilustração de roupas em revistas resumia-se à descrição das que eram usadas pela aristocracia da época em eventos sociais. À medida que a moda começou a ganhar contornos de negócio mundial e Paris passou a ser a capital da indústria, com designers como Jeanne Lanvin, Jean Patou e Paul Poiret e exportarem os seus designs além do Atlântico, que a inclusão do tema nas revistas da área se tornou cada vez mais relevante. Em começo dos anos 20, por exemplo, a Vogue deixou de

Já no séc. XVII, Louis XIV disse que que “a Moda é um espelho”. Um espelho do que somos, do que representamos, a onde pertencemos. O que me leva a crer que, hoje, só podemos ser esquizofrénicos. Sofremos de múltipla personalidade, não porque encerramos uma multiplicidade de estilos, mas porque podemos exteriorizá-los: numa era em que a hierarquia social deixou de ser estanque, os condicionamentos comportamentais da sociedade em geral se tornaram mais tolerantes e a fronteira entre o aceitável e o condenável se encontra cada vez mais ténue e afastada do conservadorismo, estão criadas as condições para que se explore mais o modo como nos vestimos e como nos apresentamos. Causa (ou consequência?) disso é a proliferação da Imprensa de moda e a sua ramificação em dezenas de linhas editoriais que surgiram para preencher rentáveis nichos de mercado que pediam vertentes mais ligadas à música, ao cinema, ao lado urbano da moda, ou à sua vertente mais Alta-Costura. Hoje, há mais escolha que nunca. Esta diversidade de opções é resultante da evolução e da multiplicação dos conteúdos editoriais e imagéticos, mas acima de tudo, é fruto do rompimento de barreiras na fotografia de moda e na divulgação de tendências.

comportar-se como mera espectadora do social e do seu guarda-roupa, para passar a ser comentadora, com algum humor e mordazes observações, e a entrar no campo da análise e da previsão de tendências moda – multiplicam-se os artigos dedicados à criação de roupa dentro da conjuntura da época e em Novembro de 1920, a revista publica o seu primeiro editorial: “A Group of Paris Frocks that posed for Vogue”. Pode assumir-se que foi o primeiro vislumbre da moda enquanto algo mais do que o básico da roupa, os tecidos e a cor: a moda era e é estilo, pose e atitude. Pode também apontar-se aqui a estreia do papel da modelo como mais do que um simples cabide ou manequim. Ao longo dos anos, a profissão tornou-se cada vez mais exigente, com modelos, hoje em dia, a saltarem, despirem-se, e acrobaticamente posarem para uma objectiva, tendo, muitas vezes, um papel interveniente e decisor – a capacidade de sugerir poses, expressões, de fazer passar a visão de um fotógrafo tornou-se, actualmente, tão ou mais importante que a fisionomia para expor a roupa. O exemplo mais flagrante da importância da modelo para a indústria surgiu nos anos 90, com o célebre trio Naomi Campbell, Christhy Turlington e Linda Evangelista a ganharem um mediatismo

equivalente ao de uma estrela de cinema, quase ao ponto de tirarem a atenção daquilo que divulgavam: as roupas. Talvez por isso, hoje em dia, o conceito supermodelo esteja em desuso e nenhuma outra cara se aproximou da fama que as modelos dos anos 90 conseguiram, embora hoje em dia haja alguns nomes que sejam reconhecíveis e admirados. Não que a fama de uma modelo fora das páginas de uma revista seja indicador da evolução dos conteúdos editoriais e imagéticos da Imprensa de Moda, mas é denotador de como esta evolução criou ou reescreveu muitos dos papéis intervenientes na produção de moda. Como, por exemplo, provocou a emergência de um stylist, ou, por outras palavras, um editor que decide o que deve e como deve entrar o vestuário numa produção de moda: quando os seguidores de moda se tornaram mais exigentes, a roupa deixou de passar directamente das passerelles para ser exposta num manequim nas revistas e passou a ser interpretada por analistas do meio, que reconfiguram as peças de maneira a tornar uma tendência mais próxima do público ou, paradoxalmente, mais próxima do sonho do público. Provocou o aparecimento do set designer, quando se levou as produções

1 ANOTHER MAGAZINE, Primavera/Verão 2007 / 2 HARPER’S BAZAAR, Setembro / 3 i-D, Novembro / 4 NUMÉRO 92 / 5 PURPLE, Outono/Inverno 2008

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fotográficas a outro nível e se introduziu um cenário; Até o fotógrafo, sempre figura de extrema importância, ganha nova dimensão ao intervir activamente na pose da modelo, na expressão, enquadramento da imagem, tratamento de cor e, inclusivamente, na troca de ideias com o editor de moda quanto ao styling. Um exemplo de como a fotografia de moda na imprensa saiu dos meandros de mera reprodução de catálogo para um veículo de statement, para uma imagem que vale por mil palavras, é a produção que Cecil Beaton, em alturas da II Guerra Mundial, fez com uma modelo impecavelmente vestida no meio de destroços – a fotografia adequadamente se intitulava “Fashion is indestructable”. Porque é preciso não dissociar as alterações nas temáticas, nas tendências e nas produções de moda ao longo dos tempos das condições vividas em cada época. Como, por exemplo, o modo como as fotografias na década de 60 tinham uma ligação incontornável com a moda da época, como Jean Shrimpton de braços abertos, fotografada por David Bailey, em consonância com a silhueta em linha A que proliferava, ou modelos em poses dinâmicas, a fazer passar a mensagem dos Swinging Sixties. É inegável que a evolução dos conteúdos editoriais, nomeadamente o imagético, encontra a sua justificação nas mudanças sociais ao longo

do tempo, tanto em termos de conjuntura socio-económica, mas também progressão tecnológica. Com o melhoramento do hardware fotográfico e a crescente flexibilidade na aceitação de comportamentos sociais desviantes, fotógrafos como Richard Avedon introduziram movimento na fotografia de moda, Guy Bourdin trouxe erotismo e sexo, e outros mestres da fotografia, mais arrojados, como Helmut Newton e Terry Richardson, despiram a moda de preconceitos e tornaram a ausência de roupa nesta indústria, aceitável – e apreciável. Porque, ao longo do tempo, a imagética da moda desenvolveu uma estética própria, muito sua, na qual o vestuário é enaltecido por cenários, paisagens, locais e ambiências, com modelos e adereços que a tornem no seu todo mais apetecível. Aliás, não é por acaso que o termo internacional para uma produção de moda seja uma fashion story... é que todo o processo deixou de ser estanque, estático ou apenas sobre a roupa – é sobre a história que essa roupa, essa tendência, essa produção conta ao leitor. E é aqui que reside a grande evolução dos conteúdos imagéticos das revistas femininas – o protagonismo não é só do vestuário, mas antes do todo em torno desse guarda-roupa que, estranhamente, acaba por lhe dar ainda mais destaque. É que, na realidade, reciclando as

palavras do fotógrafo Aidan O’Rourke, existe um paradoxo na fotografia de moda – teoricamente, o seu objectivo é igual ao de um catálogo; mas na prática, é um veículo de liberdade de expressão explorado pelos maiores fotógrafos mundiais. Talvez porque a exploração da moda sob outras formas de fotografia e styling tenha ganho terreno como obra de arte, isso tenha criado espaço também para a emergência de novos géneros de revistas de moda, mais arrojados, mais alternativos, menos mainstream... revistas como a I-D, a Wallpaper ou a W – e até a Vogue Paris, que, dentro das Vogues mundiais, se assume como a mais irreverente – não se inibem de chocar dentro do que é chique, de não terem um batom vermelho perfeitamente delineado e até preferem que saia dos contornos do lábio, em género do reflexo de como a sua linha editorial sai dos contornos das outras revistas do género, e são apologistas até de editoriais de moda mais gore, mais irónicos, mais audaciosos. Se quisermos categorizar, a palavra esquizofrenia ocorre-me mais uma vez – é que o conceito pode ser aplicado não só à multiplicidade de escolha de roupas, mas também ao modo como a moda se tem interligado com o cinema e com a música e com outras artes. Cantores e actores têm vindo a tornar-se cada vez mais frequentes como modelos e capas de revista,

e o seu modo de vestir é imitado e inspira editoriais e páginas de estilo. É óbvio que o facto de termos chegado a um estado de esquizofrenia não significa que tenhamos que substituir os corsets e os perfectos por um colete de forças e resignarmo-nos a uma ideia de que tudo já foi feito. O que é imperativo perceber é que a multiplicidade de opções não é sinónimo de um fim de percurso, mas a emergência de novos. A moda e a sua edição em revistas que lhe são dedicadas passou por estúdios, locations, e decerto no início do século ninguém imaginou que se poderia alongar ou corrigir imperfeições numa fotografia ou sequer propagá-la online, como tem acontecido com o aparecimento de diversas magazines na Internet. Aliás, o facto de um dos desfiles da semana da moda de Paris, o de Viktor & Rolf, ter acontecido virtualmente na rede, já é sintomático de como há ainda um mundo de possibilidades para explorar. E daqui a uns anos, também este momento de viragem vai ser estudado e analisado, tal como foi a introdução de cor na fotografia, a introdução de movimento, e até a aceitação da nudez numa indústria que, irónica e curiosamente, se serve da Imprensa para vender roupa.

6 VOGUE ITÁLIA / 7 VOGUE ITÁLIA, Abril 2005 / 8 VOGUE PARIS, Março / 9 VOGUE PORTUGAL, Novembro de 2002, número1 / 10 CITIZEN K, Verão 2008

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fotográficas a outro nível e se introduziu um cenário; Até o fotógrafo, sempre figura de extrema importância, ganha nova dimensão ao intervir activamente na pose da modelo, na expressão, enquadramento da imagem, tratamento de cor e, inclusivamente, na troca de ideias com o editor de moda quanto ao styling. Um exemplo de como a fotografia de moda na imprensa saiu dos meandros de mera reprodução de catálogo para um veículo de statement, para uma imagem que vale por mil palavras, é a produção que Cecil Beaton, em alturas da II Guerra Mundial, fez com uma modelo impecavelmente vestida no meio de destroços – a fotografia adequadamente se intitulava “Fashion is indestructable”. Porque é preciso não dissociar as alterações nas temáticas, nas tendências e nas produções de moda ao longo dos tempos das condições vividas em cada época. Como, por exemplo, o modo como as fotografias na década de 60 tinham uma ligação incontornável com a moda da época, como Jean Shrimpton de braços abertos, fotografada por David Bailey, em consonância com a silhueta em linha A que proliferava, ou modelos em poses dinâmicas, a fazer passar a mensagem dos Swinging Sixties. É inegável que a evolução dos conteúdos editoriais, nomeadamente o imagético, encontra a sua justificação nas mudanças sociais ao longo

do tempo, tanto em termos de conjuntura socio-económica, mas também progressão tecnológica. Com o melhoramento do hardware fotográfico e a crescente flexibilidade na aceitação de comportamentos sociais desviantes, fotógrafos como Richard Avedon introduziram movimento na fotografia de moda, Guy Bourdin trouxe erotismo e sexo, e outros mestres da fotografia, mais arrojados, como Helmut Newton e Terry Richardson, despiram a moda de preconceitos e tornaram a ausência de roupa nesta indústria, aceitável – e apreciável. Porque, ao longo do tempo, a imagética da moda desenvolveu uma estética própria, muito sua, na qual o vestuário é enaltecido por cenários, paisagens, locais e ambiências, com modelos e adereços que a tornem no seu todo mais apetecível. Aliás, não é por acaso que o termo internacional para uma produção de moda seja uma fashion story... é que todo o processo deixou de ser estanque, estático ou apenas sobre a roupa – é sobre a história que essa roupa, essa tendência, essa produção conta ao leitor. E é aqui que reside a grande evolução dos conteúdos imagéticos das revistas femininas – o protagonismo não é só do vestuário, mas antes do todo em torno desse guarda-roupa que, estranhamente, acaba por lhe dar ainda mais destaque. É que, na realidade, reciclando as

palavras do fotógrafo Aidan O’Rourke, existe um paradoxo na fotografia de moda – teoricamente, o seu objectivo é igual ao de um catálogo; mas na prática, é um veículo de liberdade de expressão explorado pelos maiores fotógrafos mundiais. Talvez porque a exploração da moda sob outras formas de fotografia e styling tenha ganho terreno como obra de arte, isso tenha criado espaço também para a emergência de novos géneros de revistas de moda, mais arrojados, mais alternativos, menos mainstream... revistas como a I-D, a Wallpaper ou a W – e até a Vogue Paris, que, dentro das Vogues mundiais, se assume como a mais irreverente – não se inibem de chocar dentro do que é chique, de não terem um batom vermelho perfeitamente delineado e até preferem que saia dos contornos do lábio, em género do reflexo de como a sua linha editorial sai dos contornos das outras revistas do género, e são apologistas até de editoriais de moda mais gore, mais irónicos, mais audaciosos. Se quisermos categorizar, a palavra esquizofrenia ocorre-me mais uma vez – é que o conceito pode ser aplicado não só à multiplicidade de escolha de roupas, mas também ao modo como a moda se tem interligado com o cinema e com a música e com outras artes. Cantores e actores têm vindo a tornar-se cada vez mais frequentes como modelos e capas de revista,

e o seu modo de vestir é imitado e inspira editoriais e páginas de estilo. É óbvio que o facto de termos chegado a um estado de esquizofrenia não significa que tenhamos que substituir os corsets e os perfectos por um colete de forças e resignarmo-nos a uma ideia de que tudo já foi feito. O que é imperativo perceber é que a multiplicidade de opções não é sinónimo de um fim de percurso, mas a emergência de novos. A moda e a sua edição em revistas que lhe são dedicadas passou por estúdios, locations, e decerto no início do século ninguém imaginou que se poderia alongar ou corrigir imperfeições numa fotografia ou sequer propagá-la online, como tem acontecido com o aparecimento de diversas magazines na Internet. Aliás, o facto de um dos desfiles da semana da moda de Paris, o de Viktor & Rolf, ter acontecido virtualmente na rede, já é sintomático de como há ainda um mundo de possibilidades para explorar. E daqui a uns anos, também este momento de viragem vai ser estudado e analisado, tal como foi a introdução de cor na fotografia, a introdução de movimento, e até a aceitação da nudez numa indústria que, irónica e curiosamente, se serve da Imprensa para vender roupa.

6 VOGUE ITÁLIA / 7 VOGUE ITÁLIA, Abril 2005 / 8 VOGUE PARIS, Março / 9 VOGUE PORTUGAL, Novembro de 2002, número1 / 10 CITIZEN K, Verão 2008

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manuela linda loppa furtado Coordenadora do showroom de imprensa Birdsong

Directora da Polimoda Fashion school, School, em Firenze

Quais são as principais diferenças entre o modo como se fotografava moda e o modo como se fotografa moda hoje em dia – em termos de layout, enquadramento e ambientes, importância dada à roupa e até a importância dada à modelo? Com base na minha experiência passada como stylist e consumidora de revistas de moda e actualmente apenas como consumidora, as principais diferenças que observo são, uma maior liberalização das imagens hoje em dia fazem-se imagens que há 10 anos atrás seriam consideradas pornográficas - e uma tendência para o desaparecimento do editorial de moda que nos conta histórias. Tenho saudades deste último género, um storyboard, usando imagens de moda, os ambientes eram procurados de acordo com a história que se queria contar, as modelos incarnavam uma personagem, o stylist criava looks que se enquadravam tanto na história como em termos de tendências e o fotógrafo captava com a sua lente todo o mood... como no cinema clássico. A moda hoje em dia tende a ser retratada em imagens de moda por si só, com um conceito e com um fio condutor, claro, mas muito raramente com uma história. Não que eu apenas aprecie este género, as imagens mais puras onde o objectivo é apenas mostrar moda e a modelo é o suporte da roupa são importantes no ponto de vista de informação de moda. Hoje me dia este tipo de imagem de moda onde todos os detalhes da roupa são visíveis chegaram a uma apuramento que se distanciam do carácter mais de “catálogo” que se via no passado, graças à evolução da fotografia e a facilidade de pós-produção. A evolução das tecnologias informáticas permite actualmente aos fotógrafos manipularem as imagens ao ponto de possibilitar a criação de imagens a um nível fantástico, que no passado era impossível. Isto proporciona nos experiências visuais que nos surpreendem constantemente. Mas com isto o que se começa a perder é a captação do momento, perdeu-se a essência da fotografia que é a capacidade de congelar um momento que jamais se repetirá, um olhar, uma emoção ou uma expressão subtil. A parte emocional foi um pouco esquecida... ou os sentimentos

Como é que a evolução em fotografia de moda e styling mudou e proporcionou a emergência de um novo papel para o fotógrafo e para o stylist – e que novos papéis são esses? Ainda me lembro da sinergia entre o Romeo Gigli, o Paolo Roversi e Mads Gustafson nos anos 80. Juntos, criavam o mais perfeito shooting de moda! Nessa altura, os desfiles tinham valor acrescido e trabalhava-se ainda muito com os lookbooks físicos – hoje em dia consegue aceder-se a tudo online, inclusive aos desfiles em tempo real. As revistas de moda, actualmente, têm 70% de campanhas publicitárias, e não nego o meu interesse em consultar websites como os da Prada, que, graças à sua página online, torna-nos parte do seu mundo e traduzem as colecções em lookbooks, catálogos ou vídeos. Criadores como Raf Simons criam uma geração de rapazes e raparigas graças à fotografia, ao styling e escolha de modelos. Não estou 100% de acordo com editoriais onde o styling em exagero domina e parece expressar mais ou passar uma mensagem diferente daquela que o designer ou a marca queria transmitir.

são transmitidos através de um acting muito exagerado. De um modo geral, o aparecimento da fotografia digital foi responsável por tudo isto porque permitiu a criação de imagens idealizadas e assim atingir a perfeição. A fotografia analógica do passado e os escassos meios de pós produção exigiam aos fotógrafos a capacidade de leitura do momento através da lente.

Achas que tudo já foi feito em conteúdos de moda e fotografia de moda ou achas que ainda há espaço para inovar, e como?

Como em tudo, quando se chega a um momento que há uma sensação generalizada que já se fez tudo, surge então uma tendência de ir buscar inspiração ao passado. Neste momento a inovação terá que passar por uma fusão do passado com o presente. Um grande sinal disso é o eminente desaparecimento da Polaroid que está a criar um movimento ao nível das comunidades criativas para evitar a sua extinção. É disto que eu estou a falar, a fotografia digital dá muita liberdade de manipular e criar imagens artificiais... a Polaroid incarna a pura captação do momento, feito o click já nada se pode alterar. Em termos de conteúdos de moda é cada vez mais fácil o acesso à informação imediata através da internet... há 15 anos apenas a imprensa e as celebridades tinham acesso aos desfiles e apenas eram divulgados ao público em geral após 6 meses. Com isto a imprensa de moda viu a necessidade de se antecipar e fez com que a diferença ente duas estações não fosse tão marcada, o Inverno entra na Primavera e o Verão entra no Outono suavemente. A grande responsabilidade da imprensa de moda neste momento não é apenas reportar as colecções e as tendências, é também ajudar a gerir a informação de moda que nos chega tão facilmente.

