Notícias do Mar n.º 335

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Notícias do Mar

Conhecer e Viajar Pelo Tejo

Entrevista Carlos Salgado

O Cavalo Lusitano, o Tejo e as suas Lezírias O meu convidado é o conhecido Mestre de Equitação, Luis Valença, que fundou o Centro Equestre da Lezíria Grande em Vila Franca de Xira que foi criado exclusivamente para o cavalo e para todas as modalidades com ele relacionadas, nomeadamente Escola de Equitação e Turismo Equestre.

O Mestre Luís Valença e o Sultão

O segue:

Mestre Luis Valença começou por intitular a sua resposta à minha questão como

O Lusitano Cavalo de Combate..., Peça de Arte Viva!

C. S. - Caro Mestre Luis Valença, gostava de saber genericamente, que características encontra no Cavalo Lusitano, que o distinguem das outras raças de equídeos de “puro 48

sangue”, e a que se deve ao facto do Cavalo Lusitano estar hoje numa crescente expansão no mundo? L.V. - O cavalo, foi desde sempre um dos vectores mais importantes da civilização humana, tendo em conta que foi com ele que o homem desenvolveu a agricultura, foi com ele que combateu na Guerra, foi o principal meio de comunicação entre os Povos, e, no campo da Arte, quer na pintura quer na escultura foi modelo incontestável e, até na Mitologia serviu de inspiração

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aos Deuses, que com ele se configuravam. O Lusitano, entre todas as Raças, foi o “eleito”, como o mais apropriado para o combate naqueles tempos de guerra e, através dos séculos manteve puras as suas características genéticas; robusto, de temperamento dócil, ágil e de grande elasticidade e maneabilidade, permitindo arranques súbitos, piruetas e as paragens bruscas, atributos que definem um verdadeiro guerreiro na arena, onde brinca

com o “touro” mantendo ainda viva uma tradição tão popular entre nós como é o toureio a Cavalo. Todas estas potencialidades ainda são por nós aproveitadas e utilizadas, e é na Arte Equestre, qual escultura em movimento, que ele é Rei, mantendo viva a Cultura e Tradição Equestre do nosso Povo. O Cavalo Lusitano é uma Raça Pura, com séculos de existência pelo que se denomina por PURO SANGUE LUSITANO. O Cavalo Lusitano, pelas suas características e aptidões sempre foi montada das Cortes da Europa, ora em combate, ora nos Espectáculos à “Gineta” em que os Nobres mostravam as suas habilidades e adestramento perante a corte em dias de festa. O Cavalo Árabe é a raça mais antiga de que se tem conhecimento. Todas as outras Raças são oriundas do Cavalo Árabe. O Lusitano tornou-se na realidade mais maleável e o Árabe continua a ser o mais veloz. Houve Épocas em que se cruzou o Cavalo Lusitano com Puro Sangue Inglês e, Puro Sangue Árabe; dando origem ao Anglo-Luso e Luso-Árabe respectivamente. Como sempre se manteve a Tradição do Toureio em Portugal, tinha-se como finalidade dotá-lo de mais rapidez, não para fugir ao Touro mas, para o dominar e despistar, quebrando-o, dominando-o e parando-o! É o chamado Quarteio a Cavalo. Na Península, intitula-se de Cavalo Ibérico mas em Espanha é designado por Andaluz e em Portugal por Lusitano. Tendo tido as mesmas origens e grandes semelhanças, apenas os difere o critério de selecção: O Andaluz pela sua beleza e aparato...pois ao não ser utilizado no toureio, outros requisitos lhe são exigidos. Assim, ele passou a ser usado como cavalo de recreio e animal de tiro ligeiro, onde a exuberância dos seus movimentos, mais altos e menos progressivos era bem flagrante. Tinham um dorso mais longo pois são utilizados nas Festas e Romarias, em que os seus proprietários levam as senhoras à garupa. O Lusitano pela sua funcionali-


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