Novos jornalistas: para entender o jornalismo hoje

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Parintins e um colaborador em Manacapuru, e equipes da capital viajam pelo menos uma vez a cada 15 dias”, diz. “Mas os deslocamentos têm alto custo. Poucas cidades possuem aeroportos, não há estradas ligando a maioria dos municípios e essas viagens tendem a ser longas.”

Editores e repórteres concordam que um dos caminhos para diversificar a pauta e ampliar assuntos é trabalhar histórias que girem em torno da vivência de personagens. “Concentrar a história nos personagens e não nas estatísticas oficiais ou no discurso de gabinete é uma maneira de pegar o leitor pela identificação. Isso nunca deixou de ter importância”, acredita Demitri Túlio, repórter especial de “O Povo”.

Em 2006, “O Povo” ganhou o prêmio Tim Lopes de Investigação da Agência Nacional dos Direitos da Criança e Adolescentes (Andi). “Na verdade, era uma bolsa para custear despesas de grande reportagem. Fizemos então um caderno de doze páginas (mais uma série durante dez dias) sobre exploração sexual e comercial de meninas e meninos nas BRs do Nordeste”, lembra. “Não inventamos a roda. Apenas centramos tudo na fala das pessoas. A parcela ‘oficial’ da apuração saiu em rodapés ou em forma de anexos.”

REPORTAGEM É UM PRODUTO CARO, SEMPRE

Reportagens especiais planejadas com base em aprofundamentos e vivências não precisam ser necessariamente longas, mas em geral envolvem deslocamentos, observação de campo, pesquisas bibliográficas e personagens relevantes. Na era da internet, editores e repórteres reafirmam a necessidade de matérias jornalísticas situadas fora da agenda do dia, mesmo reconhecendo que isto requer investimentos financeiros e humanos.


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