Rio Maravilha

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também é importante questionar sobre quem são os operadores destes planos e projetos tanto na esfera privada quanto pública. Ao longo de uma gestão da Prefeitura ou campanha eleitoral, inevitavelmente, um dos principais elementos de propaganda são as obras arquitetônicas e intervenções urbanísticas. Elas podem ser uma simples peça de marketing urbano produzidas por escritórios de grife internacional ou até obras de equipamento públicos e de infraestrutura em diferentes escalas. Admitindo a importância do objeto arquitetônico e do planejamento urbano sobre o modelo de cidade que se impõe. É necessário questionar: Quem são estes arquitetos que estão projetando tudo isso? Não há como rejeitar as “encomendas”? Qual é o compromisso destes com o real desenvolvimento da cidade? Será que estes não tem alguma parcela de responsabilidade sobre a cidade que está sendo produzida? Estas reflexões não se aplicam somente àqueles que atuam para o setor público. Qual é papel também do profissional que em seus projetos perpetua a lógica da exclusão e da negação do espaço de convívio social que deveriam caracterizar a cidade? Onde está a ética nesta produção? As perguntas em si não apresentam apenas aflições, mas talvez o anseio e esperança de que os profissionais arquitetos e urbanistas possam se apropriar desse saber técnico em prol de outros fins. A lógica das cidades jamais mudará devido a uma boa arquitetura e urbanismo, mas talvez com a atuação de resistência do conjunto de cidadãos.

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