Novos jornalistas: para entender o jornalismo hoje

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fazer. Desligar o aparelho ou mudar de canal são suas opções.

Nesse monólogo construído pela mídia, que as empresas adotaram para seus projetos de comunicação, a organização fala para uma "plateia", que pouco pode fazer para interagir com as mensagens direcionadas para si própria. Que essa é uma posição confortável para as empresas, não se pode negar. Afinal, por muitos anos elas tiveram como princípio investir esforços naquilo que dá retorno financeiro (produção, processos administrativos), em detrimento da comunicação com o cliente.

A internet não funciona assim. Nas palavras do professor J. B. Pinho, no livro Relações Públicas na internet, o público tem latente a expectativa de participar, de interagir. E o conteúdo on-line que ofereça um padrão mínimo de interação tem pouco valor para o usuário. A internet transformou o monólogo em um diálogo. Uma conversa aberta e disponível a todos aqueles que queiram participar.

E essa transformação da comunicação ocorreu simultaneamente a uma sequência de transformações sociais. As pessoas não se acomodam mais à situação de plateia, e seguem para a conversa, mesmo que elas próprias tenham que "puxar o assunto". A sociedade não espera mais que a empresa se manifeste, para só depois poder demonstrar sua opinião. No Brasil, esta situação ficou clara, principalmente, após a maturidade do Código de Defesa do Consumidor.

As empresas, então, tiveram que se adaptar a este novo perfil de comunicação, em que um "um para todos" deu lugar ao "todos para todos".


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