Jornal da CIC julho 17

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CIDADANIA

Organização civil cria elo entre educação e arte

TECNOLOGIA

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Tecpar instala painéis solares

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GENTE DA CIC

Iranei Fernandes fala sobre a história do bairro

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Curitiba, julho de 2017 Número 15

da

Cidade Industrial

Alto índice de criminalidade preocupa moradores

Página SAÚDE

Hospital Cajuru ganha heliponto para emergências

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MEIO AMBIENTE

Escola Nossa Senhora da Luz completa 50 anos

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EDUCAÇÃO

Revitalização de lago dá origem ao Espaço Futuro

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Cultura e Educação

Organização civil na CIC faz o elo entre educação e arte “Memória Mural”, “Escadão do Rap” são alguns dos projetos organizados por líderes comunitários

Alex Otto, em frente a um dos cinco murais pintados pelo bairro. Nesse, localizado no Colégio Est. Alcyone de Moraes de Castro Velozo, foram retratados os operários na construção da vila, a extinta estação de trem Bariguy e um ônibus de linha Centro-CIC da década de 80.

Alex Otto, 42, presidente do

Instituto CooperaCIC, é morador da Cidade Industrial desde o início. “Desde o meu início!”, explica Otto, em tom descontraído. Sua família foi uma das primeiras a mudar-se para as coabitações construídas da região Nossa Senhora da Luz em meados dos anos 60 e, portanto, pôde observar de perto todas as mudanças que ocorreram ao longo das décadas no bairro. “Aqui na Nossa Senhora da Luz que surgiu as primeiras coabitações do Brasil”, ressalta o líder comunitário. Na década de 70 a CIC representava cerca de 25% do ICMS do estado do paraná inteiro, mesmo assim, a região sofria com a precariedade dos serviços públicos e com um alto índice de criminalidade – este último, teve seu ápice nas décadas de 80 e 90, onde houve o “boom” das

ocupações na região. “Criou-se um estigma que a região é perigosa, que aqui morre gente. E isso ficou até hoje, sendo que agora é tranquilo”, afirma Alex. Para Otto, a cultura e a educação são elementos que trabalham com o desenvolvimento do ser humano e que esbarram, necessariamente, nas questões de segurança pública. “Existe uma relação na periferia, que é da parceira. Como se fosse uma cidadezinha do interior, se acontece alguma coisa com um morador, todo mundo fica sabendo”. Inspirado por esse fato, iniciou os primeiros movimentos para realizar atividades que pudessem beneficiar os jovens da região e mais um pouco: que esses jovens pudessem ensinar outras pessoas aquilo que aprenderam. As entidades locais possuem um papel fundamental na região. Não vinculadas ao estado ou ao municí-

pio, desenvolvem projetos, oferecem cursos, oficinas e também promovem campanhas de arrecadação. Esses serviços básicos e educacionais, que muitas vezes não chegam até o local pelas mãos da ação estatal, representam muito para o morador, que encontra ali um espaço de acolhimento e de oportunidades. Desde 2004 o Instituto CooperaCIC realiza diversos projetos. O primeiro deles foi transformar uma antiga escadaria, utilizando arte gráfica, criatividade e colaboração. O resultado tornou-se a “Escadaria do Rap”, onde os jovens reúnem-se, de 15 em 15 dias, para cantar rap. Os encontros acontecem até hoje nas quintas feiras, em frente ao terminal do CIC. Nem todos os projetos dão bons resultados, como foi o caso da oficina de leitura, que acabou terminando por falta de público. Os cursos pré-vestibulares


03 realizados pela CooperaCIC em parceria com escolas e entidades religiosas, possuem uma série de dificuldades. A cada 40 alunos que ingressam no curso, apenas 13 chegam a concluí-lo. “São as adversidades que a população da periferia está submetida. O cara não pode estudar, tem que ajudar em casa. Às vezes já tem filho. Então ele prefere trabalhar que estudar”. Em relação aos resultados, Otto enxerga com entusiasmo que 8 em 13 que terminam o curso, passam no vestibular. O que também provoca mudanças nas pessoas ao redor. “Aqui o pessoal não tem costume de ter terceiro grau. Mas aí um consegue, outro também, isso muda a realidade ao redor”, finaliza Otto.

No Colégio Estadual Dirce Celestino do Amaral foi registrado o antigo Armazém Nossa Senhora Aparecida, na Rua do Comério Sul. Foto: Felipe Rosa

Arte como memória Em 2014, via Lei do Fundo Municipal de Cultura, Otto produziu o “Memória Mural”, sob coordenação de Paulo Auma, que consiste em uma série de murais, representando de forma artística a história do bairro. O projeto tinha como principal objetivo em fomentar ações culturais na região. Foram oferecidas oficinas de fotografia, teatro, pesquisa, pintura, entre outras, e a partir delas os participantes puderam produzir os cinco grandes murais que fazem o registro histórico da região.