Fotografia: Isabel Pinto

Acredita que os editoriais de moda não estão limitados a seguir tendências e designers, mas são também influenciados por outras áreas como a música e o cinema? A A-magazine (publicada pelo marido, Dirk Van den Eynde), por exemplo, é uma revista que oferece as suas páginas a um criador de modo a que este possa expressar e veicular a sua visão pessoal, o seu mundo, através de imagens, poemas, textos, histórias, impressões que não são necessariamente momentos de moda. E aqui, esta revista é diferente das outras, porque nos transporta para um novo mundo dentro da moda – e acaba por ser interessante de guardar, como item de coleccionador, também.


manuela linda loppa furtado Coordenadora do showroom de imprensa Birdsong

Directora da Polimoda Fashion school, School, em Firenze

Quais são as principais diferenças entre o modo como se fotografava moda e o modo como se fotografa moda hoje em dia – em termos de layout, enquadramento e ambientes, importância dada à roupa e até a importância dada à modelo? Com base na minha experiência passada como stylist e consumidora de revistas de moda e actualmente apenas como consumidora, as principais diferenças que observo são, uma maior liberalização das imagens hoje em dia fazem-se imagens que há 10 anos atrás seriam consideradas pornográficas - e uma tendência para o desaparecimento do editorial de moda que nos conta histórias. Tenho saudades deste último género, um storyboard, usando imagens de moda, os ambientes eram procurados de acordo com a história que se queria contar, as modelos incarnavam uma personagem, o stylist criava looks que se enquadravam tanto na história como em termos de tendências e o fotógrafo captava com a sua lente todo o mood... como no cinema clássico. A moda hoje em dia tende a ser retratada em imagens de moda por si só, com um conceito e com um fio condutor, claro, mas muito raramente com uma história. Não que eu apenas aprecie este género, as imagens mais puras onde o objectivo é apenas mostrar moda e a modelo é o suporte da roupa são importantes no ponto de vista de informação de moda. Hoje me dia este tipo de imagem de moda onde todos os detalhes da roupa são visíveis chegaram a uma apuramento que se distanciam do carácter mais de “catálogo” que se via no passado, graças à evolução da fotografia e a facilidade de pós-produção. A evolução das tecnologias informáticas permite actualmente aos fotógrafos manipularem as imagens ao ponto de possibilitar a criação de imagens a um nível fantástico, que no passado era impossível. Isto proporciona nos experiências visuais que nos surpreendem constantemente. Mas com isto o que se começa a perder é a captação do momento, perdeu-se a essência da fotografia que é a capacidade de congelar um momento que jamais se repetirá, um olhar, uma emoção ou uma expressão subtil. A parte emocional foi um pouco esquecida... ou os sentimentos

Como é que a evolução em fotografia de moda e styling mudou e proporcionou a emergência de um novo papel para o fotógrafo e para o stylist – e que novos papéis são esses? Ainda me lembro da sinergia entre o Romeo Gigli, o Paolo Roversi e Mads Gustafson nos anos 80. Juntos, criavam o mais perfeito shooting de moda! Nessa altura, os desfiles tinham valor acrescido e trabalhava-se ainda muito com os lookbooks físicos – hoje em dia consegue aceder-se a tudo online, inclusive aos desfiles em tempo real. As revistas de moda, actualmente, têm 70% de campanhas publicitárias, e não nego o meu interesse em consultar websites como os da Prada, que, graças à sua página online, torna-nos parte do seu mundo e traduzem as colecções em lookbooks, catálogos ou vídeos. Criadores como Raf Simons criam uma geração de rapazes e raparigas graças à fotografia, ao styling e escolha de modelos. Não estou 100% de acordo com editoriais onde o styling em exagero domina e parece expressar mais ou passar uma mensagem diferente daquela que o designer ou a marca queria transmitir.

são transmitidos através de um acting muito exagerado. De um modo geral, o aparecimento da fotografia digital foi responsável por tudo isto porque permitiu a criação de imagens idealizadas e assim atingir a perfeição. A fotografia analógica do passado e os escassos meios de pós produção exigiam aos fotógrafos a capacidade de leitura do momento através da lente.

Achas que tudo já foi feito em conteúdos de moda e fotografia de moda ou achas que ainda há espaço para inovar, e como?

Como em tudo, quando se chega a um momento que há uma sensação generalizada que já se fez tudo, surge então uma tendência de ir buscar inspiração ao passado. Neste momento a inovação terá que passar por uma fusão do passado com o presente. Um grande sinal disso é o eminente desaparecimento da Polaroid que está a criar um movimento ao nível das comunidades criativas para evitar a sua extinção. É disto que eu estou a falar, a fotografia digital dá muita liberdade de manipular e criar imagens artificiais... a Polaroid incarna a pura captação do momento, feito o click já nada se pode alterar. Em termos de conteúdos de moda é cada vez mais fácil o acesso à informação imediata através da internet... há 15 anos apenas a imprensa e as celebridades tinham acesso aos desfiles e apenas eram divulgados ao público em geral após 6 meses. Com isto a imprensa de moda viu a necessidade de se antecipar e fez com que a diferença ente duas estações não fosse tão marcada, o Inverno entra na Primavera e o Verão entra no Outono suavemente. A grande responsabilidade da imprensa de moda neste momento não é apenas reportar as colecções e as tendências, é também ajudar a gerir a informação de moda que nos chega tão facilmente.

Fotografia: Isabel Pinto

Acredita que os editoriais de moda não estão limitados a seguir tendências e designers, mas são também influenciados por outras áreas como a música e o cinema? A A-magazine (publicada pelo marido, Dirk Van den Eynde), por exemplo, é uma revista que oferece as suas páginas a um criador de modo a que este possa expressar e veicular a sua visão pessoal, o seu mundo, através de imagens, poemas, textos, histórias, impressões que não são necessariamente momentos de moda. E aqui, esta revista é diferente das outras, porque nos transporta para um novo mundo dentro da moda – e acaba por ser interessante de guardar, como item de coleccionador, também.


pedro cláudio Fotógrafo

Quais são as principais diferenças entre o modo como se fotografava moda e o modo como se fotografa moda hoje em dia – em termos de layout, enquadramento e ambientes, importância dada à roupa e até a importância dada à modelo? Houve vários booms de moda, por assim dizer, ao longo dos anos: a seguir à guerra, nos anos 60 e 70, e, particularmente, nos anos 80, com a economia florescente, houve um novo olhar, menos comercial sobre a moda. Com o tempo e as alterações na economia, a moda sofreu outra vez alterações – a chegada do grunge nos anos 90 é exemplo disso. O que penso é que a conjuntura sempre influenciou a moda, e isso sempre influenciou a imagética editorial. Penso que hoje em dia o que existe é a proliferação de neos, isto é, uma nova visão, uma nova linguagem, mas inspirada no que já foi feito. Dessa linguagem, e desses neos, nasceram também subvisões, mais alternativas, menos mainstream, que permitirem também a emergência de revistas que correspondiam a este tipo de linguagem mais específica. O que acho é que, com a profusão destes neos, as pessoas também se vão afastando da fonte de inspiração, e o que acaba por acontecer é uma afinação da visão original, ou a sua total contradição. O resultado é a emergência de híbridos, de linguagens mais afinadas ou paradoxais. E até o rompimento com algumas regras pré definidas, que acabam por ficar por terra: lembro-me que quando comecei, fiz uma produção para a nossa Marie Claire, e algumas tentativas de capa, e quando mostrei o resultado ao director artístico da altura, o que ouvi de forma muito pomposa em relação às fotografias de capa foi: “La femme de Marie Claire regarde toujours en face!” E percebi que a regra da capa era de que a modelo deveria sempre olhar em frente. E sei que havia formações para se aprender essas regras, e tudo. Mas acho que hoje em dia, o espaço de manobra é maior, e, embora a regra ainda seja válida, já não é estanque, aceita algumas excepções.

Achas que tudo já foi feito em conteúdos de moda e fotografia de moda ou achas que ainda há espaço para inovar, e como? À luz desta ideia de neos, acho “neos”, acho que tudo já foi feito, mas também que há muito para fazer. Hoje em dia, vivemos muito de revivalismos e, com a profusão da comunicação, temos acesso rápido às imagens, logo inspiramo-nos muito do que já foi feito. Consequentemente, estamos a basearmo-nos em modelos já feitos para criar outros, mas ao mesmo tempo, quando criamos sobre esses modelos, também estamos a inovar, porque estamos a dar àquela fonte de inspiração outra dimensão.

ana campos Editora de moda da Vogue Portugal A mecânica de uma sessão fotográfica sofreu muitas mudanças ao longo dos tempos e em que medida é que essas alterações influenciaram a importância do layout, modelo, ambiente? Penso que embora o processo se tenha tornado mais informatizado (o que torna a mecânica de uma sessão fotográfica diferente) isso não provocou uma nova realidade nos resultados. A importância dos ambientes, dos enquadramentos, da roupa e mesmo dos modelos acaba por ser a mesma, tudo depende do processo criativo de todos os intervenientes, inclusive dos não presentes na sessão, como por exemplo os directores de arte, ou mesmo os directores criativos. A rapidez dos resultados e do processo é que se tornou mais célere, pela facilidade de troca de informação. Os layouts acabam por seguir as directrizes actuais, o processo aqui também se tornou mais rápido o que torna tudo mais actual, deixou de ser necessário a tesoura e a cola, tudo é mutável em computador. Qual é o novo papel dos intervenientes na edição de conteúdos de moda? As grandes diferenças estão na qualidade do processo, o que envolve todos os elementos das revistas. Num panorama internacional, as funções de cada um dos protagonistas das redacções sempre estiveram muito bem definidas e acabam por ser as mesmas, hoje em dia, com mais ou menos especificidades, dado as mudanças dos mercados. O que muda com as evoluções técnicas é sempre a capacidade de resposta versus as novas limitações de produto. A nova fotografia digital acaba por dar hipótese de todo o processo fotográfico ser mais célere, sendo que existe um novo profissional a acompanhar as sessões fotográficas: o Operador Digital, que acaba por ajudar o fotografo e todos os profissionais envolvidos durante a sessão. Acabaram as Polaróides! O espectro de hipóteses de escolha e de soluções, é assim mais alargado para todos os intervenientes. As directrizes definidas pelos profissionais criativos das revistas acabam por ser as guias para como tudo vai funcionar. Consequentemente, todo o trabalho e a sua envolvência acaba por ser mais definido.


pedro cláudio Fotógrafo

Quais são as principais diferenças entre o modo como se fotografava moda e o modo como se fotografa moda hoje em dia – em termos de layout, enquadramento e ambientes, importância dada à roupa e até a importância dada à modelo? Houve vários booms de moda, por assim dizer, ao longo dos anos: a seguir à guerra, nos anos 60 e 70, e, particularmente, nos anos 80, com a economia florescente, houve um novo olhar, menos comercial sobre a moda. Com o tempo e as alterações na economia, a moda sofreu outra vez alterações – a chegada do grunge nos anos 90 é exemplo disso. O que penso é que a conjuntura sempre influenciou a moda, e isso sempre influenciou a imagética editorial. Penso que hoje em dia o que existe é a proliferação de neos, isto é, uma nova visão, uma nova linguagem, mas inspirada no que já foi feito. Dessa linguagem, e desses neos, nasceram também subvisões, mais alternativas, menos mainstream, que permitirem também a emergência de revistas que correspondiam a este tipo de linguagem mais específica. O que acho é que, com a profusão destes neos, as pessoas também se vão afastando da fonte de inspiração, e o que acaba por acontecer é uma afinação da visão original, ou a sua total contradição. O resultado é a emergência de híbridos, de linguagens mais afinadas ou paradoxais. E até o rompimento com algumas regras pré definidas, que acabam por ficar por terra: lembro-me que quando comecei, fiz uma produção para a nossa Marie Claire, e algumas tentativas de capa, e quando mostrei o resultado ao director artístico da altura, o que ouvi de forma muito pomposa em relação às fotografias de capa foi: “La femme de Marie Claire regarde toujours en face!” E percebi que a regra da capa era de que a modelo deveria sempre olhar em frente. E sei que havia formações para se aprender essas regras, e tudo. Mas acho que hoje em dia, o espaço de manobra é maior, e, embora a regra ainda seja válida, já não é estanque, aceita algumas excepções.

Achas que tudo já foi feito em conteúdos de moda e fotografia de moda ou achas que ainda há espaço para inovar, e como? À luz desta ideia de neos, acho “neos”, acho que tudo já foi feito, mas também que há muito para fazer. Hoje em dia, vivemos muito de revivalismos e, com a profusão da comunicação, temos acesso rápido às imagens, logo inspiramo-nos muito do que já foi feito. Consequentemente, estamos a basearmo-nos em modelos já feitos para criar outros, mas ao mesmo tempo, quando criamos sobre esses modelos, também estamos a inovar, porque estamos a dar àquela fonte de inspiração outra dimensão.

ana campos Editora de moda da Vogue Portugal A mecânica de uma sessão fotográfica sofreu muitas mudanças ao longo dos tempos e em que medida é que essas alterações influenciaram a importância do layout, modelo, ambiente? Penso que embora o processo se tenha tornado mais informatizado (o que torna a mecânica de uma sessão fotográfica diferente) isso não provocou uma nova realidade nos resultados. A importância dos ambientes, dos enquadramentos, da roupa e mesmo dos modelos acaba por ser a mesma, tudo depende do processo criativo de todos os intervenientes, inclusive dos não presentes na sessão, como por exemplo os directores de arte, ou mesmo os directores criativos. A rapidez dos resultados e do processo é que se tornou mais célere, pela facilidade de troca de informação. Os layouts acabam por seguir as directrizes actuais, o processo aqui também se tornou mais rápido o que torna tudo mais actual, deixou de ser necessário a tesoura e a cola, tudo é mutável em computador. Qual é o novo papel dos intervenientes na edição de conteúdos de moda? As grandes diferenças estão na qualidade do processo, o que envolve todos os elementos das revistas. Num panorama internacional, as funções de cada um dos protagonistas das redacções sempre estiveram muito bem definidas e acabam por ser as mesmas, hoje em dia, com mais ou menos especificidades, dado as mudanças dos mercados. O que muda com as evoluções técnicas é sempre a capacidade de resposta versus as novas limitações de produto. A nova fotografia digital acaba por dar hipótese de todo o processo fotográfico ser mais célere, sendo que existe um novo profissional a acompanhar as sessões fotográficas: o Operador Digital, que acaba por ajudar o fotografo e todos os profissionais envolvidos durante a sessão. Acabaram as Polaróides! O espectro de hipóteses de escolha e de soluções, é assim mais alargado para todos os intervenientes. As directrizes definidas pelos profissionais criativos das revistas acabam por ser as guias para como tudo vai funcionar. Consequentemente, todo o trabalho e a sua envolvência acaba por ser mais definido.


sybille walter e samuel driras Editores da revista Encens

Tendo em conta a evolução, a diversificação e a multiplicação da imprensa nesta área, como é lançar uma revista de moda na conjuntura do mercado actual e tendo em conta a diversidade de nichos que já foram ocupados nesse mesmo mercado? Como podemos entender a moda de amanhã através da imprensa? Como espelhar da mais pura forma os nomes que deram passos gigantescos no mundo das aparências? Lançar-se num projecto de revista significa interligar posições que são influenciadas pela necessidade de estar em cima de um ponto de vista independente, sem compromissos, trabalhando sobre um repertório que cada revista tem que justificar de número para número. Lançar uma publicação na área da moda, criar uma linha editorial parece ser mais fácil hoje, por causa da diversidade possibilitada pela moda versus a variedade possibilitada pela fotografia... mas não. Assim como é difícil aprender uma nova língua, uma revista tem que polir a sua própria linguagem e as pessoas que dentro dela e para ela trabalham têm que falar nessa mesma sintaxe. Só que falar de estética e de força editorial é demasiado complexo para poder sumariar – acho que hoje em dia, a palavra de ordem é sucesso – aqueles que estão no topo querem manter-se no topo e vão fazer por isso.

isabel escaja Editora da moda

Quais são as principais diferenças entre o modo como se fotografava moda e o modo como se fotografa moda hoje em dia – em termos de layout, enquadramento e ambientes, importância dada à roupa e até a importância dada à modelo; A grande diferença é sem duvida, técnica, substituiu-se a película pelo digital... Como em qualquer titulo, na Marie Claire seguíamos um estilo, mas com alguma liberdade, e por vezes o ambiente ou a manequim, tinham mais força do que a roupa. Na Cosmopolitan, a roupa tinha um peso maior, pois era essa a posição da revista, mostrar e ensinar as leitoras a usarem aquilo que viam. Como mudou o papel do stylist, do fotógrafo e da modelo desde essa altura até agora? Quanto ao papel do stylist e fotógrafo, era muito mais interactivo, trabalhei com muitos fotógrafos que por vezes intervieram numa peça de roupa ou acessório, de modo a conseguir a melhor silhueta. Penso que hoje as manequins são mais intervenientes, quando são muito profissionais. sugerem poses e atitudes que sabem que podem contribuir para uma boa foto.


sybille walter e samuel driras Editores da revista Encens

Tendo em conta a evolução, a diversificação e a multiplicação da imprensa nesta área, como é lançar uma revista de moda na conjuntura do mercado actual e tendo em conta a diversidade de nichos que já foram ocupados nesse mesmo mercado? Como podemos entender a moda de amanhã através da imprensa? Como espelhar da mais pura forma os nomes que deram passos gigantescos no mundo das aparências? Lançar-se num projecto de revista significa interligar posições que são influenciadas pela necessidade de estar em cima de um ponto de vista independente, sem compromissos, trabalhando sobre um repertório que cada revista tem que justificar de número para número. Lançar uma publicação na área da moda, criar uma linha editorial parece ser mais fácil hoje, por causa da diversidade possibilitada pela moda versus a variedade possibilitada pela fotografia... mas não. Assim como é difícil aprender uma nova língua, uma revista tem que polir a sua própria linguagem e as pessoas que dentro dela e para ela trabalham têm que falar nessa mesma sintaxe. Só que falar de estética e de força editorial é demasiado complexo para poder sumariar – acho que hoje em dia, a palavra de ordem é sucesso – aqueles que estão no topo querem manter-se no topo e vão fazer por isso.

isabel escaja Editora da moda

Quais são as principais diferenças entre o modo como se fotografava moda e o modo como se fotografa moda hoje em dia – em termos de layout, enquadramento e ambientes, importância dada à roupa e até a importância dada à modelo; A grande diferença é sem duvida, técnica, substituiu-se a película pelo digital... Como em qualquer titulo, na Marie Claire seguíamos um estilo, mas com alguma liberdade, e por vezes o ambiente ou a manequim, tinham mais força do que a roupa. Na Cosmopolitan, a roupa tinha um peso maior, pois era essa a posição da revista, mostrar e ensinar as leitoras a usarem aquilo que viam. Como mudou o papel do stylist, do fotógrafo e da modelo desde essa altura até agora? Quanto ao papel do stylist e fotógrafo, era muito mais interactivo, trabalhei com muitos fotógrafos que por vezes intervieram numa peça de roupa ou acessório, de modo a conseguir a melhor silhueta. Penso que hoje as manequins são mais intervenientes, quando são muito profissionais. sugerem poses e atitudes que sabem que podem contribuir para uma boa foto.


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preppys, sloanes e b estilos de vida

por Patrícia Boto Cruz Preppys, nos Estados Unidos, Sloanes em Inglaterra e BCBG, em França, eram termos que nos anos oitenta identificavam os jovens que faziam da educação e da elegância um modo de vida. Uma elite que com todas as características das famílias tradicionais se levava muito a sério. Os Preppys eram conservadores, por legado e depois por vontade própria e tinham por objectivo continuar as opções dos seus pais, em tempos idos também eles Preppys. A expressão decorria de “preparatory school”, o grau de ensino que precedia a Universidade e que era cumprido nas melhores escolas. Estava em causa um grupo grande de pessoas que se exigia a melhor formação, fosse para ir trabalhar para a próspera empresa do pai, fosse para ser convidado para os mais disputados lugares do mercado de trabalho. Competitivos e ambiciosos, eles saiam directos das faculdades para prestigiadas sociedades de advogados, grupos financeiros, negócios de imobiliário ou arte. Enquanto consolidavam as heranças de família, ocupavam lugares de destaque e posição social. Às raparigas, conhecidas por serem anti-intelectuais, desculpava-se que não tirassem um curso exigente e que só temporariamente fizessem trabalhos de secretariado ou em infantários. É que, se o propósito era mesmo casar, bastava ir entretendo com cursos de cozinha ou costura. Durante a semana viviam saudavelmente nos bairros nobres da cidade, onde contribuíam para a vida da comunidade, em actividades da igreja e voluntariado. Os fins-de-semana passavam-se em mansões no campo, onde se privilegiava o estar em família e os

desportos de ar livre. Era esta vida de clã que lhes ditava o modo de falar, erudito e muito próprio, e a aparência irrepreensível. Também a tradição e os bons costumes mandavam que a imagem fosse séria e sóbria. Fundamentalmente, distinta. O guarda-roupa, farto, juntava o formal e o desporto. Apesar de novos, preferiam peças intemporais, nos cortes e materiais, ao invés de seguir “as modas”. Os rapazes usavam camisas Oxford, blazers de botões dourados os mocassins. Consoante a actividade desportiva ou o hobby praticados, havia Preppys nas variantes campino, golf e maresia. Ou seja, os de casacos Barbour ensebados com forro de xadrez, botas de montar, chapéus de fazenda e muito bridão. Os das calças de pinças, pólos e pullovers de caxemira. E os de sapatos de vela e camisolas de riscas azuis e brancas. Para um look mais descontraído, levantavam-se as golas por baixo de camisolas de cores vivas aos ombros (com o habitual nó à frente). Ao armário Ralph Laurent, Lacoste e Fred Perry, juntavam as franjas em grandes popas, qual George Michael na fase “Wham”. Elas apareciam, com parte do equipamento de equitação ou ténis (lá está), combinado com padrões discretos de losangos ou quadrados. Obviamente que o look era rematado com acessórios muito “dignos”, a saber: lenços, carteiras e sabrinas Hermès, brincos e colares de pérolas. O cabelo sempre bem penteado, era preso por fitas ou apanhado em rabo-de-cavalo. A maquilhagem e as unhas só podiam ser em cores neutras e os perfumes suaves. A todos era comum a postura física correcta e o ar fresco de quem acabou agora de sair do banho.

