Biografia de Leôncio de Albuquerque

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Biografia de Leôncio de Albuquerque

Pintura pictografada de Leôncio de Albuquerque, pelo espírito René, através do médium Coaraci Dias em 8/12/2004.


Sumário Sumário __________________________________________ 1 Introdução ________________________________________ 2 Algumas palavras sobre Leôncio de Albuquerque __ 3 Quem foi Leôncio de Albuquerque?________________ 5 Dados de Identificação ___________________________ 5 O Intelectual _____________________________________ 10 O Político Leôncio de Albuquerque _______________ 19 O Desencarne de Leôncio de Albuquerque _______ 35 Leôncio de Albuquerque homenageado __________ 39 O Nascimento do Grupo Espírita Leôncio de Albuquerque_____________________________________ 40 Mensagens recebidas de Leôncio de Albuquerque 41 Lar Amigo ________________________________________________________________________________ 42 Relembrando com amor __________________________________________________________________ 44 Celeiro de bênçãos ______________________________________________________________________ 47 Aos Corações Amigos ____________________________________________________________________ 50 A Fé como Resposta ______________________________________________________________________ 52

Fontes Informativas _______________________________ 54

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Introdução Este trabalho é fruto de intensa pesquisa da trabalhadora Iracema Rego Freitas no ano de 2015 complementada de informações já existentes na casa, com o objetivo de descortinar a vida quando encarnado de Leôncio de Albuquerque, espírito responsável pela direção de nosso estimado Grupo Espírita no plano espiritual. Graças ao esforço e perseverança de pesquisa de nossa estimada trabalhadora, temos agora gravadas nessas singelas páginas um manancial de informações históricas sobre Leôncio de Albuquerque. A história nunca deve ser vista como a prisão do passado, ela representa o registro da evolução em movimento, onde o aprendizado e a mudança se fazem vivos. Vamos mergulhar nessas páginas nos aproximar e conhecer melhor nosso amigo de sempre Leôncio de Albuquerque!

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Algumas palavras sobre Leôncio de Albuquerque Após tantas idas e vindas o questionamento de nossos Espíritos imortais continua a ser sempre o mesmo. Quem somos? De onde viemos? Para onde Vamos? Para muitos as perguntas já estão respondidas. Porém, a etapa concluída por um outro Espírito, já desencarnado há muito tempo, causa aos que ora se encontram no plano material, no mínimo, curiosidade sobre: Quem foi? De onde veio? Para onde foi? Evidentemente esta pesquisa não tem pretensão de responder às questões acima, mesmo porque, após, transcorrido mais de um século, impossível seria resgatar, por inteiro, a vida de quem quer que fosse, através de um livro, um filme ou mesmo uma palestra. O intuito da pesquisa foi para que pudéssemos saber um pouco mais desse Espírito eminente e resoluto que nos deixou um legado de humanidade, fraternidade e ainda essa indicação de pouso espiritual que encontramos em sua casa que nos acolhe todos os dias, nos fortalecendo, nos direcionando para um aprendizado maior. Contam que numa memorável noite de encontros espirituais, o nome Leôncio de Albuquerque, foi escolhido para ser o nome do Grupo Espírita que frequentamos. A data de fundação, escolhida com antecedência, 03 de outubro de 1951, propôs-se a homenagear o querido mestre lionês, conhecido por todos nós pelo pseudônimo - ALLAN 3


KARDEC -, por ocasião da data de seu aniversário de nascimento. Assim, começou essa busca interessada em tentar conhecer alguns dados que servissem à pergunta: QUEM FOI LEÔNCIO DE ALBUQUERQUE? Neste ano de 2015, após 160 anos de seu nascimento e 111 de sua morte, sua última encarnação de que temos conhecimento, ainda suscita interesse. Foi marcante a sua presença entre os homens, inesquecível através do legado que deixou na última encarnação, que agora se esclarece, relativamente curta. Na verdade, este esboço é uma tentativa de coligir, o que for possível, através dos jornais da época e de outras fontes como Biblioteca da Câmara Municipal, Arquivo Geral da Cidade (RJ), Biblioteca Nacional, Arquivo da Cúria Metropolitana (RJ), Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, Cartório onde foi registrado o óbito e até mesmo a administração do Cemitério São Francisco Xavier, tudo que possa lançar luz sobre a vida do espírito que deu nome ao Grupo Espírita Leôncio de Albuquerque, que fica situado na Rua Oscar Fonseca nº 58, no bairro Fonseca, Niterói. Decerto, muitos fatos passarão intocados, pela defasagem do tempo já transcorrido, sobre a vida de 4


tão nobre Espírito que tanto contribuiu na organização político-econômica e ordem instituída na recémcriada República e da cidade do Rio de Janeiro, capital do Distrito Federal à época e ainda grande demonstração de amor à música, às letras e à Arte de modo geral.

Quem foi Leôncio de Albuquerque? Para que se alcance um entendimento melhor da vida de Leôncio de Albuquerque, vamos fazer uma divisão em duas etapas: a primeira, a do homem dedicado às Artes, de modo geral, à literatura e à música com toda sua sensibilidade de orador, poeta e professor de música, que vivia num ambiente altamente intelectualizado e na segunda etapa falaremos sobre o homem essencialmente voltado para as questões políticas de seu tempo. Assim, iremos situá-lo: a primeira parte compreende do nascimento até o final de 1896, e a segunda parte, de 1897 em diante, até 1904, ano de sua morte.

Dados de Identificação Nasceu em 18/06/1862, conforme o Livro nº 534 de Assentamentos Paroquiais de 1862, referente à freguesia de Santa Rita, livro 11, folha 69. No Livro de Batismo da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro, assentou-se que seu nome completo era Leôncio Coelho de Albuquerque, filho reconhecido e 5


perfilhado, isto é, reconhecido legalmente, do viúvo Capitão Antônio José Coelho de Albuquerque. Nos arquivos da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, confirmamos sua paternidade, sua idade, seu óbito e que era natural da cidade do Rio de Janeiro, através do processo 3152/2015, dados expedidos por aquela instituição. Através da segunda via da certidão de óbito, expedida pelo cartório do 1º RCPN, Livro C33, folhas 106, termo 33, apesar de um erro no nome do pai, (Antonio José e não Antonio João), tomamos ciência de que sua mãe chamava-se Antonia Luiza dos Santos Albuquerque. Porém, iremos nos reportar sempre, simples e eternamente ao nome LEÔNCIO DE ALBUQUERQUE, que ele adotou para fins de reconhecimento próprio e social apenas com o sobrenome Albuquerque, medida também tomada pelos seus sobrinhos. Foi um homem que viveu intensamente as questões de seu tempo, sempre de maneira solidária, fraternal e ainda de modo muito íntegro e ativo na realização dos objetivos idealizados. Apesar de não ser rico, pertencia a uma família de mulheres e homens ligados à cultura, pessoas com quem ele convivia bem de perto, como os seus sobrinhos o Deputado Américo de Albuquerque e o Coronel José Ricardo de Albuquerque. 6


De sua juventude não deixou dúvidas de que apresentava uma sensibilidade bastante aguçada para a música, para a poesia, para a oratória e até para a criação de contos. Foi estudante do Colégio Vitório, instituição de ensino só para meninos que ficava na Rua Goncalves Dias nº 45/48, dirigida pelo Conselheiro Dr. Adolpho Manoel Vitorio da Costa. O Colégio Vitório era considerado, na época, um grande internato, pois contava com até 100 alunos internos. Uma passagem bem representativa da época estudantil encontra-se narrada no jornal Gazeta de Notícias, edição 00019, de segunda-feira, 19/01/1880, pg. 4, que assim dizia: “uma comissão de alunos do colégio Vitório foi entregar, no domingo, ao Sr. Gabaldú, professor do mesmo colégio, um rico estojo de prata. No ato da entrega proferiu um discurso o estudante Leôncio de Albuquerque e depois da entrega fizeram com água entusiásticos brindes.” Mais tarde casou-se com D. Antônia de Albuquerque, não tinha filhos e sua última residência consta que foi na Rua do Livramento nº 103, na antiga freguesia de Santa Rita, onde sempre morou e atuou politicamente, hoje, bairro da Saúde, (Gamboa), no Rio de Janeiro. Neste endereço faleceu, em 12/01/1904, de arteriosclerose, na madrugada de uma terça-feira, às 4:00 horas, aos 41 anos de idade, em pleno verão cuja 7