Jovens reunidos no “Escadão do Rap”, localizado ao lado do terminal da CIC. Foto: André Ferreira

No auditório regional da CIC foram retratados os primeiros times de futebol

“Criou-se um estigma de que a região é perigosa, sendo que agora é tranquila.” Alex Otto


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Humor

Ele pergunta para o balconista: - Que significa isto. Quem é a pessoa que está encostada naquela parede? - Ah! É um cliente. Ele queria comprar remédio para tosse. Como está caro e ele não tem dinheiro, vendi para ele um laxante. - Ficou maluco! Desde quando laxante é bom para tosse?! - É excelente. Veja o medo que ele tem de tossir! Tinha um caipira que trabalhava para uns ricos Certo dia, ele foi tirar leite da vaca que os patrões pediram mas, por pura coincidência, ele chega na hora do almoço: - Coma conosco! - diz o patrão. - Não não obrigado!! - diz o caipira Então o patrão continua insistindo e o caipira diz: - Tá bom, vou provar um conosquinho. Enquanto isso, num hospício - Qual é o seu nome? - Meu nome é São Tomé! - Quem lhe disse isso? - Foi Deus! - Eêêeuuu?!!!... No hospital -Quando eu vou doar sangue, não sou que o tiro, é uma enfermeira que o tira... - Comprendo Sr. João, mas isto aqui é um banco de esperma, e funciona de forma diferente. - Péssimo serviço!!!


05 Gente da CIC

Iranei na Silva Fernandes Líder comunitário conta um pouco da história e das expectativas para a ragião

Sou líder comu-

gir com a CIC. Tem o olhar dos moradores, que chenitário desde 1980, quangaram aqui desde o início, do as agentes do serviço com a vila Nossa Senhora social faziam visitas na da Luz em 1967 o primeiro comunidade, para orientar conjunto Habitacional do e interagir com os moradores, nestas conversas me Brasil. Em 1973 começa a implantação da CIC, proconvidaram para fazer um curso de líderes e liderados no Castelo Branco, o que me inspirou e em 1983 realizei e coordenei o primeiro Campeonato entre ruas de Curitiba, para moradores do Osvaldo Cruz 1, que foi um sucesso. Após isto, fazia parte da diretoria da Associação de Moradores do Osvaldo Cruz, como diretor de esportes ajudei na coordenação das Olimpíadas da CIC um verdadeiro sucesso na coordenação geral senhor Valmor Matei um verdadeiro empreendedor, com quem aprendi muito, bem como com outras referências de liderança e amigos, como o Sr. João Marreiro, Israel Muniz, Severiano de Medeiros Dias, Elio Machado. Só tenho a agradecer os conhecimentos e as parcerias conquistadas ao longo dos anos. Existe muitas diferenças na forma de olhar e intera-

priamente dita, e em 1977 a Cohab entrega as casas do Osvaldo Cruz 1, onde minha família veio morar. Na década de 80 começaram as primeiras ocupações irregulares, que hoje representam

“A grande vantagem da CIC é que formamos uma sociedade participativa e unida” Iranei da Silva Fernandes

EXPEDIENTE DIRETOR: José Gil EDITORA: Larissa Santin Rua Brasílio Itiberê, 3333 - Curitiba - Fone: (41) 3408-2860 E-mail: midiabairros@gmail.com

um percentual muito alto de famílias que aguardam a regulamentação. A questão das ocupações deu origem a vários bolsões de pobreza na região, pessoas que tem muitas dificuldades. A grande vantagem da CIC é que formamos uma sociedade participativa e unida, em busca de melhorias para nossa comunidade, pois amamos a Cidade Industrial de Curitiba. A CIC é um bairro formado principalmente é de trabalhadores, que ocupam cargos em empresas e indústrias da região, portanto a recessão que o país enfrenta deixa uma preocupação grande para a população, que vem sofrendo com os altos índices de desemprego. Não vejo outra solução para esse problema que não a retomada do crescimento industrial. Com o início da Regional CIC, em 2006, melhorou o atendimento e aproximou a comunidade dos serviços municipais. Acredito que para termos atendimentos de qualidade na educação, saúde, segurança, infraestruturas, esportes lazer cultura, regularizações e atendimentos sociais e outros, é necessário o diálogo do bairro com o poder público. Aí sim uma CIC melhor para todos.

JORNAL da Cidade Industrial Jornal distribuído gratuitamente nas principais ruas e avenidas - comércio e residências - dos bairros da Cidade Industrial de Curitiba.


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Segurança

Falta de segurança preocupa moradores da CIC O aumento no número de assaltos a mão armada em residêcias, comércios e em frente a escolas estão cada vez mais recorrentes.

A questão da segurança é um

problema grave na região. Em pesquisa realizada por este veículo em 12 estabelecimentos comerciais, constatou-se que 11 sentem-se inseguros no bairro e dois tiveram seus pertences ou estabelecimento assaltados no último ano. Outra pesquisa, divulgada pela Gazeta do Povo em junho deste ano, mostra que a Cidade Industrial teve 635 casas assaltadas em 2016, perdendo a primeira posição apenas para o bairro Sítio Cercado, que teve 654 ocorrências registradas. Há menos de um mês o carro de um parente de Sérgio de Barros, 32, foi roubado nas proximidades da rua João Dembinski, deixando um clima de insegurança para o proprietário de uma loja de informática. “Não me sinto muito seguro. Então procuro formas de me prevenir, como fechar a

loja mais cedo, cuido onde estaciono o carro, essas coisas”, afirma Sérgio, que é obrigado a fechar o comércio ao meio dia aos finais de semana, o que acarreta diminuição do lucro. Porém, observa também que há uma maior participação da polícia na região nos últimos tempos. Daniela de Lima, vendedora de 38 anos, também teve que arrumar formas alternativas para se proteger, já que a loja em que trabalha foi assaltada há algum tempo atrás. “A insegurança é grande. A gente tem que ficar de olho em tudo, qualquer pessoa que passa ou entra na loja a gente fica esperto, dá medo”. Ao ser questionada sobre a ação dos órgãos de segurança pública, Daniela é enfática: “De que adianta ligar pra polícia se eles não tem viatura pra vir socorrer? É péssimo.”