Optimistas e muito sociáveis, privavam com membros de outras “boas famílias”, sendo que os namoros saiam dos bailes de debutantes. No fundo, tratava-se de meninos e meninas prodígio que asseguravam uma genealogia perfeita. Já nasciam preparados para constituir ranchinhos de filhos, aos quais não faltavam os cães. A isto somado os jipes para passear na quinta e tínhamos a imagem da família perfeita. As férias eram na neve, em regatas ou caçadas. Contudo, não falavam de dinheiro ou marcas ou carros, pois os indicadores de riqueza deviam ser subliminares. O que deviam comer, beber e comprar ou que lugares frequentar estava reunido na bíblia, “The Official Preppy Handbook”. Mais conhecida ficou a versão deste livro para a classe jovem alta de Inglaterra: “The Official Sloane Ranger Handbook”. Escrito por Ann Barr, editora da “Harpers & Queen” e pelo jornalista de moda Peter York, em 1982, tinha na capa uma moldura com a fotografia da princesa Diana. Esta era, aliás, “o exemplo” a seguir, pela imagem tímida e discreta. Como subtítulo constava do livro “o primeiro guia para o que realmente importa na vida”. E o que importava na vida não era mais que o dress code, o nome dos ascendentes, as escolas e os comportamentos previsíveis. Já o que não lhes caía tão bem era, por exemplo, chorar em funerais e não comer geleia de garfo. O sucesso explicou-se por agradar a Sloanes, que dele faziam um guia de etiqueta, a aspirantes a Sloanes que o usaram para copiar este estilo e a não Sloanes que o encaravam como retrato humorístico daquele grupo. O êxito das vendas durante ano e meio,

levou a um segundo livro da mesma natureza, tendo sido pensado um filme que não chegou a ser feito. Por falar em filmes, Charlie Sheen em “Wall Street” e Sarah Jessica Parker em “Girls Just Wanna Have Fun” explicavam bem a imagem desta juventude cor- derosa. Mas o retrato mais fiel desta geração foi “Alex Keaton” (Michael J. Fox), o narcísico sobredotado da série “Laços de família” (tanta saudade). O nome, “Sloane Ranger”, resultou da junção de Sloan Square (zona chic de Londres) e de “Lone Ranger” (série da televisão inglesa) e atribuía-se aos que sonhavam ser iguais aos membros da família real. Aos Sloanes do Reino Unido acrescia serem convictamente patriotas e monárquicos, o que levava muitos, a seguir as carreiras do exército e da marinha. Acreditavam não só muito neles, como na sua importância no mundo. As BCBG (bon chic bon genre, ou bom estilo boa atitude), eram francesas de aspecto aristocrático que habitavam os bairros das embaixadas. Mais um grupo de meninas clássicas, que se vestiam muito tapadinhas e passeavam de sabrinas à laia de Catherine Hepburn num mercado de flores em Paris. Só até chegar o diplomata que as levaria na viagem à volta do mundo da “Vogue”. Em comum todos eles acreditavam que precisavam do ar lustroso e de nem um fio de cabelo desalinhado para serem levados (ainda mais) a sério. Mas, as vidas de filme nem sempre lhes garantiam realização pessoal. Por outro lado, as heranças foram ficando incertas, os rapazes cansaram-se da empresa do pai e as meninas cansaram-se de esperar por eles. Sloanes e Preppys fizeram-se à vida.

1

2

3

1 Sabrina, CAROLINA HERRERA / 2 Mocassins em pele, GANT / 3 Pólo LACOSTE / 4 Gravata, HERMÈS

4

5

6

5 Saco de golf, CAROLINA HERRERA / 6 Cardigan, LACOSTE / 7 Saco em pele HERMÈS

7


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preppys, sloanes e b estilos de vida

por Patrícia Boto Cruz Preppys, nos Estados Unidos, Sloanes em Inglaterra e BCBG, em França, eram termos que nos anos oitenta identificavam os jovens que faziam da educação e da elegância um modo de vida. Uma elite que com todas as características das famílias tradicionais se levava muito a sério. Os Preppys eram conservadores, por legado e depois por vontade própria e tinham por objectivo continuar as opções dos seus pais, em tempos idos também eles Preppys. A expressão decorria de “preparatory school”, o grau de ensino que precedia a Universidade e que era cumprido nas melhores escolas. Estava em causa um grupo grande de pessoas que se exigia a melhor formação, fosse para ir trabalhar para a próspera empresa do pai, fosse para ser convidado para os mais disputados lugares do mercado de trabalho. Competitivos e ambiciosos, eles saiam directos das faculdades para prestigiadas sociedades de advogados, grupos financeiros, negócios de imobiliário ou arte. Enquanto consolidavam as heranças de família, ocupavam lugares de destaque e posição social. Às raparigas, conhecidas por serem anti-intelectuais, desculpava-se que não tirassem um curso exigente e que só temporariamente fizessem trabalhos de secretariado ou em infantários. É que, se o propósito era mesmo casar, bastava ir entretendo com cursos de cozinha ou costura. Durante a semana viviam saudavelmente nos bairros nobres da cidade, onde contribuíam para a vida da comunidade, em actividades da igreja e voluntariado. Os fins-de-semana passavam-se em mansões no campo, onde se privilegiava o estar em família e os

desportos de ar livre. Era esta vida de clã que lhes ditava o modo de falar, erudito e muito próprio, e a aparência irrepreensível. Também a tradição e os bons costumes mandavam que a imagem fosse séria e sóbria. Fundamentalmente, distinta. O guarda-roupa, farto, juntava o formal e o desporto. Apesar de novos, preferiam peças intemporais, nos cortes e materiais, ao invés de seguir “as modas”. Os rapazes usavam camisas Oxford, blazers de botões dourados os mocassins. Consoante a actividade desportiva ou o hobby praticados, havia Preppys nas variantes campino, golf e maresia. Ou seja, os de casacos Barbour ensebados com forro de xadrez, botas de montar, chapéus de fazenda e muito bridão. Os das calças de pinças, pólos e pullovers de caxemira. E os de sapatos de vela e camisolas de riscas azuis e brancas. Para um look mais descontraído, levantavam-se as golas por baixo de camisolas de cores vivas aos ombros (com o habitual nó à frente). Ao armário Ralph Laurent, Lacoste e Fred Perry, juntavam as franjas em grandes popas, qual George Michael na fase “Wham”. Elas apareciam, com parte do equipamento de equitação ou ténis (lá está), combinado com padrões discretos de losangos ou quadrados. Obviamente que o look era rematado com acessórios muito “dignos”, a saber: lenços, carteiras e sabrinas Hermès, brincos e colares de pérolas. O cabelo sempre bem penteado, era preso por fitas ou apanhado em rabo-de-cavalo. A maquilhagem e as unhas só podiam ser em cores neutras e os perfumes suaves. A todos era comum a postura física correcta e o ar fresco de quem acabou agora de sair do banho.

Optimistas e muito sociáveis, privavam com membros de outras “boas famílias”, sendo que os namoros saiam dos bailes de debutantes. No fundo, tratava-se de meninos e meninas prodígio que asseguravam uma genealogia perfeita. Já nasciam preparados para constituir ranchinhos de filhos, aos quais não faltavam os cães. A isto somado os jipes para passear na quinta e tínhamos a imagem da família perfeita. As férias eram na neve, em regatas ou caçadas. Contudo, não falavam de dinheiro ou marcas ou carros, pois os indicadores de riqueza deviam ser subliminares. O que deviam comer, beber e comprar ou que lugares frequentar estava reunido na bíblia, “The Official Preppy Handbook”. Mais conhecida ficou a versão deste livro para a classe jovem alta de Inglaterra: “The Official Sloane Ranger Handbook”. Escrito por Ann Barr, editora da “Harpers & Queen” e pelo jornalista de moda Peter York, em 1982, tinha na capa uma moldura com a fotografia da princesa Diana. Esta era, aliás, “o exemplo” a seguir, pela imagem tímida e discreta. Como subtítulo constava do livro “o primeiro guia para o que realmente importa na vida”. E o que importava na vida não era mais que o dress code, o nome dos ascendentes, as escolas e os comportamentos previsíveis. Já o que não lhes caía tão bem era, por exemplo, chorar em funerais e não comer geleia de garfo. O sucesso explicou-se por agradar a Sloanes, que dele faziam um guia de etiqueta, a aspirantes a Sloanes que o usaram para copiar este estilo e a não Sloanes que o encaravam como retrato humorístico daquele grupo. O êxito das vendas durante ano e meio,

levou a um segundo livro da mesma natureza, tendo sido pensado um filme que não chegou a ser feito. Por falar em filmes, Charlie Sheen em “Wall Street” e Sarah Jessica Parker em “Girls Just Wanna Have Fun” explicavam bem a imagem desta juventude cor- derosa. Mas o retrato mais fiel desta geração foi “Alex Keaton” (Michael J. Fox), o narcísico sobredotado da série “Laços de família” (tanta saudade). O nome, “Sloane Ranger”, resultou da junção de Sloan Square (zona chic de Londres) e de “Lone Ranger” (série da televisão inglesa) e atribuía-se aos que sonhavam ser iguais aos membros da família real. Aos Sloanes do Reino Unido acrescia serem convictamente patriotas e monárquicos, o que levava muitos, a seguir as carreiras do exército e da marinha. Acreditavam não só muito neles, como na sua importância no mundo. As BCBG (bon chic bon genre, ou bom estilo boa atitude), eram francesas de aspecto aristocrático que habitavam os bairros das embaixadas. Mais um grupo de meninas clássicas, que se vestiam muito tapadinhas e passeavam de sabrinas à laia de Catherine Hepburn num mercado de flores em Paris. Só até chegar o diplomata que as levaria na viagem à volta do mundo da “Vogue”. Em comum todos eles acreditavam que precisavam do ar lustroso e de nem um fio de cabelo desalinhado para serem levados (ainda mais) a sério. Mas, as vidas de filme nem sempre lhes garantiam realização pessoal. Por outro lado, as heranças foram ficando incertas, os rapazes cansaram-se da empresa do pai e as meninas cansaram-se de esperar por eles. Sloanes e Preppys fizeram-se à vida.

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1 Sabrina, CAROLINA HERRERA / 2 Mocassins em pele, GANT / 3 Pólo LACOSTE / 4 Gravata, HERMÈS

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5 Saco de golf, CAROLINA HERRERA / 6 Cardigan, LACOSTE / 7 Saco em pele HERMÈS

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anna piaggi Fragmentos, Momentos e Moda Viva por Ana Rita Clara Quando falamos de Anna Piaggi focamos uma referência no universo da Moda. Digerimos um look elevado ao status da instalação viva, da arte que anda, que posa, escreve, detona, promove, inventa, cria. Idolatrada por muitos, verdadeiro ícone de estilo, Anna Piaggi declara para si legitimamente o título de referência mundial da Moda e do sentido estético, desfilando pelos corredores da área criativa sem deixar ninguém indiferente há mais de 30 décadas. O seu trabalho espelha dedicação numa escrita crítica e incisiva, sempre acompanhada pela sua máquina de escrever manual encarnada Olivetti, da autoria do seu grande amigo Ettore Sottsass, para as principais páginas das revistas Vanity (1980) e Vogue Itália. Dona de um estilo inconfundível, exuberante, ecléctico e único, assumiu desde cedo a sua grande paixão por acessórios dramáticos, com que decora o seu guarda-roupa, pelos excêntricos chapéus, vestidos de alta costura (cerca de 3000 vestidos na sua colecção privada), 265 pares de sapatos... A sua autoridade e influência na indústria assume contornos para ser inclusive apelidada por Manolo Blahnik como “The Worlds Last Great Authority on Froks”. Denominações e seguidores não faltam a Anna Piaggi, tendo sido um dos alvos preferidos da objectiva de Karl Lagerfeld, musa do designer de chapéus britânico Stephen Jones e homenageada no ano de 2006 no “Victoria and Albert Museum” na exposição “FashionOlogy”, com cerca de 4000 visitantes por semana. Foi igualmente nesta exposição que a editora de moda transformou o espaço em seu, moldando-o às suas medidas e exibindo todas as peças e colecções que adquiriu ao longo da carreira. Os momentos e criações estiveram separados por denominações. “Anna e a Vogue”, “Anna e o seu marido”, foram alguns dos aspectos e fragmentos da mulher-artista. Gravuras, fotografias (retratos tirados por David Bailey nos anos 70 e 80), anotações em desfiles e objectos decorativos que fazem parte da sua vida nesta exposição-partilha. Considerada pela dupla Dolce&Gabbana como uma lufada de ar fresco, uma referência que transpira excentricidade, inspira, motiva colecções e personagens da Moda. Assumiu uma profunda admiração por Vivienne Westwood, ou não se tratasse esta de uma das mais conceituadas criadoras britânicas, que nunca perdeu a identidade e sobretudo procurou que as suas escolhas transpirassem uma determinada mensagem, uma manifestação na primeira voz sobre o que a rodeia, sobre as suas realidades. Quando falamos de personalidades desta dimensão, falamos de mortais que se insurgem contra a normalidade, falamos daqueles que mais do que qualquer outro pressuposto não pretendem que a normalidade lhes invada as vidas. Casou-se com o aclamado fotógrafo Alfa Castaldi, com quem trabalhou em conjunto até ao seu falecimento em

1995. Durante muito tempo movimentou-se entre Londres e Nova Iorque, mas encantou-se pela cidade milanesa e é lá que reside actualmente. Num apartamento rodeada pelo aroma doce de um Chanel nº 5 e sons que respiram natureza, árvores, desde a varanda. Personagem das histórias que cria com as suas criativas escolhas, elevou a Vogue Itália a instituição suprema sobre a indústria com o espaço onde se encontram mensalmente as suas “DP” (“Doppie Pagine” - duplas páginas), que se tornaram no verdadeiro motivo para a aquisição da magazine. Liberdade e inspiração desvendam uma particular capacidade de exorcizar ideias, que podem desvendar um pequeno detalhe encontrado por Anna Piaggi num desfile de alta-costura, como uma edição dedicada a alfinetes de peito, pensamentos sobre cores, palavras, um animal, um graffiti do Metro de Paris… Um qualquer pormenor poderá ser alvo da atenção desta editora que não se coíbe de fazer referência ao que lhe apetece e ao que sobretudo destaca de mais relevante. A capacidade de criar tendências acompanha todo o seu estilo e forma de estar e talvez por isso se mantenha tão consistente e fundamental a sua presença na primeira fila dos principais desfiles. Mas todos nos confessamos devotos e assumimos que se assim também não fosse ou não existisse Anna Piaggi, a Moda como a conhecemos não seria um exemplar motor de mudança…

Ilustração: João gonçalves


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anna piaggi Fragmentos, Momentos e Moda Viva por Ana Rita Clara Quando falamos de Anna Piaggi focamos uma referência no universo da Moda. Digerimos um look elevado ao status da instalação viva, da arte que anda, que posa, escreve, detona, promove, inventa, cria. Idolatrada por muitos, verdadeiro ícone de estilo, Anna Piaggi declara para si legitimamente o título de referência mundial da Moda e do sentido estético, desfilando pelos corredores da área criativa sem deixar ninguém indiferente há mais de 30 décadas. O seu trabalho espelha dedicação numa escrita crítica e incisiva, sempre acompanhada pela sua máquina de escrever manual encarnada Olivetti, da autoria do seu grande amigo Ettore Sottsass, para as principais páginas das revistas Vanity (1980) e Vogue Itália. Dona de um estilo inconfundível, exuberante, ecléctico e único, assumiu desde cedo a sua grande paixão por acessórios dramáticos, com que decora o seu guarda-roupa, pelos excêntricos chapéus, vestidos de alta costura (cerca de 3000 vestidos na sua colecção privada), 265 pares de sapatos... A sua autoridade e influência na indústria assume contornos para ser inclusive apelidada por Manolo Blahnik como “The Worlds Last Great Authority on Froks”. Denominações e seguidores não faltam a Anna Piaggi, tendo sido um dos alvos preferidos da objectiva de Karl Lagerfeld, musa do designer de chapéus britânico Stephen Jones e homenageada no ano de 2006 no “Victoria and Albert Museum” na exposição “FashionOlogy”, com cerca de 4000 visitantes por semana. Foi igualmente nesta exposição que a editora de moda transformou o espaço em seu, moldando-o às suas medidas e exibindo todas as peças e colecções que adquiriu ao longo da carreira. Os momentos e criações estiveram separados por denominações. “Anna e a Vogue”, “Anna e o seu marido”, foram alguns dos aspectos e fragmentos da mulher-artista. Gravuras, fotografias (retratos tirados por David Bailey nos anos 70 e 80), anotações em desfiles e objectos decorativos que fazem parte da sua vida nesta exposição-partilha. Considerada pela dupla Dolce&Gabbana como uma lufada de ar fresco, uma referência que transpira excentricidade, inspira, motiva colecções e personagens da Moda. Assumiu uma profunda admiração por Vivienne Westwood, ou não se tratasse esta de uma das mais conceituadas criadoras britânicas, que nunca perdeu a identidade e sobretudo procurou que as suas escolhas transpirassem uma determinada mensagem, uma manifestação na primeira voz sobre o que a rodeia, sobre as suas realidades. Quando falamos de personalidades desta dimensão, falamos de mortais que se insurgem contra a normalidade, falamos daqueles que mais do que qualquer outro pressuposto não pretendem que a normalidade lhes invada as vidas. Casou-se com o aclamado fotógrafo Alfa Castaldi, com quem trabalhou em conjunto até ao seu falecimento em

1995. Durante muito tempo movimentou-se entre Londres e Nova Iorque, mas encantou-se pela cidade milanesa e é lá que reside actualmente. Num apartamento rodeada pelo aroma doce de um Chanel nº 5 e sons que respiram natureza, árvores, desde a varanda. Personagem das histórias que cria com as suas criativas escolhas, elevou a Vogue Itália a instituição suprema sobre a indústria com o espaço onde se encontram mensalmente as suas “DP” (“Doppie Pagine” - duplas páginas), que se tornaram no verdadeiro motivo para a aquisição da magazine. Liberdade e inspiração desvendam uma particular capacidade de exorcizar ideias, que podem desvendar um pequeno detalhe encontrado por Anna Piaggi num desfile de alta-costura, como uma edição dedicada a alfinetes de peito, pensamentos sobre cores, palavras, um animal, um graffiti do Metro de Paris… Um qualquer pormenor poderá ser alvo da atenção desta editora que não se coíbe de fazer referência ao que lhe apetece e ao que sobretudo destaca de mais relevante. A capacidade de criar tendências acompanha todo o seu estilo e forma de estar e talvez por isso se mantenha tão consistente e fundamental a sua presença na primeira fila dos principais desfiles. Mas todos nos confessamos devotos e assumimos que se assim também não fosse ou não existisse Anna Piaggi, a Moda como a conhecemos não seria um exemplar motor de mudança…