temperatura alcançava os 30 graus, conforme informava o observatório nacional. Seu óbito foi registrado na 1ª Circunscrição, no Livro C-33, às folhas 106, Termo 33, lavrado em 12/01/1904, Cartório da Segunda Pretoria, Praia de Olaria 155, Cocotá, Ilha do Governador. Seu nascimento ocorreu na segunda metade do século XIX. Século de muito esplendor cultural e científico. Viveu os acontecimentos da Belle Époque (termo francês - bela época), período de grandes progressos materiais e novas percepções no modo de sentir e viver o mundo. Foram seus contemporâneos muitos homens notáveis como: Dr. Bezerra de Menezes, Raimundo Correa, Raul Pompéia, Coelho Neto, Aloísio de Azevedo, Olavo Bilac, Machado de Assis, Lima Barreto e Santos Dumont, entre tantos outros homens de renome. Sua juventude desenvolveu-se num Brasil Monárquico ainda com muitos acontecimentos a serem vividos e foi testemunha ocular de fatos notoriamente importantes como a Abolição da escravatura, em 13/05/1888, a Proclamação da República em 15/11/1889 e muitos outros como a Revolta da Armada, a Batalha de Canudos e tantas outras questões de não menos importância relacionadas com o desenvolvimento do país. Deve ter nascido daí o interesse tão grande pela política. 8


No ano de 1880, então com 18 anos, vamos encontrálo curiosamente demonstrando um romantismo e uma sensibilidade poética bem expressiva, característica da idade, conforme nos mostra através do soneto ( A Exma. Sra. D. Antonia dos Santos Esteves), encontrado no periódico “O Neophyto”, edição 00020, pg. 4, de 13/06/1880. À Exma. Sra. D. Antonia dos Santos Esteves. É bela como a linda primavera! Nem o grande Ticiano não a pintara, Nem o insigne Raphael tentara: Nesse mundo jamais ninguém pudera.

É bela, qual o anjo coruscante, Qual linda, cândida açucena, Qual uma noite de luar amena, Qual estrela formosa e fulgurante!...

É bela, enfim mas ó que beleza! Que encanta, que seduz, que atrai, que mata; Maravilha da grande natureza! 9


Ó formosura celeste! Que exalta, Atestando quanto é tua grandeza! Ó anjo divinal! Que o céu tem falta!... Nota: O poema acima e todas as demais transcrições estão conforme acordo ortográfico vigente em 2015.

O Intelectual Podemos observar que a veia literária e poética acompanha todo o seu núcleo familiar e de amigos, como veremos, todos, mais tarde, fazendo parte de um Grêmio Doméstico Recreativo chamado “Palestra Literária”, de Todos os Santos, ( Sobre o local: TODOS OS SANTOS é um pequeno bairro de classe média da Zona Norte do Rio de Janeiro. O bairro fica entre Meier, Cachambi e Engenho de Dentro) que possuía, além de muitos sócios amigos, uma diretoria que, via de regra, alternava-se com membros da família Albuquerque e de cuja associação ele participou ativa e brilhantemente. O núcleo literário foi iniciado na noite de 28/09/1884, por Luiz Nóbrega, Américo Pires de Albuquerque e José Ricardo de Albuquerque, com fim primordial de cultivo e exercício da Literatura. Funcionava na casa de D. Elisa Nunes Pires de Albuquerque, mãe de dois sobrinhos de Leôncio e viúva, com apenas três anos de casamento, do major José Ricardo de Albuquerque. 10


A casa de D. Elisa, como foi narrada em texto por Xavier Pinheiro, amigo da família, não era vista com bons olhos pela polícia da época, porque ali a conversa era sempre contra o senhor de escravo e do povo. Os habitantes e frequentadores da casa posicionavam-se contra o erro, o preconceito, a treva e o obscurantismo. Em suma, eram republicanos e abolicionistas declarados e acima de tudo cristãos, como vemos pela colocação de palavras de D. Elisa: “A caridade é o espelho que reflete a Fé e a Esperança”. O entusiasmo dos integrantes do núcleo (Palestra Literária) era tanto que as palestras quase se tornaram públicas, tal era o número de frequentadores. Sem esquecer que por acontecer, ordinariamente, aos domingos, e quando preciso até em sessão extraordinária, a reunião se estendia muitas vezes com boa música, boa conversa e podemos imaginar também com boa comida quando queriam homenagear um dos sócios ou especialmente a algum vulto expoente. Faziam grandes “Soirée”, ou seja, saraus. As palestras Literárias normalmente eram dirigidas pelos dois irmãos (Américo, o mais velho, e José Ricardo, o mais novo, filhos de D. Elisa e do Major falecido), e pelos tios Nunes Pires e Leôncio de Albuquerque, oradores e colaboradores em prosa e 11


verso, além de frequentadores contumazes dessa delicada organização, em cujas sessões os sócios defendiam teses, declamavam poesia, faziam concertos musicais e endereçavam congratulações e elogios para alguém que os membros achassem de interesse relevante. Em 27/12/1884, conforme noticiou o jornal Gazeta Suburbana, edição 00030, pg. 2, O Grêmio Doméstico Palestra Literária fez uma homenagem a José de Alencar, porém antes de abrir a sessão foi oferecida uma batuta ao sócio Leôncio de Albuquerque, professor da aula de música para que desse início às festividades do dia. Depois de cantarem o hino da Palestra Literária, escrito por Luiz Nóbrega, subiram alguns à tribuna, entre os quais Leôncio de Albuquerque e recitaram, todos, belíssimas poesias. Funcionava como órgão de divulgação da Palestra Literária uma publicação interna com o nome de “O Palinuro”, onde todos os membros colaboravam com suas prosas e versos e cada edição da publicação era enviada para determinados jornais de maior veiculação. Em Edição Especial de O Palinuro, de 22/03/1885, folha 3, em favor das vítimas do Terremoto na Espanha, ocorrido na noite de natal de 25/12/1884, encontramos, entre as de outros, a seguinte manifestação de Leôncio de Albuquerque: 12


“A imprensa Fluminense, pela vez primeira na sua existência formou talvez um só todo para atingir a um fim nobre e justo, glorioso e louvável; __ Socorrer as vítimas d`Andaluzia. O seu apelo não podia ser mais bem correspondido pelo povo fluminense, que veio comprovar ainda uma vez quanto é boa a sua índole, quanto é nobre e generoso o seu coração. Todas as classes concorreram com seu óbulo: O rico e o pobre, o fidalgo e o plebeu, o burguês e o boêmio, todos, todos cooperaram na altura de suas forças para sofrear as desgraças de tão horrível catástrofe. E O Palinuro, que vem também associar-se a estes beneméritos, merece que no futuro a imprensa da Corte lhe dê, como lhe pertence, um retalho de suas Glórias.” As reuniões da Palestra Literária contribuíram para que muitos dos que delas fizeram parte sobressaíssem e se destacassem mais tarde nas letras, escrevendo livros, colaborando em jornais e revistas. No ano de 1885, o presidente era José Ricardo de Albuquerque e o orador era Américo de Albuquerque. Em 21/06/1885, O Palinuro, em Edição Especial, em homenagem a Victor Hugo, por ocasião de sua morte, (22/05/1885), 13


publicou na sua folha 3, a seguinte homenagem de Leôncio de Albuquerque: “A Victor Hugo” “Victor Hugo, foi tão grande que teve em vida a sua apoteose. Às grandes causas da humanidade, ligou o seu nome. Com ele aprendemos a amar a família, a pátria, a humanidade; com seus livros verdadeiros monumentos literários nos deleitou, enriqueceu e fortificou o espírito: Victor Hugo, era uma espécie de divindade para onde todos apelavam nas eminentes ocasiões! Morreu! ... A sua morte ecoou no mundo inteiro; sentiu-se um grande vácuo, imenso, impreenchível e como que o século terminou também, e de fato; estávamos acostumados a ver os dois tão identificados, que não podemos hoje compreender a existência dum sem o outro. Morreu!... Mas, o homem que fez cair o Império não podia morrer; houve apenas uma transição em que o poeta alea-se para um novo mundo __ a eternidade.” Em, 06/12/1885, domingo, conforme noticiou o Diário de Notícias, na edição 00183, página 1, A Palestra Literária reuniu-se em sessão ordinária para discutir a tese: A ASPIRAÇÃO DA LIBERDADE É A REALIZAÇÃO DE UMA LEI EXISTENTE NA NATUREZA, para a discussão 14


