La Performola / The Perforbox

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Onde começa acaba e onde acaba começa. Quando começa alguma coisa a ser minha? Quando alguma coisa deixa de ser minha? Quando a gente a compra? Quando a gente a vendi? Num terreno mais complicado. Se eu criou alguma coisa e sou eu quem a faz, tenho então à autoria sobre o que criei? o que aconteceria se aquela criação é pegada e feita por alguém que não é seu criador? Geralmente falamos desde nós mesmos, desde a nossa própria experiência, por que nos é impossível falar desde um outro lugar, pode parecer egocentrismo, mas é simplemente uma forma de verbalizar o que conhecemos. Tudo o entendemos desde nós, de adentro para fora, a pesar de que as coisas passam por um primeiro processo que funciona inversamente. Quando vemos um objeto sua imagem entra e passa pelo cérebro, se codifica e depois se gera uma definição ou melhor um entendimento de aquele objeto desde mim, logicamente esta parte de todas as experiências que se tiveram com o objeto. Isto quer dizer que a imagem, o conceito e o uso final esta todo determinado pela experiência. Todo isto parece elementar, meu caro Watson! as três cadeiras de Kosuth, Ne? Lógico. Apesar disso temos também entendimento de nossas ações, de nosso agir, das coisas que fazemos todos os dias, de nosso atos, tanto assim que conseguimos fazer juízos morais, políticos e afetivos de todo o que fazemos. Portanto se

entende que também temos um jeito de trabalho, um conceito de correr, de pensar e de dizer... do mesmo jeito que com os objetos as ações se codificam e se entendem desde nós, desde nosso próprio corpo e desde nosso próprio tempo e espaço. Então, eu decidi fazer este texto. Decidir e fazer, dois verbos que tenho certeza cada pessoa que leia isto entenderá, mas entenderá desde sua decisão e desde seu fazer. Isto nos leva a que as ações por mais nossas que pareçam, se escapam das nossas mãos, são um pouco mais escorregadias que os objetos, apesar de que isto também são super voláteis a nível conceptual, voltando às cadeiras, Watson! Então sim eu penso, eu escrevo e eu teclo ou melhor, eu crio não quer dizer que a ação seja minha. Talvez Adan inventou o caminhar ou tal vez foi antes, quando as bestas forma criadas, sem embargo o credito não existe para nenhum deles. E é ali, no credito onde esta a parte complicada da ação. Suponhamos que nunca ninguém assuou, e eu o faço pela primeira vez e depois eu falo que é Arte, e digo que é a minha obra. Suponhamos que depois do respetivo show e as palmas do público - Odiadas pelo Marinetti- e os respetivos catálogos, exposições, etc. qualquer um me liga e me diz que quer se assoar e que quer faze-lo da mesma maneira e durante o mesmo tempo que eu o fiz, e alem disso promete me dar o credito antes de faze-lo. Ele o executa com a maior precisão e o mais fiel possível a

como foi a minha descrição e obtém o mesmo resultado; show, palmas e catálogos que dizem que sua obra é a minha obra. Onde começa e onde acaba? Como assim? Logo, não era a minha obra? Agora, é dele? Mas se nunca deixo de ser minha, ele me deu o credito, mesmo que admitamos, ele o fez um pouco diferente, sem contar que era outro público e outro espaço. Um segundo! será que ele fez uma coisa diferente daquilo que eu fiz? Não impossível! ele fez o mesmo, se assuou! E se demoro exatamente os 40 segundo que eu lhe diz, foram ate contabilizados pelo relógio, foi o mesmo, mas diferente. Meu trabalho se mostra no dele e o trabalho dele no meu. Meu e dele, duas coisas ao parecer oposta se encontram num limbo complicado, ao qual lhe damos o nome de autoria. Abusou! Obteve o mesmo resultado, Não, Não! atras do repetir sempre existi alguma coisa a mais, a repetição traz um sentido às ações mais simples, seria como deixar de se escovar os dentes por que mais tarde vou suja-los de novo, se não repeti-se o ato então este já não teria o mais mínimo resultado ou sentido. The perforbox trabalha desde ai, the perforbox pergunta onde começa o meu e onde acaba o dele ou donde começa o dele e acaba o meu. The perforbox se mostra com iniciativa do outro, pela petição do outro e em procura do outro, sem embargo, é a impossibilidade de repetição no outro o que a mostra como tentar impossível, o que lhe da outras faces,

como um circo de variedades, como um catalogo, como uma caixa de surpresas, como um profissional da performance, como uma pessoa que trabalha num escritório e que sabe fazer seu trabalho e que pose ser trocado de área pois realizaria bem outro trabalho diferente daquele que acostuma, mas que em essência está encaminhado para realizar um trabalho ótimo. Então tentado nos colocar nos sapatos do outro, percebemos que estamos em nossos sapatos mais que nunca, que é impossível colocarse os sapatos do outro e caminhar igual que o outro. O gesto de cada ação é tão ínfimo e infinitamente diferente, que o mais similar ou parecido resulta ser uma surpresa inesperada, o que faz de cada peça única; e é nessa diferencia essencial, que cada uma das peças que foram entregadas das mãos dos seus criadores nas mãos do performer, se converteram em outro performance ao cargo deste, para satisfação de três partes: o público, os artistas e logicamente o perfomer. Essa satisfação, como todo o que você compra tem um preço. Em alguns casos é o perfomer quem se disponde a fazer coisas que jamais faria, algumas lhe implicam desafios, ultrapassar limites corporais ou paredes temáticas e discursivas, mas é precisamente isso o que the perforbox faz, um jukebox no você pode escutar desde Rammstein até pagode. Em alguns casos é o publico que se tem que ver envolto em situações nas que realmente não queria estar ou nas que inconscientemente queria estar, mas que negociam com ele


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