Jornal Mercosur - nov.2014

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Papa Francisco:

“Guerra Mundial está acontecendo por partes”. Em meio a sequência de “crimes, massacres e destruições”, pontífice invocou a paz para deter o que chamou de “loucura bélica”. O papa Francisco afirmou que se pode falar atualmente de uma Terceira Guerra Mundial que acontece “em partes, mediante crimes, massacres e destruições” e invocou a paz para deter a “loucura bélica”. O pontífice fez as afirmações durante a homilia pronunciada no cemitério militar de Flogliano Redipuglia, que visi-

tou para lembrar os soldados mortos na Primeira Guerra Mundial, e as vítimas de todos os conflitos bélicos. “Hoje, após o segundo fracasso de uma guerra mundial, talvez possamos falar de uma Terceira Guerra Mundial ´em partes´, com crimes, massacres e destruições”, afirmou. Francisco disse que a guerra é “uma loucura que cresce

destruindo e estragando tudo, até a relação entre irmãos e o mais formoso que Deus criou, o ser humano”. Também lembrou que hoje em dia há muitas vítimas porque “na sombra” convergem “interesses, estratégias geopolíticas e ganância por dinheiro e poder”, que frequentemente encontram justificativas na ideologia.

Ele criticou a indústria armamentista, “que parece ser tão importante”, e a rotulou, junto a outros fatores, de “planificadores do terror” e de “organizadores do desencontro”. Constantemente o Papa tem orado publicamente na Santa Sé pela Paz na Síria e nos demais países onde existem guerras e conflitos armados.

SÍRIA: LOCAIS SAGRADOS ANTES E DEPOIS DA GUERRA DE AGRESSÃO


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Por que querem destruir a Síria? Por: Embaixador Dr. Ghassan Nseir , Chefe da Missão da Embaixada da Síria

Darei a vocês alguns motivos: 1- Porque ela possui dez mil anos de civilização. 2- Porque nela nasceu o alfabeto, a civilidade, a filosofia e a ciência que se espalhou pelo mundo. 3- Porque muitos povos viveram em seu território, como os Cananeus, os Acadianos, os Hititas, os Assírios, os Aramaicos, os Siríacos, os Gregos e os Romanos. 4- Porque nela estão as verdadeiras raízes da história. Raízes estas que não são passíveis de adulteração. 5- Porque de suas entranhas nasceu o cristianismo, mais precisamente em Damasco, e se espalhou para o mundo através do Apóstolo Paulo. 6- Porque dela saíram os imperadores para Roma (Sete imperadores). 7- Porque dela saíram os papas para Roma (Cinco papas). 8- Porque nela nasceram os santos, como João Damasquino. 9- Porque ela formou os cientistas, médicos e astrônomos. 10- Porque seu povo transmitiu aos outros povos a ciência e a filosofia, através de seus tradutores (Os siríacos). 11- Porque ela disseminou o Islã tolerante e civilizado e não o terrorista. 12- Porque nela se avizinham as mesquitas, as igrejas e as sinagogas. 13- Porque ela mandou suas missões de educadores para os países do Golfo Arábico, para que ensinassem àqueles povos a ciência e a cultura, assim como o fez no Iêmen, na Argélia, no Marrocos e na Mauritânia. 14- Porque ela abriu sua única universidade para todos os árabes. 15- Porque ela defendeu a causa palestina e ficou do lado da resistência durante toda a sua trajetória, dando-lhe apoio com dinheiro, armas e posições. 16- Porque ela abrigou os refugiados palestinos e deu à eles todos os direitos dos sírios, exceto o direito à nacionalidade. 17- Porque nela o ensino é obrigatório até o 2º. Grau e gratuito em todas as etapas até a universidade. 18- Porque acredita no Pan-Arabismo como uma união econômica, política e cultural. 19- Porque ela oferece a assistência e os cuidados médicos gratuitamente a todos os seus cidadãos. 20- Porque suas crianças vivem seguras, assistidas e saudáveis. 21- Porque ela não aceita a subserviência às mobilizações dos países imperialistas. 22- Porque ela impediu a divisão do Líbano e se opôs à invasão americana do Iraque. 23- Porque ela deu suporte e apoio à resistência libanesa e forte retaguarda em suas batalhas contra a ocupação israelense. 24- Porque ela recebeu milhões de refugiados iraquianos e não os colocou em barracas e nem em acampamentos. Assim como recebeu os libaneses na guerra de julho de 2006. 25- Porque é o único país milenar entre os países árabes. 26- Porque ela desenvolveu suas capacidades econômicas e a sua autossuficiência e se aproximou muito dos países desenvolvidos, com sua infraestrutura e seus recursos humanos. 27- Porque nela estão as sedes das igrejas cristãs orientais. 28- Porque possui a única cidade onde seus moradores falam a língua de Jesus Cristo, que é a cidade de Maalula. 29- Porque ela combate o racismo sionista e as ambições expansionistas e colonialistas de Israel e a negação dos direitos legítimos do povo palestino. Vocês políticos do mundo, que bebem o sangue e comem a carne das crianças da Síria para fortalecer suas economias decadentes, para capacitar as suas fábricas de armas e para juntar dinheiro. Vocês que dançam sobre os pedaços dos corpos das crianças, que destroem suas casas, que expulsam as pessoas e que tornam crianças órfãs, me deem um motivo ético e humano para justificar o que vocês estão fazendo? Tudo isso para servir a Israel? Qual é o serviço que tem como preço vítimas, morte e destruição? E vocês jornalistas que influenciam a opinião pública? Não chegou a hora de honrar sua profissão, fazer análises objetivas e apresentar a verdade? Ou será que vocês foram alugados por dinheiro e venderam a sua consciência profissional (se é que já existiu!)? Vocês tem uma responsabilidade com a história, porque vocês têm os meios de adulterar os fatos e vocês também estão negociando o sangue e a carne das crianças. Vocês se aproveitam da confiança das pessoas para engana-las. Será que não chegou a hora de despertar a sua consciência? Vocês não têm filhos? Tradução: Jihan Arar