estavam inscritos os Srs. Leôncio de Albuquerque, Júlio Moura, Alberto Ourique, Américo Pires e Luiz Nóbrega . Na noite de 26/12/1885, a Palestra Literária organizou uma sessão comemorativa pela passagem do seu primeiro aniversário. Como foi narrado em matéria jornalística, “a sala da sociedade estava ricamente ornamentada e as janelas adornadas de lindas cortinas presas pelo centro em florões dourados, com fitas onde se liam os nomes de diversos jornais do Rio de janeiro. No Centro do salão erguia-se uma grande Lira dourada, na qual estavam cruzadas duas lindas penas, encimada por uma fita em que se lia: Palestra Literária. Pelas paredes viam-se escudos pintados de branco e verde onde se divisava a mesma inscrição.” A comemoração começou pela parte literária e à hora marcada cantaram o hino da Palestra Literária, as Srªs. Maria E. Moreira e Edelvira Pires acompanhadas ao piano pela sócia D. Elisa Guerreiro, sob a regência do sócio e professor de música Leôncio de Albuquerque, e quando terminaram a primorosa execução foi ruidosamente aplaudida. Logo após, Ricardo de Albuquerque, faz o discurso de abertura e fala das vantagens reais da abolição da escravidão e da estabilidade da forma república, que só aconteceriam, respectivamente, 3 e 4 anos depois. Em seguida, falou Américo de Albuquerque, elogiou historicamente a Palestra e lamentou o falecimento de alguns consócios. Muitos representantes de outras associações se pronunciaram. Deram início à recitação de originais, como sempre com a 15


participação de Leôncio de Albuquerque. Encerrando a festa como era de costume fizeram um brilhante concerto, que entrou noite adentro. (Jornal Gazeta da Tarde, Ed. 00301, pg. 2, 31/12/1885) Numa outra ocasião, ainda de acordo com o Jornal Diário de Notícias, em sua edição 00210, pág. 1, de 02/01/1886, a título de comemoração de aniversário de uma das sócias, a Palestra Literária ofereceu um brilhante concerto que se prolongou até alta noite. O concerto foi dividido em duas partes: uma que começou pelo hino da sociedade, cuja letra era de Luiz Nóbrega e música de C. Gomes e terminou com recitação de originais de alguns sócios entre os quais Leôncio de Albuquerque. Em 17/02/1886, quarta-feira, em novo encontro, A Palestra Literária, de Todos os Santos, reuniu-se e inseriu em Ata, a pedido de Américo de Albuquerque, voto de pesar pelo passamento de Octaviano Hudson, benemérito brasileiro e em seguida foram lidos trabalhos literários, em prosa e verso, de cuja leitura participou Leôncio de Albuquerque entre outros. E ainda nesta mesma sessão continuaram a discussão sobre a tese: A CIVILIZAÇÃO VENCE A HUMANIDADE OU A HUMANIDADE VENCE A CIVILIZAÇÃO? No domingo, dia 09/05/1886, agora sob a presidência de Leôncio de Albuquerque, realizou a Palestra 16


Literária, de Todos os Santos, na sua 25ª sessão ordinária do ano, um encontro para aceitação de seis novos sócios e na segunda parte, defesa de teses, o tema a discutir era: QUAL A MAIS ACEITÁVEL ESCOLA FILOSÓFICA PERANTE A RAZÃO, E SE HÁ TENDÊNCIAS DA FILOSOFIA E DA RELIGIÃO SE IDENTIFICAREM NO FUTURO? E na 3ª parte, foram feitas leituras de trabalhos, exibição de originais em prosa e verso, com inscrição entre outros de Leôncio de Albuquerque e na 4ª e última parte preleções sobre escolas filosóficas e literárias, história e sociologia (fonte Diário de Notícias, edição 00337, de terça-feira, 1/05/1886, pág. 2, subtítulo- Notas Suburbanas). Como podemos sentir, as questões que envolviam esse núcleo literário eram de altíssimo nível. Todos os membros da sociedade Palestra Literária respiravam cultura. Aproximando-se o final do ano de 1886, a Palestra Literária, realizou uma sessão solene para comemorar o aniversário de seu 2º ano e também o aniversário de uma das sócias, D. Germania Pires, protetora dos desamparados. A festa das letras foi iniciada com um discurso de abertura por Américo de Albuquerque sendo seguido pelo orador oficial Luiz Nóbrega, que leu um excelente trabalho e pôs em relevo a vida da sociedade e o estado decadente da nossa literatura, 17


que àquela altura não passaria de pálida cópia da literatura francesa. Muitos trabalhos foram lidos e efusivamente aplaudidos os Srs. Horácio Gutterres, Leôncio de Albuquerque, Carlos Lima, José Ricardo de Albuquerque, Júlio Camisão, João Filgueiras, Luiz Nóbrega, Américo de Albuquerque e outros cavalheiros. Foi feito um agradecimento por Júlio Lemos, da Gazeta da Tarde, que saudou a Palestra Literária e quando ele terminou um grupo de senhoras e cavalheiros aproximaram-se dele, cobriram-lhe de flores e aos gritos diziam: Viva José do Patrocínio, A Gazeta da Tarde e à Abolição dos Escravos e ofereceram-lhe um número de O Palinuro. A parte concertante, constou da seguinte participantes:

desse brilhante encontro, seleção de músicas e

1ºÁria da ópera Africana, pela Exma. Srª Rosalina Lima; 2º Nocturno, terceto de violino, flauta e piano, pelos Srs. Joaquim Barbosa, Porto Junior e Horácio Fluminense; 3º Cavatina da ópera Pia de Ptolomeu, pela Exma. Srª D. Maria de Villa Nova Machado, acompanhada ao piano pelo Sr. Horácio Fluminense; 18


4º Carnaval de Veneza pelo Sr. Porto Júnior, com acompanhamento de piano pelo Sr. Horácio Fluminense; 5º Serenata para violoncelo (Schubert) pelo Sr. Horácio Fluminense; 6º Nocturno, trio para flauta, violino e piano pelos Srs. Porto Júnior, Joaquim Barbosa e Horácio Fluminense; 7º Non Tornó (ária de tenor) pelo sócio Leôncio de Albuquerque; 8º La charmeuse de Arthur Napoleão (solo de piano pelo Sr. Horácio Fluminense). A festa se prolongou até a madrugada de domingo, e foi matéria do jornal Gazeta da Tarde, edição de nº 00262, de segunda-feira, pág. 2, de 15/11/1886.

O Político Leôncio de Albuquerque A proclamação da República do Brasil ocorreu em 15/11/1889 e a história desse início do período Republicano foi marcada por muitos conflitos e revoltas. Subsequentemente, O Conselho Municipal de Intendentes foi criado através do Decreto 50ª de 07/12/1889, pelo Governo Republicano Provisório, após a extinção da Ilustríssima Câmara Municipal existente no tempo do Império.

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Antes mesmo de candidatar-se ao posto de intendente, Leôncio de Albuquerque, já mantinha contato com cidadãos influentes politicamente e tinha trânsito entre os homens da ordem instituída. Em 03/06/1888, Leôncio de Albuquerque participou de uma manifestação que foi realizada para o Sr. Dr. Mello Braga, distinto clínico da freguesia de Santa Rita. Em nome dos numerosos amigos foi lhe entregue por Leôncio de Albuquerque um rico álbum dos que aderiram à manifestação, além de uma mesa trabalhada artisticamente onde estava colocado o mesmo álbum. O Dr. Mello Braga agradeceu com um brilhante e eloquente discurso de improviso à prova de consideração e estima dos amigos. Depois, todos participaram de um lanche com muitos brindes, momento em que ofereceram à esposa do clínico um lindo buquê de cravos. (Edição 01087, Diário de Notícias, segunda-feira, 04/06/1888, pág. 1). Em 1892, ele foi nomeado para no cargo de suplente, como 2º dito, da 2ª pretoria. Os pretores eram cidadãos honrados que faziam valer a justiça, eram juízes com alçada abaixo dos juízes de Direito. Em 1893, figurava em banca de cotados jurados. Em outubro desse ano a nomeação perde o efeito por motivos internos e ele passa, então, a articular-se para sua primeira candidatura à intendência. 20


