Novos jornalistas: para entender o jornalismo hoje

Page 111

Ele surgiu nos anos 60 , obra do tresloucado jornalista norte-americano Hunter S. Thompson. Misturando ficção com não ficção e colocando o jornalista como personagem e até mesmo protagonista dos acontecimentos relatados, o jornalismo gonzo por muito tempo foi olhado com desconfiança (mesmo hoje ainda é) por grande parte da imprensa. Avesso às convenções, descompromissado com o lead e outros padrões jornalísticos, o gênero é contemporâneo da contracultura e como tal carrega consigo um forte acento dos ideais que acometiam a época de seu surgimento. O jornalista gonzo preza a liberdade de expressão, a experimentação de estados de consciência alterados e, sobretudo, a verdade. Uma verdade livre de caretices e burocracias.

Há cinco anos Dr. Hunter, como Thompson era conhecido, colocou um ponto final na própria vida. Deixou para trás um legado irreverente, provocador e verdadeiro. Sem falar no séquito de fãs formado por estudantes de jornalismo que viram na extravagância e nos métodos do pai do gonzo jornalismo uma maneira inovadora e divertida de se contar uma história. Iniciativas tidas como originais na recente história da mídia brasileira, a exemplo do Pasquim, da trupe do Casseta e Planeta, das loucuras de Arthur Veríssimo no Ratinho e mais recentemente o CQC , são exemplos de que Thompson fez escola no Brasil.

Mas este e-book busca entender o jornalismo hoje e o bom e velho Gonzo já é um senhor de cinqüenta anos de idade. Um equívoco eu falar do gênero? Não mesmo. Se o gonzo jornalismo já aprontava das suas em períodos conturbados como o da contracultura e da ditadura militar, hoje mais


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.