Notícias do Mar n.º 333

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Notícias do Mar

druplicou desde os anos 1980, julgava-se que seria detectada mais concentração de partículas de plástico à superfície que a esperada. Daí suspeitar-se que esses detritos minúsculos estejam a ser consumidos por pequenos peixes, que vivem na zona mesopelágica do oceano, entre os 200 e os 1.000 metros de profundidade. Que efeito tem este plástico na vida marinha de alta profundidade é que talvez nunca se venha a saber, pois Infelizmente a acumulação de plástico no fundo do oceano vai modificar esse ecossistema antes que possamos realmente estudá-lo e conhecê-lo.

centímetros. A quantidade de bocados em degradação que existe no oceano é muita e vai produzindo essas partículas cada vez mais pequenas que já se encontram numa percentagem muito elevada. Essas micropartículas são confundidas com alimento por muitas espécies marinhas que as ingerem inadvertidamente. Os fragmentos ficam principalmente retidos no tubo digestivo e ainda não se provou que existe uma transferência de poluentes das partículas para os tecidos dos organismos.

Na costa portuguesa a maioria do lixo marinho é plástico que os animais ingerem por engano. O lixo encontrado na costa portuguesa é principalmente composto por pequenos fragmentos de plástico, mais frequentes perto de áreas portuárias e industriais, que são comidos pelos peixes, que o confundem com alimento, concluiu um estudo da Universidade Nova. O projeto Poizon “Microplásticos e poluentes persistentes: uma dupla ameaça à vida no mar” estudou pela, primeira vez, em Portugal a presença na costa de plásticos que permanecem muito tempo na natureza e que acabam por ser ingeridos pelos animais, não se sabendo ainda quais as consequências para os humanos. O estudo analisou 11 praias, com maior incidência na costa ocidental atlântica, já que no Algarve há menos acumulação de lixo marinho, devido a um mar mais calmo, com menos correntes, e à limpeza efetuada nas zonas turísticas. Foi encontrada uma prevalência de plástico de 97%, entre todos os materiais, como papel, vidro ou têxteis e todos contaminados com hidrocarbonetos. A avaliação das dimensões dos bocados de plásticos mostrou que “67% são fragmentos menores do que cinco milímetros que pertencem à categoria dos microplásticos e 8% do plástico tem um tamanho superior a 2,5 2014 Setembro 333

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