Novos jornalistas: para entender o jornalismo hoje

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É estranho escrever sobre mídia radical, um nome pomposo para algo que sinto não fazer parte, mas vamos lá.

Uma página como o BaixaCultura, assim como trocentas outras que se tornaram uma fonte de informação alternativa (e, vá lá, radical) à grupos jornalísticos tradicionais, não é estruturada de maneira que possa se encaixar no conceito institucionalizado de jornalismo. Para ficar em exemplos práticos: não existe complexidade na divisão de trabalho, não tem pauteiro, nem editor, nem repórter, nem uma intranet que facilite o trabalho, nem condições financeiras para se permitir ficar dias, semanas e meses apurando para a produção de uma única reportagem. Isso tudo até que não seria um problema se não houvesse um fator principal: não há dinheiro algum envolvido, nem qualquer “interface com o mercado”, o que classifica a atividade como não profissional.Tais iniciativas de produção e divulgação de informação independentes da grande mídia levam o nome de mídia radical.

E páginas como as do Baixa Cultura estão longe de ser – e na maioria das vezes de querer ser - jornalismo “profissional”.

Mas isso não significa que elas sejam “piores” por não terem uma estrutura profissional, por não envolver dinheiro e por não ter uma “interface com o mercado”. Estes milhares de páginas, blogs, fanzines, revistas, rádios-pirata e assemelhados se colocam como mais uma fonte de informação que não pretende ser neutra, imparcial, “objetiva”. Uma fonte que se aproveita do continuum de informações disponíveis na rede e no cotidiano local e soma


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