2 minute read

Um grafiteiro

na Bienal (1971)

Nascido na Etiópia e radicado em São Paulo, o artista gráfico Alex Vallauri (1949-1987) conseguiu entrar pela porta da frente em uma das maiores instituições de arte do Brasil, a Bienal de São Paulo. Participante de quatro edições entre 1971 e 1985, Vallauri tornou-se referência para uma nova (e ainda pouco aceita) arte urbana, que pretendia, em suas palavras, “enfeitar a cidade” e “transformar o urbano com uma arte viva [e] popular”.

Em 1978, também existia um movimento de street art protagonizado por grupos como Tupy Não Dá, Carlos Matuque e Jaime Prades, que realizaram diversas intervenções urbanas e ocuparam muitas ruas de São Paulo.

Nasce uma cena

(meados da década de 1980)

Dos deslocamentos de dois grupos marginalizados – o hip-hop do Largo São Bento e o skate, que chegou a ser criminalizado nas ruas de São Paulo em 1988 –, o grafite começou a unir pessoas influenciadas pelos movimentos em Nova York e Paris. Juntos, esses jovens paulistanos lutariam por espaço, reconhecimento e legitimidade na arte da cidade.

Primeiras parcerias

(início da década de 1990)

A nova década chegou com oportunidades para o universo do grafite na capital paulista. A prefeitura incentivou sua prática, cedendo materiais e espaços físicos para a produção dos grafiteiros, como forma de oferecer uma alternativa às pichações. Alguns trabalhos eram também remunerados. Paralelamente, o hip-hop foi fomentado pela Secretaria de Cultura e o skate, finalmente, legalizado.

Evento “Arte e cultura na kebrada" , 2015. n Fotografia: a cervo Binho Ribei ro

Intercâmbio Brasil-Chile (1996)

Quando Binho Ribeiro, Tinho, OSGEMEOS e Vitché chegaram a Santiago para grafitar em um evento de hip-hop, a notícia repercutiu nos círculos de grafite de todo o Brasil como um novo marco para o desenvolvimento dessa arte no país. Ao mesmo tempo, no Chile, houve uma valorização dessa atividade, e não tardou para que logo começasse uma nova era de idas e vindas de grafiteiros entre os dois países.

Grafite na mídia

(meados dos anos 1990)

Com uma cena em São Paulo já consolidada, o grafite no Brasil teve sua popularidade expandida também pelos meios de comunicação em massa, entre eles revistas especializadas, como Ëpidemia, a publicação independente Fiz, fundada por OSGEMEOS, e a revista Graffiti, editada por Binho Ribeiro e distribuída pela Editora Scala em todo o Brasil durante dez anos, multiplicando o acesso aos artistas e eventos dessa cena. Na mesma época, a TV Globo exibiu a novela Vila Madalena (1999), que tinha como cenário a efervescência cultural do bairro de mesmo nome – epicentro da arte urbana na capital paulista.

Evento Ruas , no Itaú Cultural

(2006)

Em 2006, o Itaú Cultural (IC) apresentou o evento Ruas. Além de performance circense, teatro, música eletrônica, rap e vídeos, foram realizadas oficinas de hip-hop, ações de pintura e palestra/debate sobre grafite com OSGEMEOS. Na ocasião, artistas – entre eles Binho Ribeiro – grafitaram placas na lateral do edifício do IC e painéis dispostos dentro do prédio.

30 horas de arte, CPTM (2006)

Com painéis e intervenções urbanas instaladas nos muros das estações, uma grande exposição de arte pública foi criada com o objetivo de humanizar a paisagem que acompanha a linha do trem e de aproximar a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de seus usuários. O mutirão artístico, coordenado por Binho Ribeiro e Bonga, reuniu cerca de 150 artistas do grafite, vindos de diversas partes do país.

Museu de Arte de São Paulo

(2009)

Cento e quarenta mil visitantes. Esse foi o público da mostra De dentro para fora / De fora para dentro, que levou a obra de Daniel Melim, Ramon Martins, Titi Freak e outros expoentes da arte contemporânea com experiência na arte de rua para dentro do Museu de Arte de São Paulo (Masp), conhecido ícone da elite cultural paulistana.

Também em 2009, a Graffiti fine art (GFA) teve sua primeira edição, no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), com cerca de 50 artistas. Hoje, a Bienal internacional GFA conta com mais de cinco edições, sendo uma das mais completas exposições de arte de rua do mundo.