A volta da escola Não são somente os estabelecimentos comerciais que se queixam da falta de segurança na região. Alunos das escolas estaduais estão cada vez mais receosos com os recorrentes assaltos que ocorrem na saída da escola. A estudante de 17 anos, Emeny Brostt, sofreu um assalto à mão armada há 3 meses atrás, no Sabará. Assustada, foi até a delegacia registrar o boletim de ocorrência. “No dia seguinte meus pais foram até a delegacia, mas os policiais disseram que seria muito difícil de encontrar”. Emeny conta que os assaltos na porta da escola Eurides Brandão eram bastante comuns no ano passado. “Esse ano a maioria das vezes tem uma viatura da polícia na porta, me sinto bem mais segura”, finaliza a estudante, que pretende entrar para o Corpo de Bombeiros.


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Diversos alunos se queixam de frequentes assaltos na saída da aula.

Foto: Larissa Santin Queenie Márcia dos Santos, de 21 anos, estuda no Ceebja CIC e já foi assaltada duas vezes em frente ao local. “O que mais acontece é assalto a mão armada, levam bolsas, celulares. O jeito que eu arranjei é não levar nada além do material e ainda assim tenho medo. Pela expressão do rosto parece que estão sob efeito de alguma droga.” A estudante realizou o boletim de ocorrência e pediu para que a diretora chamasse a polícia, para que eles comparecessem nas saídas das turmas. “Os policiais foram por dois dias e depois nunca mais”, conta Márcia.

e manter a ordem fazendo frente as desigualdades sociais, uma vez que órgãos de segurança atuam nos efeitos e consequências das ações e não em suas nas causas e origem. “Ao meu ver a responsabilidade do combate ao tráfico de drogas e o consumo são realmente da polícia, todavia, quando a pessoa já esta acometida pelo vicio, e reconhece a necessidade de tratamento, a questão teria que ser resolvida como política de saúde pública, porque do contrário não surte os efeitos desejados da prevenção.”, finaliza o tenente-coronel

Posicionamento da PM Segundo o tenente-coronel Nivaldo, responsável pelo 23º batalhão da Polícia Militar, os crimes mais comuns na região são o furto, roubo e crimes de relação ao uso e tráfico de drogas. São geradas, por dia, cerca de 80 ocorrências no bairro, das mais variadas naturezas. O tenente-coronel ressalta que diversos crimes estão intimamente relacionados ao uso de entorpecentes e ao tráfico de drogas, aos quais destacam-se os roubos e furtos, lesão corporal, homicídios e estupros. E que a grande dificuldade da Polícia Militar na região é combater a criminalidade

Tenente-Coronel Nivaldo Marcelos em cerimônia de sua nomeação a comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar.


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Hospital Cajuru ganha heliponto para serviço aeromédico O objetivo é agilizar o transporte de pessoas em situação de urgência

O Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba, passa a contar com um heliponto para receber aeronaves transportan-

do pessoas em situação de urgência e emergência. A estrutura já está em funcionamento e foi inaugurada no início do mês de junho pelo governador Beto Richa e pelo secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto. Ao todo, a obra recebeu o investimento de R$ 3,9 milhões em recursos próprios do Governo do Estado. A instalação desta estrutura faz parte das ações da Rede Paraná Urgência, que inclui o serviço de transporte aeromédico. Além de agilizar a transferência de pacientes em situação mais grave, o heliponto também dará mais rapidez para o transporte de órgãos para transplante. De acordo com o secretário Caputo Neto, a estrutura garante mais uma alternativa de pouso para helicóptero em Curitiba e região. “Trata-se de mais uma ação efetiva para agilizar o atendimento das pessoas, na hora que elas mais precisam. Uma obra moderna, custeada pelo Governo do Estado, e que com certeza vai melhorar as condições de resgate dos pacientes e aumentar as chances de sobrevivência das vítimas”, declarou. O hospital atende hoje cerca de 4.600 pacientes no pronto socorro por mês. A unidade é referência para receber pacientes em situação de urgência e emergência, como vítimas de acidentes de trânsito, violência, entre outros traumas. Por conta disso, também recebe recursos extras de custeio do Governo do Estado para auxiliar na manutenção das atividades. De acordo com o governador Beto Richa, o heliponto do Cajuru consolida ainda mais o serviço de transporte aeromédico, implantado em sua gestão. Hoje existem quatro bases de aeronaves (Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel), que atendem a todas as regiões do Estado. “São quatro helicópteros e um avião UTI. Em seis anos, nossa frota aérea já fez mais de 7,5 mil atendimentos. Uma ação importante que tem sido um sucesso O governador Beto Richa ao lado do secretário absoluto em todo o Estado”, ressaltou. estadual da Saúde, Michele Caputo Neto. Transplantes Para o diretor-geral do Hospital Cajuru, o heliponto entregue coloca a instituição na rota de transplantes no Paraná. “É um serviço espetacular”, afirma ele. “O órgão captado, bem armazenado e transportado rapidamente ajuda a salvar e melhorar a qualidade de vida de muitas pessoas. O Hospital Universitário Cajuru, a partir de agora, também entra nessa rota. Captamos e transportamos a partir daqui. Não precisamos mais ir até o aeroporto para levar os órgãos”, comenta. Apoio O Hospital Universitário Cajuru recebe do Governo do Estado R$ 3.3 milhões por ano, pelo Programa de Apoio e Qualificação de Hospitais Públicos e Filantrópicos (Hospsus). Também já recebeu uma UTI móvel. Com nove salas cirúrgicas e 206 leitos (29 de UTI, 167 de internação e 10 de cuidados progressivos), além de um ambulatório médico e todos os serviços de apoio diagnóstico e terapêuticos necessários, o hospital atende cerca de 4.600 pacientes no pronto socorro e 6.700 atendimentos ambulatoriais por mês. No ano, são cerca de 130 mil pacientes.