No final do ano de 1896, Leôncio de Albuquerque, apresenta chapa de candidatura à intendência, conforme podemos constatar na edição 04465 de quarta-feira, 23/12/1896, pág. 1, de o jornal O Paiz. Na edição 04468, de sábado, 26/12/1896, o mesmo jornal publica a apresentação das chapas dos candidatos a intendentes do 1º e 2º turnos para vigência em 1897. Finalmente, no domingo, 27/12/1896, sai o resultado da eleição, onde consta seu nome (Leôncio de Albuquerque) como eleito no 2º turno do 1° distrito. (Ed. 04469, pg. 4, O Paiz). No sábado,09/01/1897, um grande número de eleitores da paróquia de Santa Rita fizeram uma manifestação para o Sr. Dr. José A. Murtinho, eleito Deputado pelo 1º distrito. Os manifestantes saíram do Largo da Carioca em quatro bondes especiais que os levaram até a Gávea, residência do Dr. Murtinho. Quando chegaram, Leôncio de Albuquerque fez uma oração pelos manifestantes e entregou ao Dr. Um lindo cartão de ouro com delicada inscrição. Foram feitos alguns discursos e agradecimentos. Depois, todos os presentes participaram de um lanche onde fizeram diversos brindes e um em especial à esposa do homenageado, feito pelo professor Soares Dias. ( Edição 00011, Jornal do Brasil, segunda-feira, 11/01/1897). 21


Já corria o ano de 1897, quando em 27/02/1897, foi apresentada a Ata dos intendentes integrantes do Conselho Municipal. ( Ed. 04530, pg. 5, O Paiz). Aqui, então, começa a se desenvolver, de fato, a vida política desse homem que não economizou esforço, tempo e presença para que a cidade do Rio de Janeiro que vivia tempos difíceis, como capital da República, tivesse alguém capaz, honesto e que bem pudesse representá-la. A República era uma, porém os homens a dividiram em duas, a dos jacobinos, adeptos do Marechal de Ferro Floriano Peixoto e a das oligarquias, principalmente, a do café. E na chamada República Oligárquica os presidentes eleitos, via de regra, de Minas Gerais ou São Paulo, eram empossados e cumpriam seus mandatos. O primeiro Governo Civil, eleito em 15/11/1894, foi o do paulista Prudente de Morais, com muita crise política e manifestações militares e populares. O governo eleito sofria muita oposição e era combatido sem trégua pelas ruas do centro da cidade do RJ. A Rua do Ouvidor e o Largo de São Francisco eram territórios de jacobinos nada pacíficos. Em 11/11/1896, Prudente de Morais se afasta por motivo de doença e o Vice Manoel Vitorino Pereira, jacobino declarado, assume interinamente o governo 22


e aproveita para deixar sua marca; compra o Palácio do Catete para ser sede do Governo Republicano e deixa para trás o Palácio do Itamaraty e assim ficou até 1960, quando a sede do governo vai para Brasília. Prudente de Morais retornou da licença em 04/03/1897, porém em 05/11, sofre um atentado quando estava aguardando o navio “Espírito Santo”, que trazia de volta os homens que foram combater na Revolta de Canudos, no sertão nordestino. Nesse incidente uma pessoa de seu comando se interpôs entre ele e seu agressor e morreu atingido por facadas. Então, por isso, ele prudentemente, decretou “estado de sítio”. Era tempo de grandes transformações, políticas, econômicas e sociais. Na economia quem mandava era o café. E era tempo também de consolidar a República. Nesse passo, vamos encontrar Leôncio de Albuquerque, já intendente no Conselho Municipal, designado para fazer parte de uma comissão de mesários para servir na ELEIÇÃO PRESIDENCIAL que ocorreria em 01/03/1898. O presidente eleito foi Manuel Ferraz de Campos Sales, ou, simplesmente Campos Sales, 2º presidente eleito do Brasil. Neste período a crise econômica era como a de hoje e o Brasil naquele instante teve que decretar falência. 23


Leôncio de Albuquerque era o eleitor de número 7.106 da Paróquia de Santa Rita. Era totalmente engajado na política e participava ativamente de todas as manifestações de apreço, tão comuns à época. Um grande acontecimento de cunho internacional, em agosto de 1899, foi o Brasil receber a visita do General Júlio Roca, presidente da Argentina. Leôncio de Albuquerque foi designado para ser o orador oficial na sessão solene que o Conselho Municipal resolveu fazer em homenagem ao General e a sua comitiva. Após a sessão, os intendentes municipais e os convidados seguiram em bondes especiais para Vila Isabel para visitarem o Instituto Profissional, onde foi servido um lauto almoço. (Edição 05427, O Paiz, 15/08/1899, pág. 2.) O Conselho Municipal de intendentes era órgão regulador de variados tipos de questões e os intendentes reuniam-se, a qualquer dia e hora, inclusive à noite, para discutirem os assuntos que na sessão seguinte eram aprovados em Atas, estavam sempre presentes em todos os acontecimentos sociais, missas e outros mais tipos de celebrações. As comissões do Conselho eram formadas de acordo com os interesses e eventos que precisavam cumprir. Na ocasião da morte do Dr. Bezerra de Menezes, por exemplo, em 11/04/1900, uma comissão formada por 24


Leôncio de Albuquerque, Honório Gurgel e Leite Borges foi designada para dar pêsames à família do morto, como noticiou o jornal Gazeta de Notícias, edição 00107 de 17/04/1900, pg. 2. Leôncio de Albuquerque, apresentava sempre prontidão ao trabalho, com presença marcada em dezenas de eventos para os quais foi designado, o que se pode verificar através das inúmeras Atas do Conselho Municipal de Intendentes, onde apôs sua assinatura e das tantas Comissões das quais foi membro, desempenhando papéis diferentes, mais notadamente no período de 1896 a 1904. Durante esse período atuou nas Comissões de Higiene, Orçamento, Instrução e Assistência Social. Pertencia ao partido Republicano e atuava sempre nesse sentido de propaganda política. Na posição de intendente ateve-se com questões sobre: O lixo, preocupando-se em mandar abrir Concorrência para o serviço de remoção do lixo, por via marítima. A obrigação da desinfecção domiciliar em todos os casos de óbitos por tuberculose do aparelho respiratório. Construção e reconstrução (gabaritos) de prédios, bem como, com a regularização da profissão de construtor. Fez parte da administração da Associação de Beneficência das viúvas e órfãos dos Bravos de Canudos, ajudando a 25


redigir os estatutos, foi membro da Comissão de Verificação de Poderes (1899). Apresentou projeto fixando os casos em que se deveria usar a Bandeira e o Hino Nacionais. Apresentou um abaixo-assinado de cocheiros de carroças e tílburis pedindo a revogação da postura que proibia o trânsito de veículos entre as ruas Gonçalves Dias e Largo da Carioca. Apresentou projeto sobre aproveitamento do sangue de reses do matadouro de Santa Cruz. Participou das discussões para melhorias da Vila Ipanema com aumento de bondes, construção da estação e cocheiras. Participou da organização das repartições municipais.

ANO DE 1900 No ano de 1900, compôs a Comissão de Higiene, juntamente com Smith de Vasconcellos e Sá Freire. Fez parte também da Comissão de Orçamento com os Srs. Leite Borges e Honório Gurgel. Em 12/09/1900, deixa a Comissão de Orçamento e é eleito para a Comissão de Instrução. Foi designado para representar O Conselho Municipal nas solenidades da Associação do 4º Centenário do Descobrimento do Brasil na Comissão composta pelos Srs. Leite Borges, Pereira Braga e Smith de Vasconcellos. Representou o Conselho Municipal na comemoração cívica, promovida pela Comissão Glorificadora do Marechal Floriano Peixoto, junto com 26


Pereira Braga, Smith de Vasconcellos e Leite Borges. Demonstrou grande interesse ambiental quando tratou de questão sobre devastação de árvores. No livro “Grandes Espíritas do Brasil”, Autor Zeus Wantuil, no capítulo que trata sobre biografia do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, no subtítulo, REQUERIMENTO, após a desencarnação de Dr. Bezerra de Menezes, o Conselho Municipal, nomeia uma comissão para representá-lo: “nos sufrágios que se celebrarem por sua alma bem como dar pêsames à sua desolada família. Sala das Sessões, 16 de abril de 1900. – Leite Borges Smith de Vasconcelos – Leôncio de Albuquerque Pedro Reis - Rodrigues Alves - C. Magalhães – Ataliba Reis. Consultado o Conselho, são unanimemente aprovados os dois requerimentos. O Sr. PRESIDENTE: - De acordo com o vencido nomeio para a Comissão que tem que assistir à missa de sétimo dia e dar pêsames à família do ilustre morto, os Srs. Honório Gurgel, Leite Borges e Leôncio de Albuquerque.”