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Ministro fala sobre o conflito na Síria Entrevista do Exmo. Sr. Walid Al Moallem, Vice Primeiro Ministro e Ministro das Relações Exteriores e Expatriados da República Árabe da Síria, concedida ao jornal Al Akhbar, do Líbano, e feita pelo jornalista Nahed Hatr. O cenário político na Síria e na região é nebuloso desde que os Estados Unidos criaram uma aliança para combater o ISIS (Estado Islâmico para o Iraque e a Síria). Nos desdobramentos, a posição síria foi de aceitar os fatos sobre os ataques aéreos americanos contra posições desta organização terrorista, ao tempo em que o Irã manteve seu anúncio sobre a rejeição desta aliança e Moscou respondeu com fortes declarações. O que acontece dentro da coalizão Rússia – Irã – Síria? É uma pergunta da qual se esquivaria um diplomata. Mas e se este diplomata for o Ministro Walid Al Moallem, que mede suas palavras com uma balança de precisão? Para minha surpresa, o Ministro falou sem meias palavras e disse no final da entrevista: “Publique o que achar que deve publicar. Vou deixar a seu cargo a avaliação da minha posição”. Daí, coube a mim a missão de escolher o que publicar de uma longa conversa com o chefe da diplomacia síria. Nada foi feito para ser publicado e sim para ser ‘compreendido’. Segue, então, o que considerei ‘publicável’. Foi aí que eu acabei por entender, de forma precisa, a política síria que age, em todas as situações, conforme seus próprios parâmetros e conforme sua tradição, ou seja, partindo do princípio de que a Síria ocupa um papel central na região e não abre mão disso, mas administra as batalhas com o máximo de flexibilidade e precaução, conforme as prioridades de cada fase. Na fase atual, a prioridade é derrotar o terrorismo na Síria. Al Moallem, que saiu de uma cirurgia cardíaca, recuperou a vitalidade, a jovialidade, o sorriso, os cigarros e sua visão panorâmica, realista, sem sombras e nem borrões, onde não há espaço para a raiva, a emoção, a pressa ou a fraqueza. As prioridades são definidas com precisão e são elas que movem o tabuleiro internacional e regional com habilidade. Perde-se aqui para ganhar ali e assim caminha-se, com