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Educação

Escola comemora 50 anos no Nossa Senhora da Luz Inaugurada em 1967, três gerações já passaram pela escola

Segunda unidade mais an-

Ao mesmo tempo, os três filhos de Terezinha – Rosilda, tiga da rede municipal de ensino, a Rogério Inácio e Regiane – frequenEscola Nossa Senhora da Luz dos tavam o ensino regular. O mesmo se Pinhais, na CIC, completa 50 anos. repetiu com os sete netos. Muitos já A comemoração será neste sábado são adultos, mas Isabella, de 8 anos, (1/7), a partir das 12h, na praça filha de Rogério, está no 4º ano. principal do bairro, com apreTambém entre os sentações culturais e prestação professores estão vários ex-alunos de serviços no mutirão Ação Global, e pais de ex-alunos. É o caso de até o fim da tarde. Eliane do Vale, estudante na décaInaugurada em 30 de junda de 1970 e educadora há 20 anos ho de 1967, na gestão do prefeito no local. A filha Juliane frequentou Omar Sabbag, o equipamento foi o a unidade entre 1997 e 2000. A foto primeiro a atender às necessidades da então aluna Eliane tirada há 43 de escolarização dos moradores anos está em um dos murais que da nascente vila de mesmo nome celebram o meio século de vida da – o primeiro conjunto habitacional escola. inaugurado pela Cohab-Ct (ComOutra ex-moradora da vila e expanhia de Habitação de Curitiba) e o aluna da escola, a professora de terceiro do País. O nome foi escolhi- Ensino Religioso Selma Mariete de do para homenagear os fundadores Moura estudou nas mesmas salas do povoado. Muita gente chamava a de aula onde hoje leciona entre 1969 unidade carinhosamente de Grupão, e 1970. Como professora, voltou à numa referência aos antigos grupos unidade em 1991 e não saiu mais. escolares. “A comunidade de moradores e todos os que trabalham aqui As 2,1 mil famílias beneficivalorizam e respeitam muito a adas – inicialmente vindas de ocuescola”, afirma a diretora Joselaine pações irregulares – começaram a chegar no ano anterior e precisavam Chaves Coelho, há 24 anos na Prematricular seus filhos em uma esco- feitura. Prova disso é a estrutura la. A unidade com 18 salas e 70 pro- física da escola que, visivelmente fessores ajudou os recém-chegados antiga e diferente das unidades a se adaptar e cuidar do novo ambi- atuais, bem conservada. Até móveis e equipamentos - como armários e ente. o sino de ferro da época da inauguração - estão lá. Gerações de alunos Com a abertura de outras escolas no entorno, o público da Na família da aposentada Nossa Senhora da Luz diminuiu. Terezinha da Silva Nunes já são Hoje são 436 alunos no ensino três gerações de alunos da escola. regular (manhã e tarde) e 219 no A começar por ela, que frequentou integral (contraturno ou turno as aulas do antigo Mobral (Movicomplementar), que frequentam mento Brasileiro de Alfabetização) as atividades na unidade anexa. à noite. “Terminei o ‘Ginásio’ assim”, A equipe é composta por 48 conta, referindo-se à antiga professores, dois inspetores, duas denominação da segunda parte merendeiras, duas auxiliares de do Ensino Fundamental. secretaria e quatro de limpeza.


