Notícias do Mar n.º 346

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Notícias do Mar

Voo do Guarda-Rios

Texto Carlos Salgado

Ainda o Lado Turístico continuação

do Tejo,

Nós conhecemos por experiência própria, porque já as temos vindo a fruir há pelo menos 40 anos, algumas das ofertas turística que o rio Tejo possui, extensivas a toda a sua região hidrográfica, e conhecemo-las porque navegamos nele, quer por via fluvial, quer terrestre, e temos vindo a descobri-las e a experimentá-las com prazer. A nossa vantagem é que fruímo-las pela sua pureza e autenticidade, e justiça nos seja feita, temo-las divulgado por todos os meios ao nosso alcance, tanto a sua existência, como a sua riqueza, nomeadamente nos Congressos que realizámos, nos Encontros Ibéricos que promovemos, e também neste nosso “Arauto” Notícias do Mar.

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ontudo, o que acontece é que neste jardim à beira mar plantado, chamado Portugal, perdura a cultura dos “quintais” e portanto, cada um puxa para o seu lado, fala do que desconhece, faz tentativas irrealistas e projectos absurdos que não têm o conteúdo de um serviço, para além dos aprendizes de feiticeiro que sob o manto diáfano da fantasia, ou vêm com ideias que viram noutros lados sem terem o cuidado ou a inteligência de as adaptar aos sítios ou às características e atributos peculiares de maior interesse ou, inclusivamente, inventam histórias e culturas que até nem são do Tejo. ASSIM VAI O TEJO, quando o turismo é o único “petróleo” que

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pode constituir uma mais-valia importante para o crescimento económico do nosso país, tão carente dele. Tínhamos muito mais para dizer sobre este tema, mas como temos por norma ouvir e seguir as opiniões realistas, dos que sabem mais do que nós, preferimos prosseguir o presente artigo transcrevendo, com a devida vénia, a douta opinião do Dr. Joaquim Rosa do Céu que em Janeiro de 2012, na qualidade de presidente do Turismo de Lisboa e Vale do Tejo concedeu dar-nos a dar-nos uma entrevista para o Notícias do Mar, da qual, vale a pena, transmitir-vos alguns excertos: O Tejo e o Turismo têm um encontro marcado, e este encontro não é certamente, uma questão de “se” é antes

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uma questão de “quando”. De certa forma o turismo anda, desde já, à procura do Tejo: Porque o Tejo é único. Porque o Tejo é diferenciador. Porque o Tejo é, só por si, uma geografia. O Tejo, ou os muitos Tejos que no Tejo coexistem, precisa de afirmar o seu “lado turístico”. Um “lado turístico sinónimo de uma visita. Um “lado turístico” que tem de ter o conteúdo de um serviço (…) que por vezes não coincide com a disponibilidade de quem precisa do serviço. Por isso não é um serviço. É uma possibilidade ou até mesmo uma eventualidade. Tanto pode ser que sim como pode ser que não. Enquanto este estado de coisas continuar, o Tejo é muito menos turístico do que os seus valores “prometem”

que seja. Precisamos com premência, que esses valores evoluam, evoluam na direcção de um serviço turístico. Respondendo directa­mente à sua pergunta, este é o desafio e esta é a res­ponsabilidade da Turismo de Lisboa e Vale do Tejo (entretanto extinta como o foram outros órgãos competentes). Esse caminho tem muito, mas muito, a ver com a construção de produtos turísticos. Precisamos afinal de manter a tradição e acres­ centar mercado. Precisa­mos da mesma identidade mas com mais ofertas. Que­remos a mesma verdade e acrescentar notoriedade. Temos de olhar para o Tejo como um destino, um des­tino turístico, destino que só o será, quer associado a produtos quer associado a serviços turísticos. Eles são a base do futuro turís­tico que precisamos para que o Tejo seja igual a ri­queza. Precisamos que o turismo no Tejo deixe assim de ser uma possibilidade e passe ser uma realidade. Deixe de ser uma hipótese e pas­se a ser uma oferta concre­ta. Finalmente, deixe o do­mínio do recurso para ser um produto. Um produto turístico. Precisamos que o Tejo seja, de facto, navegável, projecto onde a Turismo de Lisboa e Vale do Tejo está fortemente empenhada. Precisamos de ofertas turísticas pelo Tejo acima, para que seja possível via­jar, conhecer e permanecer no Tejo. Agora digo eu: o Tejo é um rico filão para o Turismo, o que é preciso é conhecimento, realismo, inovação, empreendedorismo e sobretudo competência. E termino a dar-vos um exemplo extraordinário na área do turismo da natureza e da cultura do Tejo, levado a cabo pela Naturtejo (vale a pena consultar a Internet), que nasceu a partir de uma Associação de Municípios do Alto Tejo e do Tejo Internacional que conseguiu que a região da raia


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