Ilustração: João gonçalves


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fabien baron Revolução Francesa por Brígida Ribeiros Fabien Baron é director criativo, o título mais cobiçado da década de 1990, e o nome por detrás da criação do frasco para o perfume unisexo CK One, de Calvin Klein, lançado em 1994. Trata-se de um dos mais influentes criadores de imagens de moda contemporâneas, frequentemente icónicas. Trabalhou para os mestres do minimalismo e da simplicidade cara e marcou a moda desse período. É francês (Antony, 1959) e o único Baron da bem sucedida Baron & Baron Inc. que criou em 1990. Sedeada em Nova Iorque, cidade para onde se mudou em 1982, a sua empresa tem um impressionante portfólio em definição e construção de marcas de moda, produzindo sob a direcção de Baron campanhas de comunicação consistentes, desde a identidade corporativa, à embalagem até às campanhas de publicidade de vestuário, cosméticos e perfumaria, quer para televisão quer para imprensa, que Baron desenvolve em paralelo com o trabalho editorial. Contam-se entre os seus clientes Balenciaga, Burberry, Calvin Klein, Dolce & Gabbana, Helmut Lang, Jil Sander, Miu Miu, Nars e Viktor & Rolf. Baron estudou um ano na École des Arts Appliqués de Paris. Na adolescência assistiu pela 1ª vez a um desfile, enquanto assistente de um fotógrafo, num desfile de Yves Saint Laurent. Trabalhou com o seu pai, artista gráfico e director artístico de diversos jornais franceses, nomeadamente no jornal L´Équipe. Já em Nova Iorque trabalhou em campanhas para os armazéns Barneys, e nas revistas Self, GQ e New York Woman. Em 1988, a Condé Nast contratou-o para redefinir o design da Vogue Itália, sob a direcção da editora Franca Sozzani. Um ano e meio depois regressou a Nova Iorque e para trabalhar no renascimento da Interview, comprada em 1989 pela Brant Publications aos herdeiros de Andy Warhol, ocupando a direcção criativa durante 5 meses. Em 1992 fez, com Steven Meisel o livro “Sex” de Madonna , para quem realizou o vídeo Erotica. Nesse mesmo ano tornou-se director criativo da Harper´s Bazaar, trabalhando com a editora Liz Tilberis ex-editora da Vogue Britânica. O primeiro número da Harper´s Bazaar sob a sua direcção criativa, de Setembro de 1992 proclamava na capa a “Era da Elegância”. No seu projecto gráfico para a Harper´s Bazaar abundam referências às criações tipográficas e espaciais de Alexey Brodovitch (1898-1971), director artístico da mesma revista entre 1934 e 1958. Brodovitch, na Harper´s Bazaar e o seu concorrente Alexander Liberman na Vogue americana definiram o modelo

de revista de moda que ainda hoje consumimos e da consideração que os directores, criativos ou artísticos desfrutam desde então. Baron criou para a Harper´s Bazaar um visual, uma identidade gráfica, limpa, clara, moderna e elegante tornando-a “ a mais bela revista de moda do mundo”. Nesta publicação aliou imagens e grafismos em layouts tipograficamente ousados, combinando clássico e contemporâneo. Este trabalho valeu-lhe inúmeros prémios, nomeadamente o de Excelência no Design e Fotografia da American Society of Magazine Editors e da Society of Publication Designers. Em 1994 foi-lhe atribuído um prémio especial pela sua influência na direcção artística pelo Council of Fashion Designers of America. A Harper´s Bazaar manteve o projecto gráfico de Fabien Baron até à morte de Liz Tilberis em 1999 vítima de cancro nos ovários. Com o seu trabalho na área da perfumaria, da qual advêm boa parte dos lucros da indústria da moda, arrecadou diversos Fifi Design Awards, os “Óscares” da perfumaria, atribuídos pela Frangance Foundation. L´Eau d´Issey, cuja embalagem concebeu, tornou-se um grande sucesso comercial. O trabalho de Baron nesta área caracteriza-se pela clareza, simplicidade e limpidez. Já o seu 1 Campanha de ARMANI Cosmetics / 2 Campanha de perfume Flower Bomb de VIKTOR&ROLF


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fabien baron Revolução Francesa por Brígida Ribeiros Fabien Baron é director criativo, o título mais cobiçado da década de 1990, e o nome por detrás da criação do frasco para o perfume unisexo CK One, de Calvin Klein, lançado em 1994. Trata-se de um dos mais influentes criadores de imagens de moda contemporâneas, frequentemente icónicas. Trabalhou para os mestres do minimalismo e da simplicidade cara e marcou a moda desse período. É francês (Antony, 1959) e o único Baron da bem sucedida Baron & Baron Inc. que criou em 1990. Sedeada em Nova Iorque, cidade para onde se mudou em 1982, a sua empresa tem um impressionante portfólio em definição e construção de marcas de moda, produzindo sob a direcção de Baron campanhas de comunicação consistentes, desde a identidade corporativa, à embalagem até às campanhas de publicidade de vestuário, cosméticos e perfumaria, quer para televisão quer para imprensa, que Baron desenvolve em paralelo com o trabalho editorial. Contam-se entre os seus clientes Balenciaga, Burberry, Calvin Klein, Dolce & Gabbana, Helmut Lang, Jil Sander, Miu Miu, Nars e Viktor & Rolf. Baron estudou um ano na École des Arts Appliqués de Paris. Na adolescência assistiu pela 1ª vez a um desfile, enquanto assistente de um fotógrafo, num desfile de Yves Saint Laurent. Trabalhou com o seu pai, artista gráfico e director artístico de diversos jornais franceses, nomeadamente no jornal L´Équipe. Já em Nova Iorque trabalhou em campanhas para os armazéns Barneys, e nas revistas Self, GQ e New York Woman. Em 1988, a Condé Nast contratou-o para redefinir o design da Vogue Itália, sob a direcção da editora Franca Sozzani. Um ano e meio depois regressou a Nova Iorque e para trabalhar no renascimento da Interview, comprada em 1989 pela Brant Publications aos herdeiros de Andy Warhol, ocupando a direcção criativa durante 5 meses. Em 1992 fez, com Steven Meisel o livro “Sex” de Madonna , para quem realizou o vídeo Erotica. Nesse mesmo ano tornou-se director criativo da Harper´s Bazaar, trabalhando com a editora Liz Tilberis ex-editora da Vogue Britânica. O primeiro número da Harper´s Bazaar sob a sua direcção criativa, de Setembro de 1992 proclamava na capa a “Era da Elegância”. No seu projecto gráfico para a Harper´s Bazaar abundam referências às criações tipográficas e espaciais de Alexey Brodovitch (1898-1971), director artístico da mesma revista entre 1934 e 1958. Brodovitch, na Harper´s Bazaar e o seu concorrente Alexander Liberman na Vogue americana definiram o modelo

de revista de moda que ainda hoje consumimos e da consideração que os directores, criativos ou artísticos desfrutam desde então. Baron criou para a Harper´s Bazaar um visual, uma identidade gráfica, limpa, clara, moderna e elegante tornando-a “ a mais bela revista de moda do mundo”. Nesta publicação aliou imagens e grafismos em layouts tipograficamente ousados, combinando clássico e contemporâneo. Este trabalho valeu-lhe inúmeros prémios, nomeadamente o de Excelência no Design e Fotografia da American Society of Magazine Editors e da Society of Publication Designers. Em 1994 foi-lhe atribuído um prémio especial pela sua influência na direcção artística pelo Council of Fashion Designers of America. A Harper´s Bazaar manteve o projecto gráfico de Fabien Baron até à morte de Liz Tilberis em 1999 vítima de cancro nos ovários. Com o seu trabalho na área da perfumaria, da qual advêm boa parte dos lucros da indústria da moda, arrecadou diversos Fifi Design Awards, os “Óscares” da perfumaria, atribuídos pela Frangance Foundation. L´Eau d´Issey, cuja embalagem concebeu, tornou-se um grande sucesso comercial. O trabalho de Baron nesta área caracteriza-se pela clareza, simplicidade e limpidez. Já o seu 1 Campanha de ARMANI Cosmetics / 2 Campanha de perfume Flower Bomb de VIKTOR&ROLF


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trabalho editorial é caracterizado pela ênfase dada à tipografia, com letras oversize, tipos de letra contrastantes, tomando os caracteres como formas visuais expressivas, sempre com elegância, sofisticação e audácia. Entre 2000 e 2002 Fabien Baron enveredou por um novo caminho, assumiu o cargo de editor-chefe e director de design da revista inglesa de moda masculina Arena Homme Plus (A+). Para esta publicação semestral dirigiu imagens provocadoras e chocantes, mais influenciadas pela “rua” e distante do classicismo do trabalho de Baron para outras revistas de moda, mas presente em algumas campanhas publicitárias que dirigiu na década anterior, mantendo no entanto o carácter inovador e sofisticado. Nesta revista foram também publicadas fotografias de moda suas. De volta à moda feminina, tornou-se em Julho de 2003 director criativo da Vogue Paris trabalhando com Carine Roitfeld, editora-chefe que substituiu Joan Juliet Buck em Janeiro de 2001. Para o primeiro número sob a sua direcção criativa, de Dezembro/Janeiro 2003/2004 definiu uma revista onde proliferam áreas de espaços brancos, utilização do retrato, combinando tipografia e rectângulos negros, equilíbrio e sofisticação. Em Janeiro de 2008 foi anunciada a escolha de

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3 VOGUE PARIS nº 845 Março 2004. Kate Moss fotografada por David Sims; Realização: Joe McKenna assistido por Michael Philouze; Maquilhagem: Lisa Houghton; Cabelos: Guido / 4 VOGUE PARIS nº 845 Março 2004. Fotografia: David Sims; Styling (réalisation no original): Joe McKenna assistido por Michael Philouze; Maquilhagem: Lisa Houghton; Cabelos: Guido / 5 HARPER’S BAZAAR, Fevereiro 1995. fotografia: Raymond Meier / 6 HARPER’S BAZAAR, Junho 1998. Editora de Moda: Elissa Santisi; Fotografia: Raymond Meier

Baron para a co-direcção editorial da Brant Publications, detentora das revistas Interview, Art in America e The Magazine Antiques. O regresso de Baron à Interview, desta vez como director editorial com Glenn O´Brien, com que tinha trabalhado no relançamento da mesma revista em 1990, marcou a edição de Maio desse ano. Seguiram-se mais 2 edições, que serviram de aquecimento para o número de Setembro, com novo tamanho, novo papel e novo grafismo. Nessa edição Kate Moss faz a capa e é entrevistada e pasme-se, Martin Margiela dá a primeira entrevista em 10 anos. Segundo o Women´s Wear Daily, Fabien Baron e Karl Templer (director criativo da revista) deixaram recentemente a Brant Publications e logo, a Interview. O último número será o de Março deste ano. Correm rumores que poderão criar uma nova revista… O que Baron faz magistralmente? Cria imagens que reflectem o seu tempo, despertam desejos, emoções e reacções. Para além da direcção criativa, Fabien Baron tem-se também dedicado à fotografia, design de livros, design de acessórios e de mobiliário, mas afirma ter “nascido para os jornais e revistas”, reconhecendo ser este o seu tendão de Aquiles. Que revista se segue Sr. Baron?

7 Arena Homme Plus, nº 11 Primavera/Verão 1999. Fotografia: Fabien Baron / 8- VOGUE PARIS nº 865 Março 2006. Fotografia: David Sims; Styling (réalisation no original): Joe McKenna assistido por Michael Philouze; Cabelos: Didier Malige para Frédéric Fekkai; Maquilhagem: Stéphane Marais / 9 HARPER’S BAZAAR, Junho 1998. Editora de Moda: Elissa Santisi; Fotografia: Raymond Meier / 10 HARPER’S BAZAAR, Junho 1998. Bridget Hall fotografada por Wayne Maser; Editora de Moda: Tonne Goodman; Cabelos: Louis Angelo para Garren New York; Maquilhagem: Bridget ReissAndersen; Manicura: Bernadette Thompson

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trabalho editorial é caracterizado pela ênfase dada à tipografia, com letras oversize, tipos de letra contrastantes, tomando os caracteres como formas visuais expressivas, sempre com elegância, sofisticação e audácia. Entre 2000 e 2002 Fabien Baron enveredou por um novo caminho, assumiu o cargo de editor-chefe e director de design da revista inglesa de moda masculina Arena Homme Plus (A+). Para esta publicação semestral dirigiu imagens provocadoras e chocantes, mais influenciadas pela “rua” e distante do classicismo do trabalho de Baron para outras revistas de moda, mas presente em algumas campanhas publicitárias que dirigiu na década anterior, mantendo no entanto o carácter inovador e sofisticado. Nesta revista foram também publicadas fotografias de moda suas. De volta à moda feminina, tornou-se em Julho de 2003 director criativo da Vogue Paris trabalhando com Carine Roitfeld, editora-chefe que substituiu Joan Juliet Buck em Janeiro de 2001. Para o primeiro número sob a sua direcção criativa, de Dezembro/Janeiro 2003/2004 definiu uma revista onde proliferam áreas de espaços brancos, utilização do retrato, combinando tipografia e rectângulos negros, equilíbrio e sofisticação. Em Janeiro de 2008 foi anunciada a escolha de

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3 VOGUE PARIS nº 845 Março 2004. Kate Moss fotografada por David Sims; Realização: Joe McKenna assistido por Michael Philouze; Maquilhagem: Lisa Houghton; Cabelos: Guido / 4 VOGUE PARIS nº 845 Março 2004. Fotografia: David Sims; Styling (réalisation no original): Joe McKenna assistido por Michael Philouze; Maquilhagem: Lisa Houghton; Cabelos: Guido / 5 HARPER’S BAZAAR, Fevereiro 1995. fotografia: Raymond Meier / 6 HARPER’S BAZAAR, Junho 1998. Editora de Moda: Elissa Santisi; Fotografia: Raymond Meier

Baron para a co-direcção editorial da Brant Publications, detentora das revistas Interview, Art in America e The Magazine Antiques. O regresso de Baron à Interview, desta vez como director editorial com Glenn O´Brien, com que tinha trabalhado no relançamento da mesma revista em 1990, marcou a edição de Maio desse ano. Seguiram-se mais 2 edições, que serviram de aquecimento para o número de Setembro, com novo tamanho, novo papel e novo grafismo. Nessa edição Kate Moss faz a capa e é entrevistada e pasme-se, Martin Margiela dá a primeira entrevista em 10 anos. Segundo o Women´s Wear Daily, Fabien Baron e Karl Templer (director criativo da revista) deixaram recentemente a Brant Publications e logo, a Interview. O último número será o de Março deste ano. Correm rumores que poderão criar uma nova revista… O que Baron faz magistralmente? Cria imagens que reflectem o seu tempo, despertam desejos, emoções e reacções. Para além da direcção criativa, Fabien Baron tem-se também dedicado à fotografia, design de livros, design de acessórios e de mobiliário, mas afirma ter “nascido para os jornais e revistas”, reconhecendo ser este o seu tendão de Aquiles. Que revista se segue Sr. Baron?

7 Arena Homme Plus, nº 11 Primavera/Verão 1999. Fotografia: Fabien Baron / 8- VOGUE PARIS nº 865 Março 2006. Fotografia: David Sims; Styling (réalisation no original): Joe McKenna assistido por Michael Philouze; Cabelos: Didier Malige para Frédéric Fekkai; Maquilhagem: Stéphane Marais / 9 HARPER’S BAZAAR, Junho 1998. Editora de Moda: Elissa Santisi; Fotografia: Raymond Meier / 10 HARPER’S BAZAAR, Junho 1998. Bridget Hall fotografada por Wayne Maser; Editora de Moda: Tonne Goodman; Cabelos: Louis Angelo para Garren New York; Maquilhagem: Bridget ReissAndersen; Manicura: Bernadette Thompson

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plus por Chiara Vecchio Matthew Williamson para H&M Matthew Williamson é o criador convidado pela H&M para desenhar mais uma linha de autor da marca que estará disponível a partir de 23 de Abril em todas as lojas H&M. Os padrões e variedade de cores, inspirados nas peças mais marcantes do seu percurso criativo são a chave desta colecção. “Tem sido fascinante o trabalho de pesquisa nos meus arquivos para isolar as peças mais icónicas das colecções e depois trabalhá-las de novo para a H&M”, declara Williamson, e o resultado é uma colecção feita de cores brilhantes, estampados ousados e estruturas definidas. Não podia faltar na selecção de Williamson para H&M o estampado do pavão, que reúne tudo o que mais caracteriza o eclético designer: cores vivas e padrões sofisticados: “Foquei-me no motivo icónico do pavão, presente em muitas das minhas colecções, para elaborar uma paleta de azuis, amarelo chartreuse e tons de esmeralda”, refere o criador. O ano de 2009 vai ser memorável para o ex-criativo da casa Pucci que apresenta igualmente uma colecção completa de Verão para homem, marcando assim a sua entrada na moda masculina. www.mude.pt Matthew Williamson com modelo Veronika Fasinova vestida por Matthew Williamson para H&M. Fotografado por: Magnus Magnusson

Tributo a Stephen Sprouse Cinco anos após a morte prematura do artista americano Stephen Sprouse, foi inaugurada no passado dia 9 de Janeiro a exposição “Rock on Mars” na Deitch Gallery de Nova Iorque, completamente dedicada ao criador e artista pop. Stephen Sprouse, que junto de Andy Wahrol e Keith Haring, marcou o panorama artístico dos anos 80, tornou-se também ícone no mundo da moda, quando em 2001 foi convidado por Marc Jacobs para renovar as veneráveis carteiras monogramadas Louis Vuitton com o uso da própria arte. “Convidei-o, basicamente, para desafiar este monograma icónico com os seus fabulosos graffitis, a fim de criar um novo monograma e uma nova maneira de promover a marca Louis Vuitton, que fosse simultaneamente irreverente e reverente”, declara Marc Jacobs. As peças assinadas por Sprouse foram um verdadeiro sucesso e caracterizaram um momento importante com a fusão das duas áreas, a moda e a arte Este ano, Marc Jacobs prestou homenagem a Sprouse, apresentando uma nova linha de acessórios e roupa de edição limitada da marca Vuitton baseada em Graffitis e estampagens de rosas, assinatura do artista, cujo espírito criativo continua a ser uma fonte de inspiração para uma inteira geração de designers.

ECO- FERRAGAMO A casa de Florença está desde 2007 envolvida na campanha de protecção do ambiente, criando colecções de sofisticadas carteiras em pleno estilo Ferragamo, mas realizadas com materiais completamente biodegradáveis. O processo de produção das carteiras eco é desenvolvido a partir do conceito de “metal free tanned leather”, que indica que o produto final é obtido sem recorrer a utilização de metal e substâncias contaminantes para o ambiente. A colecção Eco Ferragamo 2009 é constituida por carteiras de 5 tamanhos diferentes, desde a pequena tote até à maxi hobo, todas caracterizadas por um gancho em couro. As cores disponíveis são variadas; preto e castanho mas também nuances delicadas como o rosa e o amarelo, todas rigorosamente realizadas a partir de tintas vegetais. No interior, cada peça é forrada a cânhamo tecido à mão, que garante a resistência e a alta qualidade do acessório. Ferragamo confirma-nos que a eco tendência também conquistou moda, tornando-se uma fonte de inspiração para peças inovadoras. A colecção está disponível a partir desta primavera.

ITS#EIGHT: “The Greatest Show Of All” O ITS#eight, é a oitava edição do concurso organizado pela EVE que premia os jovens mais valiosos de três disciplinas, moda, acessórios e fotografia. A Diesel é mais uma vez patrocinador oficial da categoria ITS#FASHION, oferecendo ao vencedor o prémio Diesel Award de € 50.000 e a possibilidade de estagiar com a equipa criativa da Diesel na sua sede em Itália. As outras duas disciplinas, ITS#ACCESSORIES e ITS#PHOTO são patrocinadas respectivamente pela YKK e pela MINI. Vinte e cinco de Março de 2009 é a data limite de entrega dos trabalhos dos concorrentes, e em Julho, num espectáculo inspirado no tema “Carnaval”, entre acrobatas e mágicos, os melhores talentos serão julgados e os vencedores revelados. Para além dos prémios oferecidos pelos patrocinadores, serão atribuídos outros pelo ITS, entre os quais o Fashion Special Prize e o i-D Styling Award. O evento marcado para Julho vai ser um autentico Show onde se alternarão momentos de puro entretenimento a momentos onde os talentos poderão mostrar as próprias criações, e durante o espectáculo oito imagens dos projectos do último ano desenvolver-se-ão sob a forma de permanentes conceitos de criatividade e inspiração. www.itsweb.org

Fotografia de HARRI PECCINOTTI para LOUIS VUITTON

PUMA BY SERGIO ROSSI Hussein Chalayan, designer da Puma, escolheu Edmundo Castillo, criador da marca de luxo italiana Sérgio Rossi para reinventar o modelo Clyde, o mais famoso sneaker da história da Puma , numa forma elegante e requintada, mas sem perder a alma street. A colaboração entre a marca de sport lifestyle e a casa de luxo deu vida a uma colecção de edição limitada de sneakers em cetim de seda e com sola e salto em borracha, que inclui modelos lace up e mary jane, e que apresenta uma paleta de cores feminina e sensual; Envy (verde), Lolita (rosa), Bullitt (silver), Delovely (lavanda), Fabolous (Bouganville) e Speedy (preto). O novo conceito de sneaker proposto promete revolucionar o estatuto do calçado desportivo, tornando-o agora também sinónimo de elegância urbana.

Pump em cetim Puma by SERGIO ROSSI

L.E.N.Y para ajudar o planeta “Design for a cause and save the planet” é o lema do projecto e da marca L.E.N.Y., fundada por Mariel Gamboa com o objectivo de sensibilizar o mundo para a protecção do planeta. É graças ao contributo criativo de cada designer, ícone de moda ou celebridade que o projecto mantém-se vivo e alcança objectivos ambiciosos, como o actual desafio de juntar fundos para a associação de Al Gore “The Climate project”. O projecto de Al Gore tem o objectivo de informar e sensibilizar as pessoas e o sector industrial acerca do problema do aquecimento global do Planeta Terra. A voz dos criadores de moda, dos ícones e das celebridades tem nestes casos um grande impacto na consciência colectiva e na opinião pública. Entre alguns dos participantes deste projecto, encontram-se nomes como Kate Moss, Christy Turlington e Stefano Pilati, que contribuem para a angariação de fundos através da criação de peças de edição limitada que são vendidas ao público em lojas multimarca.