11 Mundo

Agente britânico confessa que matou a princesa Diana a mando do príncipe Philip Um agente da inteligência britânica fez uma série de confissões depois de ser informado por médicos que teria apenas algumas semanas de vida. John Hopkins, de 80 anos, é um agente aposentado do Mi5 que trabalhou como assassino do governo do Reino Unido e afirma ter realizado 23 assassinatos entre 1973 e 1999. Hopkins era um veterano de 38 anos na ativa, e afirma que seu trabalho freqüentemente envolvia assassinar discretamente indivíduos que “representavam uma ameaça para a segurança nacional”, incluindo a princesa Diana. Durante seu tempo servindo o Reino Unido, ele se graduou como engenheiro mecânico e especialista em munições, e afirma ser “experiente” em assassinatos não convencionais envolvendo venenos e produtos químicos. O assassino britânico aposentado diz que trabalhou como parte de uma célula de sete agentes que foram confiáveis “para realizar assassinatos políticos durante um período que ele descreve como “quando o Mi5 operou com menos supervisão externa”. Muitas das vítimas de sua célula secreta eram políticos, jornalistas, ativistas e líderes sindicais. Hopkins afirma que a princesa Diana era a única mulher que ele já matou, acrescentando que: “Ela foi o único alvo onde a ordem veio diretamente da família real”. Quando perguntado sobre como ele se sentiu por ter tirado a vida da Princesa do Povo britânico, ele disse que se sentia “ambivalente” em relação à morte dela, descrevendo-a como “uma mulher linda e gentil” que teve sua vida cortada trágicamente, mas que “ela estava colocando também a coroa britânica em risco. A Família Real tinha provas de que ela estava planejando se divorciar de Charles. Ela conhecia muitos segredos reais”. “Ela tinha um grande rancor da

família real britânica, e iria publicar diversos escândalos e intrigas palacianas. Meu chefe me disse que ela tinha que morrer – ele tinha recebido ordens diretamente do príncipe Philip – e nós precisamos fazer com que pareça um acidente. Eu nunca tinha matado uma mulher antes, muito menos uma princesa, mas eu obedecia ordens. Eu fiz isso para a Rainha e para o país “. Ele afirma que a operação foi executada sob controle estrito do Palácio de Buckingham em cooperação direta com

a mídia convencional. A conspiração de alto nível envolveu sintonia entre a mídia e o Palácio para “marcar suas posições, certificar-se de que todos estavam na mesma estória. Foi uma operação bem executada.” Falando sobre os conspiradores na operação, Hopkins disse:” Os jornalistas britânicos respondem aos editores que respondem aos oligarcas que querem ser cavaleiros da família real no Palácio de Buckingham. Não há imprensa livre na

Grã-Bretanha. Nós fomos longe demais com esse assassinato”. Depois que os médicos contaram que ele teria pouco tempo de vida, Hopkins disse que vai passar suas últimas semanas em casa, mas admitiu que ele espera ser preso depois de suas confissões, ou mesmo silenciado, dizendo: “Eu não me importo. Se eles tentam me matar, eles vão me fazer um grande favor”. Comentando a possibilidade de responder na Justiça britânica sobre essas acusações, disse que “a Justiça não tem interesse neste caso, por motivos óbvios, porque apoia a realeza. E investigar agora seria muito complicado porque a maioria dos meus colegas que participaram do crime estão mortos”. Hopkins afirma que o conspirador principal do assassinato da princesa Diana foi o príncipe Philip, mas disse que “nunca será acusado de nada, é claro”. “Se o príncipe Philip se deixasse analisar por um psiquiatra, tenho certeza de que ele seria diagnosticado como um psicopata. Ele tem todos os traços da tríade sombria”. Se esse caso fosse investigado, a testemunha mais importante seria o chefe de Hopkins, que aparentemente morreu de um ataque cardíaco no início do ano 2000. Quando Hopkins foi perguntado por que ele não expôs o enredo mais cedo ou recusou a missão de assassinar a princesa Diana, ele explicou: “Os agentes do Mi5 juram fidelidade à Coroa. Nós não podemos ser imparciais quando se trata da família real. Se eu recusasse, na melhor das hipóteses teria sido acusado de traição, e na pior das hipóteses, o príncipe Philip teria projetado um destino horrível para mim”. Jay Greenberg


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Meio Ambiente

Revitalização de lago dá origem ao Lago Espaço Futuro e ao Corredor Ecológico Localizados no Instituto de Tecnologia do Paraná, os locais ajudam na contenção de enchentes do Rio Barigui na região

O antigo lago localizado na sede do Tecpar foi re-

vitalizado para abrigar dois novos, que contribuem com o microclima da região e ajudam na contenção de enchentes do Rio Barigui, que passa próximo ao local. A revitalização do espaço foi necessária porque o lago antigo recebia uma ligação externa de esgoto e, por essa razão, foi assoreado e se tornou um ambiente impróprio para a fauna local. Com a melhoria, a água do lago voltou a se tornar própria para ser a casa de animais silvestres. Em relação à comunidade vizinha, na Cidade Industrial de Curitiba, o novo lago do Espaço Futuro cumpre ainda o papel de reservatórios d’água, ajudando na contenção de água das chuvas e funcionando como tanques-pulmão. A revitalização duplicou a capacidade de armazenamento e colaborou, dessa forma, com a minimização de inundações nas imediações. O Plano Diretor da Tecpar para o campus CIC prevê ainda a implantação de um Corredor Ecológico, outra área de preservação ambiental. O corredor vai funcionar como um parque linear, com 20 metros de largura, e vai contornar o instituto, por dentro, integrado a uma pista de caminhada. Como parte da cerimônia de inauguração, em 6 de março de 2017, alunos da Escola Municipal Pró-Morar Barigui, vizinha do instituto, soltaram alevinos no lago, junto com seus monitores. Após o crescimento dos peixes, os animais serão levados ao Rio Barigui.