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ANO DE 1901 No ano de 1901, em 3/3/1901, passa a fazer parte das Comissões Permanentes de Orçamento, Fazenda e Patrimônio, junto com Pedro Reis e Honório Gurgel e da Comissão Permanente de Instrução e Redação, junto com Ataliba Reis e Maia Lacerda. Apresentou projeto de Lei com isenção de multas em impostos de licenças, com parecer favorável da Comissão de Orçamento e fundamentou um Projeto de Lei autorizando o prefeito a adquirir um local para construir o Teatro Municipal do Rio de Janeiro. ANO DE 1902 No início do ano de 1902, 01/03/1902, esteve presente em sessão de abertura do Conselho Municipal, em Ato de Investidura interna de Leite Ribeiro por ausência do Dr. Xavier da Silveira (Prefeito eleito da época). Em sessão posterior esteve tratando de questão de numeração e denominação de ruas e abertura de Concorrência para a navegação das ilhas de Paquetá e Ilha do Governador. Neste ano deu mostras de que se encontrava em plena atividade laboral. Reportanos o jornal “O Paiz”, (ed. 06326, 02/02), que em sessão extraordinária, reuniu-se com o Conselho de Intendentes para aprovarem a participação em mais comissões de trabalho. Nesse dia conversaram também sobre a grande descoberta de Santos 28


Dumont e sobre a direção dos balões. Marcou presença na reunião do Clube União Comercial para homenagear a memória de Augusto Severo, morto em acidente de aeronave. Tratou na mesma reunião de meio para angariar fundos para a criação de um monumento comemorativo no cemitério em que fosse sepultado o malogrado aeronauta. A técnica da fotografia só foi aperfeiçoada mais para o final do século XIX, daí a grande importância que se deu aos retratados, além de serem presidentes, por isso, Leôncio de Albuquerque esteve também em comissão designada para inaugurar, em sala da prefeitura, os retratos de Prudente de Morais e Campos Salles. (Edição 00195, Gazeta de Notícias, segundafeira, 14/07/1902). Sobre ele próprio ainda não tivemos notícia e nem encontramos registro, até o momento, de que tenha sido fotografado. Em agosto, esteve no grande banquete da Prefeitura, na Praça da República, na festa de homenagem para a Esquadra Chilena, evento onde também estavam presentes e tiveram a palavra o poeta Olavo Bilac e o Deputado Américo de Albuquerque, fazendo seus elogios ao Chile e falando da amizade entre os dois países. No final do ano de 1902, apresentou-se doente, segundo alerta de missa em Ação de Graças 29


mandada rezar, por amigos, em intenção de sua recuperação, em 06/11/1902. ANO DE 1903 Esteve afastado da vida política, provavelmente um ano de reflexões e doença, pois nada se falou sobre ele na imprensa escrita, apenas uma aparição em missa. Neste ano de 1903, nos deparamos com um lamento em forma de poema que foi dedicado a Leôncio de Albuquerque por um grande amigo dos tempos dos encontros das Palestras Literárias, Luiz Nóbrega, e encontra-se publicado no periódico “Tagarela”, edição 00060, de 16/04/1903, pg. 8, e tem como título muitíssimo significativo “NEL MEZZO DEL CAMIN...”, um soneto com título homônimo ao soneto do poeta Olavo Bilac, (1860-1918), contemporâneo de Leôncio de Albuquerque. Olavo Bilac, também foi um grande republicano e nacionalista, escreveu entre muitos poemas a letra do Hino à Bandeira. Se bem observarmos, o título dos dois sonetos, tanto de Bilac quanto o de Luiz Nóbrega fazem referência à grandiosa obra “A Divina Comédia”, de Dante Aligheri, poeta natural de Florença-Itália, escrito no início do século XIV, como analisado por alguns, O Inferno de Dante ou uma alegoria do Inferno. A obra, “A Divina Comédia”, foi divida em três partes: primeira parte; Inferno, segunda parte; Purgatório e 30


terceira parte; Paraíso. No poema o inferno é descrito com nove círculos de sofrimento localizados dentro da Terra e faz alusão: “1º O limbo (virtuosos pagãos); 2º Vale dos ventos (luxuria); 3º Lago de lama (gula), 4° Colinas de Rocha (ganância); 5° Rio Estige (ira); 6° Cemitério de fogo (heresia); 7° Vale do Flegetonte (violência contra o próximo); 8º O Malebolge (fraude) e 9º Lago Cocite (traição)”. E o que significa e justifica então o título do soneto dedicado pelo amigo (Luiz Nóbrega) a Leôncio de Albuquerque? “NEL MEZZO DEL CAMIN...” é a parte de introdução da Obra, parte do Inferno, que traduzindo seria “No meio do caminho da nossa vida” ou ainda ”Quando eu me encontrava na metade do caminho de nossa vida, me vi perdido em uma selva escura, e a minha vida não mais seguia o caminho certo”. Luiz Nóbrega, amigo dileto e também poeta sensível que era, já vislumbrando o que estava por vir, fez essa brilhante e significativa homenagem em 16/04/1903, a Leôncio de Albuquerque, que nove meses depois desencarnaria, ainda numa fase bastante produtiva da vida, sem ter vivido todo o seu esplendor, ou seja, encontrava-se na metade do caminho da vida. NEL MEZZO DEL CAMiN... 31


A Leoncio de AlBuquerque Porque deserto?

ousaste

Porque ousaste aspiram? Creste, foste mentiram

sonhar, aspirar

enganado;

ó

ao os

coração que

todos

sonhos

te

na miragem do ideal, que supuseste perto.

Não sabias aberto,

que,

ao

bem

o

sentimento

por isso inerme atrai dardos mortais que o firam? Que o mundo com prazer tortura os que suspiram, a abnegação é rara e o egoísmo é certo?

Não sabias que a glória ia custar-te a vida? Que o êxtase é a dor da inspiração ferida, transbordante amar?

de

amor

e

sem

poder 32


Viste mudar-se em treva o teu formoso dia, e te estorces em vão na noite da agonia... Deserto coração, porque ousaste sonhar?!

ANO DE 1904 Editado o livro “As Religiões no Rio” de autoria de Paulo Barreto, jornalista, cronista, tradutor e teatrólogo brasileiro, que usava o pseudônimo de João do Rio. A primeira edição é de 1904. O livro foi pioneiro no Rio de Janeiro em pesquisa de campo sobre as religiões no Rio no começo do século XX na região depois denominada Pequena África. Foi considerado um livro polêmico, adorado por alguns e esconjurado por outros, por o considerarem irônico e preconceituoso. Novidade na época teve o maior sucesso de vendas, apesar de já estar em domínio público, por suas peculiaridades foi relançado no Rio de Janeiro pela Editora Nova Aguilar em 1976 e pela José Olympio Editora em 2006. 33


Leôncio de Albuquerque foi citado nesse livro na parte relacionada ao Espiritismo no Brasil (grifo nosso): “Esses fatos são raros, porém, e as experiências assombrosas multiplicam-se; os médiuns curam criaturas a morrer. Leôncio de Albuquerque, que tratava caridosamente a Saúde em peso, anuncia, sem tocar no doente, o primeiro caso de peste bubônica, e cada vez mais aumenta o número de crentes. O meu amigo dizia-me: - Nunca se viu uma crença que com tal rapidez assombrasse crentes. Se o Figaro dava para Paris cem mil espíritas, o Rio deve ter quase igual soma de fiéis. O Brasil, pela junção de uma raça de sonhadores como os portugueses com a fantasia dos negros e o pavor indiano do invisível, está fatalmente à beira dos abismos de onde se entreve o além. A Federação publicou uma estatística de jornais espíritas no inundo inteiro. Pois bem: existe no mundo 96 jornais e revistas, sendo que 56 em toda a Europa e 19 só no Brasil. - Como se reconhecem as nossas aptidões literárias! - Não ria. Tudo na terra tem a sua dupla significação. - E quais são essas revistas e jornais?

