Estudo socioeconómico das condições das familias nos sectores de Bedanda e de Cacine - Guiné-Bissau

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INSTITUTO MARQUÊS DE VALLE FLÔR ACÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO

ESTUDO SOCIOECONÓMICO DAS CONDIÇÕES DE BEM-ESTAR DAS FAMÍLIAS NOS SECTORES DE BEDANDA E CACINE

Brígida Rocha Brito

Projecto Woncame Garantir o Acesso, Disponibilidade e Utilização de Bens Alimentares nos Sectores de Bedanda e Cacine - Região de Tombali CE: FOOD/2006/129-419 2007-2009

Dezembro 2009


ESTUDO SOCIOECONÓMICO DAS CONDIÇÕES DE BEM-ESTAR DAS FAMÍLIAS NOS SECTORES DE BEDANDA E CACINE Projecto Wancame – Garantir o acesso, disponibilidade e utilização estável de bens alimentares nos sectores de Bedanda e Cacine – Região de Tombali – Guiné-Bissau

ÍNDICE Pg. Nota Prévia ...................................................................................................

2

Apresentação .................................................................................................

3

A Região de Tombali no contexto Guineense .............................................

8

1. Contextualização .............................................................................

9

2. Breve Caracterização Sociodemográfica ..............................................

14

3. Conjuntura Macroeconómica .............................................................

16

II. O Projecto Woncame .............................................................................

20

1. Objectivos ......................................................................................

20

2. Metodologia ....................................................................................

22

3. Definição do Perfil do Beneficiário do Projecto .....................................

26

4. Caracterização das Condições de Bem-Estar das Famílias .....................

29

5. Avaliação do Projecto .......................................................................

38

Conclusões ....................................................................................................

47

Recomendações .............................................................................................

49

Referências Bibliográficas Consultadas ..............................................................

51

Anexos Metodológicos .....................................................................................

53

Anexo 1 – Tabancas e bairros visitados por Sector ..............................................

54

Anexo 2 – Mapas com identificação das Tabancas visitadas e inquiridas ................

56

Anexo 3 – Manual de Formação ........................................................................

59

Anexo 4 - Guião do Inquérito por Questionário aplicado aos agregados familiares ..

69

Anexo 5 – Análise dos questionários .................................................................

78

Anexo 6 – Fotografias .....................................................................................

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I.

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NOTA PRÉVIA Para a realização do “Estudo Socioeconómico das Condições de Bem-Estar das Famílias nos Sectores de Bedanda e Cacine” o contributo das duas equipas de inquiridores, seleccionadas localmente pela Organização Não Governamental para o Desenvolvimento (ONGD), Acção para o Desenvolvimento (AD), foi determinante, já que procederam à recolha de dados juntos das famílias com total autonomia. Agradeço assim às equipas de inquiridores, à coordenação local e nacional da AD, pelo esforço e envolvimento nas acções de levantamento dos dados e no esclarecimento de dúvidas que permitiram atingir os objectivos inicialmente definidos para a realização do Estudo. Todos procuraram dar resposta às exigências

do

trabalho

de

campo

com

empenho,

responsabilidade

e

profissionalismo: - à equipa local de inquirição que, em 2007, deu início às actividades de recolha de dados, sendo responsável pela totalidade de informações recolhidas que foram analisadas e apresentadas no Relatório preliminar: Agostinho Mbana; Alimo Djaló; Armando Sampa; Domingos Fonseca; Elisabeth Gomes; Eurizanda Forbes; Lassana Camará; Mamadu Galissa; Mamadu Lenine Dabó; Saído Caoiaté; - à equipa local de inquirição que, na fase final do Projecto, procedeu à inquirição junto das famílias: Abdulai Djaló; Antunis Sanca; Domingos Fonseca; Eurizanda Forbes; Hermindo da Silva; Quecuto Monteiro; Mamadu Galissa; Saído Caioaté; Zeca Djú; - à coordenação local da AD, nomeadamente Abubacar Serra e Domigos Fonseca, e à coordenação nacional, Engs. Carlos Schwarz e Tomane Camará, pela disponibilidade no esclarecimento de dúvidas; - aos representantes dos agregados familiares dos Sectores de Bedanda e Cacine que colaboraram com grande receptividade no Estudo respondendo ao Inquérito, identificando necessidades e apresentando sugestões. Por fim, agradeço o apoio, a disponibilidade e o acompanhamento dos Drs. Gonçalo Marques e João Monteiro, Coordenadores de Projectos do Instituto Marquês de Valle Flôr.

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APRESENTAÇÃO O “Estudo Socioeconómico das Condições de Bem-Estar das Famílias nos Sectores de Bedanda e Cacine” (Estudo) enquadra-se no âmbito do “Projecto Woncame – Garantir o Acesso, Disponibilidade e Utilização Estável de Bens Alimentares nos Sectores de Bedanda e Cacine – Região de Tombali”. A análise desenvolvida ao longo do Estudo resultou do levantamento de informações sobre formas de vida das famílias dos sectores de Bedanda e Cacine na região de Tombali, bem como de produção e consumo. O trabalho de recolha de dados foi realizado em dois momento diferentes, de forma a permitir uma caracterização

comparativa

da

situação

socioeconómica

das

populações

residentes na região de Tombali, antes e depois da implementação do Projecto. Numa fase exploratória, a pesquisa fundamentou-se na recolha e análise de elementos oficiais de natureza estatística e cartográfica, produzidos tanto por organismos nacionais, tais como o Instituto Nacional de Estatística e Censos (INEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), como por instituições internacionais, entre as quais o PNUD e o Banco Mundial. A prossecução da metodologia, fundamentada na aplicação de inquéritos por questionário junto dos agregados familiares foi efectivada por duas equipas de inquiridores

locais/animadores,

seleccionados

pela

AD,

tendo

alguns

dos

membros experiência anterior de inquirição por terem participado em estudos anteriores,

nomeadamente

questionários

seguiu

os

o

“PISAC” e

princípios

o

“Konkobai”.

metodológicos

A

adoptados

aplicação nos

dos

Estudos

anteriores, assim como o modelo de guião do inquérito que foi, contudo, adaptado à realidade de Tombali, tendo em consideração tanto as principais carências sentidas nos sectores de Bedanda e Cacine, como as características do Projecto em curso (tipos de benefícios e especificidades de enquadramento). O Estudo, tal como o Projecto que o enquadra, Woncame, é uma iniciativa promovida por uma Parceria de Desenvolvimento (PD) constituída pelas Organizações Não Governamentais para o Desenvolvimento, Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF) e Acção para o Desenvolvimento (AD), sendo financiado (CE: FOOD/2006/129-419) pela Comissão Europeia (CE) e apoiado pelo Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD).