cuidado e confiança, em direção ao objetivo. O jogo perigoso, iniciado pelo Presidente Hafez Al Assad em 1970, segue seu rumo e o jogador sírio continua em sua posição...esta é a impressão que se tem depois de um diálogo aberto com o ministro que lutou na crise síria, em todas as fases, da difícil à muito difícil, com extrema calma e confiança. Ele nos remete à era soviética e lembra o ministro Sergei Lavrov. Perguntei ao Ministro Moallem sobre sua relação com seu colega russo. A relação deles ultrapassa os campos político e profissional, chegando ao nível pessoal. São amigos em todo o sentido da palavra, já que se entendem, trocam confidências e críticas amigáveis. Moallem revelou ao seu amigo, no último encontro entre os dois ministros, seu incômodo com o fato da diplomacia russa usar a expressão: “Nossos parceiros ocidentais”. Ele disse: “Não são parceiros da Rússia, são seus inimigos”. Isso mostra o pulso das relações históricas que ligam Damasco a Moscou. Este será o nosso primeiro foco. As relações entre a Síria e a Rússia, como se mostrou nos primeiros anos da crise, são excelentes e privilegiadas. O que difere Damasco do restante dos amigos da Rússia é que ela usa estas

relações para provocar o ocidente: Ela se inclina, emocionalmente e civilizacionalmente, para os russos e estes veem a Síria não como um aliado, mas como um membro de sua família. A Rússia tem uma dívida com a Síria por sua fé ortodoxa, um dos elementos fundamentais de sua identidade nacional. Atualmente, tem com a Síria uma dívida, assim como o Irã, pela presença regional e internacional conquistada e que não seria possível, a médio e longo prazo, se não fosse pela resistência síria. A diplomacia síria pisa em solo firme, personificado na resistência da república, na força, união e confiança no exército, mas sem vaidades nem aventuras. Sua atual prioridade é administrar todos os assuntos de modo a garantir a resistência, proteger a Síria das agressões que superam a sua capacidade e garantir as armas para o exército. A Síria deixou clara a sua posição para os seus dois aliados, a Rússia e o Irã, sobre a coalizão americana contra o ISIS: “Esta coalizão nos coloca diante de duas alternativas: Rejeita-la – pela falta de capacidade de traduzi-la militarmente com sucesso –, o que daria aos radicais da administração americana e aos aliados regionais de Washington

o pretexto oportuno para declarar uma guerra americana – atlântica contra a Síria e “nós não daremos à eles este pretexto”. A segunda alternativa é a aceitação política e “isso vai contra a nossa estratégia política e de soberania. Assim, passamos para a terceira alternativa que é aceitar a realidade, sem nos aventurarmos num confronto perdido e sem um reconhecimento político”. “Não existe nenhum tipo de coordenação entre nós e os americanos e nenhuma negociação; eles nos informaram, diretamente, através do nosso representante nas Nações Unidas, Bashar Al Jaafari, e através de Bagdá e Moscou de que os ataques da coalizão visam, tão somente, alvos do ISIS e que ela não atacará o exército sírio. Será que poderíamos confiar nesta promessa? No momento, entendemos que o Presidente Barack Obama, por motivos internos, quer evitar uma guerra com a Síria e se contenta com uma intervenção aérea contra o ISIS. Nós nos beneficiamos com isso, mas não sabemos como Obama vai agir, sob crescentes pressões que terão uma influência maior caso os republicanos não consigam vencer nas eleições legislativas. Por isso, temos que estar preparados. Foi isso que nós deixamos bem claro, com sinceridade, para os


05 russos e pedimos à eles que aproveitem este intervalo para nos fornecer armas avançadas”.

eram as armas sírias que bombardeavam, diariamente, as posições do ISIS, no entorno de Ein Al Arab, mas tivemos que cessar porque não havia coordenação em campo com os americanos.