Alevinos sendo dispensados no lago

Tecpar


13 Cultura

Mulher Maravilha: outro desastre da Warner Ações de pretenso feminismo são criadas para legitimar o ufanismo norte-americano em nova produção hollywoodiana Por Carla Regina

Começou. Sempre que a

“Mulher Maravilha” tem os mesmos problemas. “Então, eu não quero matar Warner se prepara para lançar um novo filme de super-herói, uma fonte esperanças, mas recebemos uma informação privilegiada que já partiu anônima, supostamente funcionária meu coração, porque eu tinha certeza do estúdio, resolve adiantar para os sites geeks que a produção é uma por- de que ‘Mulher Maravilha’ ia ser incaria. Não se pode acusar o garganta crível… e ouvi que é uma porcaria. A profunda misterioso de passar infor- pessoa com quem falei, disse: ‘Estou muito decepcionado com o que eu vi, e mações enganosas, vide “Batman vs parece que todos os problemas são os Superman” e “Esquadrão Suicida”. mesmos, é descompassado, não tem Mas será que, como diz o ditado, fluidez narrativa, e tudo é muito três não é demais? O fato é que Sasha Perl-Raver, desconjuntado.” Não é a primeira vez que uma uma das apresentadoras do podcast fonte anônima da própria Warner ataca do site Schmoes Know, disse que o o filme. No ano passado, uma suposta mesmo insider que afirmou que ex-funcionária publicou uma carta ab“Batman vs Superman” era uma erta detonando o estúdio por cometer porcaria garante que sempre os mesmos erros sem nunca aprender nenhuma lição. Na ocasião, a fonte afirmava que “Mulher-Maravilha” era “outro desastre”: “As pessoas dentro da produção já estão dizendo que as coisas estão horríveis”. Além de ser um daqueles filmes comparados com sorvete, que derrete após algum – curto – tempo na memória das pessoas, o filme abusa de efeitos especiais e deve agradar apenas a crianças e adolescentes, que não são exigentes em termos de qualidade ou talento de atores. Finalmente, o filme repete a orientação do Pentágono onde os norte-americanos são sempre os mocinhos, que salvam o mundo, mas na verdade os EUA só vencem guerras nos filmes de Hollywood. O pretenso feminismo por trás dos vencimentos da protagonista não passa de uma desculpa para tentar legitimar mais um filme comercial que será esquecido em poucos dias. O sucesso de bilheteria do filme está ancorado na propaganda massiva, nada mais. Não passa de outra propaganda vagabunda do belicoso ufanismo norte-americano, disfarçada de ficção.


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História

O marinheiro negro que ameaçou bombardear a capital da República do Brasil As 22h55 minutos do dia 22 de novembro de 1910 ecoaram na Baía da Guanabara os tiros dos canhões da poderosa Armada do Brasil, recentemente renovada na Inglaterra com as mais mortíferas belonaves do mundo. Entre os navios rebelados estavam os poderosos dreadnoughts Minas Gerais e o São Paulo, encouraçados pesados de última geração, armados com canhões de grande alcance e enorme poder destrutivo. E quais eram, 22 anos após a abolição da escravidão, as reivindicações dos marinheiros rebelados? Exigiam que o Presidente da República pusesse fim à chibata e aos castigos físicos na Marinha, houvesse tratamento digno aos marinheiros, soldos justos e anistia aos revoltosos: “Nós marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na Marinha Brasileira (...) que durante vinte anos de República ainda não foi bastante para tratar-nos como cidadãos fardados em defesa da pátria (...) que V. Excia. faça (...) reformar o Código Imoral e Vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo e outros castigos semelhantes; aumentar o nosso soldo (...) Tem V. Excia o prazo de 12 horas para mandar-nos a resposta satisfatória, sob pena de ver a Pátria aniquilada.” Antecedentes O Brasil foi o último do mundo a abolir a escravidão, mas isso não significou uma verdadeira libertação do povo negro. Excluídos do direito à propriedade pela “Lei das Terras” de 1850, excluídos do trabalho livre pela imigração européia e por políticas racistas que pregavam o “branqueamento” da população brasileira, despossuídos dos mais elementares direitos civis, os negros sobreviveram na periferia dos centros urbanos ou em áreas rurais marginais, em condições de subemprego crônico.

Na Marinha Brasileira, a oficialidade, era toda ela branca, sem exceção, e provinha de famílias oligárquicas, até bem pouco escravocratas. Já os marujos, na imensa maioria, cerca de 90%, eram negros, mulatos ou mestiços recrutados à força entre as camadas mais pobres da sociedade, muitos retirados das prisões. Assim – apesar de terem decorrido décadas desde a abolição –, as relações entre os oficiais e os marinheiros continuavam reproduzindo as relações das senzalas e o uso da chibata para o castigo dos marinheiros era visto como algo normal. É essa realidade anacrônica que entra em choque, no início do século XX, com a modernização da Marinha. De fato, em 1906, em um ambicioso plano de modernização de sua Armada, o governo brasileiro encomendou da Inglaterra dois grandes encouraçados – o Minas Gerais e o São Paulo – três cruzadores, seis contratorpedeiros, seis torpedeiros, seis torpedeiros menores, três submarinos e um navio carvoeiro, tornando-se a terceira mais poderosa marinha de guerra do mundo. Para aprender o manejo desses modernos navios, centenas de marujos brasileiros – entre eles João Cândido Felisberto, já então marinheiro de 1ª classe – foram enviados em 1908 para os estaleiros de New

