Notícias do Mar n.º 378

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Notícias do Mar

Economia do Mar

Texto José M. Rato

Fiscalização Pesqueira Em 2001 um antigo Ministro das Pescas, numa entrevista que concedeu a um jornal regional, afirmou a dado passo - “é difícil passar a mensagem de que ao insistirem na pesca, as pessoas estão a prejudicar o seu futuro”.

A fiscalização pesqueira não sabe como retirar as redes de emalhar em situação ilegal, com mais de 24 horas no fundo, ou não quer?

E

mbora a mensagem tivesse sido proferida por alguém qure possuía um profundo conhecimento do sector, em termos pessoais, discordei daquela opinião do ex-governante. Embarquei pela primeira vez como piloto de um arrastão de pesca do bacalhau, o “Fernando Lavrador”, tinha 24 anos de idade e a minha vida profissional que se pro-

longou por mais de quarenta anos, sempre esteve ligada à pesca e ou a actividades directamente ligadas à mesma, razão pela qual e ao contrário da afirmação daquele ex-governante de quem era amigo pessoal, como pescador profissional que era, continuava, como continuei e continuo a acreditar, que o futuro dos muitos habitantes que viviam e vivem ao longo da costa portuguesa, estava

Barco de pesca a levantar as redes ao largo da Carrapateira, na Costa Vicentina 2

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e está precisamente na pesca e em muitas das actividades ligadas à mesma. Como convidado, tive recentemente a possibilidade de embarcar num navio de investigação pesqueira que percorreu em dois períodos distintos (cerca de 1 mês + cerca de 15 dias) toda a costa continental portuguesa, desde Caminha a Vila Real de Santo António. Não só por experiência própria, como pelo muito que escutara de outras fontes sobre o que se estava a passar em termos de pesca profissional na costa portuguesa, o que me foi dado observar durante aqueles cerca de 45 dias, ultrapassou em muito tudo o que alguma vez imaginara. É um “fartar vilanagem” Deparei-me com um “Far West” sem lei e onde pelos vistos reina a impunidade!

Os pescadores e na necessidade de garantirem o sustento, seu e das famílias, não olham a meios e não percebem que com o seu procedimento estão a breve trecho a pôr em causa o seu futuro, e mais grave, o futuro dos seus descendentes. E se de algum modo posso perceber o procedimento dos pescadores, é para mim completamente inaceitável a “conivência” e não arranjo outro termo, das autoridades civís e militares perante tudo o que se continua a passar na costa continental portuguesa. Só me resta concluir, que afinal de contas, até parece que o antigo Ministro das Pescas tinha a razão pelo seu lado. Os problemas das infracções pesqueiras constituem uma situação vulgar, para não dizermos mesmo, muito vulgar. Sempre existiu e vem de longe, tradição de que os


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