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A

metodologia

adoptada

para

a

implementação

do

Projecto

Woncame

fundamenta-se no envolvimento dos actores locais que constituem a unidade familiar, e dos grupos associativos que, a nível comunitário e com regularidade, estimulam a participação e contribuem para o reforço identitário. Estes princípios são incentivados pelos técnicos locais da AD que acompanham as actividades e o desenvolvimento das acções programadas no âmbito do Projecto. O principal objectivo do Estudo consistiu no seguimento do Projecto, contribuindo para a minimização dos eventuais constrangimentos, facilitando a optimização das potencialidades no sentido da melhoria qualitativa e quantitativa das condições de vida das famílias envolvidas. Dado ser suposto que, do ponto de vista metodológico, o Estudo fosse realizado em dois momentos distintos, um no início e outro no final, este instrumento permite identificar de forma comparativa as principais mudanças, directas e indirectas, sentidas pelas comunidades envolvidas pelo Woncame. O Estudo apresenta uma breve caracterização da Região de Tombali, de forma a contextualizar a pertinência do Projecto nos dois sectores abrangidos, seguindose uma apresentação dos objectivos e da metodologia adoptada nos dois momentos. Com base nos dados recolhidos, e a partir do cálculo dos valores médios, é apresentado o perfil de caracterização do beneficiário tipo do Projecto, assim como identificadas as condições de vida e de bem-estar das famílias. A técnica de recolha de dados privilegiada no Estudo foi de natureza quantitativa, conforme especificado no capitulo respeitante à Metodologia (II., 2.), tendo sido preparado um guião de questionário, definida uma amostra caracteristicamente aleatória por grupos regionais, e aplicados questionários a agregados familiares. Posteriormente foi criada uma base de dados facilitando o tratamento e a posterior análise da informação. Por característica, a técnica do Inquérito por Questionário permite proceder ao levantamento de dados de forma simples, aprofundada, sistemática e rigorosa, resultando numa fácil aplicação através do contacto directo entre o inquiridor e o inquirido. No decorrer do processo de inquirição são utilizadas categorias conceptuais comuns, previamente identificadas, que facilitam a comunicação e o preenchimento das grelhas de resposta garantindo uma maior objectividade na recolha das informações pretendidas. No que respeita ao tratamento da informação, esta é uma técnica que também apresenta vantagens comparativas sempre que o grupo alvo consiste num elevado número de indivíduos e se

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pretende

obter

uma

quantidade

de

informação

significativa,

que

se

fundamenta em quantificações, facilitando a análise. Dado que as equipas que participaram nas duas fases da inquirição haviam colaborado em Estudos anteriores, optou-se por conferir um maior grau de autonomia aos animadores locais que procederam à recolha dos dados após ter sido apresentada, discutida e aprovada a proposta metodológica à PD e definidos os critérios de amostragem. A preparação do trabalho de recolha de dados implicou a concepção de materiais que, na generalidade, coincidiram com os recursos utilizados no Estudo do projecto Konkobai1. Os documentos preparados (cf. Anexos Metodológicos) foram o

“Manual

de

Formação”,

disponibilizado

aos

técnicos

para

facilitar

o

levantamento de informações, e o inquérito por questionário. Paralelamente, com

base

na

análise

das

projecções

demográficas

referentes

a

2004

disponibilizadas pelo INEP, foi calculada e justificada a amostra, procurando-se assegurar o critério da representatividade estatística com inquirição de 5% da população do estudo. No total, estava prevista uma inquirição de 920 inquéritos (cf. Quadro nº 1), igualmente repartidos pelos dois períodos mas geograficamente diferenciada em função dos benefícios: 70% em Bedanda e 30% em Cacine. Na verdade, no total,

foram

aplicados

893

questionários,

com

uma

repartição

amostral

ligeiramente variável relativamente ao planeado: 78,5% em Bedanda e 21,5% em Cacine. Quadro nº1 – Definição da Amostra realizada no total e repartida pelos dois períodos Sectores Bedanda

Pop. Total Número 38.979

Nº Agregados

Amostra 5%

Amostra 5%

(6 pax)

2007

2009

6.497

(71,5%)

(1143 km²) Cacine

324 16.287

2715

(28,5%)

(613 km²) TOTAL

(85,7%)

55.266

9.212

Total (78,5%)

377 (14,3%)

701 (21,5%)

129

63

192

453

440

893

Fonte da População Total: INEP, Projecções Demográficas (2004) 1

BRITO, Brígida (2009). “Estudo Socioeconómico das Condições de Bem-Estar das Famílias nos Sectores de Bigene e São Domingos”, Projecto Konkobai, Acabar com a Fome nos Sectores de Bigene e São Domingos, CE: FOOD/2005/108-699. Lisboa, Instituto Marquês de Valle-Flôr e Acção para o Deenvolvimento.

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A opção da repartição desigual da amostra foi fundamentada no critério da diferenciação dos benefícios previstos pelo Projecto. Assim, a amostra seguiu o princípio de “grupos ou áreas”, de âmbito eminentemente regional, procurandose uma concentração ideal de 70% no Sector de Bedanda, por ser nesta zona que, ao longo do tempo de vida do Projecto, estava prevista a introdução da maioria dos benefícios; 30% em Cacine. Por característica do processo de inquirição, os indivíduos respondentes foram escolhidos aleatoriamente pelos inquiridores, sem a preocupação de definir estratificação ou quotas. Contudo, as tabancas seleccionadas para o levantamento dos dados foram as mesmas nos dois períodos, de forma a ser possível avaliar com objectividade as mudanças operadas. No total, registou-se um défice na aplicação realizada em 27 questionários, o que representa 2,9% da inquirição prevista. Na primeira fase, foram aplicados 50,7% (453 inquéritos por questionário) e, na segunda, 49,3% (440 inquéritos por questionário). A inquirição global centrou-se em 9,7% da população do estudo, conforme informação relativa à definição da técnica de amostragem. Os inquiridores desempenharam um papel fundamental em todo o processo de recolha de dados pelo conhecimento directo que dispõem das comunidades, por serem os responsáveis pela identificação das localidades a visitar e pela selecção dos dados mais pertinentes para o estudo, partindo das questões colocadas e previamente

definidas

no

guião

do

questionário.

Este

foi

um

trabalho

integralmente desenvolvido sob coordenação local da AD2, com autonomia das equipas locais. Nas duas fases de inquirição foram visitadas, no total, dez (10) localidades, maioritariamente referenciadas em meio rural, as tabancas, repartidas pelos Sectores envolvidos no Estudo e respeitando o critério dos benefícios recebidos: -

seis localidades em Bedanda: Iemberem; Madina; Daressalam; Cadique; Cabedú; Cabante

-

2

quatro localidades em Cacine: Cassacá; Cacoca; Berlim; Iraq.

A recolha de dados através da aplicação de inquéritos por questionário foi da responsabilidade dos técnicos seleccionados pela AD, enquanto que o tratamento e a análise foram da responsabilidade de Brígida Rocha Brito.

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Após a aplicação dos questionários, foram criadas bases de dados independentes por período contendo a totalidade das respostas obtidas, organizada de forma criteriosa por inquiridor e grupo regional, a partir de uma bateria de indicadores previamente identificada. Sequencialmente, de acordo com os procedimentos metodológicos definidos, procedeu-se à correcção da base de dados para homogeneização dos critérios, em particular no que se refere às respostas a perguntas

abertas,

sendo

identificadas

as

variáveis

a

cruzar

para

a

caracterização das condições de vida das famílias. Considerando que os Projectos de Desenvolvimento, apesar de relativamente limitados no tempo, procuram promover sustentabilidade a nível local, o Estudo apresenta conclusões e algumas recomendações com o objectivo de optimização dos recursos e das metodologias, tendo em conta o futuro. Respeitando um princípio de análise regional, são enumeradas as principais necessidades identificadas pelos inquiridos, de forma a facilitar à PD uma eventual redefinição de opções que garantam a continuidade sustentável das acções prosseguidas. No

final

do

Estudo

são

apresentados

os

Anexos

Metodológicos

com

sistematização de informações consideradas úteis para a análise, a saber: a identificação das equipas locais de inquirição; a sistematização das tabancas e das localidades visitadas; o manual de formação disponibilizado aos técnicos; o guião do inquérito por questionário aplicado aos agregados familiares; as tabelas relativas ao tratamento quantitativo não apresentado ao longo do texto e consideradas significativas por serem mais representativas e relacionadas com a essência do Projecto e fotografias ilustrativas dos benefícios e das mudanças.