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- Mensageiro, em Manaus (Amazonas); Luz e Fé e Sofia, em Belém (Pará); A Cruz, em Amarante (Piauí); Doutrina de Jesus, em Maranguape (Ceará); A Semana (ciências e letras), no Recife (Pernambuco), A Verdade, em Palmares (Pernambuco); O Espírita Alagoano, A Ciência, em Maceió, (Alagoas); Revista Espírita, em S. Salvador (Bahia); Reformador, no Rio de Janeiro; Fraternização, Verdade e Luz, A Nova Revelação, O Alvião e A Doutrina, em Curitiba (Paraná); Revista Espírita, em Porto Alegre (Rio Grande do Sul); A Reencarnação, no Rio Grande; O Allan Kardec, em Cataguazes (Minas Gerais).”

O Desencarne de Leôncio de Albuquerque O ano de 1904 mal tivera começado quando a política do Rio de janeiro, principalmente o Conselho Municipal, sofreu uma grande perda em sua composição. Sempre à frente de qualquer empreendimento de melhoria pela cidade do Rio de Janeiro, representou o Conselho dezenas de vezes em solenidades, das mais simples às mais laboriosas. Assistia a entrega de prêmios a alunos de uma escola com a mesma dedicação que fazia a recepção de presidentes, sempre no mesmo espírito de aperfeiçoamento e colaboração. E exatamente no dia 12/01/1904, voltava à pátria espiritual o benemérito cidadão Leôncio de Albuquerque. A sua morte foi 35


noticiada nos jornais mais importantes da época, como “Jornal do Brasil”, “Correio da Manhã”, “O Paiz”, entre outros, mas transcrevemos agora, na íntegra, o aviso fúnebre que melhor traduziu o homem de tão humanitária e ainda jovem figura do falecido. A matéria encontra-se publicada na edição 00013 de quarta-feira, 13/01/1904, do jornal “Gazeta de Notícias”, página 2, diz o seguinte: “Morreu ontem Leôncio de Albuquerque o conhecido homem político no distrito de Santa Rita, onde sempre residiu e distribuía largamente tudo quanto ganhava. Morreu pobre, mas o seu nome será abençoado por grande número de pessoas que ele socorreu, ora tratando pela homeopatia e dando até a dieta, ora com os recursos pecuniários que dispunha na ocasião. Deveu a sua popularidade ao seu espírito humanitário e por isso quando se apresentou candidato ao lugar de intendente municipal foi eleito e teve assim ocasião de prestar bons serviços, engrandecendo a República por cujo ideal se bateu na propaganda. No Conselho Municipal, onde serviu durante o quatriênio de 1899 a 1903, foi membro das comissões de orçamento, de justiça e da higiene, mostrando sempre a sua competência em proveito do Distrito Federal.

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Na propaganda e na República foi presidente de várias associações abolicionistas e orador de muitas destas associações. Leôncio de Albuquerque tinha 40 anos, era casado e morreu pobre como aqueles a quem ele socorrera. Repetimos: Leôncio de Albuquerque era o benfeitor da pobreza em Santa Rita e os moradores daquele bairro, querendo render um preito de homenagem ao morto conduziram o corpo à mão da Rua do Livramento n° 103 à praça da Harmonia, onde foi o caixão colocado no carro fúnebre. O enterro foi muito concorrido e entre as pessoas compareceram, notamos os deputados Dr. Mello Mattos que segurava uma alça do caixão, Américo de Albuquerque, Dr. Pereira Braga, Ataliba Reis e Smith de Vasconcelos. Grande foi o número de coroas oferecidas ao morto, com as respectivas dedicatórias. Entre elas vimos numa oferecida pelo Dr. Mello Mattos, rosas naturais, lendose nas fitas ‘ Dr. Mello Mattos ao amigo Leôncio’.” O corpo de Leôncio de Albuquerque foi enterrado no cemitério de São Francisco Xavier, popularmente conhecido como cemitério do Caju. 37


E assim encerrou-se, precocemente, a vida e carreira política desse homem, poeta, professor de música, político, amigo da pobreza e grande colaborador dos ideais republicanos. Na época, uma prática comum após o falecimento de alguém era distribuir alguma pecúnia do morto para as pessoas mais necessitadas, por intenção da alma do falecido, e pelo passamento de Leôncio de Albuquerque não foi diferente, assim foi, mandou-se para serem divididos em esmolas a quantia de 12$ pela entrevada da Rua Magalhães, J.C. Pinto, cega Francisca e cega do Catumbi. Muitíssimos foram os pedidos de missas, mandadas rezar pelos amigos, pela intenção e descanso de sua alma. Concluindo, a história de um Espírito não pertence a ninguém a não ser a ele próprio, mas ficamos agradecidos em ter podido participar com a singeleza dessas palavras sobre Leôncio de Albuquerque. Seis meses após sua morte, sua casa foi leiloada. Consta nas informações do pregão que sua residência era um prédio de sobrado, medindo de frente 6 metros e 35 centímetros e de fundos 33 metros. Construído de pedra, cal e tijolo, portadas de cantaria coberto de telha nacional, com duas portas de frente e uma janela de varanda no 1º andar e duas no sótão. O andar térreo era dividido em duas salas, três quartos 38


(alcovas), cozinha e despensa. O 1º andar tinha sala de visitas e alcova, corredor, sala de jantar e alcova, cozinha, banheiro e quintal até a rua (na época) Cunha Barbosa, onde tinha um portão... e a partir daí, de maneira semelhante como ele engrandecera Victor Hugo, “alea-se seu espírito para um novo mundo: a eternidade...”

Leôncio de Albuquerque homenageado Devido aos grandes serviços prestados, uma rua no bairro da Gamboa ganha o nome de Leôncio de Albuquerque, conforme podemos apreciar na figura abaixo.

Figura 1 - Foto na Rua Leôncio de Albuquerque na Gamboa/RJ.

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O Nascimento do Grupo Espírita Leôncio de Albuquerque No dia 3 de outubro de 1951 reunia-se um grupo de espíritas, num pequeno barracão nos fundos de uma casa na Travessa da Alameda, 20 no Fonseca (bairro de Niterói - RJ). À volta de uma mesa, sentados em bancos feitos de caixotes, reuniram-se os irmãos Umbelino Pacheco Vitola, Nazareth Miranda Vitola, Ranulfo Xavier, Francisco Carvalho do Amaral, Francisco Paulino de Miranda, Abigail Miranda, Oir Alcantara Oliveira, Álvaro e Zuleika Siqueira,Oséias Patrocínio de Oliveira, Guiomar Miranda de Oliveira e outros, totalizando 19 pessoas, que são os sócios fundadores do Leôncio. Nesse dia, comunicou-se com o grupo o espírito que identificou-se como Leôncio de Albuquerque. Por sugestão do Sr. Umbelino, foi dado o nome deste espírito ao novo grupo que se formava. No dia seguinte, a médium Zilma Aguiar, convidada pelo Sr. Oir, passou a fazer parte do grupo que iniciava suas atividades. O nome do patrono do Grupo, Emmanuel, foi escolhido pelo próprio Leôncio de Albuquerque. Algum tempo depois, o Grupo foi transferido para a Rua São Januário, 76 no mesmo bairro, funcionando numa 40


pequena sala construída pelo Sr. Umbelino nos fundos de sua casa. Posteriormente transferiu-se para a Rua Oscar Fonseca, 7(antiga Rua São Januário) por motivo de necessidade de maiores espaços. Pelo mesmo motivo, em 1977, instalou-se no número 58 da mesma rua, onde hoje funciona em sede própria.

Figura 2 - Entrada do Grupo Espírita Leôncio de Albuquerque

Mensagens recebidas de Leôncio de Albuquerque Posteriormente Leôncio de Albuquerque vez por outra nos encaminha mensagens onde em geral buscam trazer esperança e consolo, além de nos incentivar na 41


continuidade do trabalho no bem e de transformação da humanidade. Abaixo segue uma coletânea de mensagens recebidas desse nobre e humilde amigo de sempre.

Lar Amigo Há mais de quatro décadas esta Casa se materializou como objetivação de um projeto elaborado no plano do espírito. Fundou-se como uma grande oficina de trabalho tendo a bandeira da Caridade desfraldada, mitigando as dores daqueles que aqui aportaram. Templo de consolação, balsamizou as aflições e os sofrimentos de muitas almas que aconchegadas a este Lar, puderam receber dele equilíbrio, paz e harmonia. Abençoada pela luz do conhecimento ampliou-se como um templo de sabedoria.

superior

Muitos espíritos que aqui compartilham das atividades realizadas participaram igualmente deste projeto espiritual e agora têm a oportunidade de experienciarem a execução do planejamento. Muitos permaneceram no labor incessante sem se deixarem abater pelos desafios, pelos problemas e pelas dificuldades.

