Notícias do Mar n.º 318

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Notícias do Mar

Economia do Mar

Pesca do Atum Vermelho no Limite

Fotografia: Barbara Veiga/Sea Shepherd Conservation Society

A Comissão Europeia congratulou-se com os resultados da reunião da Comissão Interamericana de Atum Tropical (CIAT), realizada entre 10 e 15 de junho, em Veracruz, no México, por ter conseguido prorrogar as medidas de conservação para o atum por um período de 3 anos,

Um navio atuneiro a procedre ao cerco

A

CIAT é uma Organização Regional de Gestão das Pescas, responsável pela conservação e gestão de atum e outras espécies marinhas no Oceano Pacífico oriental. Seus membros são: Belize, Canadá, China, China Taipei, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, União Europeia, França, Guatemala, Japão, Kiribati, Coréia, México, Nicarágua, Panamá, Peru, Estados Unidos, Vanuatu e Venezuela. Portugal não integra esta entidade e a Espanha é o único Estado-Membro com actividade na área. Desta vez a CIAT adotou uma abordagem ambiciosa de dispositivos para se saber a concentração de peixes, com os critérios mais rigorosos para a recolha e transmissão de dados, a apresentação de planos de gestão e o desenvolvimento de um esquema progressivo de identificação dos peixes e stocks. Preveem-se também medidas para a proteção dos tubarões-baleia. Quando a pesca ao atum tropical começou a correr mal no Pacífico e no Atlântico oriental, as grandes barcos de cerco atacaram principalmente o Golfo do México, zona ocidental de reprodução do atum rabilho, com as suas grandes redes de cerco. Antigamente os atuns eram pescados à linha e ainda hoje os pescados por este processo artesanal nos Açores são mais apreciados e têm maior valor comercial, principalmente no Japão. 40

2013 Junho 318

Os atuneiros são enormes navios que se socorrem hoje dos mais sofistificados processos para capturarem os atuns dispõem de redes de cerco com um design aerodinâmico e socorrem-se de um sistema de navegação por satélite e um helicóptero para localizar os atuns. Após cercarem o cardume, com o auxílio de pequenas embarcações, o sistema é ativado para que a rede se feche no fundo, encurralando assim os peixes, e começa-se a içar a rede para dentro do barco. Içadas as redes, o produto da faina é direcionado para um funil e levado através de uma rampa até uns tanques que estão no deque inferior onde o sistema de refrigeração, atuando com a àgua salgada permite o armazenamento de milhares de toneladas do peixe. Com estes sofisticados processos e a grande pressão das companhias e dos paises envolvidos neste negócio, os grandes atuns vermelhos foram sendo capturados e já quase desapareceram. Hoje, quando se captura um atum rabilho com cerca de 400 kg é uma notícia de importância Mundial. Em outubro de 1979 foi capturado um atum rabilho com quase 680 quilos e 32 anos de idade. Sendo um dos maiores peixes, o atum rabilho é também um dos mais rápidos, podendo nadar a quase 90 quilómetros por hora, devido a três quartos do seu peso serem músculos, surpreendentemente hidrodinâmicos. Terem corações poderosos, fácil permutação térmica e outras

adaptações especiais, fazem do atum rabilho um velocista nato. Devido à sua incrível velocidade, tirando o tubarão-anequim e a orca, o atum rabilho não tem predadores. A capacidade das frotas ultrapassaram já em muito o que deveriam capturar, e a indústria pesqueira entrou num declínio. Os peixes mais velhos e maiores foram substituídos.e predominam os atuns com um a três anos em contraste com uma população composta maioritariamente por atuns com três a seis anos de idade que se registava em 1965. A partir do momento em que as frotas que pescavam esta espécie de atum migratória verificaram a grande redução de capturas cons-

tataram que a sua conservação passou a ser um problema à escala global. As preocupações sobre o seu declínio levaram então à fundação da Comissão para a Conservação dos Atuns do Atlântico, ICCAT. Apesar das apertadas regras estipuladas por estas organizações, em todos os oceanos e no Mediterrâneo, reduzindo as quotas de pesca e o número de navios atuneiros, o problema mantém-se, pois o atum está a desaparecer. Enquanto for permitida as artes de cerco e a perseguição aos cardumes, o atum vermelho e as outras espécies de atuns vão acabar e, um dia destes, só nos chegará à mesa os que forem produzidos em aquacultura.

Um atuneiro com o helicóptero em cima da ponte


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