T-shirt costumisada por TERESA MISSONI


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plus por Chiara Vecchio Matthew Williamson para H&M Matthew Williamson é o criador convidado pela H&M para desenhar mais uma linha de autor da marca que estará disponível a partir de 23 de Abril em todas as lojas H&M. Os padrões e variedade de cores, inspirados nas peças mais marcantes do seu percurso criativo são a chave desta colecção. “Tem sido fascinante o trabalho de pesquisa nos meus arquivos para isolar as peças mais icónicas das colecções e depois trabalhá-las de novo para a H&M”, declara Williamson, e o resultado é uma colecção feita de cores brilhantes, estampados ousados e estruturas definidas. Não podia faltar na selecção de Williamson para H&M o estampado do pavão, que reúne tudo o que mais caracteriza o eclético designer: cores vivas e padrões sofisticados: “Foquei-me no motivo icónico do pavão, presente em muitas das minhas colecções, para elaborar uma paleta de azuis, amarelo chartreuse e tons de esmeralda”, refere o criador. O ano de 2009 vai ser memorável para o ex-criativo da casa Pucci que apresenta igualmente uma colecção completa de Verão para homem, marcando assim a sua entrada na moda masculina. www.mude.pt Matthew Williamson com modelo Veronika Fasinova vestida por Matthew Williamson para H&M. Fotografado por: Magnus Magnusson

Tributo a Stephen Sprouse Cinco anos após a morte prematura do artista americano Stephen Sprouse, foi inaugurada no passado dia 9 de Janeiro a exposição “Rock on Mars” na Deitch Gallery de Nova Iorque, completamente dedicada ao criador e artista pop. Stephen Sprouse, que junto de Andy Wahrol e Keith Haring, marcou o panorama artístico dos anos 80, tornou-se também ícone no mundo da moda, quando em 2001 foi convidado por Marc Jacobs para renovar as veneráveis carteiras monogramadas Louis Vuitton com o uso da própria arte. “Convidei-o, basicamente, para desafiar este monograma icónico com os seus fabulosos graffitis, a fim de criar um novo monograma e uma nova maneira de promover a marca Louis Vuitton, que fosse simultaneamente irreverente e reverente”, declara Marc Jacobs. As peças assinadas por Sprouse foram um verdadeiro sucesso e caracterizaram um momento importante com a fusão das duas áreas, a moda e a arte Este ano, Marc Jacobs prestou homenagem a Sprouse, apresentando uma nova linha de acessórios e roupa de edição limitada da marca Vuitton baseada em Graffitis e estampagens de rosas, assinatura do artista, cujo espírito criativo continua a ser uma fonte de inspiração para uma inteira geração de designers.

ECO- FERRAGAMO A casa de Florença está desde 2007 envolvida na campanha de protecção do ambiente, criando colecções de sofisticadas carteiras em pleno estilo Ferragamo, mas realizadas com materiais completamente biodegradáveis. O processo de produção das carteiras eco é desenvolvido a partir do conceito de “metal free tanned leather”, que indica que o produto final é obtido sem recorrer a utilização de metal e substâncias contaminantes para o ambiente. A colecção Eco Ferragamo 2009 é constituida por carteiras de 5 tamanhos diferentes, desde a pequena tote até à maxi hobo, todas caracterizadas por um gancho em couro. As cores disponíveis são variadas; preto e castanho mas também nuances delicadas como o rosa e o amarelo, todas rigorosamente realizadas a partir de tintas vegetais. No interior, cada peça é forrada a cânhamo tecido à mão, que garante a resistência e a alta qualidade do acessório. Ferragamo confirma-nos que a eco tendência também conquistou moda, tornando-se uma fonte de inspiração para peças inovadoras. A colecção está disponível a partir desta primavera.

ITS#EIGHT: “The Greatest Show Of All” O ITS#eight, é a oitava edição do concurso organizado pela EVE que premia os jovens mais valiosos de três disciplinas, moda, acessórios e fotografia. A Diesel é mais uma vez patrocinador oficial da categoria ITS#FASHION, oferecendo ao vencedor o prémio Diesel Award de € 50.000 e a possibilidade de estagiar com a equipa criativa da Diesel na sua sede em Itália. As outras duas disciplinas, ITS#ACCESSORIES e ITS#PHOTO são patrocinadas respectivamente pela YKK e pela MINI. Vinte e cinco de Março de 2009 é a data limite de entrega dos trabalhos dos concorrentes, e em Julho, num espectáculo inspirado no tema “Carnaval”, entre acrobatas e mágicos, os melhores talentos serão julgados e os vencedores revelados. Para além dos prémios oferecidos pelos patrocinadores, serão atribuídos outros pelo ITS, entre os quais o Fashion Special Prize e o i-D Styling Award. O evento marcado para Julho vai ser um autentico Show onde se alternarão momentos de puro entretenimento a momentos onde os talentos poderão mostrar as próprias criações, e durante o espectáculo oito imagens dos projectos do último ano desenvolver-se-ão sob a forma de permanentes conceitos de criatividade e inspiração. www.itsweb.org

Fotografia de HARRI PECCINOTTI para LOUIS VUITTON

PUMA BY SERGIO ROSSI Hussein Chalayan, designer da Puma, escolheu Edmundo Castillo, criador da marca de luxo italiana Sérgio Rossi para reinventar o modelo Clyde, o mais famoso sneaker da história da Puma , numa forma elegante e requintada, mas sem perder a alma street. A colaboração entre a marca de sport lifestyle e a casa de luxo deu vida a uma colecção de edição limitada de sneakers em cetim de seda e com sola e salto em borracha, que inclui modelos lace up e mary jane, e que apresenta uma paleta de cores feminina e sensual; Envy (verde), Lolita (rosa), Bullitt (silver), Delovely (lavanda), Fabolous (Bouganville) e Speedy (preto). O novo conceito de sneaker proposto promete revolucionar o estatuto do calçado desportivo, tornando-o agora também sinónimo de elegância urbana.

Pump em cetim Puma by SERGIO ROSSI

L.E.N.Y para ajudar o planeta “Design for a cause and save the planet” é o lema do projecto e da marca L.E.N.Y., fundada por Mariel Gamboa com o objectivo de sensibilizar o mundo para a protecção do planeta. É graças ao contributo criativo de cada designer, ícone de moda ou celebridade que o projecto mantém-se vivo e alcança objectivos ambiciosos, como o actual desafio de juntar fundos para a associação de Al Gore “The Climate project”. O projecto de Al Gore tem o objectivo de informar e sensibilizar as pessoas e o sector industrial acerca do problema do aquecimento global do Planeta Terra. A voz dos criadores de moda, dos ícones e das celebridades tem nestes casos um grande impacto na consciência colectiva e na opinião pública. Entre alguns dos participantes deste projecto, encontram-se nomes como Kate Moss, Christy Turlington e Stefano Pilati, que contribuem para a angariação de fundos através da criação de peças de edição limitada que são vendidas ao público em lojas multimarca.

T-shirt costumisada por TERESA MISSONI


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trends PRIMAVERA/VERÃO 2009

Texto por Rita Campino Tendências por Ema Mendes Vindo do passado e já no futuro, poderíamos ilustrar a nossa viagem, quase “A volta ao mundo em 80 dias” de Júlio Verne (1874), com as colecções dos criadores para a Primavera/ Verão 2009. É como uma colecção de memórias, pontilhadas por traços do passado, numa viagem ao tempo que espreita também o futuro. Um futuro já imaginado em filmes como o “Blade Runner” ou “Mad Max”, resultando da mistura de várias etnias e culturas, que se vão fundindo com linhas rectas, estruturas, de cores vivas e metalizadas, criando formas quase intemporais. Desde Londres, passando pela índia, China, Japão, chegando a Nova Iorque, e regressando da nossa viagem, que é também uma viagem no tempo, relembramos cores, texturas, brilhos, rendas, sedas, tudo recordações que guardamos como uma colagem de imagens que nos reportam para um local, um país, um continente. As imagens vão-se sobrepondo, misturando épocas e referências, num ano de crise que a moda procura contornar, criando um imaginário de sonho, onde tudo se mistura, os drapeados das deusas adoradas, a depressão chique dos anos 20, a decadência sempre em festa dos anos 80 de ombros largos e cinturas vincadas, até ao mais depurado e minimal num salto ao imaginário de um futuro que é já o presente. No fim tiramos da mala um estilo chique, mas descontraído, tribal e ao mesmo tempo citadino, orgânico mas também minimal, confortável e depurado, de linhas rectas e volumes estruturados, futurista mas presente, que resulta na identidade das diferenças que caracterizam os nosso dias.

VIVIENNE WESTWOOD Paris

MARNI Milão

WHITE TENT Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

CHRISTIAN LACROIX Paris

BOTTEGA VENETA Milão

HERMÈS Paris

NUNO BALTAZAR Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

CÉLINE Paris

JUNYA WATANABE Paris

CHANEL Paris

ANNE-VALÉRIE HASH Paris

CLHOÉ Paris

COSTUME NATIONAL Paris

ANNE DEMEULEMEESTER Paris

MAISON MARTIN MARGIELA Paris

MIU MIU Paris

BOSS BLACK Berlim

A-FOREST DESIGN Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

BURBERRY PROSUM Milão

FELIPE OLIVEIRA BATISTA Paris

DRIES VAN NOTEN Paris

BRUNO PIETERS Paris

CHRISTIAN DIOR Paris

JILL SANDER Milão


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trends PRIMAVERA/VERÃO 2009

Texto por Rita Campino Tendências por Ema Mendes Vindo do passado e já no futuro, poderíamos ilustrar a nossa viagem, quase “A volta ao mundo em 80 dias” de Júlio Verne (1874), com as colecções dos criadores para a Primavera/ Verão 2009. É como uma colecção de memórias, pontilhadas por traços do passado, numa viagem ao tempo que espreita também o futuro. Um futuro já imaginado em filmes como o “Blade Runner” ou “Mad Max”, resultando da mistura de várias etnias e culturas, que se vão fundindo com linhas rectas, estruturas, de cores vivas e metalizadas, criando formas quase intemporais. Desde Londres, passando pela índia, China, Japão, chegando a Nova Iorque, e regressando da nossa viagem, que é também uma viagem no tempo, relembramos cores, texturas, brilhos, rendas, sedas, tudo recordações que guardamos como uma colagem de imagens que nos reportam para um local, um país, um continente. As imagens vão-se sobrepondo, misturando épocas e referências, num ano de crise que a moda procura contornar, criando um imaginário de sonho, onde tudo se mistura, os drapeados das deusas adoradas, a depressão chique dos anos 20, a decadência sempre em festa dos anos 80 de ombros largos e cinturas vincadas, até ao mais depurado e minimal num salto ao imaginário de um futuro que é já o presente. No fim tiramos da mala um estilo chique, mas descontraído, tribal e ao mesmo tempo citadino, orgânico mas também minimal, confortável e depurado, de linhas rectas e volumes estruturados, futurista mas presente, que resulta na identidade das diferenças que caracterizam os nosso dias.

VIVIENNE WESTWOOD Paris

MARNI Milão

WHITE TENT Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

CHRISTIAN LACROIX Paris

BOTTEGA VENETA Milão

HERMÈS Paris

NUNO BALTAZAR Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

CÉLINE Paris

JUNYA WATANABE Paris

CHANEL Paris

ANNE-VALÉRIE HASH Paris

CLHOÉ Paris

COSTUME NATIONAL Paris

ANNE DEMEULEMEESTER Paris

MAISON MARTIN MARGIELA Paris

MIU MIU Paris

BOSS BLACK Berlim

A-FOREST DESIGN Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

BURBERRY PROSUM Milão

FELIPE OLIVEIRA BATISTA Paris

DRIES VAN NOTEN Paris

BRUNO PIETERS Paris

CHRISTIAN DIOR Paris

JILL SANDER Milão


BALMAIN Paris

ALEKSANDER PROTIC Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

STELLA MCCARTNEY Paris

HUSSEIN CHALAYAN Paris

LOUIS VUITTON Paris

ALEXANDRA MOURA Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

LARA TORRES Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

VIKTOR&ROLF Paris

MARC JACBOBS Nova Iorque

RUE DU MAIL Paris

YVES SAINT LAURENT Paris

RICARDO PRETO Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

PEDRO PEDRO Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

VALENTINO Paris

YOHJI YAMAMOTO Paris

GIAMBATTISTA VALLI Paris

JOHN GALLIANO Paris

FILIPE FAÍSCA Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

RICARDO DOURADO Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

VÉRONIQUE BRANQUINHO Paris.

PAUL SMITH Londres

SONIA RYKIEL Paris

UNDERCOVER Paris

PROENZA SCHOULER Nova Iorque

LANVIN Paris

ALVES/GONÇALVES Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

LUÍS BUCHINHO Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

JEAN-PAUL GAULTIER Paris

NINA RICCI Paris

COMME DES GARÇONS Paris


BALMAIN Paris

ALEKSANDER PROTIC Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

STELLA MCCARTNEY Paris

HUSSEIN CHALAYAN Paris

LOUIS VUITTON Paris

ALEXANDRA MOURA Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

LARA TORRES Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

VIKTOR&ROLF Paris

MARC JACBOBS Nova Iorque

RUE DU MAIL Paris

YVES SAINT LAURENT Paris

RICARDO PRETO Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

PEDRO PEDRO Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

VALENTINO Paris

YOHJI YAMAMOTO Paris

GIAMBATTISTA VALLI Paris

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FILIPE FAÍSCA Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

RICARDO DOURADO Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

VÉRONIQUE BRANQUINHO Paris.

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SONIA RYKIEL Paris

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ALVES/GONÇALVES Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

LUÍS BUCHINHO Lisboa Fotografia: Rui Vasco Arquivo ModaLisboa|Estoril

JEAN-PAUL GAULTIER Paris

NINA RICCI Paris

COMME DES GARÇONS Paris


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beauty

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FOTOGRAFADO POR: PEDRO PACHECO www.pedro-pacheco.com / ASSISTIDO POR: LUÍS ALMEIDA / MAQUILHAGEM: ANTON BEILL / CABELOS: NOLGA STELA / MODELO: VANESSA, CENTRAL MODELS / LIGHT EQUIPMENT: www.spot-lightservice.com

1 Verniz Please! Edição limitada, Maharani Tangerine, GIVENCHY / 2 Corrector multi-usos, Bisque, BARE MINERALS na SÉPHORA, €21,50 / 3 Brilho de lábios duo, lip duo tint& gloss, Edição limitada, SHU UEMURA, €24,50 / 4 Perfume 50ml, Kenzo Amour, KENZO, €78 / 5 Creme de rosto, Belle de Jour, KENZOKI / 6 Sabonete líquido, 100ml, HAKANSSON / 7 Pó para rosto, Diorskin Nude Powder, CHRISTIAN DIOR, €43,20 / 8 Escova-gel para sobrancelhas, Brow Set, M.A.C., €16,50 / 9 Sombra de olhos, M.A.C., €16,50 / 10 Gloss para lábios, Lip Paints, SMASHBOX na SÉPHORA, €20


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FOTOGRAFADO POR: PEDRO PACHECO www.pedro-pacheco.com / ASSISTIDO POR: LUÍS ALMEIDA / MAQUILHAGEM: ANTON BEILL / CABELOS: NOLGA STELA / MODELO: VANESSA, CENTRAL MODELS / LIGHT EQUIPMENT: www.spot-lightservice.com

1 Verniz Please! Edição limitada, Maharani Tangerine, GIVENCHY / 2 Corrector multi-usos, Bisque, BARE MINERALS na SÉPHORA, €21,50 / 3 Brilho de lábios duo, lip duo tint& gloss, Edição limitada, SHU UEMURA, €24,50 / 4 Perfume 50ml, Kenzo Amour, KENZO, €78 / 5 Creme de rosto, Belle de Jour, KENZOKI / 6 Sabonete líquido, 100ml, HAKANSSON / 7 Pó para rosto, Diorskin Nude Powder, CHRISTIAN DIOR, €43,20 / 8 Escova-gel para sobrancelhas, Brow Set, M.A.C., €16,50 / 9 Sombra de olhos, M.A.C., €16,50 / 10 Gloss para lábios, Lip Paints, SMASHBOX na SÉPHORA, €20


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1 Colar em Plexiglas, SONIA RYKIEL / 2 Conjunto de três taças em madeira natural com detalhe em pele, HERMÈS / 3 Sandália em pele e neoprene, PIERRE HARDY, psc. / 4 Vestido em seda estampada, PEDRO PEDRO, €354 / 5 Verniz La Laque, nº36, Cuir Glacé, YVES STAINT LAURENT, €20,50 / 6 Anel em ouro amarelo 18Kl em madeira de nogueira lapidada, TOUS / 7 Cinto em pele com detalhe de franjas, BOSS ORANGE / 8 Pulseira em pele, HOSS, € 60 / 9 Sandália em pele, CHRISTIAN LOUBOUTIN / 10 Carteira piton, H&M, €14.90

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Pulseira em prata TOUS. €247 / 2 Colar em metal lacado, CELINE / 3 Mesa “Prismatic Table”, Isamu Noguchi, 1957 para VITRA / Vestido em seda com aplicações de argolas metálicas, RICARDO DOURADO, €370 / 5 Jarra em vidro, KATE HUME, na Arte Assinada / Perfume “Cosmic”, SOLANGE AZAGURY na COLETTE, €200 / 7 Sandália compensada em pele, CELINE / 8 Pulseira em Plexiglas, JEAN-PAUL GAULTIER 9 Sandália compensada em pele, plástico e madeira JOHN GALLIANO / 10 Pochette “Triangolo”, CHRISTIAN LOUBOUTIN


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1 Colar em Plexiglas, SONIA RYKIEL / 2 Conjunto de três taças em madeira natural com detalhe em pele, HERMÈS / 3 Sandália em pele e neoprene, PIERRE HARDY, psc. / 4 Vestido em seda estampada, PEDRO PEDRO, €354 / 5 Verniz La Laque, nº36, Cuir Glacé, YVES STAINT LAURENT, €20,50 / 6 Anel em ouro amarelo 18Kl em madeira de nogueira lapidada, TOUS / 7 Cinto em pele com detalhe de franjas, BOSS ORANGE / 8 Pulseira em pele, HOSS, € 60 / 9 Sandália em pele, CHRISTIAN LOUBOUTIN / 10 Carteira piton, H&M, €14.90

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Pulseira em prata TOUS. €247 / 2 Colar em metal lacado, CELINE / 3 Mesa “Prismatic Table”, Isamu Noguchi, 1957 para VITRA / Vestido em seda com aplicações de argolas metálicas, RICARDO DOURADO, €370 / 5 Jarra em vidro, KATE HUME, na Arte Assinada / Perfume “Cosmic”, SOLANGE AZAGURY na COLETTE, €200 / 7 Sandália compensada em pele, CELINE / 8 Pulseira em Plexiglas, JEAN-PAUL GAULTIER 9 Sandália compensada em pele, plástico e madeira JOHN GALLIANO / 10 Pochette “Triangolo”, CHRISTIAN LOUBOUTIN


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1 Top em organza, H&M, €34,90 / 2 Conjunto de lingerie, INTIMISSIMI / 3 4 Anel em ouro e brilhantes, MARIA JULIETA, €2980 / 5 Sparpin em pele , 7 Bandelette com penugem, HOSS, €45 / 8 Brincos em ouro e strass golden CHRISTIAN DIOR / 9 Sapato em pele com detalhe em renda, NiNA RICCI / 10

Duo de sombras “Wild Violet”, LAURA MERCIER / CHRISTIAN LOUBOUTIN / 6 Pochette “Pliage”, CHRISTIAN LOUBOUTIN/ shadow by Swarovski com pendentes em malashites semi-preciosas, Lápis de olhos, SHU UEMURA

1 Perfume,“Jardin Clos” DIPTYQUE / 2 Óculos com armações em Plexiglas, BURBERRY, €148 / 3 Pulseira em metal prateado, DINH VAN, €550 / 4 Pó compacto, “Mineral Foundation Brush”, BY TERRY na SEPHORA / 5 Pisa papéis “Love” em alumínio polido, com certificado de origem ROBERT INDIANA (1928), €90 / 6 Relógio digital em metal dourado, DIESEL / 7 Sapato em pele, CHRISTIAN LOUBOUTIN / 8 Verniz de unhas “JDP”, BERNHARD WILHELM para USLU AIRLINES à venda na COLETTE, €20 / 9 Aparelho fotográfico Minox DDC, Gold Edition, Leica M3, LEICA, €500, à venda na COLETTE / 10 Saco em pele, CHANEL