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I. A REGIÃO DE TOMBALI NO CONTEXTO GUINEENSE A República da Guiné-Bissau é um país africano de pequena dimensão (CE, 2006: 1), de território misto, repartido de forma desigual entre continente (34.500 Km², representando 95,5% do total) e ilhas (1.625 Km², a que corresponde 4,5%), perfazendo uma área total3 de 36.125 Km².

Mapa nº 1 – Localização geográfica da Região de Cacheu no contexto da Guiné-Bissau

Do ponto de vista geográfico, o País está referenciado na costa ocidental do continente Africano, e localizado a 12º20’00’’ Norte e 10º59’00’’ Sul de latitude e 13º90’00’’ Este e 16º43’00’’ Oeste de longitude (INEC, 2005: 6). A República da Guiné-Bissau divide-se em nove regiões administrativas (Quadro nº 2), sendo oito continentais (Bafatá, Biombo, Cacheu, Gabú, Óio, Quinara, Sector Autónomo de Bissau e Tombali) e apenas uma insular de natureza arquipelágica (Bolama-Bijagós). No que respeita às fronteiras territoriais, a norte situa-se a República do Senegal, a sul e a leste a República da Guiné Conakry, estando a oeste rodeado pelo Oceano Atlântico (INEC, 2005).

3

A área total é variável, entre os 28.000 km² e os 36.125 km², dependendo das marés, estando cerca de 23% parcial ou totalmente inacessíveis (INEC, 2005: 6).

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Quadro nº2 – Repartição administrativa da República da Guiné-Bissau por Regiões REGIÃO Km² % Bafatá 5.981,1 16,6 Biombo 838,8 2,3 Bolama Bigagós 2.624,4 7,3 Cacheu 5.174,9 14,3 Gabu 9150,0 25,3 Óio 5.403,4 15,0 Quinara 3.138,4 8,7 Sector Autónomo de Bissau 77,5 0,2 Tombali 3.736,5 10,3 TOTAL 36.125,0 100,0

A Região de Tombali, que representa 10,3% do território nacional, localiza-se na zona litoral sul-sudoeste, nas proximidades da Guiné-Conacri, sendo influenciada tanto pelo Oceano Atlântico como pelo denso parque florestal de Cantanhez. Esta é uma área particularmente rica do ponto de vista ambiental, dotada de biodiversidade de fauna e flora, sendo definida como uma das últimas florestas primárias da África Ocidental. Do ponto de vista administrativo, a Região subdivide-se em quatro Sectores (Bedanda, Cacine, Catió e Quebo), destacando-se os de Bedanda, com 1.143 km², e de Cacine, com 613 Km², pela importância que evidenciam para o Estudo e tendo presentes os objectivos do Projecto. No total, os dois Sectores em análise representam 47% do território da Região de Tombali.

1. CONTEXTUALIZAÇÃO De uma forma geral, os elementos de caracterização geográfica e climatérica da Região são idênticos ao total nacional verificando-se: por um lado, um agravamento da situação de isolamento regional, em resultado da associação entre a distância, as deficientes acessibilidades e as limitadas comunicações; por outro lado, a existência de particulares condições produtivas devido à forte influência da rede hidrográfica. O clima é tropical, quente e húmido, identificando-se duas estações, uma longa e seca, entre Novembro e Maio, e a das chuvas, concentrada em cinco meses, entre Junho e Outubro. No que respeita aos níveis de pluviosidade, na Região de Tombali, os valores anuais ultrapassam a média nacional, registando-se maior

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intensidade das chuvas com valores que ultrapassam os 2.000 mm anuais, sendo elevadas as temperaturas médias anuais (entre 28º e 31ºC). Do ponto de vista físico, e tal como sucede com a generalidade do território nacional, Tombali é caracterizada pela ausência de acidentes de relevo significativos, sendo dotada de diferentes tipos de paisagem, destacando-se: a planície, sobretudo aluvial; as bolanhas e as lalas4; os mangais ou tarrafes; os palmares de palmeiras e de cibes; as florestas de galeria, subhúmidas, de transição, secundárias e primárias; a savana arbustiva e herbácea. Do ponto de vista ambiental, a Região é caracterizada pela existência de uma área florestal com 650 Km² de extensão, correspondendo a 17,3% da totalidade do território regional, as Florestas de Cantanhez5. Toda a área florestal é caracterizada por densidade e biodiversidade6, estando definida como uma das últimas florestas primárias devido ao estado de preservação do ecossistema, que resulta da fraca penetração humana. Toda a região é também caracterizada pela existência de rios7 e outros cursos de água, tais como braços fluviais que penetram para o interior das áreas florestadas. No que respeita às tendências demográficas, estima-se que, em 2004, a população guineense residente fosse de 1.245.841 habitantes (INEC, 2005). Apesar da esperança média de vida não ultrapassar os 44,8 anos8 (PNUD, 2006a), o crescimento demográfico regista uma taxa de 3%, justificada pela elevada

taxa

de

fecundidade

(7,1

filhos

por

mulher).

A

população

é

caracteristicamente jovem, sendo que 44,7% da população tem idade inferior a 15 anos e apenas 3,1% mais de 65 anos (PNUD, 2006a). A repartição da população pelo território evidencia desequilíbrios, registando-se uma prevalência de 70,4% de população rural (PNUD, 2006a) e concentração de aglomerados urbanos (29,6%) na capital e áreas periurbanas.

4

5

6

7

8

As lalas são áreas inundadas que representam zonas de transição entre o mar e as áreas florestais (Campredon, sd: 18) e as bolanhas (arrozais alagados) são terras baixas de mangal ou tarrafe que consistem em formações vegetais à beira mar ou rio (Ministério do Desenvolvimento Rural/PNUD, 1997). As Florestas de Cantanhez são constituídas por um agrupamento de catorze áreas florestais densas e húmidas, habitualmente denominadas por Matos No que respeita à flora, destacam-se as árvores de grande porte e centenárias, às quais são reconhecidos atributos de sacralidade; em relação à fauna, encontram-se grandes mamíferos, cefalófos, ungulados, primatas, aves e répteis. Os principais rios da Região de Tombali são Cacine e Cumbidjan, sendo navegáveis em pequenas embarcações. A esperança de vida da Guiné-Bissau (PNUD, 2006a) é inferior à média da África Subsahariana (46,1 anos) e dos Países Menos Desenvolvidos (52,4 anos).

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De acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano de 2007/2008, a República da Guiné-Bissau é definida como um dos países mais pobres do Mundo, classificando-se em 175º entre 177 países. Em 2005 (PNUD, 2007) o valor de IDH era de 0,374, situando-se consideravelmente abaixo da média dos “least developed countries” (0,691), bem como da média da África Subsahariana (0,493). Em 2005, os valores indicativos do rendimento médio per capita eram de 190 USD, sendo que o Índice de Pobreza Humana ascendia a 44,8% (PNUD, 2007). Da mesma forma, é relevante considerar-se que, em 2002, 64,7% da população dispunha de menos de 2 USD por dia9 e 20,8% de menos de 1 USD por dia (PNUD, 2004) para satisfazer necessidades de sobrevivência10. A leitura destes indicadores indicia uma manifesta situação de pobreza que, de acordo com os critérios reconhecidos a nível internacional, permite classificar a população guineense a viver em estado de pobreza absoluta, revelando-se este problema de forma mais agravada no interior e nas regiões que sofrem de um maior isolamento. A análise da evolução dos indicadores que fundamentam a definição da situação de pobreza evidencia uma prevalência de grupos etários adultos jovens (80% entre os 15 e os 35 anos). É de realçar que os agregados familiares monoparentais e dirigidos por mulheres são os que aparentam uma menor margem de vulnerabilidade (PNUD, 2004), dado que são as mulheres que, em média, mais contribuem para a obtenção do rendimento familiar. O sector primário11 é o que evidencia maior importância para a economia nacional, representando 50% do PIB e empregando 82% da população activa (CE, 2006: 1). Apesar das principais culturas agrícolas serem o arroz produzido em mangal, vale e planalto, outros cereais, o caju e a manga, estima-se que cerca de 50% da população se confronte com dificuldades de sobrevivência dada a insuficiência alimentar (PNUD, 2004). O arroz é a base produtiva e o principal recurso alimentar das famílias, cuja produção corresponde a 70% do total da