Nahed Hatr- S300? Walid Al Moallem: Sim. E outras armas avançadas que possam possibilitar ao exército sírio enfrentar os desafios que estão por vir. Hatr- Vocês conseguiram a S300? Moallem- Não. Mas nós a obteremos, assim como obteremos outras armas avançadas, dentro de um prazo razoável. As indústrias de armas russas trabalham de acordo com uma burocracia lenta, apesar das armas estarem logo ali. Hatr- Os russos concordaram com o pedido de empréstimo de 1 bilhão de dólares? Moallem- Nós não pedimos este tipo de empréstimo. Não sei qual é a fonte desta notícia, mas não é verdade. Nós dispomos de facilidades de crédito suficientes, disponibilizadas pelos nossos parceiros iranianos. O que nós pedimos e que obteve compreensão e resposta por parte dos russos é mais importante do que isso. É uma série de acordos econômicos e comerciais que contribuirão com a economia síria e com o fortalecimento da resistência e da reconstrução. Hatr- Apesar da divergência? Moallem- Não existe divergência, mas uma avaliação diferente da posição sobre como enfrentar os desafios comuns. Nós é que administramos a guerra e nossas posições estão atreladas, com precisão, ao equilíbrio das forças em campo. Mas os russos e os iranianos podem adotar posições mais rígidas em relação à coalizão americana. E nós estamos felizes com estas posições e queremos que elas continuem, porque elas atrapalham o crescimento das tendências hostis do ocidente. Hatr- O Senhor espera agressões por parte da Turquia? Haverá enfrentamentos? Moallem- Nossa decisão estratégica é enfrentar militarmente qualquer agressão turca. Esperamos

Hatr- Saleh Muslim, Líder do Partido Democrático Curdo Sírio, é um separatista? Moallem- Não. Não é um separatista. O partido criou uma que, em breve, possamos contar com uma capacidade bélica avançada, que nos garanta derrotar os inimigos. Mas nós não vemos a possibilidade da Turquia lançar ações hostis contra a Síria num prazo à vista. As condições turcas para uma intervenção na Síria continuam sendo rejeitadas por Washington e, ao mesmo tempo, este tipo de intervenção não pode ocorrer às custas dos interesses da Arábia Saudita, o principal oponente da Turquia no campo oposto. Este campo vive contradições que nos beneficiam. Além disso, a situação interna na Turquia é extremamente frágil para que possa enfrentar uma eventual rebelião curda com a força necessária. A resistência dos nossos cidadãos curdos em Ein Al Arab fez fracassar as políticas de Erdoghan e, em compensação, deu a Obama o sentido para que promovesse o seu ataque aéreo. A posição turca em relação à ofensiva do ISIS em Ein Al Arab arregimentou os curdos de todas as partes contra o governo da Turquia. Os curdos estão se mobilizando, não apenas na Turquia – onde eles somam cerca de 15 milhões de pessoas – para se juntar a Abdullah Öcalan (líder dos curdos), mas também no Iraque. Um dia a mais de resistência em Ein Al Arab significa mais uma perda para Massud Barzani (Presidente do Curdistão iraquiano) e seu aliado Erdoghan (Presidente da Turquia). Hatr- Mas e onde está Damasco na batalha de Ein Al Arab? Moallem- Ein Al Arab é a Síria e seus cidadãos são sírios. Nós fornecemos, estamos fornecendo e continuaremos a fornecer o abastecimento, as armas e a munição. Antes dos bombardeios americanos,

administração própria para administrar as regiões, onde havia uma maioria curda, que estavam sob a pressão da guerra. Ele teve o cuidado para que esta administração não fosse curda e que incluísse os clãs árabes da região. Não há como separar as áreas onde há uma presença curda – síria, com em Hasake, Manbaj e Ein Al Arab, porque elas estão ligadas geograficamente e porque elas incluem outros elementos. Ademais, nós não permitiremos e não reconhecemos qualquer separação na Síria, porque ela é um mosaico étnico, religioso e regional. A aceitação de qualquer separação significa o fim do país. Isso nunca acontecerá! A alternativa é o que este país sempre foi: Um Estado nacional, civil, diversificado em sua composição e em sua cultura como um todo, que pode ser desenvolvido democraticamente, no âmbito de sua localização, de seu papel regional e de suas alianças. A aliança com o Irã. Hatr- No contexto das alianças, a aliança síria – iraniana se destaca como profunda e ambígua ao mesmo tempo. Moallem- O Imam Khamenei, em sua abordagem, não permite, dentro do Irã, nada que atinja esta aliança. Os eventuais obstáculos podem vir da parte dos liberais. A cada vez que isso ocorre, a situação é resolvida a favor da Síria

