Notícias do Mar n.º 334

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Notícias do Mar

Conhecer e Viajar pelo Tejo

Crónica de Carlos Salgado

O Tejo Deu-lhe a Origem e a Forma O Tejo é o eixo identitário do Ribatejo e foi graças ao nosso rio grande que, desde há milhões de anos, à medida que o mar se foi retirando e o regime marítimo foi progressivamente sendo substituído por um ambiente salobro e lagunar, a terra foi emergindo dando origem aos terraços, lezírias e sapais que constituíram o território da Província do Ribatejo.

O

Ribatejo faz fronteira a Noroeste com a Beira Litoral, a Oeste e a Sul com a Estremadura, a Sudeste com o Alto Alentejo e a Norte e Nordeste com a Beira Interior. Constituído por 23 concelhos, integrando quase a totalidade do distrito de Santarém, e ainda dois concelhos do distrito de Lisboa, um do distrito de Portalegre e, ainda dois do distrito de Setúbal. A província passou posteriormente a contar com 28 municípios, com a sua autonomização em 1945. Oliveira Martins, na sua História de Portugal, soube expressar bem a importância desta região ao afirmar que “ Pelo Tejo, o Portugal marítimo abraça o Portugal agrícola, fundindo numa as duas fisionomias típicas da Nação”.

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Maurício de Abreu, no seu livro “ Ribatejo”, a que deu uma ilustração com fotografias magníficas, referiuse à região ribatejana, da seguinte forma: “Em nenhuma outra província do nosso País se descortina uma simbiose tão perfeita das características gerais-geográficas e antropológicas - de Portugal como no Ribatejo. Região exclusivamente histórica, cerne de todoo território nacional, nela a Geografia não se apresenta como um espaço homogéneo, perfeitamente delimitado. Mas, é aqui no Ribatejo, que a centralidade geográfica nacional, pelo corpo de um rio – o Tejo – vai permitir aglutinar num só país natal, espaços territoriais tão distintos e como díspares, a Norte e a Sul de Portugal. Das múltiplas reuniões

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das Cortes de Santarém, nos séculos catorze e quinze, bem como do posterior desenvolvimento da aventura marítima nacional, por quinhentos e seiscentos, e, consequentemente o aumento do prestígio de Lisboa como capital do Reino, são razões óbvias para se compreender que só à beira do Tejo – numa das suas maiores cidades, por si banhada, essa mesma capital, se manteria para toda a vida.” E eu digo que o Ribatejo é Paisagem, Biodiversidade, Solos Férteis, História, Cultura, Produção, Valentia, Memórias e Emoções.

Ninguém sabe dizer nada da Casa

do Ribatejo, será que foi leiloada? Venderam-lhe as Tabuínhas? A Casa do Ribatejo, uma das casas regionais mais conhecidas, foi fundada no ano de 1943, criou raízes em Lisboa, na rua do Salitre (mas não sei se chegou a perdurar para além dos 70 anos de existência, lamentavelmente). O seu principal desígnio foi o de espalhar por toda a parte e por todos os meios o Ribatejo e a cultura ribatejana, as suas valências e atributos, e as tradições de uma região das mais importantes para a economia nacional, que chegou a ser o celeiro de Portugal. Fê-lo através de actividades culturais, de convívio e de animação


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