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Continuamos a Ter Muito para Dizer Sobre o Tejo

Na continuação do tema da crónica do mês passado, sobre as razões que nos levam, a bem da verdade, a prosseguir alertando os portugueses, por um lado, para a falta de preocupação e empenho dos principais responsáveis pelo estado de degradação em que o nosso rico Tejo, se encontra hoje.

Se por um lado o Tejo tem vindo a ser vítima de uma má gestão e desinteresse, por quem de direito, não deixamos por outro lado de continuar a recordar e divulgar as valências que ele teve para no passado, ter sido um dos principais responsáveis pelo crescimento económico e desenvolvimento da sua bacia hidrográfica e do próprio país, e até mesmo no estado em que ele se encontra hoje, ainda poder voltar a ser um património válido como recurso para o desenvolvimento económico, basta levantar os olhos para o exemplo que nos podem dar os países mais desenvolvidos da Europa e do Mundo, ao aproveitarem os seus rios, quer para descongestionar os seus portos de mar, quer para usarem as vias fluviais para desenvolverem o seu território interior, criando emprego, a fixação de pessoas, novos negócios e ultimamente, promoverem a prática intensiva do turismo náutico e da natureza, que está em crescimento e a gerar riqueza para as populações do interior, bem assim como para os próprios países.

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Passamos então a dar continuidade à entrevista que nos foi dada no mês de janeiro de 2012, pelo Dr. Joaquim Rosa do Céu, na qualidade de Presidente do TLVT – Turismo da Região de Lisboa e Vale do Tejo, que tinha acabado por lamentar que: Enquanto este estado de coisas continuar, o Tejo é muito menos turístico do que nós pensamos que é. Muito menos turístico do que os seus valores “prometem” que seja!

Por isso estamos no tempo de construir serviços: Serviços Turísticos, e atendendo à conjuntura em que vivemos, construir esses serviços com o que temos e com o que somos, e o que temos e o que somos são os nossos valores ou seja o nosso mais precioso bem. Precisamos, com premência, que esses valores evoluam na direção de um serviço turístico, e respondendo diretamente à sua pergunta, este é o desafio e esta é a responsabilidade da Turismo de Lisboa e Vale do Tejo. Esse caminho tem muito que ver com a construção de produtos turísticos… Precisamos afinal de manter a tradição e acrescentar mercado. Precisamos da mesma identidade mas com mais ofertas. Queremos a mesma verdade e acrescentar notoriedade. Temos de olhar para o Tejo como um destino, um destino turístico, destino que só o será, quer associado a produtos quer associado a serviços turísticos… Eles são a base do futuro turístico que precisamos para que o Tejo seja igual a riqueza. Não apenas aquela que os nossos olhos e as nossas memórias identificam. Mas a outra, aquela da criação de empresas, da construção de emprego, da fixação de pessoas, porque precisamos que o turismo no Tejo deixe de ser uma possibilidade e passe ser uma realidade!

Deixe de ser uma hipótese e passe a ser uma oferta concreta.

Finalmente, deixe o domínio do recurso para ser um produto. Um produto turístico.

Precisamos que o Tejo seja, de facto, navegável, projeto onde a Turismo de Lisboa e Vale do Tejo está fortemente empenhada.

Precisamos de ofertas turísticas pelo Tejo acima, para que seja possível viajar, conhecer e permanecer no Tejo!

O Rio Tejo é Muito Mais do Que um Rio M

uito a propósito, aproveitamos esta onda para lembrar que não podemos deixar de complementar o que foi dito pelo entrevistado anterior, com a estratégia de outro nosso entrevistado, não menos esclarecido, que logo no ano seguinte nos concedeu uma entrevista, o Engenheiro e Mestre Antó- nio Marques, quando foi o Coordenador do Programa VALTEJO, um conjunto de projetos estruturantes com o objetivo de valorizar o Vale do Tejo, uma medida do Programa Operacional, Regional de Lisboa e Vale do Tejo – PORLVT, da CCDR-LVT.

O rio Tejo é muito mais do que “uma corrente de água”, mais ou menos caudalosa, que vai desaguar noutra lagoa ou mar”. O Tejo é muito mais, porque é uma região - Ribatejo; uma região demarcada de vinhos; um território agrícola - as lezírias do Tejo; uma bacia hidrográfica, e foi partindo desta realidade histórica, onde o Tejo acrescentou riqueza aos seus territórios, serviu de via de comunicação e transporte, refrescou os sedentos e inspirou poetas e escritores que o programa VALTEJOValorização do Tejo, ancorou para desenvolver uma Ação Integrada de Base Territorial.

A requalificação das frentes ribeirinhas (Escaroupim, Valada, Constância, Arripiado, Tancos, Vila Nova da Barquinha, Aquapolis/ Abrantes e Coruche, ou equipamentos de desenvolvimento empresarial (Observatório da Cortiça/ Coruche / Almeirim, Tagus Valley /Abrantes, Centro Empresarial/Chamusca, Centros Náuticos de Constância/ Barquinha e Salvaterra de Magos) ou parques ambientais de Benavente, Santa Margarida, Almeirim e Alpiarça, ou os Cine Teatros Sá da Bandeira/ Santarém, de Almeirim, Benavente, Chamusca ou a requalificação da envolvente ao castelo do Almourol.

São só alguns dos exemplos do que foi feito de forma integrada e alargada à sua bacia, pensada e com o envolvimento dos diferentes atores da administração central e a administração local… O programa Valtejo representou um “novo olhar” sobre os rios em geral e o Tejo em particular. As populações, que “viviam” o rio de forma contemplativa e nostálgica voltaram a “viver o Tejo” e reconhecê-lo, de novo, como um polo de desenvolvimento onde as atividades náuticas de recreio, lazer e atratividade turística são instrumentos de criação de riqueza para quem vive e trabalha na região.

Também foram realizados e financiados cursos de formação de recursos humanos dirigidos ás áreas de atividade referidas sendo os principais protagonistas destas formações, as associações de desenvolvimento regional, escolas profissionais, Politécnico de Tomar, Nersant, etc.

Diria que o Valtejo foi, ainda, uma enorme oportunidade de cooperação e concertação entre o setor privado e o setor público. Os investimentos públicos nunca são um fim em si mesmo, são instrumentos de alavancagem para o setor empresarial, ao criar dinâmicas de desenvolvimento e criação de emprego.

O Valtejo contribui para isso, seguramente, o que já não foi pouco.

Eduardo Galeano, escritor uruguaio dizia ”somos o que fazemos para mudar o que somos”… eu como Coordenador do Valtejo, depois de concluído mais este desafio de 10 anos (1998/2008), reconheço que mudei muito mas tenho, também, a noção que colaborei para ajudar a mudar um território e as relações com o Tejo, das gentes do Ribatejo.

Continua no próximo Notícias do Mar

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