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Outros abandonaram o Lar como o filho que parte em busca da própria experiência, mas que leva consigo a bagagem da qual se utilizará quando necessário. Temos ainda, meus amigos, outros irmãos que puderam aprender a crescer neste coração amoroso que reúne tantas almas e daqui partiram para disseminarem as Verdades aprendidas e compreendidas. Este “Lar Amigo” tem oferecido para tantas almas oportunidades de ressarcimento para com a Lei, chances de aprimoramento de exercícios das virtudes desenvolvidas. Se pudessem os amigos limpar as lentes embaçadas da percepção, veriam extasiados o labor que se opera na intercessão das duas realidades. Muitos já retornaram a nossa pátria; continuam o trabalho intenso como projeção das atividades desenvolvidas quando na matéria. O trabalho da interação é incessante, os objetivos amplos, as metas determinadas. Nada, meus amigos, deverá se tornar empecilho ou motivo de desistência. É um trabalho coletivo, com repercussões individuais de aprimoramento e libertação. 43


Caminhemos com Jesus! Marchemos, lado a lado, sem esmorecer jamais. Sem desistir nunca. É o convite e o desejo amoroso do amigo de sempre, Leôncio (Mensagem psicofônica recebida no em 09-10-2007).

Relembrando com amor Queridos irmãos, Aqui nos encontramos relembrando momentos felizes que tivemos nesta Casa, bem como na apertadinha garagem do nosso companheiro, Umbelino, que por muito amar as criaturas e ter um coração imenso, divide o seu tempo, hoje, com coragem e labor, em função de duas Casas- e se pudesse faria mais... Trêmulo ainda no início, dei minha comunicação e por vontade dos amigos que lá se encontravam colocaram o meu nome nesta Casa abençoada. Relembro os momentos de trabalhos operosos na construção do bem. Relembro quantas lutas para conseguir uma pequenina casa onde pudesse ter mais qualidade de ajudar a mais sofredores que à Casa chegassem.

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Relembro o amor que unia as criaturas embaladas num só pensamento: fazer crescer a Casa ajudando cada vez mais. Mesmo com as imperfeições e dificuldades de cada um, o trabalho continuava e continua até hoje perseverante com muito amor. Precisamos nos reunir com amor no coração, para que cada vez mais trabalhemos em nome de Jesus, beneficiando a todos aqueles que aqui chegam, neste Lar, encarnados ou não, em busca de socorro e ajuda. Oremos sempre por eles e reflitamos que só com muito amor haverá progresso. Sem o amor não progredirão nossos anos de existência na Casa Espírita “Leôncio de Albuquerque”. Busquemos trabalhar com afinco, colorindo corações daqueles que batem à nossa porta.

os

Pensemos, irmãos, na união, no estudo, na colaboração que devemos dar de afetividade a cada indivíduo que trabalha, labuta neste repositório de felicidade e amor doado por Jesus. Recordemos o Mestre quando perguntou para Pedro por três vezes: - Pedro, tu me amas? - Sim. 45


- Apascenta as minhas ovelhas. E aqui nos encontramos para dizer: Apascentas as ovelhas de coração desgarrado. Amem-se mutuamente, porque assim os trabalhos transcorrerão com vontade de crescer, melhorando toda a estrutura material e espiritual do “Leôncio de Albuquerque”. Lembremos: amamos muito; vocês também amam. Confiemos no Mestre. Ao futuro, Deus dirá o que reserva, mas tenhamos amor nos corações. Se nos amarmos uns aos outros, encostando as dores e os problemas nos corações mais amigos da Casa, eles nos fortalecerão e serão fortalecidos para o trabalho que é de Jesus. Meus amigos, a vibração é imensa neste Lar. Que possamos buscar a luz em favor de toda a Casa, lembrando que o crescimento deve ser não tão somente vertical, como muitos pensam, mas principalmente na horizontal. Peçamos a benção de Deus para os nossos corações e de Jesus, nosso Guia, nosso Irmão Maior. Lembremos sempre do Amor. Paz. Leôncio (Mensagem psicofônica recebida em 2/10/2008).

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Celeiro de bênçãos Caros Irmãos, Há mais de meio século, um grupo de irmãos encarnados, atendendo à inspiração de irmãos desencarnados, de nossa dimensão, reuniu-se em prece num desejo conjunto, e transformou-se nesta Casa, como hoje se apresenta, onde as luzes do Consolador brilham no firmamento. É necessário que cada trabalhador desta Casa se impregne do senso de responsabilidade e do sentimento da boa vontade, condições essenciais ao tarefeiro da Seara do Mestre. Que uma campanha de fraternidade se desenvolva dentro deste celeiro de bênçãos, mas que seja uma representação real dos sentimentos, como produto de esforços verdadeiros daqueles que desejam seguir o Mestre; que a comunicação entre os dois planos se estreite cada vez mais; que a união dessas dimensões diversas se corporifique, porque os tempos, realmente meus irmãos, são chegados. É chegada a hora da fraternidade, do amor, deixando para trás os melindres, as idiossincrasias da alma. Necessário se faz converter os anseios em obras, os desejos em atos, para que juntos possamos continuar caminhando para frente e para o alto. 47


Esta Casa ainda irá socorrer muitas dores, por muito tempo; multiplicará cada vez mais os seus trabalhadores na nossa dimensão e na dimensão material, mas para isso precisamos oferecer a qualidade espiritual nas tarefas. Portanto, meus caros amigos, busquemos urgentemente realizar a proposta da Doutrina Espírita, a proposta do Senhor Jesus, que é a transformação íntima. Não cabe mais ao tarefeiro espírita conservar em seu coração rancores, mágoas, ressentimentos de seus irmãos de ideal. Necessário se faz a limpeza da alma para que o trabalho possa se qualificar e tornar-se cada vez mais produtivo e verdadeiro em seus resultados. Sabemos que temos limitações, anseios de desenvolvimento e ainda grilhões que nos aprisionam ao passado. Entretanto, meus caros amigos, estamos unidos, não se esqueçam, muito juntos, neste propósito de doação e de crescimento. O acaso não nos trouxe aqui. Pertencemos a um grupo de Espíritos que há muito caminhamos onde, nessa estrada, já erramos e estamos tentando acertar.

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Por isso confiemos; confiemos em nosso Pai Celestial, em Jesus nosso Irmão Maior e na semente divina que esse mesmo Pai Celestial plantou em nós. A nossa alma se rejubila por todos os trabalhadores desta Casa, na nossa dimensão, por completarmos mais um tempo de serviço. Que possamos ampliar, partindo de nossos corações, essas possibilidades. Recebam o nosso abraço. O amigo de sempre, Leôncio (Mensagem psicofônica recebida em 2/10/2008).

Segue a prece que Leôncio proferiu, após ditar a mensagem anterior, a pedido do dirigente da reunião: Amado Jesus! Nós, humílimos servos de tua Seara, que ainda nos arrastamos nas estradas evolutivas da vida, queremos agradecer-te as oportunidades ofertadas a nós de repararmos as nossas vivências de enganos de passados próximos ou longínquos, no trabalho, na vivência do amor, da fraternidade, e te agradecemos a oportunidade de termos a honra de servir neste núcleo de trabalho, de juntarmos esforços e vivermos aquilo de que precisamos para o nosso desenvolvimento espiritual. 49


Que teu amor possa impregnar todas as almas que aqui vêm, que aqui trabalham, que aqui lutam, encarnadas ou desencarnadas; que o ânimo não esmoreça no coração dos trabalhadores desta Casa; que as Trevas, que sempre rondam todos os centros que geram luz, possam aqui não atingir, bem como a todos os outros, para que o Bem ilumine o mundo inteiro, transformando esses irmãos tão iludidos e sofredores em companheiros laboriosos de tua Seara, e sabemos que assim será. Só temos a te agradecer, Mestre, e rogamos-te que fiques conosco e que possamos aprender a ficar contigo.