por parte do Imam, da Assembleia Popular (o parlamento) e da Guarda Revolucionária. O Irã nos forneceu e continua fornecendo o que precisamos em termos de armas e, especialmente, as munições disponíveis de produção iraniana. Teerã nos dá, igualmente, apoio político, econômico e financeiro. Nós somos gratos por este apoio, confiamos em sua continuidade e na continuidade da compreensão da suprema liderança iraniana sobre a importância da aliança com a Síria. Às vezes, alguns políticos iranianos não avaliam esta aliança como deveriam e eu disse, com clareza, num debate que tive com Javad Zarif, Ministro das Relações Exteriores do Irã: “A resistência da Síria foi quem te possibilitou a ter uma posição forte nas negociações com o ocidente sobre a questão nuclear”. Hatr: Então isso significa que os religiosos conservadores são os aliados mais próximos da milenar Síria? Moallem- Certamente, porque eles estão cientes dos interesses estratégicos iranianos e estão livres da inclinação ao ocidente. Hatr- E existe alguma dificuldade com esta parte? Eles exerceram pressões sobre vocês para mudar a sua posição em relação ao Hamas? Moallem- Não. Isso nunca aconteceu. Nossa posição em relação ao Hamas e à Irmandade Muçulmana é clara e os nossos aliados a conhecem bem. Isso não está em questão. Arábia Saudita e Egito. Hatr- A posição comum da Arábia Saudita e do Egito não abre o caminho para a reconciliação? Moallem: Quanto ao Egito, nós apoiamos o Estado e as Forças Armadas, sem qualquer ambiguidade, no combate à violência, ao terrorismo e ao extremismo religioso. Em termos estratégicos, o Egito e nós, estamos na mesma trincheira, mas a posição das lideranças egípcias em relação à Síria, apesar de positivas, não alcançaram, ainda, o nível necessário para enfrentar o desafio comum. Esperamos que isso ocorra em breve e nós entendemos as pressões que o Cairo vem enfrentando,


06 especialmente na área econômica, e que precisa do apoio saudita, mas queremos que o Egito recupere totalmente o seu papel árabe e isso começa pela Síria.

a ira de Riad, que impulsiona as suas ações contra a Síria. Hatr- Então podemos concluir que se houver uma evolução em relação ao

Siria rechaza resoluciones presentadas del “terrorismo wahabí saudí-catarí” Hatr- E a Arábia Saudita? Existem perspectivas de reconciliação? Moallem- Não. A posição saudita em relação à ‘Irmandade’ está no contexto de seu conflito com o Qatar e a Turquia, mas ela apoiou e continua apoiando os grupos terroristas armados, arregimentando os inimigos da Síria e é contra o Presidente Bashar Al Assad. Esta política aventureira se voltará, no final, contra a própria Arábia Saudita. Hatr- AArábia Saudita se posiciona do lado direito dos Estados Unidos contra a Síria por causa de seu ódio cego, devido à referência que o Presidente (Bashar) fez depois da guerra no Líbano em 2006, quando chamou seus líderes de ‘homens pela metade’? Moallem: É possível. Mas eu tenho que lembra-lo que o Rei Abdalla visitou Damasco depois daquele famoso discurso e acompanhou o Presidente Assad até o Líbano. A Arábia Saudita nos hostiliza pelas nossas políticas independentes em relação ao Iraque e o Líbano. Ela acredita que estas políticas atrapalham a sua influência regional. Por outro lado, o crescimento das relações sírias – iranianas provoca

entendimento iraniano – ocidental – saudita e um entendimento sírio – saudita sobre o Iraque e o Líbano, então chegaremos a uma reconciliação? Moallem- Não pouparemos nenhuma oportunidade de acabar com a guerra contra a Síria e garantir a integridade dos sírios. Mas estes que estão pagando o preço com o próprio sangue são os que decidirão, no final, a política da Síria. Esta é uma realidade política criada pela guerra. Não será mais possível conduzir a política síria sem o aval da opinião pública nacional. Os sírios tem uma posição em relação à Arábia Saudita por conta de seu apoio e seu financiamento à ofensiva contra o seu país e isso vale para o Qatar também. Hatr- Houve uma tentativa de reconciliação por parte do Qatar? Moallem- Sim. Mas nós a rejeitamos. O povo sírio não quer esta reconciliação. Se o Qatar quiser a reconciliação, então terá que tomar a iniciativa de parar de apoiar os terroristas e parar com a campanha contra a Síria. Tradução: Jihan Arar