9

10

11

No mesmo ano, registou-se uma taxa de incidência de pobreza em 63,8% da população residente na Região de Cacheu (PNUD, 2004). Alguns indicadores que confirmam a situação de pobreza associada à dificuldade de subsistência são a Taxa de probabilidade à nascença de não viver até aos 40 anos, que ascende a 42,9% no período entre 2000 e 2005, e a Taxa de população sem acesso sustentável a fontes de água melhorada, que em 2005 ascendia aos 41% (PNUD, 2006a). Além da produção agrícola, a pecuária, a pesca artesanal e a exploração de recursos florestais são actividades importantes.

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produção de cereais12, apesar de ser ainda manifestamente deficitária face às necessidades. Enquanto país predominantemente agrícola (Pereira, 2005), as principais actividades produtivas são desenvolvidas de forma tradicional e direccionadas para a subsistência das unidades familiares, evidenciando fraca diversificação. De acordo com o “Plano de Acção Nacional para a Adaptação às Mudanças Climáticas” no sector da Agricultura (Pereira, 2005), esta é uma actividade que se caracteriza por baixa produtividade e reduzido rendimento. Os agricultores recorrem a técnicas arcaicas e rudimentares, não dispondo de capital para efectuar os investimentos necessários à modernização da actividade. A situação de pobreza em que uma parte da população guineense vive deriva de um conjunto de factores económicos e socioculturais que influenciam as formas de produzir, a oferta e o consumo familiar, reflectindo-se numa conjuntura económica deficitária, que resulta na emergência e no agravamento de situações de carência e de pobreza. A análise da situação produtiva pressupõe a identificação de elementos explicativos, entre os quais se destaca a incerteza do resultado de um ano agrícola, devido à influência de factores externos à produção, como por exemplo climatéricos. De forma complementar, pode referir-se a insuficiência dos instrumentos agrícolas e de outros meios de produção face às necessidades, e as dificuldades no que respeita à comercialização dos bens produzidos. O meio rural tem sido definido como uma prioridade nacional13, recolhendo atenção

e

apoios

internacionais

significativos,

reflectindo-se

nos

estudos

realizados a nível nacional e nos documentos oficiais. Assim, têm sido elaborados documentos planificadores de nível sectorial, tais como a “Carta da Politica de Desenvolvimento Agrário”, o “Plano Nacional de Gestão Ambiental” e o “Plano Nacional de Desenvolvimento Sanitário”. Estes documentos reforçam a urgência na

12

13

adopção

de

medidas

estruturais,

orientadas

para

a

valorização

e

A superfície cultivada a nível nacional é de cerca de 200.000 hectares (UN, 2001: 2), dos quais 34% se destinam ao cultivo de arroz (63% de arroz de mangal e bolanhas de água salgada, 36% de arroz de sequeiro). Esta preocupação surge em 1991 com o “Inquérito sobre o consumo e orçamento das famílias” (ICOF), tentando-se definir a situação de pobreza familiar em meio rural e urbano, seguido do “Grupo Temático do Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar”, criado em 1998 por iniciativa da FAO (UN, 2001: 3), destinando-se ao acompanhamento dos Programas e dos Planos de Acção definidos para o meio rural, o “Estudo prospectivo de longo prazo, Guiné 2025 Djitu Ten”, que recorreu a uma abordagem participativa, o “Inquérito ligeiro para avaliação da pobreza” (ILAP) em 2001, e o “Documento de estratégia nacional de redução da pobreza” (DENARP) em 2004.

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modernização dos meios de produção, garantindo o bem-estar das famílias residentes em meio rural. Apesar de existirem documentos oficiais de enquadramento e de planificação de acções futuras, até ao presente, e em resultado da incerteza que tem marcado o clima político guineense, não se tem registado a implementação de medidas governamentais abrangentes e de curto prazo de apoio comunitário na prossecução da mudança (IMVF, 2002). A precariedade alimentar tem-se revelado como um problema grave, dado que uma parte da população não dispõe dos recursos necessários para o consumo de mais do que uma refeição por dia, “uni tiro” (DENARP, 2004), e tem captado a atenção dos actores institucionais e das organizações da Sociedade Civil, nacional e internacional. Na Região de Tombali, em 2004, a população residente estava estimada em 91.930 habitantes (INEC, 2005), representando 7,1% do total nacional. Os principais grupos étnicos são Nalu, Fula, Balanta, Tanda e Sosso, encontrando-se grupos secundários como Manjaco, Djakanka, Papel, Bijagó e Mandinga. Ancestralmente, esta era uma área identificada com os Nalu, etnia animista, caracterizada por desenvolver práticas culturais perpetuadas ao longo do tempo pelo costume e pela tradição oral, entre as quais os ritos de iniciação e de passagem. Uma parte do território, identificada com as Florestas de Cantanhez, é tradicionalmente conhecida como o “Tchon di Nalu” (Campredon, sd: 32) ou Terra dos Nalu, apesar de actualmente se encontrar uma multiplicidade de comunidades com origens étnicas diversas. Os grupos étnicos caracterizam-se por elementos socioculturais específicos no que respeita à ordenação espacial, aos materiais utilizados na construção, às práticas rituais e às formas de culto, e principalmente à forma de produzir, o que confere à região uma imagem heterogénea. A fertilidade do solo tem favorecido a produção agrícola com valorização da frutícola, em particular os citrinos e o caju, que têm vindo a ser fortemente explorados em resultado das potencialidades14 que o caracterizam. Este tipo de produção, conseguido a partir da desflorestação e das queimadas, é fortemente desenvolvido pelas comunidades de origem Fula, enquanto que os Balanta são produtores de arroz e os Nalu pescadores, vivendo em acampamentos

14

O caju é aproveitado como fruta fresca, secando-se a castanha para comercialização, produzido sumo, vinho e aguardente.

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temporários e itinerantes, dedicando-se também à extracção de óleo e vinho de palma ou à produção de culturas agrícolas para consumo directo. Além da produção para subsistência, as comunidades locais produzem outro tipo de bens, como por exemplo peças de artesanato15 e utensílios destinados ao uso quotidiano, que também são vendidos em mercados locais e lumus. Apesar das características produtivas marcadas pela ancestralidade, a Região de Tombali tem sido marcada por uma situação de insegurança alimentar severa, marcada por factores conjunturais, como a salinização dos solos, e estruturais, como a fragilidade das associações de base (IMVF, 2006).