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Duo de sombras “Wild Violet”, LAURA MERCIER / CHRISTIAN LOUBOUTIN / 6 Pochette “Pliage”, CHRISTIAN LOUBOUTIN/ shadow by Swarovski com pendentes em malashites semi-preciosas, Lápis de olhos, SHU UEMURA

1 Perfume,“Jardin Clos” DIPTYQUE / 2 Óculos com armações em Plexiglas, BURBERRY, €148 / 3 Pulseira em metal prateado, DINH VAN, €550 / 4 Pó compacto, “Mineral Foundation Brush”, BY TERRY na SEPHORA / 5 Pisa papéis “Love” em alumínio polido, com certificado de origem ROBERT INDIANA (1928), €90 / 6 Relógio digital em metal dourado, DIESEL / 7 Sapato em pele, CHRISTIAN LOUBOUTIN / 8 Verniz de unhas “JDP”, BERNHARD WILHELM para USLU AIRLINES à venda na COLETTE, €20 / 9 Aparelho fotográfico Minox DDC, Gold Edition, Leica M3, LEICA, €500, à venda na COLETTE / 10 Saco em pele, CHANEL


welcome to my wor /rld

Alexandra veste vestido ALVES/GONÇALVES / Anéis TOUS: ouro e pedra de marfim, psc; em ouro e maxi gema citrina, €1058; em ouro e gema citrina, €673 / Pulseiras, TOUS: em ouro fina, €517; em ouro maior, €901,em ouro e com brilhantes €967

FOTOGRAFADO POR RICARDO CRUZ / ASSISTIDO POR RITA CUNHA FERREIRA / STYLING HELGA CARVALHO / MAQUILHAGEM E CABELOS ANTON BEILL / MODELOS ALEXANDA (ELITE MODELS) E LUCAS (CENTRAL MODELS) PORTUGAL / AGRADECIMENTOS: A PURE AGRADECE AO FUN PARQ PELO ESPAÇO CONCEDIDO PARA A REALIZAÇÃO DESTE EDITORIAL


welcome to my wor /rld

Alexandra veste vestido ALVES/GONÇALVES / Anéis TOUS: ouro e pedra de marfim, psc; em ouro e maxi gema citrina, €1058; em ouro e gema citrina, €673 / Pulseiras, TOUS: em ouro fina, €517; em ouro maior, €901,em ouro e com brilhantes €967

FOTOGRAFADO POR RICARDO CRUZ / ASSISTIDO POR RITA CUNHA FERREIRA / STYLING HELGA CARVALHO / MAQUILHAGEM E CABELOS ANTON BEILL / MODELOS ALEXANDA (ELITE MODELS) E LUCAS (CENTRAL MODELS) PORTUGAL / AGRADECIMENTOS: A PURE AGRADECE AO FUN PARQ PELO ESPAÇO CONCEDIDO PARA A REALIZAÇÃO DESTE EDITORIAL


Lucas veste camisa em linho e casaco em algodão bordado, €14,9 e €29,90 respectiamente, ambos H&M / Calças PEPE JEANS, €110 / Alexandra veste top em tule, €80, WHITE TENT / Long Sleeve em algodão com estampa, €80, DIESEL / Calças em lurex com elastano, €210, NUNO BALTAZAR / Saco matelassé, € 35, MANGO

Alexandra veste fato de banho, €29,9, H&M / Casaco e saia em algodão estampado, €375 e €150 respectivamente, TWENTY 8 TWELVE


Lucas veste camisa em linho e casaco em algodão bordado, €14,9 e €29,90 respectiamente, ambos H&M / Calças PEPE JEANS, €110 / Alexandra veste top em tule, €80, WHITE TENT / Long Sleeve em algodão com estampa, €80, DIESEL / Calças em lurex com elastano, €210, NUNO BALTAZAR / Saco matelassé, € 35, MANGO

Alexandra veste fato de banho, €29,9, H&M / Casaco e saia em algodão estampado, €375 e €150 respectivamente, TWENTY 8 TWELVE


Alexandra veste vestido €40, MANGO / Casaco em linho, €59,9, H&M

Alexandra veste vestido em crochet, €208, PATRIZIA PEPE / Blazer estampado, €320, TOMMY HILFIGER / Lucas veste polo de cor mesclada, €90, LACOSTE / Óculos com armações em massa, HACKETT / Jeans em algodão orgânico, PEPE JEANS


Alexandra veste vestido €40, MANGO / Casaco em linho, €59,9, H&M

Alexandra veste vestido em crochet, €208, PATRIZIA PEPE / Blazer estampado, €320, TOMMY HILFIGER / Lucas veste polo de cor mesclada, €90, LACOSTE / Óculos com armações em massa, HACKETT / Jeans em algodão orgânico, PEPE JEANS


Alexandra veste vestido em lycra, €157, PATRIZIA PEPE / Botins em pele, €185, LUÍS BUCHINHO / Lucas veste camisa em algodão estampado e casaco em malha, €80 e €130 respectivamente, ambos TOMMY HILFIGER / Calças e alpercatas €29,90 e €14,90 respectivamente, ambas H&M,

Lucas veste camisa HUGO BY HUGO BOSS, €19,9 / Gravata H&M / Casaco TOMMY HILFIGER, €170


Alexandra veste vestido em lycra, €157, PATRIZIA PEPE / Botins em pele, €185, LUÍS BUCHINHO / Lucas veste camisa em algodão estampado e casaco em malha, €80 e €130 respectivamente, ambos TOMMY HILFIGER / Calças e alpercatas €29,90 e €14,90 respectivamente, ambas H&M,

Lucas veste camisa HUGO BY HUGO BOSS, €19,9 / Gravata H&M / Casaco TOMMY HILFIGER, €170


Lucas veste camisa em linho e casaco em algodão bordado, €14,9 e €29,90 respectiamente, ambos H&M


Lucas veste camisa em linho e casaco em algodão bordado, €14,9 e €29,90 respectiamente, ambos H&M


pag esq : Alexandra veste t-shirt em algodão estampado, €71, BY MALENE BIRGER / Casaco em malha de algodão, €100, HOSS / Calças em pele, ALEKSANDER PROTIC Lucas veste t-shirt em algodão, €125, HUGO BY HUGO BOSS / Casaco em malha, €290, BOSS SELECTION / Óculos com armações em massa, HACKETT / Calças xadrez, €160, BOSS GREEN

Lucas veste malha H&M, €29,9 / Blazer, BOSS BLACK, 375 / Calças xadrez, DIESEL, €100 Alexandra veste vestido ALVES/GONÇALVES / Anéis TOUS: ouro e pedra de marfim, PSC; em ouro e maxi gema citrina, €1058; em ouro e gema citrina, €673 / Pulseiras, TOUS: em ouro fina, €517; em ouro maior, €901, em ouro e com brilhantes €967


pag esq : Alexandra veste t-shirt em algodão estampado, €71, BY MALENE BIRGER / Casaco em malha de algodão, €100, HOSS / Calças em pele, ALEKSANDER PROTIC Lucas veste t-shirt em algodão, €125, HUGO BY HUGO BOSS / Casaco em malha, €290, BOSS SELECTION / Óculos com armações em massa, HACKETT / Calças xadrez, €160, BOSS GREEN

Lucas veste malha H&M, €29,9 / Blazer, BOSS BLACK, 375 / Calças xadrez, DIESEL, €100 Alexandra veste vestido ALVES/GONÇALVES / Anéis TOUS: ouro e pedra de marfim, PSC; em ouro e maxi gema citrina, €1058; em ouro e gema citrina, €673 / Pulseiras, TOUS: em ouro fina, €517; em ouro maior, €901, em ouro e com brilhantes €967


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simple pleasure

Luize veste p贸lo LACOSTE / Jeans, TOMMY HILFIGER FOTOGRAFADO POR: OLIVIER JACQUET / STYLING: ANNE LAROCHE / MAQUILHAGEM E CABELOS: MIKADO / MODELOS: LUIZE SALMGRIEZE (VIVA) E ALENA GORBUNOVA (METROPOLITAN)


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simple pleasure

Luize veste p贸lo LACOSTE / Jeans, TOMMY HILFIGER FOTOGRAFADO POR: OLIVIER JACQUET / STYLING: ANNE LAROCHE / MAQUILHAGEM E CABELOS: MIKADO / MODELOS: LUIZE SALMGRIEZE (VIVA) E ALENA GORBUNOVA (METROPOLITAN)


Luize veste malha, BURBERRY / Jeans, DIESEL

Alena veste p贸lo, GANT / Jeans LEVIS RED TAB


Luize veste malha, BURBERRY / Jeans, DIESEL

Alena veste p贸lo, GANT / Jeans LEVIS RED TAB


Luize veste camisa, CALVIN KLEIN / Jeans, APC


Luize veste camisa, CALVIN KLEIN / Jeans, APC


Luize veste pólo, RALPH LAUREN / Jeans, HUGO

Alena veste camisola em malha, CHLOÉ / Jeans, HELMUT LANG


Luize veste pólo, RALPH LAUREN / Jeans, HUGO

Alena veste camisola em malha, CHLOÉ / Jeans, HELMUT LANG


Alena veste camisola em malha, CHLOÉ

Luize veste jeans LEVI’S VINTAGE


Alena veste camisola em malha, CHLOÉ

Luize veste jeans LEVI’S VINTAGE


Luize veste jeans LEVI’S VINTAGE


Luize veste jeans LEVI’S VINTAGE


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mikio naruse CINEMA

O ilustre desconhecido Por Carlos Natálio Num período em que a facilidade de acesso aos bens culturais é um facto por vezes tão ou mais relevante do que o conteúdo das obras em si, torna-se interessante repensar a importância do papel da escassez nos mercados culturais. Querer ver um filme, ler um livro ou ouvir um álbum que não nos é disponibilizado com facilidade é uma situação cada vez mais rara. Mas nessas ocasiões, a dificuldade de acesso em si possui a virtude de despertar a apatia do público contemporâneo. E mais, a expectativa, o obscurantismo que rodeiam este artista ou aquela obra atribuem-lhes, por vezes, uma dimensão inusitada. Se todas estas considerações têm algum fundo de verdade e a escassez se pode tornar uma virtude para o público e/ou artista, não nos parece haver melhor exemplo na sétima arte do que a da prolífica carreira de Mikio Naruse (1905-1969). Com quase noventa filmes, realizados entre 1930 e 1967, dos quais três dezenas estão irremediavelmente desaparecidos, o quarto maior realizador do cinema clássico japonês (atrás do “trio mágico” composto por Ozu, Mizoguchi e Kurosawa) permanece paradoxalmente como um virtual desconhecido do espectador ocidental. Parece indesmentível que parte importante da imagem que a cinefilia ocidental construiu de Mikio Naruse ao longo dos anos, e que o valoriza como grande cinesta japonês, liga-se também inexoravelmente a essa aura de mistério concebida pela inacessibilidade da grande maioria das suas obras. Neste aspecto, Portugal sempre acompanhou o estado das coisas e não andaremos longe da verdade se dissermos que se contarão

pelos dedos as pessoas que aqui conhecerão com alguma profundidade a sua obra. Adiantadas estão assim razões suficientes para destacar o recente ciclo que a Cinemateca Portuguesa organiza em torno do Mikio Naruse e que se apelida muito sugestivamente de ”Finalmente Naruse!”. É comum marcar como eixo divisório do trabalho de Mikio Naruse a segunda Guerra Mundial, sendo os seus primeiros filmes carregados de um tom mais optimista, irreverente, experimental. Depois do conflito, e ligando-se a uma tradição mais humanista na linha de Ozu, Naruse assina obras mais pessimistas e contidas. Obviamente esta é uma divisão tolhida pela visão acidentada da sua obra e assente sobretudo nas diferenças de estilo e de condicionantes de produção. Porque ao nível temático é notável a univocidade das preocupações de Mikio Naruse ao longo de quase uma centena de obras. Todo o seu trabalho tem como centro o género shomin-geki, melodrama sobre as classes trabalhadoras que analiza a precaridade material e a subtileza das relações familiares com o mesmo desencanto realista. Nesse universo ganham destaque as heroínas femininas, que ao contrário do que acontece no mundo de Mizoguchi, também ele um women’s director, nunca é dada àquelas o luxo da redenção pela morte, nem carecterizada a sua opressão romântica. Ao invés, são mulheres independentes e práticas que reagem como podem à adversidade material e emocional. Esse pessimismo opressivo, esta impossibilidade de escape a um mundo difícil e traiçoeiro, tudo marcas do cinema de Naruse, está profundamente

Onna Ga Kaidan Wo Agaru Toki (1960), Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema.

ligado aos primeiros anos de vida do próprio realizador, à morte prematura dos pais, à pobreza e necessidade de trabalhar desde cedo como fabricante de adereços na famosa produtora Shochiku. É com alguma ironia que após longos dez anos de trabalho, o studio system japonês lhe tenha finalmente dado uma oportunidade como realizador de slapstick comedies. Apesar do sucesso de obras como Kimi to Wakarete/Apart From You e Yogoto No Yume/Nightly Dreams (1933), a recusa dos responsáveis da produtora em promover Naruse a um cineasta do sonoro, fez com que saísse e ingressasse na PCL, futura Toho. É aqui que faz Tsuma yo bara no yo ni/Wife, Be Like a Rose! (1935), um drama optimista sobre a separação de um casal, primeiro filme japonês de sempre a ter distribuição em sala de cinema nos Estados Unidos. É curioso que a fase que se inicia nesse ano e vai até 1951 é comum apelidar-se de período negro da sua carreira em que se sucederam desaires atrás de desaires. A causa atribui-se a outra separação: a de Naruse e sua mulher Sashiko Chiba, actriz de Wife, Be Like a Rose! Com o advento da guerra, o “ataque” a instituições sagradas como a lealdade, os deveres filiais, ou a defesa de formas pouco ortodoxas de relações sociais, sofreram um maior controlo pelo poder militar japonês. O local de refúgio de muitos realizadores de esquerda como Naruse foi o melodrama de estúdio. De fundo teatral e não raras vezes com histórias passadas em tempos idos da história japonesa, essa crítica de valores e tradições conseguia passar incólume. Bons Mikio Naruse, Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema.

exemplos, são Tabi yakusha/Travelling Actors (1940), ou Shibaido/The Way of Drama (1944). Se Naruse é considerado um realista exigente e severo, com o seu interesse pelo mundo do teatro e da música, a recorrência ao melodrama e à qualidade avant gard dos seus filmes (características mais presentes na primeira metade da sua carreira), o certo é que, paradoxalmente, sempre expôs esse detalhe, esse rigor, através de estruturas narrativas artificiosas e reiterativas. Em Iwashigumo/Summer Clouds (1958), por exemplo, são colocadas lado a lado seis histórias, na “história” de uma família rural. Ou na sua obra-prima, Onna ga kaidan wo agaru toki/When a Woman Ascends the Stairs (1960), o cima e abaixo das escadas, na opção da protagonista por um de dois futuros. A este outro paradoxo junta-se um outro, o de ser na segunda fase das sua carreira, em que os argumentos não são assinados por si, que os seus temas mais de evidenciaram. Nesse ponto, as diversas adaptações de romances da escritora Fumiko Hayashi, cuja vida foi retratada por Naruse em Hourou-ki/ Lonely Lane (1962), ilustram as principais linhas temáticas do realizador: o amor não recíproco em Ukigumo/Floating Clouds (1955); famílias ou casamentos infelizes em Inazuma/Lightening (1952), Tsuma/Wife (1953) e Meshi/Repast (1951); e a luta contra a pobreza e a opressão em Bangiku/Late Chrysanthemums (1954). O crescente desolamento da sua obra, negando os finais felizes e a esperança como sabedoria elevada, quase ascética, pode em parte ajudar a explicar o menor conhecimento da arte de Naruse. A essa recusa de expôr a sabedoria junta-se o menor domínio de estilo quando comparada ao cinema de Ozu e Mizoguchi. A “sabedoria” de Naruse é outra, a da minucia da caracterização, a da elegância da estrutura e sobretudo da força e clareza para retratar sem sentimentalismos ou complacências as dores do mundo. De Mikio Naruse, o menos conhecido realizador japonês, Akira Kurosawa, o mais mediático disse: “o seu cinema recria a corrente de um grande rio, calmo na superfície e revolto nas suas profundezas”.


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mikio naruse CINEMA

O ilustre desconhecido Por Carlos Natálio Num período em que a facilidade de acesso aos bens culturais é um facto por vezes tão ou mais relevante do que o conteúdo das obras em si, torna-se interessante repensar a importância do papel da escassez nos mercados culturais. Querer ver um filme, ler um livro ou ouvir um álbum que não nos é disponibilizado com facilidade é uma situação cada vez mais rara. Mas nessas ocasiões, a dificuldade de acesso em si possui a virtude de despertar a apatia do público contemporâneo. E mais, a expectativa, o obscurantismo que rodeiam este artista ou aquela obra atribuem-lhes, por vezes, uma dimensão inusitada. Se todas estas considerações têm algum fundo de verdade e a escassez se pode tornar uma virtude para o público e/ou artista, não nos parece haver melhor exemplo na sétima arte do que a da prolífica carreira de Mikio Naruse (1905-1969). Com quase noventa filmes, realizados entre 1930 e 1967, dos quais três dezenas estão irremediavelmente desaparecidos, o quarto maior realizador do cinema clássico japonês (atrás do “trio mágico” composto por Ozu, Mizoguchi e Kurosawa) permanece paradoxalmente como um virtual desconhecido do espectador ocidental. Parece indesmentível que parte importante da imagem que a cinefilia ocidental construiu de Mikio Naruse ao longo dos anos, e que o valoriza como grande cinesta japonês, liga-se também inexoravelmente a essa aura de mistério concebida pela inacessibilidade da grande maioria das suas obras. Neste aspecto, Portugal sempre acompanhou o estado das coisas e não andaremos longe da verdade se dissermos que se contarão

pelos dedos as pessoas que aqui conhecerão com alguma profundidade a sua obra. Adiantadas estão assim razões suficientes para destacar o recente ciclo que a Cinemateca Portuguesa organiza em torno do Mikio Naruse e que se apelida muito sugestivamente de ”Finalmente Naruse!”. É comum marcar como eixo divisório do trabalho de Mikio Naruse a segunda Guerra Mundial, sendo os seus primeiros filmes carregados de um tom mais optimista, irreverente, experimental. Depois do conflito, e ligando-se a uma tradição mais humanista na linha de Ozu, Naruse assina obras mais pessimistas e contidas. Obviamente esta é uma divisão tolhida pela visão acidentada da sua obra e assente sobretudo nas diferenças de estilo e de condicionantes de produção. Porque ao nível temático é notável a univocidade das preocupações de Mikio Naruse ao longo de quase uma centena de obras. Todo o seu trabalho tem como centro o género shomin-geki, melodrama sobre as classes trabalhadoras que analiza a precaridade material e a subtileza das relações familiares com o mesmo desencanto realista. Nesse universo ganham destaque as heroínas femininas, que ao contrário do que acontece no mundo de Mizoguchi, também ele um women’s director, nunca é dada àquelas o luxo da redenção pela morte, nem carecterizada a sua opressão romântica. Ao invés, são mulheres independentes e práticas que reagem como podem à adversidade material e emocional. Esse pessimismo opressivo, esta impossibilidade de escape a um mundo difícil e traiçoeiro, tudo marcas do cinema de Naruse, está profundamente

Onna Ga Kaidan Wo Agaru Toki (1960), Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema.

ligado aos primeiros anos de vida do próprio realizador, à morte prematura dos pais, à pobreza e necessidade de trabalhar desde cedo como fabricante de adereços na famosa produtora Shochiku. É com alguma ironia que após longos dez anos de trabalho, o studio system japonês lhe tenha finalmente dado uma oportunidade como realizador de slapstick comedies. Apesar do sucesso de obras como Kimi to Wakarete/Apart From You e Yogoto No Yume/Nightly Dreams (1933), a recusa dos responsáveis da produtora em promover Naruse a um cineasta do sonoro, fez com que saísse e ingressasse na PCL, futura Toho. É aqui que faz Tsuma yo bara no yo ni/Wife, Be Like a Rose! (1935), um drama optimista sobre a separação de um casal, primeiro filme japonês de sempre a ter distribuição em sala de cinema nos Estados Unidos. É curioso que a fase que se inicia nesse ano e vai até 1951 é comum apelidar-se de período negro da sua carreira em que se sucederam desaires atrás de desaires. A causa atribui-se a outra separação: a de Naruse e sua mulher Sashiko Chiba, actriz de Wife, Be Like a Rose! Com o advento da guerra, o “ataque” a instituições sagradas como a lealdade, os deveres filiais, ou a defesa de formas pouco ortodoxas de relações sociais, sofreram um maior controlo pelo poder militar japonês. O local de refúgio de muitos realizadores de esquerda como Naruse foi o melodrama de estúdio. De fundo teatral e não raras vezes com histórias passadas em tempos idos da história japonesa, essa crítica de valores e tradições conseguia passar incólume. Bons Mikio Naruse, Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema.

exemplos, são Tabi yakusha/Travelling Actors (1940), ou Shibaido/The Way of Drama (1944). Se Naruse é considerado um realista exigente e severo, com o seu interesse pelo mundo do teatro e da música, a recorrência ao melodrama e à qualidade avant gard dos seus filmes (características mais presentes na primeira metade da sua carreira), o certo é que, paradoxalmente, sempre expôs esse detalhe, esse rigor, através de estruturas narrativas artificiosas e reiterativas. Em Iwashigumo/Summer Clouds (1958), por exemplo, são colocadas lado a lado seis histórias, na “história” de uma família rural. Ou na sua obra-prima, Onna ga kaidan wo agaru toki/When a Woman Ascends the Stairs (1960), o cima e abaixo das escadas, na opção da protagonista por um de dois futuros. A este outro paradoxo junta-se um outro, o de ser na segunda fase das sua carreira, em que os argumentos não são assinados por si, que os seus temas mais de evidenciaram. Nesse ponto, as diversas adaptações de romances da escritora Fumiko Hayashi, cuja vida foi retratada por Naruse em Hourou-ki/ Lonely Lane (1962), ilustram as principais linhas temáticas do realizador: o amor não recíproco em Ukigumo/Floating Clouds (1955); famílias ou casamentos infelizes em Inazuma/Lightening (1952), Tsuma/Wife (1953) e Meshi/Repast (1951); e a luta contra a pobreza e a opressão em Bangiku/Late Chrysanthemums (1954). O crescente desolamento da sua obra, negando os finais felizes e a esperança como sabedoria elevada, quase ascética, pode em parte ajudar a explicar o menor conhecimento da arte de Naruse. A essa recusa de expôr a sabedoria junta-se o menor domínio de estilo quando comparada ao cinema de Ozu e Mizoguchi. A “sabedoria” de Naruse é outra, a da minucia da caracterização, a da elegância da estrutura e sobretudo da força e clareza para retratar sem sentimentalismos ou complacências as dores do mundo. De Mikio Naruse, o menos conhecido realizador japonês, Akira Kurosawa, o mais mediático disse: “o seu cinema recria a corrente de um grande rio, calmo na superfície e revolto nas suas profundezas”.


