Novos jornalistas: para entender o jornalismo hoje

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No Brasil, os computadores estão presentes nas redações desde 1983, quando a Folha de S.Paulo inaugurou seu uso. Nos anos seguintes, eles se espalhariam pelas redações brasileiras causando alguma polêmica: simbolizavam uma mudança no modo tradicional de fazer jornalismo. Verdade que era uma tradição de poucas décadas. Mas, ainda assim, era tradição. Durante um longo tempo, todo o debate sobre os usos jornalísticos do computador se centrava em uma questão: o texto. O computador era usado como pouco além de uma máquina de escrever com luzinhas. Nas revistas especializadas dos anos 80 e início dos 90, como Imprensa e Revista de Comunicação, invariavelmente os textos que tratavam do assunto suspiravam de saudade das laudas, do som das teclas da máquina de escrever ou lamentavam que o computador “estragou” a qualidade do texto ao provocar a demissão dos revisores de provas tipográficas. Muitos profissionais excelentes demoraram anos a perceber outros usos possíveis para a máquina. Oportunidades de treinamento em reportagem com o auxílio do computador abertas a jornalistas em geral só começaram a surgir no país a partir de dezembro de 2002, com a criação da Associação Brasileira de Jornalismo investigativo. As empresas, enquanto isso, viram na informática uma maneira de pôr no mercado produtos impressos feitos com mais eficiência, menos profissionais intermediários e melhor acabamento. Um jornal dos anos 80, hoje, parece um tijolão se comparado até mesmo aos mais desengonçados jornais que existem hoje. A forma como foram incorporados os recursos da informática à produção gráfica colocou o Brasil no mapa da excelência em design de notícias, com prêmios internacionais reconhecendo jornais como o Correio Braziliense, diversas vezes premiado pela Society for News Design.


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