2. BREVE CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA Os dados demográficos oficiais16 da República da Guiné-Bissau indicam que em 2004 a população nacional era constituída por 1.245.841 habitantes (INEC, 2005), e definida como jovem por 47,4% ter idade inferior a 15 anos (PNUD, 2006a). A maioria da população era feminina, representando 50,8% do total (Sylla, 2002), casada formalmente ou a viver em situação conjugal. A taxa de crescimento demográfico anual é elevada (3%), tal como sucede com o índice de fertilidade (7,1 filhos por mulher entre 2000 e 2005), resultante da reduzida prevalência contraceptiva (8%) nas mulheres entre os 15 e os 49 anos, ou seja em idade fértil (PNUD, 2006a). Apesar da tendência do crescimento demográfico, a esperança média de vida é baixa (44,8 anos), com ligeira variação no que respeita ao género (46,2 anos nas mulheres e 43,4 anos nos homens). A organização social caracteriza-se por um predomínio de agregados familiares de estrutura alargada e de composição numerosa (Sylla, 2002), registando-se uma variação entre 7 e 8 membros (6,8 indivíduos em Bissau e 7,9 nas restantes regiões). A capacidade de consumo, traduzida na acessibilidade a bens e serviços, é limitada (PNUD, 2006a), bem como o acesso sustentável a meios de saneamento melhorado (35%) e a fontes de água (41%). Os limites no acesso a água doce e a bens alimentares reflecte-se no índice de pessoas subnutridas

15

16

Peças de artesanato e de utilidade quotidiana tais como esteiras e cestos produzidos pelas mulheres Nalu, recipientes de barro e cerâmica pelas mulheres Balanta, esculturas e máscaras pelos homens Nalu e panos confeccionados pelos homens Manjaco. Registam-se diferenças nas fontes consultadas para os valores apresentados pelo INEC e pelo PNUD (2006) que, para o mesmo ano, indica uma população total de 1.500.000 indivíduos.

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(37% entre 2001 e 2003), registando-se uma taxa de malnutrição significativa em crianças com idade inferior a 5 anos (25% em 2000), e de crianças com altura insuficiente para a idade (31% entre 1996 e 2004). Com base na análise dos indicadores disponíveis, constata-se que, em 2004, no que respeita à prestação de cuidados de saúde havia 12 médicos (PNUD, 2006a), 69 enfermeiras e 127 camas por 1.000 habitantes (INEC, 2005). A prestação de cuidados de saúde é um dos indicadores que, na Guiné-Bissau, maior disparidade evidencia entre meio urbano e meio rural. Nas regiões marcadas pela ruralidade, isolamento e distância em relação à capital, a possibilidade de encontrar um médico

de

especialidade

é

muito

reduzida,

registando-se

uma

maior

concentração nas zonas urbanas. A insuficiência de cuidados de saúde não se limita aos médicos, sendo correspondente para os serviços complementares, tais como farmácia, fisioterapia, análises laboratoriais, exames de diagnóstico e serviços de apoio social. Em meio rural, verifica-se uma tendência para a valorização das práticas alternativas e tradicionais17 de diagnóstico e tratamento, tanto para situação de doença como para a realização de partos. No que respeita à saúde materno-infantil, apenas 35% das parturientes18 são assistidas em centros de saúde referenciados, registando-se elevados índices de mortalidade infantil (126‰) e de mortalidade infantil em menores de 5 anos (203‰). Um dos factores que pode contribuir para as elevadas taxas de mortalidade infantil é a ausência de uso de redes mosquiteiras impregnadas19. Em termos médios, em 2003, o paludismo continuava a ser a primeira causa de morbilidade (92,7% das causas) e de mortalidade (82,6%), seguido de distúrbios gastrointestinais (6,9% referentes às causas de morbilidade e 12,4% de mortalidade). Coincidentemente, das crianças que sofriam de diarreias, incluindo crónicas e por períodos de tempo prolongados, apenas 23% recebiam hidratação oral. No que respeita à taxa de cobertura vacinal em crianças com menos de 5 anos,

verificam-se

situações

diferenciadas,

sendo

evidente

uma

menor

20

preocupação à medida que a idade aumenta . 17

18

19 20

É ainda de destacar que as actividades profissionais tradicionais, e que se concentram em meio rural, são desenvolvidas pelos mais velhos, em média com idades superiores a 50 anos, enquanto que as actividades técnicas em meio urbano se concentram em idades entre os 30 e os 50 anos (INEC, 2005: 19) . Os dados indicativos da mortalidade materna são de 1996 e indiciam uma prevalência de 82,2 por 10.000 (PNUD, 2004). Entre 1990 e 2000 apenas 7% das crianças utilizavam medidas preventivas (PNUD, 2006a). As fontes consultadas (INEC, 2005; PNUD, 2006) não são consensuais. Em 2004 (INEC, 2005: 17), a vacinação contra a tuberculose (BCG) parece ser a mais abrangente, com uma taxa de cobertura de 84%, seguida da DTP (Difteria, Tétano e Tosse Convulsa) em 75%, VAS (Sarampo) em 61%, VAPRE (Sarampo, Rubéola e Papeira) em 56% e DT2 (Difteria e Tétano em idades mais velhas) apenas em 36%.

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No ano lectivo 2003/4, a análise da situação escolar evidencia índices médios nacionais na ordem dos 56,9% (PNUDb, 2006) com variações regionais e em função do género (58,0% no sexo masculino e 55,9% no feminino de taxa de escolarização). No que respeita à taxa de alfabetização, percebem-se valores inferiores aos registados para a escolarização, já que no total apenas 36,6% da população era alfabetizada, sendo evidente o forte desequilíbrio no que respeita ao género (16,7% nas mulheres).

3. CONJUNTURA MACROECONÓMICA A República da Guiné-Bissau é um país caracteristicamente agrícola com uma taxa de actividade em população com idade igual ou superior a 15 anos de 54,6% (Sylla, 2002), sendo o índice de desemprego de 13,1%, em 2000. Dos indivíduos que desempenham actividade profissional, a maioria desenvolve funções relacionadas com o sector primário (63,5%) ou terciário (10,8%), destacando-se a produção agrícola e a pesca artesanal, sendo a agricultura a actividade económica que mais contribui para a formação do PIB (IMVF, 2002: 17). Em 2005 (INEC, 2005), estimava-se que o sector primário representasse 58,0% do PIB, o terciário 28,6% e o secundário apenas 11,5%. De uma forma geral, as actividades produtivas são desenvolvidas com um princípio individual ou familiar, sendo a situação perante o trabalho enquadrada na tipologia “trabalhadores por conta própria” (Sylla, 2002), podendo registar-se algumas variações em função da região, já que o peso relativo dos sectores de actividade económica pode sofrer algumas variações. Em 2004, da actividade agrícola efectivada, maioritariamente por pequenos exploradores ou produtores de tabanca, de natureza familiar ou comunitária (80% da população rural, segundo o DENARP, 2004; INEC, 2005: 20), a principal produção foi cerealífera, destacando-se o arroz (54,7%). A rizicultura é a base alimentar da população guineense, apesar destas produções não traduzirem uma tendência

para

a

sustentabilidade,

visto

serem

marcadas

pela

fraca

produtividade. Em resultado desta situação, as necessidades locais de consumo não são asseguradas pela produção interna, o que implica o recurso à importação de quantidades suplementares (Sylla, 2002; INEC, 2005: 20; IMVF, 2002: 17). Face à incerteza que caracteriza este tipo de produção, uma parte dos agricultores tem vindo a prosseguir uma estratégia de substituição