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vik muniz Arte

A imagem entre a fotografia e o desenho por Francisco Vaz Fernandes Compor imagens icónicas a partir de matérias estranhas como chocolate líquido, açúcar, poeira, caviar ou diamantes para depois serem fotografadas parece ser a obsessão de Vik Muniz, um artista brasileiro residente em Nova Iorque. Quando pela primeira vez chegou a Manhattan trazia um curso de desenho clássico e a vontade de fazer teatro, mas nunca lhe passou pelo pensamento entrar no meio da arte contemporânea. No entanto, seria o seu interesse genuíno pela fotografia que desenvolvia paralelamente às muitas ocupações esporádicas que ia tendo, que um dia permitiu o contacto com o mundo das galerias de arte. Refere que a particularidade da sua fotografia se deve à sua passagem pela cenografia, período de experimentação onde pode usar todo o tipo de materiais e pensar nas potencialidades intrínsecas de cada um deles. As suas fotografias são sempre dependentes de uma composição de imagem, que é anterior ao acto fotográfico, o que cria relações pertinentes entre o desenho e a fotografia que em geral não são consideradas dentro do âmbito da arte contemporânea. Antes de chegar, ao que pode parecer uma excentricidade, o uso de diamantes como base para a composição, o artista começou por usar materiais baratos ou mesmo dejectos. As suas experiências ganharam relevância em 1988 quando expôs a série de fotografias “The Best of Life”. Este conjunto, recriava de memória

algumas das mais célebres fotografias da revista Life, verdadeiros ícones de uma época. Apesar de simplificada, cada uma das imagens recriadas com diferentes materiais guarda os traços gerais das originais o que permitia ao grande público identificá-las. Com este exercício Vik Muniz quis enfatizar a fotografia como exercício mental de composição partindo do princípio que todas as imagens existem antes de tudo na nossa memória. Ou seja, cada imagem subsiste na nossa memória como fantasma e ícone. Vistas de longe, as suas fotografias ressaltam o reconhecimento imediato da imagem mas vistas de perto desvendam as particularidades dos materiais e das texturas até a desmaterialização completa da imagem que subsiste apenas na nossa memória como um todo. Visto ao contrário, também nos permite afirmar que o processo fotográfico permite que todos os materiais orgânicos e perecíveis que entram na composição de cada uma das suas imagens sejam cristalizados. A fotografia dissipa o pormenor em detrimento da imagem geral que os nossos elementos cognitivos reconhecem de imediato. Com este exercício, ao deslocar a fotografia para o desenho de imagens universais do século XX, Vik Muniz passou a inverter os termos do processo de produção de seu trabalho. Muitas das suas séries fotográficas passaram a dizer directamente respeito a grandes obras

Fotografias de imagens feitas de chocolate, Action Painter III, 1997, VIK MUNIZ, Digital C-Print

Autoretrato, VIK MUNIZ, (Fall) 2, 2005, Chromegenic print


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vik muniz Arte

A imagem entre a fotografia e o desenho por Francisco Vaz Fernandes Compor imagens icónicas a partir de matérias estranhas como chocolate líquido, açúcar, poeira, caviar ou diamantes para depois serem fotografadas parece ser a obsessão de Vik Muniz, um artista brasileiro residente em Nova Iorque. Quando pela primeira vez chegou a Manhattan trazia um curso de desenho clássico e a vontade de fazer teatro, mas nunca lhe passou pelo pensamento entrar no meio da arte contemporânea. No entanto, seria o seu interesse genuíno pela fotografia que desenvolvia paralelamente às muitas ocupações esporádicas que ia tendo, que um dia permitiu o contacto com o mundo das galerias de arte. Refere que a particularidade da sua fotografia se deve à sua passagem pela cenografia, período de experimentação onde pode usar todo o tipo de materiais e pensar nas potencialidades intrínsecas de cada um deles. As suas fotografias são sempre dependentes de uma composição de imagem, que é anterior ao acto fotográfico, o que cria relações pertinentes entre o desenho e a fotografia que em geral não são consideradas dentro do âmbito da arte contemporânea. Antes de chegar, ao que pode parecer uma excentricidade, o uso de diamantes como base para a composição, o artista começou por usar materiais baratos ou mesmo dejectos. As suas experiências ganharam relevância em 1988 quando expôs a série de fotografias “The Best of Life”. Este conjunto, recriava de memória

algumas das mais célebres fotografias da revista Life, verdadeiros ícones de uma época. Apesar de simplificada, cada uma das imagens recriadas com diferentes materiais guarda os traços gerais das originais o que permitia ao grande público identificá-las. Com este exercício Vik Muniz quis enfatizar a fotografia como exercício mental de composição partindo do princípio que todas as imagens existem antes de tudo na nossa memória. Ou seja, cada imagem subsiste na nossa memória como fantasma e ícone. Vistas de longe, as suas fotografias ressaltam o reconhecimento imediato da imagem mas vistas de perto desvendam as particularidades dos materiais e das texturas até a desmaterialização completa da imagem que subsiste apenas na nossa memória como um todo. Visto ao contrário, também nos permite afirmar que o processo fotográfico permite que todos os materiais orgânicos e perecíveis que entram na composição de cada uma das suas imagens sejam cristalizados. A fotografia dissipa o pormenor em detrimento da imagem geral que os nossos elementos cognitivos reconhecem de imediato. Com este exercício, ao deslocar a fotografia para o desenho de imagens universais do século XX, Vik Muniz passou a inverter os termos do processo de produção de seu trabalho. Muitas das suas séries fotográficas passaram a dizer directamente respeito a grandes obras

Fotografias de imagens feitas de chocolate, Action Painter III, 1997, VIK MUNIZ, Digital C-Print

Autoretrato, VIK MUNIZ, (Fall) 2, 2005, Chromegenic print


de arte que foram reproduzidas com matérias ditas pouco nobres. Ao recriar o célebre quadro “a Morte de Marat” ou a, não menos célebre, foto de Jackson Pollock fazendo drippings sobre a tela a partir de traços de chocolate líquido, apenas repete premissas fundadas por Andy Warhol. Mais que nunca a ideia de reprodutibilidade da arte a partir de processos mecânicos e consequente perda da sua aura, se faz sentir na obra deste artista brasileiro. Às vezes, Muniz copia o que já era cópia: sua Mona Lisa de manteiga de amendoim teve como ponto de partida uma série do americano Andy Warhol, e não o original de Leonardo da Vinci. Este investimento num universo pop faz com que grande parte do seu trabalho passe pelo retrato de pessoas famosas. Seria precisamente a série sobre as estrelas de cinema realizada a partir de diamantes que atingiu maior interesse público e um mediatismo que catapultou Vik Muniz para o estrelato. Sophia Loren, Catherine Deneuve, Liz Taylor, Grace Kelly, Romy Schneider, Monica Vitti e Brigitte Bardot foram apenas algumas das suas estrelas imortalizadas em composições realizadas por diamantes. A relação entre a nossa reminiscência dessas divas e o valor simbólico que damos aos diamantes não podia ser mais justa. Para lá da realidade material, a fotografia eterniza o brilho fugaz da imagem ícone de cada uma delas. Fotografia de imagens feitas com diamantes, Marilyn Monroe, 2004, VIK MUNIZ, Dye Destruction Print

Em termos de impacto público, esta série dos diamantes só seria comparável à dos monstros do cinema que muitas vezes se contrapõem à das divas. Realizado a partir da recriação de cenas simbólicas de filmes de terror, este projecto foi inteiramente recriado a partir de caviar. A densa textura negra esférica do caviar transita entre o desejo, o valor social e a repulsa tal como corporalizamos os monstros. É um material precário, perecível e orgânico. É, ainda, uma metáfora da morte e da vulnerabilidade. Ao refazer, com materiais não convencionais, tanto ícones de valor universal, quanto imagens quotidianas, Vik Muniz propõe-nos o irónico reconhecimento de dados já arquivados na memória, e uma revisão de valores estéticos remanescentes do modernismo. Em lugar da esperada formalização, indissociável dos meios materiais e técnicos accionados para concretizar as imagens, as sua obras assumem a um carácter mutante da imagem. Se bem que produzida por meios tão diversos do original, caso contrário não poderiam ser identificados, o ícone permanece idêntico a si mesmo. Sua força reside na sua virtual imaterialidade.

Fotografias de imagens feitas de chocolate, Nixon MCGovern, 2001, VIK MUNIZ, Cibachrome


de arte que foram reproduzidas com matérias ditas pouco nobres. Ao recriar o célebre quadro “a Morte de Marat” ou a, não menos célebre, foto de Jackson Pollock fazendo drippings sobre a tela a partir de traços de chocolate líquido, apenas repete premissas fundadas por Andy Warhol. Mais que nunca a ideia de reprodutibilidade da arte a partir de processos mecânicos e consequente perda da sua aura, se faz sentir na obra deste artista brasileiro. Às vezes, Muniz copia o que já era cópia: sua Mona Lisa de manteiga de amendoim teve como ponto de partida uma série do americano Andy Warhol, e não o original de Leonardo da Vinci. Este investimento num universo pop faz com que grande parte do seu trabalho passe pelo retrato de pessoas famosas. Seria precisamente a série sobre as estrelas de cinema realizada a partir de diamantes que atingiu maior interesse público e um mediatismo que catapultou Vik Muniz para o estrelato. Sophia Loren, Catherine Deneuve, Liz Taylor, Grace Kelly, Romy Schneider, Monica Vitti e Brigitte Bardot foram apenas algumas das suas estrelas imortalizadas em composições realizadas por diamantes. A relação entre a nossa reminiscência dessas divas e o valor simbólico que damos aos diamantes não podia ser mais justa. Para lá da realidade material, a fotografia eterniza o brilho fugaz da imagem ícone de cada uma delas. Fotografia de imagens feitas com diamantes, Marilyn Monroe, 2004, VIK MUNIZ, Dye Destruction Print

Em termos de impacto público, esta série dos diamantes só seria comparável à dos monstros do cinema que muitas vezes se contrapõem à das divas. Realizado a partir da recriação de cenas simbólicas de filmes de terror, este projecto foi inteiramente recriado a partir de caviar. A densa textura negra esférica do caviar transita entre o desejo, o valor social e a repulsa tal como corporalizamos os monstros. É um material precário, perecível e orgânico. É, ainda, uma metáfora da morte e da vulnerabilidade. Ao refazer, com materiais não convencionais, tanto ícones de valor universal, quanto imagens quotidianas, Vik Muniz propõe-nos o irónico reconhecimento de dados já arquivados na memória, e uma revisão de valores estéticos remanescentes do modernismo. Em lugar da esperada formalização, indissociável dos meios materiais e técnicos accionados para concretizar as imagens, as sua obras assumem a um carácter mutante da imagem. Se bem que produzida por meios tão diversos do original, caso contrário não poderiam ser identificados, o ícone permanece idêntico a si mesmo. Sua força reside na sua virtual imaterialidade.

Fotografias de imagens feitas de chocolate, Nixon MCGovern, 2001, VIK MUNIZ, Cibachrome


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a fábrica de chocola Música

por Tiago Santos Hoje em cada novo click, em cada conversa ou esquina, descobrimos novas avenidas de informação onde passa a próxima grande revelação. Ali mesmo ao nosso dispôr, a custo zero, à medida da crise. Mais. Estes são tempos de aventura. De descoberta de novos formatos e linguagens, de reciclagens contínuas. Hoje é possível compreender e experimentar na vida real (mas talvez ainda muito mais no mundo virtual) as palavras proféticas de Ornette Coleman, saxofonista revolucionário, criador do movimento free-jazz e, já agora, o melhor concerto dos últimos largos anos em Lisboa. Em pleno turbilhão do movimento social pelos direitos civis americanos da década de 60, Ornette afirmava:” Cada nota musical, tal como cada Homem, deve ser livre”. Hoje, mais do que nunca, estas palavras ganham sentido e expressão na imensa torrente de novas sonoridades, que ganham forma na coragem de uma geração que se lança na música de peito aberto, como quem se atira do alto de um penhasco. É possível encontrar, do jazz à electrónica, da pop à música erudita, criações indefiníveis que desafiam a catalogação, à espera de ouvidos frescos, abertos à música e sedentos de liberdade. Hoje a música é livre, alimenta-se dos mais diversos sons criados pelo Homem, corre sem preconceitos entre o passado e o futuro, cruza linguagens improváveis, desafia todas as regras da escola. Mas obcecados com o novo, intoxicação colectiva de uma sociedade de consumo em delírio, vivemos perdidos de referências no meio de tanto entulho amontoado ao longo do caminho. Será talvez por isso, que nos soa sempre tão familiar o caloroso toque das coisas feitas à mão? É no meio desta convulsão, onde paradoxalmente a questão “ O que há de novo para ouvir?”cai de forma cada vez mais angustiada no estômago de quem procura a agulha no palheiro, que descobrimos o conforto do som intemporal e do ambiente mágico da editora Daptone Records. Num bairro de Brooklyn, um indefectível reduto de amantes do vinil , da soul e do funk, pregadores da glória da Motown, da Chess e da Stax, vem ao longo dos anos a construir uma sólida reputação de

fazedores de sonhos em formato rodela preta. Depois de revelar ao mundo Sharon Jones & the Dap-Kings, esta pequena catedral da soul ganhou súbditos por todo o planeta. Reunindo numa banda e sua voz a santa trindade de talento, energia e alma, eles são hoje o espírito da música que passa os tempos, mesmo para lá do tempo que passa . A clássica harmonia das canções perfeitas de três minutos com o suor extraordinário da dança, faz de cada disco de Sharon Jones com os Dap-Kings uma deliciosa fatia de música soul tostada em forno caseiro. Cozinhada com tempo e num estúdio totalmente analógico, esta é música de qualidade que não passa de moda, ela pede para se prolongar na saborosa descoberta. Depois, é deixar os ouvidos derreter que o groove trata do resto. Se aos discos dos Dap-Kings, que podem ser ouvidos ao lado de Amy Winehouse, juntássemos os de Antibalas, Budos Band, ou os fabulosos compêndios de soul e gospel de Bob & Gene e “Como Now” dos Voices of Panola Co., Mississípi, não nos faltariam já motivos suficientes para querer regressar à “fábrica de chocolate” de Brooklyn. Mas agora chega-nos mais um sonho em registo instrumental. Objecto tão improvável como misterioso, o disco da Menahan Street Band tem som de banda sonora blaxpoitation regada de psicadelismo, tequilla e pores-de-sol suados em África. Música de um lounge do Hotel Chelsea no Ghana em 70s, se por ventura tal existisse. Na verdade cabem aqui tantas mais imagens quantas cabem num caleidoscópio da música afro-americana. A instrumentação diversa junta à secção rítmica clássica, vibrafones, guitarras preparadas, sons misteriosos, ambientes orgânicos e melodias embebidas de um romantismo melancólico num disco onde a soul se descobre em paisagens afro desenhadas a partir da influência de Mulatu Astatke, jazzman da Etiópia e uma das vozes mais importantes da música de África. No meio do turbilhão lá fora, sabe bem estender a mão e agarrar a boa música que está mesmo ali. Só é preciso apanhar o caminho para a “fábrica de chocolate”.

Menahan Street Band

SHARON JONES & DAP-KINGS “100 DAYS, 100 HUNDRED NIGHTS” MENAHAN STREET BAND “MAKE THE ROAD BY WALKING” DAPTONE RECORDS


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a fábrica de chocola Música

por Tiago Santos Hoje em cada novo click, em cada conversa ou esquina, descobrimos novas avenidas de informação onde passa a próxima grande revelação. Ali mesmo ao nosso dispôr, a custo zero, à medida da crise. Mais. Estes são tempos de aventura. De descoberta de novos formatos e linguagens, de reciclagens contínuas. Hoje é possível compreender e experimentar na vida real (mas talvez ainda muito mais no mundo virtual) as palavras proféticas de Ornette Coleman, saxofonista revolucionário, criador do movimento free-jazz e, já agora, o melhor concerto dos últimos largos anos em Lisboa. Em pleno turbilhão do movimento social pelos direitos civis americanos da década de 60, Ornette afirmava:” Cada nota musical, tal como cada Homem, deve ser livre”. Hoje, mais do que nunca, estas palavras ganham sentido e expressão na imensa torrente de novas sonoridades, que ganham forma na coragem de uma geração que se lança na música de peito aberto, como quem se atira do alto de um penhasco. É possível encontrar, do jazz à electrónica, da pop à música erudita, criações indefiníveis que desafiam a catalogação, à espera de ouvidos frescos, abertos à música e sedentos de liberdade. Hoje a música é livre, alimenta-se dos mais diversos sons criados pelo Homem, corre sem preconceitos entre o passado e o futuro, cruza linguagens improváveis, desafia todas as regras da escola. Mas obcecados com o novo, intoxicação colectiva de uma sociedade de consumo em delírio, vivemos perdidos de referências no meio de tanto entulho amontoado ao longo do caminho. Será talvez por isso, que nos soa sempre tão familiar o caloroso toque das coisas feitas à mão? É no meio desta convulsão, onde paradoxalmente a questão “ O que há de novo para ouvir?”cai de forma cada vez mais angustiada no estômago de quem procura a agulha no palheiro, que descobrimos o conforto do som intemporal e do ambiente mágico da editora Daptone Records. Num bairro de Brooklyn, um indefectível reduto de amantes do vinil , da soul e do funk, pregadores da glória da Motown, da Chess e da Stax, vem ao longo dos anos a construir uma sólida reputação de

fazedores de sonhos em formato rodela preta. Depois de revelar ao mundo Sharon Jones & the Dap-Kings, esta pequena catedral da soul ganhou súbditos por todo o planeta. Reunindo numa banda e sua voz a santa trindade de talento, energia e alma, eles são hoje o espírito da música que passa os tempos, mesmo para lá do tempo que passa . A clássica harmonia das canções perfeitas de três minutos com o suor extraordinário da dança, faz de cada disco de Sharon Jones com os Dap-Kings uma deliciosa fatia de música soul tostada em forno caseiro. Cozinhada com tempo e num estúdio totalmente analógico, esta é música de qualidade que não passa de moda, ela pede para se prolongar na saborosa descoberta. Depois, é deixar os ouvidos derreter que o groove trata do resto. Se aos discos dos Dap-Kings, que podem ser ouvidos ao lado de Amy Winehouse, juntássemos os de Antibalas, Budos Band, ou os fabulosos compêndios de soul e gospel de Bob & Gene e “Como Now” dos Voices of Panola Co., Mississípi, não nos faltariam já motivos suficientes para querer regressar à “fábrica de chocolate” de Brooklyn. Mas agora chega-nos mais um sonho em registo instrumental. Objecto tão improvável como misterioso, o disco da Menahan Street Band tem som de banda sonora blaxpoitation regada de psicadelismo, tequilla e pores-de-sol suados em África. Música de um lounge do Hotel Chelsea no Ghana em 70s, se por ventura tal existisse. Na verdade cabem aqui tantas mais imagens quantas cabem num caleidoscópio da música afro-americana. A instrumentação diversa junta à secção rítmica clássica, vibrafones, guitarras preparadas, sons misteriosos, ambientes orgânicos e melodias embebidas de um romantismo melancólico num disco onde a soul se descobre em paisagens afro desenhadas a partir da influência de Mulatu Astatke, jazzman da Etiópia e uma das vozes mais importantes da música de África. No meio do turbilhão lá fora, sabe bem estender a mão e agarrar a boa música que está mesmo ali. Só é preciso apanhar o caminho para a “fábrica de chocolate”.