EXPEDIENTE Editor: José Gil Correspondentes: Dilma de Cássia e Adilson Moreira (Curitiba); Armando Bragança (Rio de Janeiro) Richard Luna (Venezuela), Dmitry Muntean (Rússia), Juan Gonzalez (Equador) O jornal Mercosur é uma publicação do Movimento Democracia Direta do Paraná www.marchaverde.com.br

midiaverde@sapo.pt

El representante de Siria ante la Organización de las Naciones Unidas (ONU), Bashar al-Yafari, ha denunciado este miércoles que las resoluciones antisirias adoptadas en la entidad internacional son presentadas por países que patrocinan al terrorismo. En su totalidad son “resoluciones que perjudican los derechos del ciudadano sirio y distorsionan su imagen, sobre todo, son resoluciones que se presentan por países que patrocinan al terrorismo wahabí saudícatarí en Siria, Irak, El Líbano y otros países”, afirma Al-Yafari. El embajador sirio ha criticado así un proyecto de resolución saudí-catarí sobre derechos humanos en Siria, durante su discurso en una sesión de la tercera comisión de la Asamblea General de la ONU. Según el funcionario, esas resoluciones politizadas, selectivas y unilaterales han demostrado a todos su fracaso al tratar las cuestiones bajo del telón de la crisis siria, ya que los Estados que presentan tales resoluciones son parte de la crisis, no de la solución. Asimismo subraya que el único objetivo del proyecto de resolución “saudícatarí” es difamar al Gobierno sirio e ignorar sus enormes y constructivos esfuerzos para combatir el terrorismo estimulado por los Gobiernos de Arabia Saudí, Catar, Turquía, Francia, el régimen de Israel, Jordania y otros. Por otra parte, Al-Yafari lamenta la

indiferencia de la comunidad internacional respecto a los acontecimientos en Siria, así como la ciega insistencia en presentar tales iniciativas cuya excusa es proteger los derechos humanos en Siria. “Desde hace cuatro años el terrorismo golpea a Siria y a su pueblo, a la luz de un silencio que se vuelve un escándalo y un apoyo ilimitado a mercenarios terroristas que emplean las formas más horribles de asesinato y violaciones de los derechos del pueblo sirio”, reitera. Recientemente, el anterior vicecanciller egipcio, Husein Haridi, aseguró que existe una estrecha correlación entre Catar y los integrantes del grupo terrorista EIIL (Daesh, en árabe) y del Frente Al-Nusra, afiliado a Al-Qaeda, quienes tras recibir el entrenamiento adecuado en suelo catarí, se dirigen rumbo a Siria. “De acuerdo con las afirmaciones de fuentes oficiales de EE.UU., el entrenamiento de los llamados opositores moderados se efectúa en Arabia Saudí, Turquía y Catar, y estos últimos dos países tienen un rol crucial a la hora de brindar apoyo a los grupos terroristas opositores al Gobierno de Siria”, recalcó. Desde mediados de marzo de 2011, varios grupos armados, respaldados por algunos países regionales y occidentales, han creado un caos sin precedentes en Siria, que ha dejado un saldo de más de 200 mil muertos y significativos daños materiales. tmv/ybm/hnb - HispanTv


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A tragédia na Síria segundo o Cônsul Dr. Abdo Abage é possível que uma corja de bárbaros se imponha a um povo e a um governo que ao tempo da invasão em março de 2011, gozava de uma boa estabilidade política, econômica e social, situando-se entre os países de melhor condição de vida dentro do Oriente Médio, bem como o único país laico daquela região do mundo.

