#MidiasSociais: Perspectivas, Tendências e Reflexões

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como a participação de cada um poderia contribuir para o processo. Outra estratégia que tentei utilizar foi a execução de ações transmídia. Um exemplo foi a ideia de inserção de um cartaz de uma campanha em uma edição do boletim impresso do político pedindo que as pessoas o colassem nos bairros, fotografassem e enviassem a foto para a assessoria. Seria criada uma página específica no site para abrigar essas fotos identificando o fotógrafo e o bairro onde o cartaz foi colocado. Apesar de essa ação não ter efetivamente se realizado, acredito que a junção online-offline (que às vezes nos parece tão próximas, mas que, para muitos, ainda é bem distante) seja essencial para trazer novos públicos para as mídias sociais.

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Um segundo entrave que encontrei foi a dificuldade de aceitação de que é preciso dedicar muito tempo às mídias sociais. O trabalho de comunicação online acaba sendo apenas adicionado à rotinha préexistente, sem que se criem cargos ou rotinas específicas para isso. Essa realidade é fruto da falta de compreensão da importância das mídias sociais, mas também de dificuldades estruturais que muitos políticos têm. Estar nas mídias sociais é, muitas vezes, tão importante quanto outras funções na assessoria e acredito que o desafio não seja se tornar mais importante que elas e sim conseguir identificar quanto recurso (financeiro e de pessoal) vale a pena que aquele político dedique à comunicação em mídias sociais. Está claro que um trabalho desenvolvido por um profissional que tem 10 funções, entre elas, cuidar dos perfis em mídias sociais não será tão complexo quanto aquele feito por alguém que se dedica exclusivamente a isso, mas isso não significa que seja pior. É preciso entender

as diferentes escalas e perceber quais as oportunidades que elas nos oferecem. Um terceiro entrave digno de nota é a falta de familiaridade do político com a interface a dinâmica das mídias sociais online. Assim como outras ferramentas de comunicação, as mídias sociais são, na maioria das vezes, atribuições das assessorias e não do político diretamente. Mas é preciso notar que existe uma diferença crucial entre ferramentas de comunicação tradicionais e as mídias sociais que está na questão da pessoalidade. Nesse sentido, acredito que a aproximação do político dessas ferramentas seja essencial para a unificação da imagem dele perante o público tanto online quanto offline. Não estou defendendo aqui que o político tenha que necessariamente atualizar seus perfis, embora acredite que isso seja, em certa medida, desejável, mas que ele faça parte da discussão sobre que perfis criar, que tipo de conteúdo postar e como estabelecer relações com os usuários. Delegar tudo isso à assessoria pode criar um descompasso entre as imagens online e offline do ator político que de forma alguma será conveniente a ele. E, para finalizar, gostaria de citar como entrave a necessidade de um amplo envolvimento da assessoria no processo de participação em redes sociais online. Apesar de as assessorias de comunicação muitas vezes serem as pioneiras nesse processo de comunicação online, isso pode não acontecer com as demais assessorias do político. Isso se torna um problema na medida em que as informações e conteúdos que alimentam as mídias sociais precisam vir de todos os setores. Informações sobre projetos de lei e visitas a bairros e a preparação de powerpoints específicos sobre


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