Jornal Água Verde outubro 2016

Page 5

5

A história do “Rei da Noite Curitibana” O empresário cultural Paulo Wendt faleeu a exatos 50 anos. Ele foi considerado por algumas decadas o “Rei da Noite Curitibana”, organizando eventos culturais e esportivos de repercussão nacional e à frente da famosa Boate Marrocos uem melhor resumiu a história do empresário cultural Paulo Wendt, conhecido por muitas decadas como o “Rei da Noite Curitibana”, foi o falecido jornalista e escritor Aramis Millarch, no artigo publicado em 20 de dezembro de 1984 no jornal Estado do Paraná. “Quando o lendário Paulo Wendt (25.10.1915 - Curitiba, 20.07.1966) justificava o título de "O Rei da Noite Curitibana", comandando uma rede de animadas boites, instalou, na Praça Osório, um restaurante da madrugada, para ali convergiam artistas e fregueses da Marrocos, Cadiz, Luigi's, Tropical, La Vien En Rose, Graceful e tantos outros musicais em festivos endereços da então rica noite curitibana - que ganhavam farta cobertura na coluna "Ecos da Noite", que Renato Muniz Ribas fazia na então nascente "Tribuna do Paraná". Depois de funcionar como restaurante da madrugada, o imóvel da Praça Osório foi transformado em boite - com palco e camarins, no melhor estilo de Marrocos, que durante mais de dez anos ocupou o sobrado na esquina das ruas Dr. Murici/Marechal Deodoro. Para os mais velhos, a estória é conhecida. Entretanto, aos leitores jovens é bom que se conte. Paulo Wendt, gordo e simpático "rei da noite curitibana", era homem de grandes amigos, mas terríveis inimizades. E, em certa madrugada, ao discutir com um freguês que se recusava a pagar a conta na Marrocos, foi assassinado. A viúva, Ediluz, associada com um cunhado, o mal humorado Amarelinho, tentou manter a boite na mesma tradição: grandes shows musicais, belas mulheres fregueses de gabarito. Entretanto, menos de um mês após a morte de Paulo, a boite era fechada definitivamente. O ator Jardel Filho, vindo a Curitiba para a pré-estréia nacional da superprodução "O Sr. Puntila e o seu Criado Matt", de Bertold Brecht, direção de Flávio Rangel, foi esticar naquela boite, e ao lhe ser apresentada a conta, achou que estava sendo roubado. Reclamou e, como conseqüência, foi jogado, escada abaixo, pelos leões-de-chácara do feroz Amarelinho. Machucado e humilhado, Jardel Filho denunciou a violência e o próprio governador Paulo Pimentel

determinou o fechamento da boite. Nem a amizade de Miguel Zacarias, delegado de costumes e que sempre segurava as barras de Wendt, conseguiu evitar a ordem final. Fechada a Marrocos, Ediluz e Amarelinho passaram para a Praça Osório - transformando o restaurante noturno numa grande boite. Ao longo de 18 anos, muitos donos se sucederam naquela casa e ali ficou a resistência da madrugada, no velho estilo: muitas mesas, shows de todas as noites, música ao vivo. Nomes famosos, como do Índios Tabajara, virtuoses do violão, ali fizeram shows (...)”.

Paulo Wendt 25.10.1915 - 20.07.1966

Paulo Wendt e a cantora Leny Everson recebendo o prêmio Pinhão de Ouro Paulo Wendt e Paulo Osni Wendt (garoto) com a Delegação da Federação Paranaense de Desportos Universitários, em 1951

Shows no Teatro Guaíra Paulo Wendt organizou diversas apresentações de artistas nacionais e internacionais no Teatro Guaíra, incluindo uma “Temporada Lírica Oficial Nacional” com tenores conhecidos, acompanhados pelo corpo de Baile da Academia Paranaense de Ballet, orquestras e côros dos Teatros Municipais do Rio de Janeiro e São Paulo, uma produção gigantesca que ficou na história da cultura local. Entre os artistas consagrados trazidos a Curitiba por Paulo Wendt estão Dercy Gonçalves, Colé e sua Cia, entre muitos outros. No auge da fama, o boxeador campeão mundial Eder Jofre foi uma das estrelas trazidas a Curitiba por Paulo Wendt. Em setembro de 1962 Eder Jofre se apresentou em Curitiba lutando contra Leo Espinoza no Teatro Guaíra, onde foi instalado um ringue de lutas. Além de lotar o Guairão, o evento foi transmitido por rádio para todo o país. Paulo Osni Wendt fala sobre Paulo Wendt O filho de Paulo Wendt, Paulo Osni Wendt, professor, ex-diretor do Colégio Estadual do Paraná, atual conselheiro do Clube Atlético Paranaense, conta que o pai é natural de Prudentópolis, Paraná. “Ele veio a Curitiba no início dos anos 30, com o objetivo de prestar o serviço militar no Terceiro Regimento de Artilharia Montada. Residiu próximo ao quartel, atual Shopping Curitiba, e praticava esportes na praça Osvaldo Cruz ao lado de civis e militares, entre os quais se destacavam o ex-governador Ney


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.