#MidiasSociais: Perspectivas, Tendências e Reflexões

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escala mundial, através da rede, possibilitou o surgimento de novos comportamentos dos cidadãos, que estão, como nunca, no controle das suas relações midiáticas. A esses sujeitos que vêem na internet uma ferramenta da liberdade de expressão e acreditam que elas “não são somente tecnologias, mas também meios de expressão” dá-se o nome de netizens (MOUNIER, 2006, 1979). Os netizens utilizam a internet como forma de ampliar debates e trazer à luz questões que, muitas vezes, não dispõem de um espaço para serem debatidas na mídia de massa. Entretanto, para que esses questionamentos ganhem força junto ao grande público, não raro é necessário que os assuntos debatidos surjam nas mídias digitais e depois sejam levados para o mundo off-line a despeito de não ganharem força frente à opinião pública (MOUNIER, 2006, p.191).

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Tal “prossumidor”, por conta da viabilidade de sistemas comunicacionais de mão dupla, é despertado como um receptor mais participativo, que é estimulado a reagir às informações, seja fazendo um comentário, uma sugestão ou uma crítica. Logo, o prosumer é um sujeito que emerge de uma nova condição social, não mais passiva e receptora, mas ativa e produtora de discursos. Com isso, o consumerismo político, presente na nova postura de consumo racional, controlado, seletivo, baseado em valores sociais e ambientais e no respeito pelas gerações futuras, ganha força a partir da criação e circulação de novos, variados e engajados discursos na rede.

Antes do advento da internet, as opiniões dos consumidores sobre as empresas e as marcas, por exemplo, já eram consideradas relevantes e poderiam macular a imagem dessas, caso aqueles não estivessem A era da suspeita e os consumidores satisfeitos com os seus produtos e serviços produtores de discursos ou de acordo com seus ideais e valores. Esse novo cidadão desconfiado das verdades midiáticas emitidas e reproduzidas Entretanto, não havia como essa opinião unilateralmente configura-se também como favorável ou contrária às marcas ser um consumidor cada vez mais crítico. Está distribuída em larga escala e com amplo disposto não somente a se informar mais e alcance, o que se modificou, radicalmente, melhor sobre os bens materiais e simbólicos com a chegada da internet à vida desses que o cercam, como também a produzir actantes dos mais diferentes lugares, níveis discursos variados sobre eles. Assim, surge sociais e faixas etárias. um novo conceito de consumidor nos anos 90: o prosumer. Até meados dos anos 90, quando a internet começou a ser usada como ferramenta de O prosumer ou prossumidor é aquele comunicação interpessoal, a propaganda consumidor que também adquire o caráter institucional, veiculada principalmente de produtor. Sendo assim, não apenas recebe através da tevê, constituía o único passivamente os enunciados, mas também os discurso aceito sobre as marcas. Isso vem produz. “Vemos um borrar progressivo da se modificando e provocando impactos linha que separa o produtor do consumidor. relevantes sobre o discurso publicitário, alvo Vemos a crescente significação do de polêmicas a respeito da sua transparência. prossumidor.” (TOFFLER, 1995, p.268) Ramonet avalia que o discurso publicitário é


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