Castle, na Inglaterra, onde passaram a conviver com marinheiros de todo o mundo e tiveram contato com as idéias avançadas da classe operária européia. Da mesma forma, tomaram conhecimento da revolta do encouraçado Potenkim – ocorrida em 1905, na frota do Mar Negro. Todas essas experiências inspiraram a sua decisão de lutar por condições dignas de vida e de trabalho na Marinha Brasileira. O próprio João Cândido confirmou, anos depois, que a preparação da Revolta da Chibata teve início na Inglaterra. A Revolta De volta ao Brasil, no início de 1910, João Cândido passou a articular a revolta junto com Francisco Dias Martins, o “Mão Negra”, tendo como principais reivindicações a abolição


15 da chibata, a melhoria da alimentação e a elevação dos soldos. O país vivia os rescaldos da campanha presidencial que dividira o país entre os partidários do Marechal Hermes da Fonseca – o vencedor – e o civilista Rui Barbosa. Inicialmente, a revolta foi marcada para o dia 15 de novembro, mas um forte temporal nesse dia fez com a mesma fosse adiada para 24 ou 25 de novembro. Um acontecimento inesperado, porém, antecipou a deflagração do movimento. No dia 16 de novembro, o marinheiro Marcelino Rodrigues de Menezes – do encouraçado Minas Gerais – foi retalhado por 250 chibatadas, por haver ferido levemente, com uma navalha de barbear, o cabo Valdemar de Sousa que lhe denunciara por haver tentado introduzir duas garrafas de aguardente no navio. Com requintes de selvageria e perante toda a tripulação reunida para assistir o castigo, Marcelino foi açoitado até perder os sentidos. Reanimado à força, o castigo prosseguiu, até quase a morte. Dias depois, quando o Comandante José Carlos de Carvalho visitou o encouraçado Minas Gerais, para negociar o fim da revolta, afirmou: “as costas desse marinheiro assemelhavam-se a uma tainha lanhada para ser salgada”. Naquela noite, nos porões do encouraçado, os marinheiros juraram que isso teria fim e que Marcelino seria o último marinheiro chibatado. A revolta foi antecipada para a noite do dia 22 de novembro, quando fosse dado o toque de recolher. Como disse João Cândido, anos depois: “Naquela noite o clarim não pediria silêncio e sim combate!” E assim foi. Às 22h55min do dia 22 de novembro explodiu a insurreição a bordo do encouraçado Minas Gerais. O Comandante João Batista das Neves e dois oficiais que resistiram foram mortos, os demais aprisionados. Pouco depois, a guarnição do São Paulo também se sublevou e forçou os oficiais a abandonarem o navio. Não houve mortes. Mas, no cruzador Bahia, a luta também cobrou vítimas. Às 22h50, quando o Minas Gerais disparou um tiro de canhão para comunicar-se com os navios comprometidos com a rebelião, o São Paulo e o Bahia responderam. Pouco depois, o encouraçado Deodoro, mais antigo, também respondeu. A revolta havia sido vitoriosa. Os rebeldes dominavam os navios mais poderosos e controlavam a baía da Guanabara, na capital da República. As tripulações dos navios menores haviam sido transferidas para esses quatro navios – onde tremulava a bandeira vermelha – para fortalecer a sua capacidade de combate. As

baterias de terra e os poucos navios fiéis ao governo permaneciam silenciosos diante do poderio esmagador da frota insurreta. O Rio de Janeiro estava à mercê dos rebeldes. A esquadra rebelada manobrava – dirigida por João Cândido e seus marinheiros – com grande habilidade, sem qualquer oficial a bordo. Surpreendido pelos acontecimentos, o Presidente Hermes da Fonseca retornou ao Palácio do Catete, tomando conhecimento da primeira mensagem dos rebeldes: “Não queremos a volta da chibata. Isso pedimos ao Presidente da República, ao Ministro da Marinha. Queremos resposta já e já. Caso não tenhamos, bombardearemos cidade e navios que não se revoltarem.” Sem meios para resistir à revolta, Hermes da Fonseca não sabia o que fazer. O Senador Pinheiro Machado, homem forte do governo, enviou o deputado Federal pelo Rio Grande do Sul – Comandante retirado José Carlos de Carvalho – para parlamentar com os marujos. Ao voltar de sua missão, Carvalho prestou um depoimento ao Congresso que estarreceu a nação, mostrando o barbarismo com que os marinheiros eram tratados. Em suas proclamações, os revoltosos deixam claro o motivo central da luta: “Por isto, pedimos a V.Excia. abolir o castigo da chibata e os demais bárbaros castigos pelo direito de nossa liberdade, a fim de que a Marinha Brasileira seja uma Armada de cidadãos e não uma fazenda de escravos que só têm dos seus senhores o direito de serem chicoteados.” Nesse contexto, coube ao Senador Rui Barbosa apresentar um projeto de anistia aos insurretos, à qual se somariam o compromisso do fim do castigo da chibata e a melhoria das condições de trabalho na Marinha. A anistia traída e a vingança Ainda não havia secado a tinta com que havia sido assinada a anistia e já as oligarquias dominantes começaram a tramar a repressão aos anistiados. No mesmo dia 26, o Comandante do cruzador Bahia enviou correspondência indicando 10 nomes que deveriam ser expulsos da Marinha. No dia 27, os canhões dos navios foram desativados e as munições desembarcadas. No dia 28 o decreto nº 8.400 autorizou a expulsão da Marinha de qualquer marinheiro “cuja permanência se tornar inconveniente à disciplina”. Mas o pior ainda estava por vir. No dia 9 de dezembro, depois de ampla difusão do boato de que o exército invadiria os navios e as bases navais para massacrar os marinheiros, teve início

