Novos jornalistas: para entender o jornalismo hoje

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contexto ímpar na história para o cruzamento enlouquecido de informações. Que com isso se busque significados que vão além da superfície e que se rompa as amarras da última novidade para propor uma ligação firme com a vida presente de cada um.

Para o jornalismo, a recombinação vale não só para a busca de informação exclusiva, ainda e por muito tempo só obtida através de fontes confiáveis, mas também para o cruzamento da informação que todo mundo tem com as mais variadas possíveis bases de dados. É claro que para isso acontecer um monte de outras coisas devem aparecer (formação adequada para o tratamento com bases de dados, informações públicas mais disponíveis e abertas a todos, iniciativas e financiamento para um trabalho jornalístico independente) e desaparecer (o preconceito de muitos com o maravilhoso mundo da informática, o comodismo das redações tomadas pelos critérios mercantis de noticiabilidade, a condição de assédio moral tomada como praxe em muitas redações).

Com tudo isso acontecendo (ou não), quem sabe não passamos a pensar na idéia que o escritor William Gibson trouxe num texto para uma edição da revista Wired (que posteriomente foi publicado no BaixaCultura): A gravação, e não o remix, é a anomalia hoje. O remix é a verdadeira natureza do digital. Em outras palavras: é a essência da comunicação dos nossos tempos. Nos arriscamos a dizer que o remix seria tão “natureza” do digital que nem mais haveria de existir uma distinção entre o próprio registro (objeto) e a recombinação (um processo). Tudo seria (e não é?) recombinação.


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