Notícias do Mar n.º 338

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Notícias do Mar

Carlos Salgado

O Tejo Que Queremos

Empenhados em saber o Tejo que temos, para a partir daí, ser definido o Tejo que devemos ter, um grupo de cidadãos Amigos do Tejo fundou a AAT- Associação dos Amigos do Tejo, ONG sem fins lucrativos de Utilidade Pública, em 1984.

A

partir desse princípio estes cidadãos construíram uma obra em prol do Tejo durante 25 anos, que fez história e merece ser recordada, como exemplo, nesta crónica que intitulamos de “O TEJO QUE QUEREMOS”, para que uns conheçam e outros não se esqueçam ou tentem ignorar. O seu primeiro programa de acção foi o “Vamos Pró-Rio”, criado com o objectivo de, com a colaboração dos municípios ribeirinhos, conseguirem levar as populações a conviverem de novo com o Tejo, porque a atitude delas estarem, cada vez

mais, a virar-lhe as costas, tinha que ser invertida. Como é que um rio que foi o eixo identitário da nação, vivo e vivido desde a Antiguidade, chegou a esta situação de ser desprezado pelas populações ribeirinhas? Isso teve origem no facto da navegação comercial que usava o rio como principal estrada, e a mais segura e menos poluidora, para o transporte de mercadorias, pessoas e bens, e a mala-posta inclusivamente, ter decrescido bastante a sua actividade ao ponto de ser quase inexistente. Ora, todo esse movimento que dava trabalho

às populações ribeirinhas, nas cargas, descargas, armazenagem, e a outras actividades correlativas, criavam riqueza e emprego. Esse fenómeno, levou as populações ribeirinhas a procurarem a sua subsistência no interior, e deste modo o Tejo ficou solitário e até desprezado. Como os governos nacionais não tiveram visão, e teimaram em ignorar o exemplo dos países desenvolvidos da Europa, tendo preferido desbaratar montes de fundos vindos da CEE em coisas muitas delas que hoje não se justificam, e outras obscuras, em vez de seguirem o

exemplo dos seus parceiros europeus que devem parte do seu desenvolvimento económico ao transporte hidroviário de mercadorias que é comprovadamente 3 vezes mais económico que o ferroviário e 6 vezes mais económico que o rodoviário o que, inteligentemente, os levou a investir numa mega obra que liga o mar do norte ao mar mediterrânico, por via fluvial, Ficamos por aqui hoje, mas vamos continuar nestas crónicas “O TEJO QUE QUEREMOS”, a dar conhecimento ao país do contributo efectivo que foi dado ao nosso Tejo pelos seus “amigos”.

Quando o Tejo era um rio Vivo e Vivido 2015 Fevereiro 338

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