uma revolta no Batalhão Naval da ilha das Cobras e no cruzador ligeiro Rio Grande do Sul, sem a participação de João Cândido e seus seguidores. Isolados, os revoltosos foram dizimados, apesar de hastearem a bandeira branca. Em seguida, o governo se valeu do acontecido para obter a aprovação do Estado de Sítio e deflagrar a repressão aos anistiados. Na noite de Natal, mais de uma centena de marinheiros foi jogada no cargueiro Satélite, do Lóide Brasileiro, com destino a Santo Antônio da Madeira e Linha Telegráfica, na Amazônia. No caminho, muitos foram fuzilados. Os demais, ao chegarem na Amazônia, foram sendo entregues, ao longo do rio, a seringueiros que necessitavam de mão-de-obra. A maioria acabou morrendo de doenças tropicais ou na semi-escravidão. Salve o “Almirante Negro” Durante o Governo Goulart, João Cândido recebeu uma humilde pensão, mas esta lhe foi retirada pela ditadura militar. O “Almirante Negro” veio a falecer em 1969, aos 89 anos de idade, em situação de penúria. Em 24 de julho de 2008, o Presidente Lula sancionou a Lei 11.756/08, concedendo a anistia póstuma a João Cândido Felisberto e a seus companheiros de rebelião. E, em 20 de novembro de 2008, o “Almirante Negro” teve a sua estátua inaugurada na Praça Quinze, no Rio de Janeiro, com a presença de Luís Inácio Lula da Silva. Ainda que ignorado pela maioria dos historiadores oficiais, a sua luta mudou o Brasil e fez com que nunca mais qualquer marinheiro brasileiro sofresse a infâmia da chibata. João Cândido Felisberto viverá para todo o sempre na memória do povo brasileiro e seu exemplo germinará nas novas gerações de combatentes pela Liberdade e pelo Socialismo! “Há muito tempo nas águas da Guanabara O dragão do Mar reapareceu Na figura de um bravo marinheiro A quem a história não esqueceu Conhecido como Almirante Negro Tinha a dignidade de um mestre-sala (...) Rubras cascatas Jorravam nas costas dos negros Pelas pontas das chibatas (...) Salve o Almirante Negro Que tem por monumento As pedras pisadas no cais”. João Bosco e Aldir Blanc Raul Carrion


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Jornal da Cidade Industrial

Julho 2017

Tecnologia e Inovação

Instituto de Tecnologia do Paraná instala painéis solares A ideia é compensar a emissão de gases de efeito estufa

Para responder ao impacto

focadas em minimizar o impacto ambiental gerado pela organização”, ambiental gerado pelas atividades explica o diretor de Desenvolvimento do Instituto de Tecnologia do Paraná Tecnológico e Inovação do instituto, (Tecpar), a empresa realizou um Reginaldo Joaquim de Souza. levantamento e descobriu que quase O documento mostra que, 90% das emissões de gases do efeito além do consumo de energia elétrica, estufa são referentes ao consumo outras emissões são de combustão de energia elétrica. Por outro lado, a instituição toma medidas para mitigar estacionária (como a queima de combustíveis usados em equipamentos essas interferências no meio ambicomo caldeiras, por exemplo) e móvel ente, como produzir 0,5% da energia (como as emissões de veículos). O elétrica consumida – o plano agora é ampliar a produção de energia limpa. inventário agora vai ser protocolado na Secretaria do Meio Ambiente e O Tecpar realizou seu InRecursos Hídricos do Paraná, como ventário de Gases de Efeito Estufa parte do Registro Estadual Público de (GEE), documento que contabiliza as emissões de todos os gases do efeito Emissões, da Política de Mudanças estufa emitidos pelo instituto ao lon- Climáticas. A plataforma de energias ingo de 2016. “Com o relatório, baseado teligentes do programa Smart Energy no Protocolo de Kyoto, a empresa Paraná, cuja secretaria executiva é passa a contabilizar e informar de forma transparente as suas emissões realizada pelo Tecpar, reúne painéis para poder, assim, desenvolver ações de energia solar, um gerador de

energia eólica e uma estação solarimétrica. Ao longo do ano de 2016, essa plataforma, já integrada à rede do instituto e também ao Sistema de Organização Nacional de Dados Ambientais (Sonda), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), produziu cerca de 0,5% de toda energia consumida pela empresa. “É um primeiro passo. Agora planejamos ampliar nosso parque de energias renováveis para, com o passar do tempo, aumentar a participação de energia limpa no consumo da empresa”, salienta Souza. No Smart Energy Paraná, o Tecpar homologa as diferentes tecnologias disponíveis no mercado para apresentar à sociedade as tecnologias já testadas pelo instituto, com geração de dados e capacitação de mão de obra local para atrair investimentos nesta área para o Paraná.

Tecpar


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