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produtiva, introduzindo frutas, em particular o caju e os citrinos, bem como tubérculos. Estes alimentos representam um recurso alimentar importante para as famílias, não requerendo um cuidado tão permanente como acontece com outras produções. Ao longo do tempo, a produção agrícola guineense tem sido particularmente influenciada por um conjunto de factores interactuantes, que se têm revelado de difícil controle, tais como as condições geográficas, climatéricas, com destaque para as pluviométricas, e a actividade das marés21 (PNUD, 2006b). Além destes factores, o País tem-se confrontado com o problema da falta de água doce que decorre do alargamento da salinização das terras destinadas à produção agrícola e, em particular, à rizicultura. Dada a irregularidade inerente às produções tradicionais como a cultura do arroz, tem-se verificado uma alternância nas opções estratégicas com substituição e introdução do caju e dos frutícolas, com particular destaque para os citrinos. O cajueiro é uma planta de rápido crescimento que potencia a expectativa de elevada produtividade com consequente aumento de rendimento e as árvores de fruto permitem uma dinamização produtiva com diversificação do consumo e da oferta dos excedentes no comércio interno e externo. Um dos principais efeitos da substituição produtiva é a progressiva perda de importância da produção de cereais, como o milho e o sorgo, com consequências para a dieta alimentar das populações locais (PNUD, 2006b). O principal efeito que

decorre

da

alternância

produtiva

é

o

incremento

da

precariedade

socioeonómica e relacionada com a subsistência das populações locais. Apesar do peixe ser um dos recursos alimentares da população guineense e uma actividade profissional importante, ao longo do tempo não se têm registado alterações significativas nas quantidades capturadas, do número de pescadores ou de embarcações, sendo predominante a actividade artesanal. A pesca industrial, apesar de incrementada, permanece pouco significativa (INEC, 2005). As actividades enquadradas pelo sector terciário têm sido marcadas pela informalidade e desenvolvidas pelo pequeno comércio, em mercados, lumus e feiras locais. Os produtos trocados são o resultado da produção familiar inicialmente destinada ao consumo directo e cujos excedentes favorecem a troca e a rentabilização com o objectivo de aumentar e diversificar a capacidade de 21

As zonas costeiras e ribeirinhas sofrem o efeito da variação das marés, pela frequência de inundações em períodos de chuvas, condicionando a produção agrícola tradicional.

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consumo. Contudo, a despesa familiar destinada ao consumo (Sylla, 2002) centra-se em bens alimentares de forma a satisfazer necessidades básicas (66,6%), seguidos de gastos com o alojamento e/ou combustíveis (12,2%), roupas e calçado (6,8%), sendo secundarizadas as despesas vocacionadas com a saúde (3,5%) e com a educação (1,7%). No que respeita aos indicadores de bem-estar (Sylla, 2002), apenas 12,2% da população

total

tem

acesso

à

rede

eléctrica,

registando-se

uma

forte

discrepância entre meio rural (5,0%) e urbano (32,9%). O mesmo sucede com a disponibilidade de televisor (8,6% do total, sendo 25,7% em meio urbano e apenas 2,6% em meio rural). O País tem revelado dependência em relação ao exterior, traduzida na balança de pagamentos e na importância atribuída às importações face às exportações. Os

principais

bens

importados

pela

Guiné-Bissau

são

arroz,

produtos

transformados e combustíveis, sendo os principais parceiros os países europeus, entre os quais Portugal, ou outros Estados africanos, destacando-se o Senegal (INEC, 2005). Um dos principais produtos exportados é a castanha de caju em bruto, ou seja o resultado anual da produção agrícola sem qualquer tipo de transformação, representando 96,9% do total de exportações (INEC, 2005). Os meios de comunicação e as acessibilidades, que poderiam favorecer o intercâmbio regional, revelam a existência de constrangimentos, condicionando a eficácia da circulação num curto período de tempo. Em muitas das localidades isoladas, a distância, a qualidade das estradas e a inexistência de uma rede de transportes certa e regular, desincentiva as trocas, concentrando as vendas no espaço local e não favorecendo a emergência de uma procura regional dinâmica. De uma forma geral, o País é dotado por uma rede viária antiga e deteriorada, sendo notória no último ano uma preocupação para com a renovação, em resultado das acções de beneficiação maioritariamente financiadas pela União Europeia no quadro do Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED). Ao longo do tempo, e de uma forma geral, as populações rurais têm sofrido os efeitos negativos do isolamento geográfico, agravado pela distância e pela inexistência de infra-estruturas de ligação e de comunicação entre o interior e o litoral.

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Mapa nº 2– Identificação dos principais troços da Rede Viária na Guiné-Bissau

Fonte: PNUD (2006b)

Actualmente, a rede viária nacional é constituída por um total de 2.755 Km, dos quais apenas 770 Km de vias alcatroadas, ou seja o equivalente a 28%. Contudo, é de registar que estão em curso obras de reabilitação de troços entre Bissau e Quebo, que se espera que favoreça a dinamização socioeconómica da região sul.

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II. O PROJECTO WONCAME Na República da Guiné-Bissau, a existência de crises de âmbito sociopolítico e económico tem evidenciado um carácter cíclico, condicionando tanto o bom funcionamento

das

desenvolvimento.

instituições

Além

das

como

iniciativas

a

prossecução

públicas

do

destinadas

processo a

reduzir

de os

desequilíbrios regionais, que diferenciam os meios rural e urbano, tem sido evidenciada a inexistência de uma estratégia integrada e sustentável para a promoção do desenvolvimento rural. O mundo rural é caracteristicamente marcado pela irregularidade no acesso ao conhecimento e à formação, a meios técnicos e materiais que facilitem a modernização dos processos produtivos, garantindo a segurança alimentar através da melhoria e do aumento das quantidades produzidas. “Woncame - Garantir o Acesso, Disponibilidade e Utilização de Bens Alimentares nos Sectores de Bedanda e Cacine - Região de Tombali” é um Projecto de Segurança Alimentar implementado por uma Parceria de Desenvolvimento (PD), constituída por Organizações Não Governamentais de Desenvolvimento, sendo uma portuguesa, o Instituto Marquês de Valle Flôr (IMVF), e uma guineense, a Acção para o Desenvolvimento (AD), através de financiamento concedido pela Comissão Europeia (CE), linha de financiamento 21.02.02.

1. OBJECTIVOS O Projecto Woncame foi desenvolvido no quadro de um plano alargado que tem vindo a ser implementado, desde 1992 pela AD, na Região de Tombali, denominado de «Programa Integrado de Cubucaré». Este Programa integrado22 visa garantir a segurança alimentar nos sectores de Bedanda e Cacine, concentrando esforços e recursos numa área geográfica tradicionalmente caracterizada pelo isolamento e distância. O objectivo geral do Projecto consistiu em “contribuir para a redução da pobreza e o desenvolvimento socio-económico das comunidades na região de Tombali”, sendo o objectivo específico “garantir a segurança alimentar e nutricional através do acesso, disponibilidade e utilização estável de bens alimentares nos sectores de Bedanda e Cacine” (IMVF, 2006: 11). 22

O desenvolvimento do Projecto Woncame é articulado com o “Projecto U’anan, Construir o Desenvolvimento Comunitário Sustentável na Região de Tombali: Ecoturismo e Cidadania”.