Aos Corações Amigos O campo a joeirar prossegue com as necessidades conhecidas pelo bom lavrador. A arroteia do solo das almas está sempre a exigir disposição e empenho dos que se dispõem a alcançar as mais felizes produções para o ser. A cada servidor da Seara de Jesus Cristo está afeto o dever de continuar sem esmorecimento, nos labores que lhe cabem para que não perca a oportunidade feliz da presente encarnação, valorizando o ensejo de estar na Terra, bafejados pela claridade que o Consolador projeta sobre todos nós, quando na lida do bem. 50


Assim, meus queridos companheiros, desejo apresentar-lhes o meu afetuoso abraço de carinho e os augúrios de um futuro rutilante sob o Sol de primeira magnitude, que é o Cristo, Jesus. Nesses 12 lustros que ora comemoramos em conjunto, a nossa Escola-Templo e Hospital-Oficina vem nos concedendo, em nome do Mundo Maior, os delicados momentos de revisão dos passos terrenos e de redefinição das nossas condutas para seguirmos no trilho do bem. Cabe-nos, pois, somente, agradecer pela confiança distendida pelo Senhor às nossas possibilidades e exorar do seu coração magnânimo outros dias de trabalho, que se convertam em novas décadas, a fim de que no corpo ou fora dele elevemos bem alto o nosso cântico de gratidão por tudo o que recebemos, embora as limitações que nos caracterizam. Recebam, corações amigos do nosso Grupo Espírita, o forte e estreitado amplexo de ternura, do seu amigo e servidor de sempre, agradecido, Leôncio de Albuquerque (Mensagem psicografada por José Raul Teixeira, na SEF em 19-10-2011).

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A Fé como Resposta Queridos Irmãos, Jesus seja conosco. A História registra a odisseia dos cristãos para ouvirem a mensagem do Evangelho, as lutas enfrentadas por milhares de criaturas para ouvirem e viverem a Boa Nova. São cânticos da memória que soam como bálsamo e exemplos a serem seguidos. Hoje as poltronas da comodidade e as ameaças do medo vêm afastando os amigos e pretendentes ao labor do Evangelho, induzindo-os a se acomodarem com evasivas e desculpas que não serão aceitas como álibis para com a própria consciência. Despertemos amigos diletos, acordemos, pois as oportunidades ora franqueadas são únicas neste momento evolutivo de cada um de nós. Não permitam que o medo oportunidade de aqui estarem.

os

afastem

da

A Casa Espírita representa um manancial de luz refletindo a Casa do Caminho, para a qual cegos, estropiados, aleijados, infelizes dos mais diversos matizes acorriam para terem suas dores minimizadas. Aqui também acorremos nós, os cegos, estropiados,

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infelizes da existência, e é aqui que encontraremos os lenitivos para as dores que ainda trazemos. Não mais as fogueiras, os postes de martírio, os circos... mas os desafios da insegurança tão propagada e explorada pela mídia. A FÉ é a resposta para todos. O EXEMPLO nós já o tivemos, dado pelos apóstolos, cristãos primeiros e muitos irmãos que estão trabalhando hoje no labor da Seara Espírita. Nossos corações só têm a agradecer a oportunidade de congregarmos esforços neste Lar. Nós os Espíritos Espíritas e vocês os Espíritas Espíritos, unamos esforços nas lutas da nossa redenção. A FRATERNIDADE deve ser vivida integralmente em todos os espaços desta Casa, em todos os trabalhos e em todos os corações. A ajuda não lhes faltará. Paz e Alegria! São os votos do amigo de sempre, Leôncio (Mensagem psicofônica recebida em 04/10/2016).

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Fontes Informativas HEMEROGRAFIA: JORNAL DO BRASIL - ANO 1896: Edição 00360, 25/12, pg. 3; ANO 1897: Edição 00011, 11/01, Pg. 1; - ANO 1899: Edições 00056, 25/02, pg.2; 00064, 05/03, pg. 1; 00074, 15/03, pg.2; 00182, 01/07, pg.1; 00226, 14/08, pg.2; 00328, 24/11, pg.1; 00328, 24/11, pg.1; 00347, 13/12, pg.1. - ANO 1900: Edição: 00106, 16/4, pg. 1. - ANO 1901: Edições 00054, 23/02, pg.1; 00066, 07/03, pg. 2; 00113, 23/04, pg.2; 00132, 12/05, pg.5; 00168, 17/06, pg.2; 00260, 17/9, pg.2; 00292, 19/10, pg.1; 00317, 13/11, pg1; 00324, 20/11, pg.1, 00332, 28/11, pg.2; 00362, 28/12, pg.1; - ANO 1902: Edições 00006, 06/01, pg.2; 00138, 18/05, pg.5; 00155, 04/06, pg.3; 00165, 14/06, pg.1; 00196, 15/7, pg.1; 00271, 20/09, pg.5; 00279, 06/10, pg.1; - ANO 1903: Edição 00030, 30/01, pg.2. ANO 1904: Edições 00013, 12/01, pg. 3; 00014, 14/01, pg.2; 00018, 18/01, pg.2; 00024, 24/01, pg.6; 00028, 28/01, pg.3; 00035, 04/02, pg.6; 00041, 10/02, pg.3; 00042, 11/02, pg.3; 00049, 18/02, pg. 3; 00170, 18/06, pg.7. DIÁRIO DE NOTÍCIAS - ANO 1885: Edição: 00183, 06/12, pg.1; ANO 1886: Edições 00210, 02/01, pg. 1; 00256, 17/02, pg.1; 00332, 06/05, pg.2; 00337, 11/05, pg.2; - ANO 1887: 00805, 23/08, pg.2; 00905, 01/12, pg.2; ANO 1888: Edição 01087, 04/06, pg.1; ANO 1890: Edições 01826, 25/06, pg.4; 01920, 29/09, pg.2; ANO 1892: Edição 02453, 29/03, pg. 1; ANO 1893: Edição 03025, 29/10, pg. 1; GAZETA DA TARDE - ANO 1885: Edições 00095, 28/4, pg.2; 00301, 31/12, pg.2; ANO 1886: Edições 00205, 07/09, pg. 2; 00262, 15/11, pg.2; ANO 1897: 00073, 08/09, pg.1; GAZETA SUBURBANA - ANO 1884: Edição 00030, 27/12, pg. 2; O PHAROL - ANO 1887: Edição 00150, 06/07, pg. 1; O FLUMINENSE - ANO 1886: Edição 01276, 28/07, pg.1; O PAIZ (RJ) - ANO 1886: Edição 00258, 17/09, pg.1; - ANO 1896: Edições 04465, 23/12, pg. 1; 04468, 26/12, pg. 4; 04469, 27/12, pg. 4; - ANO 1897: Edições 04530, 27/02, pg. 5; 04715, 31/08, pg. 5; - ANO 1898: Edições 04894, 27/02, pg. 5; 05154, 14/11, pg. 2; - ANO 1899: Edições 05228, 28/01, pg.3; 05229, 29/01, pg. 4; 05230, 30/01, pg.1; 05240, 09/02, pg. 2; 05241, 10/02, pg. 1; 05250, 19/02, pg.1; 05255, 24/02, pg. 1; 05268, 09/03, pg. 1; 05269, 10/03, pg. 1; 05273, 14/03, pg. 2; 05274, 15/03, pg. 1; 05277, 18/03, pg. 2; 05287, 28/03, pg. 2; 05320, 30/04, pg. 1; 05375, 24/06, pg. 2; 05427, 15/08, pg. 2; 05453, 10/09, pg. 2; 05459, 16/09, pg. 1; 05472, 29/09, pg. 2; 05480, 07/10, pg. 1; 05487, 14/10, pg. 2; 05523, 14/11, pg. 1; 05526, 22/11, pg. 2; 05527, 23/11, pg. 1; 05560, 26/12, pg. 2; 05565, 31/12, pg. 4; - ANO 1900: Edições 05625, 02/03, pg.2; 05634, 11/03, pg. 1; 05657, 03/04, pg.1; 05679, 25/04, pg.2; 05785, 09/08,pg.1; 0589, 02/09, pg. 1; 05814, 07/09, pg.1; 05834, 27/09, pg. 1; 05855, 18/10,

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ARQUIVO DA CATEDRAL METROPOLITANA DO RJ - Assentamento de Batismo livro nº 534, da Freguesia de Santa Rita. ARQUIVO DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DO RJ - Processo Nº 3152/2015Investigação do Óbito. CARTÓRIO - 1° RCPN (Registro Civil das Pessoas Naturais e tabelionato de Notas) Segunda Via da Certidão de Óbito. RELIGIÕES DO RIO - ANO 1ª Edição -1904: pg. 72; GRANDES ESPÍRITAS DO BRASIL - de Zeus Wantuil - ANO 1969.

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