Edição 7 do Jornal Vale Vivo.

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de 08 a 21 de julho Fotos: Carolina Haddad

Lombofaixas na Av. Peixoto de Castro, em frente a FATEA: mesmo tendo sido instalada recentemente, a lombofaixa apresenta sérios problemas de acessibilidade

Acessibilidade ainda tem falhas em Lorena A

Acessibilidade ainda é um tema que precisa ser muito discutido pela sociedade. Mesmo com a inclusão tão em foco, as cidades ainda precisam oferecer melhores condições para que essa inclusão seja concretizada. Entre os maiores problemas está o da mobilidade. Cadeirantes, deficientes visuais e pessoas com mobilidade reduzida enfrentam verdadeiros "rallys" quando saem às ruas das cidades da nossa região. Especificamente em Lorena, vamos começar a tratar do assunto. Apesar dos diversos avanços na área, sendo, por exemplo, a primeira cidade a contar com toda a sua frota de transporte público adaptada, e a primeira a oferecer estacionamento gratuito nas áreas de zona azul do município, diversos pontos ainda precisam ser melhorados. A garantia à acessibilidade é lei e deve ser cumprida. A Lei Federal 10.098/00 define como a acessibilidade deve ser garantida e qual a responsabilidade do poder público no aspecto da manutenção dessas regras em vias públicas, por exemplo. O artigo 8º da referida lei dispõe o seguinte: "acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida". Mas infelizmente esta ainda não é a situação que encontramos. Nesta edição vamos mostrar alguns problemas relacionados à acessibilidade nas vias públicas de Lorena. São inúmeros os transtornos encontrados com um simples passeio pela cidade. Foram instaladas "lombofaixas" em vários pontos do município. Segundo matéria publicada no site oficial da Prefeitura de Lorena, em 22 de junho deste ano, a lombofaixa instalada na Av. Peixoto de Castro em frente a FATEA, tem como objetivo "conter a alta velocidade dos veículos, além de oferecer total acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida, inclusive aqueles que fazem uso de cadeira de rodas". A questão é que esta e outras lombofaixas da cidade apresentam o mesmo ponto: é praticamente impossível um cadeirante conseguir atravessá-las. Para confirmar esses fatos, convidamos o Sr. Natanael Cardoso dos Santos, presidente da ADEFIL- Associação dos Deficientes Físicos de Lorena para acompanhar o Jornal Vale Vivo na realização do registro fotográfico destes questionamentos. A Secretaria de Trânsito e Transportes também foi convidada. Durante as fotos pudemos constatar diversos entraves. No que se refere à lombofaixa da Fatea, o maior problema é o canal para escoamento de água que foi deixado, e que faz com que as rodas da cadeira fiquem presas, possibilitando inclusive quedas. Dos dois lados da lombofaixa, existem esses vãos. Já em frente ao supermercado Vilela, outro problema: a calçada onde termina a lombofaixa é tão alta que é impossível para o cadeirante subir mesmo com ajuda de um terceiro. Questionada a respeito, a Secretaria de Trânsito e Transportes por meio de seu secretário, Marcelo Pazzzini, esclarece que especificamente na Av. Targino Vilela Nunes, o problema é a calçada, que foi construída irregularmente pelo proprietário, sem observação da legislação do código de postura municipal, sendo ainda que o proprietário será autuado e notificado a regularizar a calçada. No local, ainda existem carrinhos do supermercado que são deixados na calçada toda, impedindo a passagem de pedestres e dificultando ainda mais a dos cadeirantes. As normas de acessibilidade devem ser respeitadas e cumpridas por todos: do poder público ao cidadão comum. Outro problema freqüente na cidade são as calçadas irregulares. Cada proprietário constrói a sua sem atentar para a legislação e normas vigentes. Para um deficiente visual, por exemplo, esses desníveis são extremamente perigosos. Em Lorena os deficientes visuais ainda enfrentam um outro obstáculo: placas de propaganda que são colocadas a mais ou menos 1 metro de altura. O problema é que os pés dessas placas são vazados, o que muitas vezes "engana" a bengala utilizada para locomoção. Em várias esquinas do centro da cidade, essas placas impedem ainda o acesso às faixas de pedestres. Segundo o Secretário Marcelo Pazzini o decreto que regulamenta a instalação dessas placas será revogado e as mesmas deverão ser retiradas em até 90 dias. No calçadão da cidade existem ainda dois orelhões sem cabine, o que também pode causar um grave acidente a alguém que tenha deficiência visual. Na Rua Dr. Rodrigues de Azevedo, a rua principal, os transtornos continuam. Apenas duas das faixas de pedestres ao longo da via possuem guias rebaixadas dos dois lados. Em muitos casos, a guia existe de apenas um lado impedindo assim a subida de pessoas com diferentes tipos de deficiência. O presidente da ADEFIL destaca que estes problemas poderiam ser minimizados se houvesse um trabalho conjunto entre Poder Público e entidades. "Se a cada obra órgãos como o nosso fossem procurados, poderíamos expor quais os maiores problemas e como chegar às melhores soluções", ressaltou Natanael. Essa interação entre os diferentes setores da sociedade é proposta como "premissa básica" para a realização das adaptações urbanas. O Artigo 9º da lei 10.098 trata dessa necessidade de parcerias. A inclusão deve ser possibilitada efetivamente aos deficientes e não somente alardeada pela sociedade.

Um espaço para o escoamento de água da chuva entre a calçada e a obra impossibilita a passagem dos cadeirantes

Av. Targino Vilela Nunes: carrinhos de supermercado na calçada, calçadas sem guias rebaixadas na faixa (lombofaixa) e altas guias construídas pelos moradores sem atenção aos padrões causam sérios problemas

Faixas de pedestre na Rua Principal: a maioria só possui guia rebaixada de um só lado

Placas de propaganda em esquinas: armadilhas perigosas para os deficientes visuais

A lombofaixa em frente ao lar São José, na Av. Capitão Messias Ribeiro, também com o espaço para escoamento

Esquina das ruas Major de Oliveira Borges e Comendador Custódio Vieira: as placas devem ser retiradas em até 90 dias

Orelhões fora de cabines podem causar acidentes


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