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Os Grupos Alvo do Projecto previamente identificados como beneficiários directos (IMVF, 2006) foram os agricultores, os pescadores, os proprietários de gado, os utilizadores de tecnologias de transformação e conservação, maioritariamente mulheres, os órgãos da UAC, os vendedores dos lumus e de lojas comunitárias, os técnicos da Direcção Regional de Agricultura, os técnicos AD e a população em geral de Bedanda e Cacine. Os beneficiários indirectos podem ser considerados como a população residente em 46 tabancas do sector de Bedanda23 e 22 do sector de Cacine24 que perfazem um total estimado de 26.504 habitantes (IMFV, 2006). Os resultados esperados com a prossecução da implementação do Projecto, descritos pela PD, foram o aumento e a diversificação da produção agropecuária, a melhoraria da capacidade de consumo das famílias como meio de incrementar os índices nutricionais da população, a dinamização dos circuitos locais e regionais de comercialização da produção e o reforço das organizações locais25 dos dois Sectores abrangidos. A prossecução dos objectivos e a assumpção dos resultados esperados pressupunha o seguimento de um conjunto alargado de actividades (IMVF, 2006), entre as quais a criação das condições necessárias para incrementar a produção das culturas alimentares, permitindo satisfazer necessidades básicas e, de forma associada, o rendimento das famílias. Desta forma, a introdução de tecnologias adaptadas foi considerada como um dos requisitos, por serem concebidas

como promotoras

de modernização do

processo

produtivo

e

facilitadoras do desempenho das diferentes actividades, sendo simultaneamente simples e de baixo custo. Dado que uma parte da população local da Região desenvolve actividades socioprofissionais relacionadas com a pesca, o Projecto procurou também dinamizar e reforçar o sector, assim como estimular os circuitos de comercialização através do desenvolvimento do conceito de rede comercial.

23

24

25

Tubandim, Iemberem, Farosadjuma, Guiledje, Cabedú, Cafal, Darauda, Gadembel, Cadique, Catchamba, Cates, Camarempu, Socobol I e II, Calaque Balanta, Cabante, Cananine, Iaca, Cabalaque, Atanha, Urpata Sahel, Kindia, Lautchande, Casibetche, Darsalam, Cassintcha, Farim, Sintchur Toma, Saleiro, Medjo, Catrip, Cunfa, Cabante, Sintchur Caramba, Quebo Setuba, Gandêmbel, Ilha de Melo, Camecote, Cafine, Flaque Indjam, Benduco, Cautchinque, Ponta Nobo, Djauia, Catoncer, Calaque I Cameconde, Gadamael-Porto, Caboxanque, Cassumbe, Afia, Gã Turé, Bricama, Sanconha, Djana, Djabicunda, Campeane, Cassumba, Pampairé, Bricama, Cacafal, Caunepo, Cambeque, Cassaca, Campo, Calaque II, Pante Butchubi, Cabascan O reforço de organizações locais é efectuado através da União dos Agrupamentos de Cantanhez (UAC), oficialmente criada em 2005 e resultando da associação de diferentes organizações locais, grupos de interesses e redes temáticas.

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De forma complementar, e dadas as características ambientais da Região, através das acções do Projecto, uma das preocupações da PD consistiu na criação de condições favoráveis ao repovoamento pecuário, bem como a uma gestão

sustentável

de

recursos

naturais,

que

incluía

reflorestação

em

determinadas zonas. Não menos importante do que as acções direccionadas para o incremento produtivo e a diversificação do consumo das famílias foi a preocupação evidenciada com a descentralização e o fortalecimento institucional das organizações locais, que permitisse valorizar as identidades socioculturais dos grupos comunitários envolvidos.

2. METODOLOGIA A implementação do Projecto e a prossecução das actividades programadas a nível

local

participativa

e

regional

fundamentaram-se

em

requerendo

envolvimento

directo

metodologias dos

de

natureza

Grupos-Alvo

com

responsabilização. Desta forma, e para viabilizar uma participação activa, consciente e responsabilizada dos actores socioeconómicos implicados, tanto a nível individual como comunitário, em todas as fases do Projecto previu-se o incentivo ao envolvimento dos beneficiários, dos representantes das autoridades tradicionais e administrativas, bem como das organizações comunitárias de base. A opção metodológica adequou-se aos objectivos do Woncame no que respeita à promoção de uma apropriação socioeconómica que implicasse a criação de condições para o reconhecimento da capacitação gerando, a longo prazo, autonomia

produtiva.

O

objectivo

da

segurança

alimentar

e

nutricional

pressupunha um conhecimento real e directo da realidade socioeconómica e nutricional dos Grupos-Alvo, incluindo as condições produtivas e de vida. Ao longo do tempo, a PD tem comprovado dispor de experiência, conhecimento directo e capacidades para implementar os princípios metodológicos defendidos e favoráveis ao desenvolvimento de base local e de natureza participativa, envolvendo de forma responsável uma grande diversidade de actores. Por característica, o trabalho em parceria evidencia as capacidades de todos os parceiros e valoriza o desempenho dos actores locais por se reconhecer que são estes quem melhor conhece as dinâmicas comunitárias, as carências, as necessidades e as potencialidades.

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A metodologia adoptada para a implementação do Projecto no terreno seguiu um critério múltiplo e complementar, com base no prévio planeamento das acções a desenvolver, identificadas a partir da elaboração de um diagnóstico. Face aos objectivos do Projecto, previu-se que, de todos os grupos socioprofissionais envolvidos, fossem valorizados dois Grupos-Alvo, habitualmente classificados como vulneráveis face à pobreza: - as mulheres, por desempenharem uma função de relevo na produção em meio rural, sendo-lhes tradicionalmente atribuída a dupla responsabilidade de assegurar o rendimento familiar e de garantir a estabilidade da família, nomeadamente através do cuidado e atenção dedicados aos filhos; - os jovens, por representarem um grupo potencial na prossecução do desenvolvimento, tanto pela força

como pela capacidade de trabalho em

termos presentes e futuros. No caso das mulheres, o envolvimento no Projecto tinha subjacente a inerente capacidade de captar recursos susceptíveis de assegurar a subsistência e a manutenção da família, associada à apetência para o trabalho. Os benefícios a favor deste grupo representam, de forma natural e imediata, uma nova oportunidade para aquisição de rendimento familiar com possibilidade de melhorar o nível nutricional, em particular dos filhos, através da oferta de uma dieta alimentar mais equilibrada, com efeitos sustentáveis de curto, médio e longo prazo. A situação dos jovens é diferente, já que, além de se procurar o envolvimento e a dinamização socioeconómica regional pela via produtiva, torna-se evidente a preocupação com a definição de alternativas e novas oportunidades para um grupo que tem vindo a confrontar-se com dificuldades acrescidas em definir estratégias por não dispor de meios autónomos de subsistência. Em muitos casos, os jovens vivem em estreita dependência da família, coabitando ou não com a família alargada, optando por meios informais e paralelos de aquisição de rendimento. Desde o início, o Projecto Woncame previa uma intervenção de acordo com uma abordagem integrada da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), envolvendo várias áreas de actuação, entre as quais a produção, o armazenamento, a transformação, a comercialização, a geração de rendimentos, a educação

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nutricional e a gestão sustentável dos recursos naturais, de forma a interligar os quatro principais pilares da SAN (IMVF, 2006; Klennert, 2006):

- a Disponibilidade: refere-se à existência de suficiente quantidade de alimentos de várias resultado

produção,

da

oferta

combinado nos

da

auto-

mercados

e

mecanismos de ajuda alimentar;

- o Acesso: remete para a capacidade de obter

UTILIZAÇÃO ESTABILIDADE

qualidades,

SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

ACESSO

alimentos apropriados a um regime alimentar nutritivo, o que depende do nível de recursos dos agregados familiares, dos preços praticados bem como do contexto físico, social e político;

DISPONIBILIDADE

- a Utilização: diz respeito à compra, preparação, consumo e repartição dos alimentos no seio familiar, em que questões como a repartição desigual dos alimentos e a composição das refeições são aspectos a ter em conta. Remete também para a utilização biológica dos alimentos, dependendo por isso de factores não estritamente alimentares, como conhecimentos no âmbito da nutrição, condições de higiene, ambientais, acesso a água potável e a serviços de saúde.

