Notícias do Mar n.º 321

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Notícias do Mar

Texto e Fotografia de Arquivo Carlos Salgado

Conhecer e Viajar Pelo Tejo

Os Golfinhos Vão Voltar!?... Não foi por acaso que, a Associação dos Amigos do Tejo fundada em 1984, escolheu o golfinho como figura central da sua insígnia de origem porque estava determinada, por meio da sua luta em prol do Tejo, conseguir que os golfinhos voltassem, o que provava que o Tejo estava mais saudável.

Roaz-corvineiro (Tursiops truncato)

E

sta ONG de Utilidade Pública, por falta de apoios que permitissem prosseguir com a sua missão de dinamização e pressão no terreno, viu-se constrangida a cessar a sua actividade. Porém, alguns dos fundadores da AAT,

inconformados, formaram um movimento informal de observação e de opinião sobre tudo aquilo que se relaciona com o Tejo, agregando-se à “Tagus Vivan” (Confraria do Tejo Vivo e Vivido). Ouvi recentemente, a mais do que um pescador, que os golfinhos

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2013 Setembro 321

estão a aparecer de novo no estuário, em pequenos grupos. Se assim é, só pode ser porque o Tejo está melhor de saúde. Recordo-me perfeitamente de que uma vez, quando numa manhã estava sentado olhando o Tejo, num degrau do cais de Pedra (o cais 14 da APL) da minha terra, ter visto aproximar-se, a pouca distância da margem, um grupo de golfinhos vindos de baixo, cabriolando, que passava para os lados de Vila Franca de Xira. Isto passou-se nos anos cinquenta do século passado. Não há dúvida que estes simpáticos mamíferos, que segundo se diz, são dotados de um Q.I. superior a qualquer outro animal irracional, atraíam e divertiam, com as suas acrobacias, as populações da borda d´Água e eram uma prova de vida do nosso rio. A propósito, vou contar-vos o que o meu saudoso amigo arrais Vicente Francisco escreveu nas suas Recordações da Navegação sobre os golfinhos: “ Por volta de

1932, navegava o Progresso ( um barco varino do qual ele era o arrais ) rio abaixo em frente à muralha de Alcântara, em pleno Verão, havia no rio grande quantidade de alforrecas (…). Na altura aproximara-se um grupo de golfinhos à procura de alimento, metiam a cauda por baixo das alforrecas e atiravam com elas ao ar, chegando a tingir os 5 m de altura, caindo em seguida na água feitas em pedaço. Juntaram-se pessoas na muralha a ver a inteligência dos golfinhos (…) Também vi em Vila Franca de Xira, golfinhos aos pulos, (…) ”. Eu próprio, também ouvi da boca de pessoas que trabalhavam em Lisboa, que presenciaram no Terreiro do Paço, um espectáculo quase circense, dado pelos golfinhos, saltando e mergulhando à volta dos cacilheiros. Por entre gargalhadas divertidas e o rumor da faina, os pescadores afirmavam: Enquanto os golfinhos por aqui an-


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