Menahan Street Band

SHARON JONES & DAP-KINGS “100 DAYS, 100 HUNDRED NIGHTS” MENAHAN STREET BAND “MAKE THE ROAD BY WALKING” DAPTONE RECORDS


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novas tecnologias Vestuário e tecnologia

Algodão orgânico A consciência ecológica por Soraia do Carmo Os combustíveis para o progresso económico são caros. Senão, ponderem o ritmo do mundo movido a intermitentes aumentos dos custos energéticos, globalização dos mercados, liberalização das trocas comerciais e agora a galopante crise financeira à escala global. Estes são factos suficientemente poderosos para abafar uma qualquer tímida consciência ecológica que queira despontar nas estratégias das empresas. Na factura que o mundo paga pelo progresso incluem-se o aquecimento global, a poluição ambiental e os riscos para a saúde do próprio Homem, riscos que exigem soluções eficazes tanto na alimentação como na indústria têxtil. O algodão orgânico é uma das respostas à tal consciência ecológica emergente na indústria. O cultivo de algodão, a matéria-prima mais usada no vestuário, tem custos negativos proporcionais à sua procura. É o cultivo que mais consome pesticidas, adubos químicos e outros produtos tóxicos e potencialmente cancerígenos. Desde o final da década de 80 que se tem sentido a urgência em fomentar uma lavoura de algodão que assente em bases orgânicas e ecológicas. Esta é a essência do algodão orgânico, obtido em sistemas sustentáveis que protegem os recursos naturais, como a fertilidade e rotatividade dos solos e utilização de fertilizantes naturais. O melhor contributo do consumidor para a preservação do meio ambiente é, portanto, escolher de forma consciente produtos feitos com o algodão orgânico. E se inicialmente este género de fibra lutou para vingar no mercado mundial, actualmente com a melhoria da qualidade da fibra esta torna-se mais apetecível aumentando consequentemente a procura por parte dos “consumidores verdes”.

Os aliados do algodão orgânico Há uma tendência que ressalta. Por vezes, perante os diversos problemas no mundo são as organizações sem fins lucrativos as personificações das soluções. Neste campo é a Organic Exchange uma das que está aos comandos. A missão parece simples, catalizar recursos para expandir a agricultura destas fibras. As estratégias para tal são mais complexas, na medida em que englobam esforços colectivos articulando marcas e distribuidoras. Esta organização trabalha com pequenos núcleos de produção de algodão orgânico, maioritariamente localizados na Índia, África e América do Sul, de

forma a garantir o escoamento das suas produções de algodão e planos de expansão sustentável. Aumentar a visibilidade destes produtores de algodão é o pote de ouro no final do arco-íris. E em grande parte o aumento do burburinho mundial em relação a estas fibras deve-se a este tipo de organizações que se dispõem a tentar aumentar o número de agricultores certificados. 50% por ano é a percentagem de crescimento mágica que permitiria ao algodão orgânico um impacto verdadeiramente significativo, tudo em prol de um espírito “eco-amigo”. www.organicexchange.org

Let’s go green Afinal pode não ser um esforço hercúleo a elevação do algodão orgânico a um lugar de destaque na indústria têxtil. Não o é se tiver o impulso certo. Neste assunto esse impulso vem sob a forma de grandes marcas mundiais de roupa que se preocupam com questões ambientais. A moda está alerta e ao serviço das boas causas. Exemplos disso são marcas como a Benetton, a Timberland, Pepe Jeans, Rip Curl, Victoria’s Secret e Esprit, todas apostaram na criação de uma linha de produtos em algodão orgânico. Uma cadeia com um alcance de mercado vasto que também se interessou pela causa foi a gigante espanhola Zara. As estratégias verdes da marca não se restringem somente à venda de vestuário em algodão orgânico mas também à diminuição do consumo energético e diminuição da emissão de dióxido de carbono. Significa que todo o processo é orgânico e não só o produto final. Também a H&M tem uma preocupação transversal com a produção do vestuário. Usa técnicas ecológicas para tingir os tecidos e o algodão é certificado e proveniente de países como a Turquia, Índia ou China. A H&m é, aliás, desde 2003, membro da Organic Exchange e da Better Cotton Initiative, criada pela WWF e até hoje mantém uma linha de produtos de algodão orgânico devidamente assinalados com a etiqueta que elucida os compradores sobre a origem do produto que querem adquirir. São passos no caminho certo para incentivar os produtores a investir no cultivo do algodão orgânico. Aliás, o uso desta matéria-prima pela H&m tem crescido a cada ano o que prova que é um compromisso a longo prazo. Um compromisso que se espera ter mais seguidores. Uma boa forma de comemorar em 2009 o ano internacional das fibras naturais. www.bettercotton.org


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novas tecnologias Vestuário e tecnologia

Algodão orgânico A consciência ecológica por Soraia do Carmo Os combustíveis para o progresso económico são caros. Senão, ponderem o ritmo do mundo movido a intermitentes aumentos dos custos energéticos, globalização dos mercados, liberalização das trocas comerciais e agora a galopante crise financeira à escala global. Estes são factos suficientemente poderosos para abafar uma qualquer tímida consciência ecológica que queira despontar nas estratégias das empresas. Na factura que o mundo paga pelo progresso incluem-se o aquecimento global, a poluição ambiental e os riscos para a saúde do próprio Homem, riscos que exigem soluções eficazes tanto na alimentação como na indústria têxtil. O algodão orgânico é uma das respostas à tal consciência ecológica emergente na indústria. O cultivo de algodão, a matéria-prima mais usada no vestuário, tem custos negativos proporcionais à sua procura. É o cultivo que mais consome pesticidas, adubos químicos e outros produtos tóxicos e potencialmente cancerígenos. Desde o final da década de 80 que se tem sentido a urgência em fomentar uma lavoura de algodão que assente em bases orgânicas e ecológicas. Esta é a essência do algodão orgânico, obtido em sistemas sustentáveis que protegem os recursos naturais, como a fertilidade e rotatividade dos solos e utilização de fertilizantes naturais. O melhor contributo do consumidor para a preservação do meio ambiente é, portanto, escolher de forma consciente produtos feitos com o algodão orgânico. E se inicialmente este género de fibra lutou para vingar no mercado mundial, actualmente com a melhoria da qualidade da fibra esta torna-se mais apetecível aumentando consequentemente a procura por parte dos “consumidores verdes”.

Os aliados do algodão orgânico Há uma tendência que ressalta. Por vezes, perante os diversos problemas no mundo são as organizações sem fins lucrativos as personificações das soluções. Neste campo é a Organic Exchange uma das que está aos comandos. A missão parece simples, catalizar recursos para expandir a agricultura destas fibras. As estratégias para tal são mais complexas, na medida em que englobam esforços colectivos articulando marcas e distribuidoras. Esta organização trabalha com pequenos núcleos de produção de algodão orgânico, maioritariamente localizados na Índia, África e América do Sul, de

forma a garantir o escoamento das suas produções de algodão e planos de expansão sustentável. Aumentar a visibilidade destes produtores de algodão é o pote de ouro no final do arco-íris. E em grande parte o aumento do burburinho mundial em relação a estas fibras deve-se a este tipo de organizações que se dispõem a tentar aumentar o número de agricultores certificados. 50% por ano é a percentagem de crescimento mágica que permitiria ao algodão orgânico um impacto verdadeiramente significativo, tudo em prol de um espírito “eco-amigo”. www.organicexchange.org

Let’s go green Afinal pode não ser um esforço hercúleo a elevação do algodão orgânico a um lugar de destaque na indústria têxtil. Não o é se tiver o impulso certo. Neste assunto esse impulso vem sob a forma de grandes marcas mundiais de roupa que se preocupam com questões ambientais. A moda está alerta e ao serviço das boas causas. Exemplos disso são marcas como a Benetton, a Timberland, Pepe Jeans, Rip Curl, Victoria’s Secret e Esprit, todas apostaram na criação de uma linha de produtos em algodão orgânico. Uma cadeia com um alcance de mercado vasto que também se interessou pela causa foi a gigante espanhola Zara. As estratégias verdes da marca não se restringem somente à venda de vestuário em algodão orgânico mas também à diminuição do consumo energético e diminuição da emissão de dióxido de carbono. Significa que todo o processo é orgânico e não só o produto final. Também a H&M tem uma preocupação transversal com a produção do vestuário. Usa técnicas ecológicas para tingir os tecidos e o algodão é certificado e proveniente de países como a Turquia, Índia ou China. A H&m é, aliás, desde 2003, membro da Organic Exchange e da Better Cotton Initiative, criada pela WWF e até hoje mantém uma linha de produtos de algodão orgânico devidamente assinalados com a etiqueta que elucida os compradores sobre a origem do produto que querem adquirir. São passos no caminho certo para incentivar os produtores a investir no cultivo do algodão orgânico. Aliás, o uso desta matéria-prima pela H&m tem crescido a cada ano o que prova que é um compromisso a longo prazo. Um compromisso que se espera ter mais seguidores. Uma boa forma de comemorar em 2009 o ano internacional das fibras naturais. www.bettercotton.org


Catarina veste vestido em algodão, €320, BOSS ORANGE. / Colete em pele, €428, LUÍS BUCHINHO

Catarina veste vestido em seda, €900, ISILDA

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expos por Cláudia Rodrigues Madeleine Vionnet 1876 - 1975 Madame Vionnet está para a moda como os deuses estão para a Grécia. A arquitecta do vestido marcou a história da Moda com as suas criações intemporais. Foi, e é um génio do drapeado e do corte enviesado, conferindo no vestuário uma liberdade de movimento inimaginável, sobretudo, no período entre guerras, o auge da sua carreira. De inspiração clássica e valores que vão além do efémero, cria peças aparentemente simples, que modela e ensaia em grandes bonecas. Os vestidos à escala real revelam-se de uma nobreza incomparável, pelo toque e pelo cair suave realçando os corpos. Um refinamento apenas possível após intensa pesquisa e que por isso ainda hoje fascina os maiores costureiros. De 18 de Junho a 24 de Janeiro de 2010, temos a oportunidade de ver em Paris, no Museu da Moda e do Têxtil, uma selecção de vestidos, estamparia e fotografias do período entre 1912 e 1939. Les Arts Décoratifs 107, Rue de Rivoli 75001 Paris Vestido Madeleine Vionnet, 1930

Hussein Chalayan Works 1994 - 2009 Poucas são as palavras que podem descrever o trabalho de Chalayan, um artista proveniente do Chipre que é simplesmente distinto e inigualável. Duas vezes nomeado “British Designer of the Year”, tem, ao longo da sua carreira, quebrado barreiras e convicções, desmistificando qualquer ideia pré-concebida sobre o que é a moda e o vestuário. A inovação nos materiais, o apuramento de métodos de corte a laser e atitudes progressistas face às novas tecnologias, possibilitam às suas criações de moda ser o suporte conceptual da sua visão futurista, distinguindo-o ao mais alto nível científico e filosófico. Em modo de retrospectiva, estão patentes nesta exposição, pela primeira vez em Inglaterra até 17 de Maio, 15 anos de experimentalismo, onde Hussein Chalayan mostra o seu processo criativo, as suas inspirações, os temas que o influenciam e obras emblemáticas como “After words” ou “Minus Now”.

Virtual Shoe Museum Uma exposição sem data marcada, nem limitações e em constante renovação é o conceito que Liza Snook nos apresenta através do seu museu virtual de sapatos. Sem sair de casa pode assistir, no ecrã do seu computador, à surpreendente e eclética selecção de calçado que Liza, designer gráfica de profissão, tem vindo a reunir. O que começou por ser uma paixão pessoal levando-a a coleccionar, há mais de 25 anos, todo o tipo de sapatos (usáveis, não usáveis ou de bonecas), livros e outras referências, ganhou novas dimensões quando decide que as paredes da sua casa e as paredes dos museus convencionais são demasiado restritas para albergar tamanho imaginário. No museu que criou estão reunidos cerca de 1000 sapatos diferentes, que organiza devidamente por secções. Eis a forma que encontrou para, livremente, aprofundar um universo criativo pouco explorado, dando a conhecer verdadeiras relíquias. www.virtualshoemuseum.com

Avedon Fashion 1944 – 2000 Em plenos anos 50, numa época em que a indústria da moda é dominada pelos europeus, a América injecta uma energia propulsora que rompe com as fórmulas rígidas da linguagem estética da altura. Richard Avedon, iniciando-se no 2º pós-guerra, redefine a fotografia de moda e o papel do fotógrafo, fazendo furor na Harper’s Bazaar, na Vogue ou no The New Yorker . Antecipa muitos dos cruzamentos culturais que ocorreram entre as belas artes, a arte comercial, a moda, a publicidade e a cultura pop nos últimos 20 anos, criando fotografias espirituosas e imaginativas que representam a moda e a mulher moderna através de uma nova luz. Entre 15 de Maio e 6 de Setembro, o ICP organiza a mais completa retrospectiva da carreira de Avedon, exibindo mais de 200 trabalhos, entre fotos, serigrafias, folhas de contacto, layouts e material de arquivo, que comprovam o extraordinário impacto da sua obra.

Pump up the volume © Bart Hess Design Museum Shad Thames London SE1 2YD Colecção Outono/Inverno 2003 “KINSHIP-JOUNEYS” fotografada por Chris Moore

International Center of Photography 1133 Avenue of the Americas at 43rd Street, New York NY 10036 Richard Avedon Naty Abascal,Ana-Maria Abasacal and Helio Guerreiro, bathing suit by Brigance, Ibiza, Spain, September 1964 © 2008 The Richard Avedon Foundation

TALLER MISSONI, EL ARTE DEL TEJIDO EN MOVIMIENTO Missoni nasce em 1953, em Milão, da paixão de Tai e Rosita Missoni pelos materiais e pela cor, que interpretam de forma muito autêntica. Ao aplicarem no vestuário em malha o resultado das suas investigações artísticas e tecnológicas, criaram uma identidade e um estilo únicos, afirmando-se nos dias de hoje como uma marca de sucesso em família. Mas foi nos anos 70 que alcançaram o maior prestígio, revolucionando a moda mundial com os seus arrojados tricôs com padrões e riscas multicolor, misturando várias matérias. Nesta exposição, elementos multimédia, instalações, workshops e outros conteúdos transversais representam a dinâmica criativa de uma casa de referência para o design têxtil. Poderá desfrutar da experiência até 5 de Abril, no Museu do Traje em Madrid. Museo del Traje Avenida de Juan de Herrera, 2 Madrid (28040)

Seduction, 250 Years of Sexuality in Fashion Mais do que uma exposição de Moda, “Seduction”, é um confronto entre linguagens: a linguagem do corpo, a da mente e a da sociedade. Desde o século XVIII até aos nossos dias, a história do vestuário é contada a par da história da sexualidade, apontando a complexa relação entre o que se veste e o que se deseja, entre homens e mulheres numa sociedade. A roupa sedutora é revelada como instrumento de manipulação, despoletando a atracção física e afirmando sentimentos de poder ou status. “Dress to impress”, um ponto de vista sobre a moda explorado, profunda e cronologicamente, nesta exposição. São incluídas obras desde os subtis e insinuantes vestidos da era Victoriana até peças sexualmente explícitas de criadores como Jean Paul Gaultier ou Azzedine Alaïa. Balenciaga, Costume National ou Christian Louboutin, entre outros, são também referenciados. Até 16 de Junho no museu do Instituto de Moda e Tecnologia, em Nova York. Fashion Institute of Technology Seventh Avenue at 27 Street New York City 10001-5992 Vestido de noite em Jersey de seda, Halston, 1972-73, USA

Swedish Fashion – Exploring a New Identity Desde os finais dos anos 90 que se assiste ao emergir de uma nova vaga de designers suecos que, não só têm impressionado individualmente, como também têm contribuído para redefinir o conceito estereotipado da moda sueca, funcional e minimal. Como análise a este movimento de vanguarda, será exibida uma exposição no museu da moda e do têxtil londrino, mostrando o trabalho de 13 jovens que se destacam pela contestação ao passado numa atitude modernista. E, entre outros, eles são: Ann-Sofie Back, que desconstrói a função das peças criando novas tipologias e significados; Sandra Backlund, que eleva o tricô a um nível escultural; Helena Horstedt, que se debruça sobre a forma e os volumes; Nakkna, com as suas silhuetas drapeadas e over-size. Também há uma secção dedicada à joalharia sueca contemporânea e ao que de melhor se faz por lá. A não perder entre 6 de Fevereiro e 17 de Maio. The Fashion and Textile Museum 83 Bermondsey Street London Helena Hörstedt Fotografado por: Peter Farago www.imagebank.sweden.se

Paper Fashion O papel tem sido explorado ao longo da história principalmente em tempos de crise, mas nunca se tornou uma técnica muito desenvolvida. A China e o Japão são os seus precursores mas, no Ocidente, apenas surge como alternativa ao tecido em meados do séc. XX. Em 1966 a Scott Paper Company of USA introduziu o primeiro vestido de papel descartável como truque de propaganda, impressionando as donas de casa e depressa despoletando o hype. A sua maior versatilidade é a facilidade no corte e a possibilidade de impressão, económica, com coloridos estampados, transformando-o num ícone da Pop Art e da moda dos anos 60. A Atopos Cultural Organization detém mais de 400 vestidos deste período e apresenta também modelos anteriores, fazendo a ponte com obras contemporâneas de criadores como Chalayan, Martin Margiela ou Takashi Murakami. A partir de 6 de Março até 16 de Agosto no Momu, na Antuérpia. ModeMuseum Province of Antwerp-MoMu Nationalestraat 28 B-2000 Antwerp 1968 Harry Gordon, ‘The Eye’ Poster Dress, USA 1968 Campagnebeeld


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expos por Cláudia Rodrigues Madeleine Vionnet 1876 - 1975 Madame Vionnet está para a moda como os deuses estão para a Grécia. A arquitecta do vestido marcou a história da Moda com as suas criações intemporais. Foi, e é um génio do drapeado e do corte enviesado, conferindo no vestuário uma liberdade de movimento inimaginável, sobretudo, no período entre guerras, o auge da sua carreira. De inspiração clássica e valores que vão além do efémero, cria peças aparentemente simples, que modela e ensaia em grandes bonecas. Os vestidos à escala real revelam-se de uma nobreza incomparável, pelo toque e pelo cair suave realçando os corpos. Um refinamento apenas possível após intensa pesquisa e que por isso ainda hoje fascina os maiores costureiros. De 18 de Junho a 24 de Janeiro de 2010, temos a oportunidade de ver em Paris, no Museu da Moda e do Têxtil, uma selecção de vestidos, estamparia e fotografias do período entre 1912 e 1939. Les Arts Décoratifs 107, Rue de Rivoli 75001 Paris Vestido Madeleine Vionnet, 1930

Hussein Chalayan Works 1994 - 2009 Poucas são as palavras que podem descrever o trabalho de Chalayan, um artista proveniente do Chipre que é simplesmente distinto e inigualável. Duas vezes nomeado “British Designer of the Year”, tem, ao longo da sua carreira, quebrado barreiras e convicções, desmistificando qualquer ideia pré-concebida sobre o que é a moda e o vestuário. A inovação nos materiais, o apuramento de métodos de corte a laser e atitudes progressistas face às novas tecnologias, possibilitam às suas criações de moda ser o suporte conceptual da sua visão futurista, distinguindo-o ao mais alto nível científico e filosófico. Em modo de retrospectiva, estão patentes nesta exposição, pela primeira vez em Inglaterra até 17 de Maio, 15 anos de experimentalismo, onde Hussein Chalayan mostra o seu processo criativo, as suas inspirações, os temas que o influenciam e obras emblemáticas como “After words” ou “Minus Now”.

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