Novos jornalistas: para entender o jornalismo hoje

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Dos primeiros grunhidos dos hominídeos nas savanas africanas, à prensa de Gutemberg e ao advento da Internet, a comunicação experimenta inovações não só nas Tecnologias Físicas mas também nas Sociais, tendo estas influenciado naquelas - e vice versa. Enquanto que algumas criações perecem pelo caminho, outras triunfam sendo escolhidas e repassadas às gerações posteriores. Na etapa seguinte, as novidades estabelecidas têm seu uso amplificado, copiado e imitado tornando-se, muitas vezes, o novo padrão. Um processo amplamente difundido e comumente conhecido na literatura corporativa como competição.

A superexposição da vida privada e a exploração dos sórdidos detalhes de crimes macabros, que ora preenchem a mídia, também são frutos de processo semelhante. Originados em inovações como Big Brother, a série Faces da Morte ou campeonatos de Vale-Tudo, a bisbilhotice e a glamurização da violência foram selecionados pelo fetiche popular em ter livre acesso aos detalhes audiovisuais da vida alheia, quer na alegria ou na tristeza - com especial preferência a esta última, contudo.

Tal como no enfoque evolucionista de Beinhocker, tais inovações foram apoiadas por novas Tecnologias Físicas - como a proliferação de câmeras digitais cada vez mais potentes, reduzidas e baratas e na facilidade de armazenamento, transmissão e difusão de dados - e Sociais - como a crescente aceitação de escândalos e a paulatina redução dos pudores sociais, exigindo bizarrices cada vez mais escabrosas.

Destacar comportamentos grotescos - seja um parricídio ou a devassidão do astro da moda - carrega consigo componentes de degradação social, na


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