O Cônsul da Síria para o Paraná e Santa Catarina, empresário Dr. Abdo Abage, fala sobre o conflito na Síria e suas repercussões nacionais e internacionais. Confira: Fale sobre a reeleição do presidente Bashar Al Assad à Presidência da Síria. Dr. Abdo - A reeleição do Presidente Bashar Al Assad à presidência da Síria, foi uma conseqüência natural da sua política de preservação da integridade do território da nação e do esforço hercúleo de impedir que tropas de mercenários fortemente armados e financiados por potencias estrangeiras continuem a dizimar a população da nação síria, tal como Israel aproveitando-se das atenções voltadas para a crise na Síria, vem fazendo criminosamente com a população palestina. O que existe na Síria hoje é uma guerra ou tentativa de ocupação? Dr. Abdo - O que de fato existe na Síria, desde os primeiros a acontecimentos em março de 2011, é uma guerra de invasão de tropas de mercenários vindos de várias partes do mundo, dentre as quais podemos citar a Chechenia, o Paquistão, a Turquia, o Afeganistão, a Arábia Saudita, o Katar, e até de países como Israel, França, Inglaterra e Estados Unidos. Pior do que uma tentativa de ocupação, é que esses países têm o intuito de claramente dividir o território da Síria em três ou quatro partes, tal como aconteceu também criminosamente com a sua partilha quase ao final da 1ª guerra mundial, em 1916, com o acordo SikesPicot perpetrado pela França e pela Inglaterra, quando a Síria foi dividida em 6 partes e nunca mais se reintegrou. Fale sobre os prejuízos da Síria com esta agressão estrangeira. Dr. Abdo - Os prejuízos que a Síria sofreu e ainda vem sofrendo são incalculáveis. Além da morte de mais de 170.000 pessoas vemos os

O Cônsul Dr. Abdo Abage ao lado do padre Simão Nassri da Igreja Católica Ortodoxa São Jorge de Curitiba

refugiados fugindo do horror da guerra, a maior parte para os países vizinhos, mormente o Líbano e parte deles também para o Brasil, um dos poucos países no mundo que abriu suas fronteiras para esse sofrido povo. Cabe ressaltar ainda que a economia da Síria está em frangalhos, tendo em vista que a maioria das indústrias do país localizadas em Alepo, na região norte, foi destruída e incendiada pelas tropas de mercenários. A reconstrução do parque industrial levará muitos anos para se concretizar. É imperioso citar a destruição do patrimônio histórico e cultural da Síria, grande parte danificada e parte simplesmente destruída. O

bazar da cidade de Alepo, tipo como o shopping center mais antigo do mundo, foi inteiramente incendiado. É a riqueza histórica da Mesopotâmia sendo jogada literalmente no lixo. Qual a perspectiva para os próximos meses em relação à agressão atual? Dr. Abdo - A expectativa é que as forças do governo sírio continuem retomando e recuperando as áreas invadidas pelos terroristas mercenários que tem deixado destruição e morte por onde passam. Não acredito que esses terroristas irão lograr êxito no intuito de acabar com a Síria e seu povo. Não

O presidente Dr. Bashar Al Assad é o líder e unificador da Nação Árabe Síria. Reeleito democraticamente no cargo de presidente pela esmagadora maioria da população, tem conduzido o país com muita sabedoria e coragem nesses momentos de tristezas e tragédias para o povo árabe sírio. Mas em todas as oportunidades ele reitera: “Venceremos nossos inimigos, reconstruiremos nossa pátria, como sempre fizemos ao longo da milenar história da nossa nação”.

Fale sobre a paz e o futuro da Síria. Dr. Abdo - Desde quando o Presidente dos Estados Unidos George W. Bush ordenou a implosão das torres gêmeas de Nova York, para ter uma justificativa para a invasão do Afeganistão, então a maior reserva de gás natural do mundo, e posteriormente a invasão do Iraque, então a terceira reserva de petróleo do mundo, a paz que todos os povos almejavam e buscavam ficou infinitamente mais distante. Costumo dizer até que a partir daquele infausto acontecimento, o Presidente Bush desencadeou uma terceira guerra mundial não declarada, que aos poucos vai se disseminando por todas as regiões do mundo. Hoje vivemos situações de tensão criadas e fomentadas pela indústria bélica, as quais não se sabe minimamente como irão terminar. E para quem não sabe, a implosão das torres gêmeas foi constatada pela própria comunidade técnica e científica americana, que comprovou de maneira cabal todas as evidências do fato. É profundamente lamentável que a imprensa americana, terrivelmente dependente das verbas de publicidade, não tenha a coragem de denunciar ao mundo esse terrível crime cujo responsável sempre se apresentou como o Presidente da maior nação democrática do mundo. Quem viver, um dia saberá. O futuro da Síria está nas mãos de Deus. E do juízo dos homens. Chega de dor e sofrimento. Não à guerra. Sim ao entendimento e a paz entre os homens.


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