- a Estabilidade: corresponde à dimensão temporal da SAN e interage com cada um dos três pilares, permitindo compreender o conceito de vulnerabilidade, nomeadamente pela possibilidade de qualificar o tipo de insegurança alimentar observado (crónica ou transitória e, dentro desta, cíclica/sazonal ou temporária). A implementação do Projecto pressupunha o cumprimento de um conjunto de fases em que eram desenvolvidas as actividades programadas. Numa fase inicial ou de curto prazo, deveriam ser criadas as condições necessárias para garantir a segurança alimentar nas comunidades de Bedanda e de Cacine. Assim, procurou-se aumentar a produtividade das culturas agrícolas tradicionais, através da introdução de práticas melhoradas, supressão de condicionantes

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hídricas, em particular durante a estação seca, introdução de práticas de cultivo ajustadas às características dos solos e de um programa adequado de selecção, multiplicação e distribuição de sementes. Paralelamente, previa-se a realização de ensaios através da criação de campos de demonstração que certificassem a adaptação das culturas de elevado interesse alimentar, mediante a quantificação dos aumentos de produtividade, introduzindo também acções de reflorestação. Por outro lado, estava prevista a criação de um Programa Piloto vocacionado para

a

dinamização

das

condições

necessárias

para

promoção

do

desenvolvimento da pecuária com repovoamento e controle da produção animal valorizando a componente sanitária, no que respeita a acções de vacinação e desparasitação. Tanto no que respeita à produção agrícola como piscatória, a transformação, a conservação,

o

armazenamento

e

a

comercialização

revelaram-se

como

actividades complementares e fundamentais, assegurando que, em períodos de irregularidade produtiva, não se verificassem situações de carência alimentar e que as famílias dispusessem de recursos suficientes para possibilitar a introdução nos mercados locais. Visto que uma das preocupações implícitas ao desenvolvimento das actividades era

a

valorização

dos

circuitos

comercialização nos quatro pólos

comerciais,

era

previsto

o

incentivo

à

locais e regionais de desenvolvimento

comercial considerados (Iemberem, Cabante, Cameconde e Caboxanque) tanto em lumus e mercados locais como em lojas comunitárias, estimulando o empreendedorismo e a dinamização do sector privado. Neste sentido estava prevista a construção de um mercado em Gandembel, que foi efectivada. Como forma de valorizar os objectivos do Projecto, previa-se a construção de poços protegidos, bem como a promoção da saúde e da nutrição, mediante a organização de acções formativas, informativas e de sensibilização comunitária. A gestão dos benefícios a introduzir e a capacitação foi uma responsabilidade atribuída a uma equipa da AD que acompanhou localmente e em permanência a implementação do Projecto, assim como todos os procedimentos de reforço das organizações de base comunitária, prosseguidos e acompanhados pelos técnicos locais.

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3. DEFINIÇÃO DO PERFIL DO BENEFICIÁRIO DO PROJECTO De acordo com o perfil da amostra, aleatória e de base geográfica, a selecção das tabancas visitadas e a identificação dos inquiridos respeitou o princípio da repartição percentual dos benefícios (cf. Quadro nº 1): 78,5% em Bedanda e 21,5% em Cacine. O beneficiário do Projecto Woncame (cf. Quadro nº 3) reside em meio rural (99,5% em média), situação confirmada após se proceder à análise por Sector, dado que a totalidade dos inquiridos de Cacine e 99,3% dos residentes em Bedanda afirma residir em meio rural.

Quadro nº 3 – Identificação do meio de residência dos inquiridos por Sector, 2007-9 MEIO SECTOR Rural Urbano NR Bedanda 99,7% 0,0% 0,3% 2007 Cacine 100,0% 0,0% 0,0% TOTAL 99,8% 0,0% 0,2% Bedanda 98,9% 1,1% 0,0% 2009 Cacine 100,0% 0,0% 0,0% TOTAL 99,1% 0,9% 0,0%

A maioria dos inquiridos, considerando-se os dois períodos em análise, é do sexo masculino (63,8%), havendo uma maior incidência em Bedanda (66,4% em média) do que em Cacine (52,1% em média), podendo ainda ser definido como adulto jovem já que, em média, 60,9% tem idade compreendida entre os 18 e os 45 anos. De uma forma geral, os inquirido enquadram-se na categoria da população activa, sendo de destacar que a percentagem dos que têm idade superior a 65 anos é pouco relevante. A análise da pertença étnica do total dos inquiridos evidencia repartição por uma grande diversidade de grupos (cf. Quadro nº 4), com variações, que contudo são pouco significativas na maior parte dos grupos listados. Destacam-se como predominantes, de forma particular e em média para os dois períodos considerados, os Balanta (26,0%), Fula (19,7%), os Nalu (15,5%), os Tanda (11,4%) e os Sosso (10,7%).

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Quadro nº 4 – Pertença étnica do inquirido por Sector, 2007-9 2007 2009 Bedanda Cacine Média Bedanda Cacine Baga 0,0% 0,8% 0,2% 0,0% 0,0% Baiote 0,3% 0,0% 0,2% 0,0% 0,0% Balanta 21,9% 11,6% 19,0% 35,0% 20,6% Beafada 0,9% 3,9% 1,8% 5,3% 12,7% Bijagós 0,0% 0,0% 0,0% 0,5% 0,0% Felupe 0,3% 0,0% 0,2% 1,9% 0,0% Fula 29,9% 21,7% 27,6% 11,7% 12,7% Landuma 0,3% 0,0% 0,2% 0,0% 0,0% Mandinga 4,0% 10,1% 5,7% 3,2% 3,2% Manjaco 0,6% 0,8% 0,7% 3,4% 3,2% Nalu 13,3% 37,2% 20,1% 9,5% 12,7% Papel 0,3% 0,0% 0,2% 4,5% 1,6% Serifo 0,3% 0,0% 0,2% 2,4% 0,0% Sirifaidaba 0,3% 0,0% 0,2% 0,0% 0,0% Sosso 13,9% 4,7% 11,3% 8,5% 19,0% Tanda 11,7% 0,8% 8,6% 14,1% 14,3% NR 1,9% 8,5% 3,8% 0,0% 0,0%

Média 0,0% 0,0% 33,0% 6,4% 0,5% 1,6% 11,8% 0,0% 3,2% 3,4% 10,0% 4,1% 2,0% 0,0% 10,0% 14,1% 0,0%

No que respeita ao estado civil, 73% do total de inquiridos afirmam ser casados ou viver em situação conjugal, sendo relevante a falta de expressão dos separados ou divorciados que, após a assumpção dessa situação, não coabitam conjugalmente (3,7% do total). Em média, 75,9% dos casados são adultos com idade superior a 26 anos e inferior a 55, contrariando a tendência dos viúvos (72,2%) com idades superiores a 56 anos, situando-se a maioria dos solteiros no grupo etário mais jovem (56% entre os 18 e os 25 anos). A maioria dos inquiridos tem filhos (86,6%), com os quais coabita (40,4%) sendo que, do total, dos que são pais, 93,4% tem idade superior a 26 anos. De forma coincidente, apenas no grupo dos solteiros prevalece a ausência de filhos. Dos inquiridos que têm filhos, a maioria manifesta cuidado em controlar o peso (78,3%), sendo que, destes casos, 84% o fazem em unidades oficiais de saúde, nomeadamente em Centros de Saúde (69,3% em média) ou Hospitais (0,3%), sendo de destacar que de 2007 para 2009, a procura de serviços dos Centro de Saúde aumentou substancialmente (de 46,8% em 2007 para 91,7 em 2009). A periodicidade na pesagem dos filhos é tendencialmente mensal (52,8% em

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média), já que apenas 14,8% indicam ter este tipo de cuidados com maior frequência (17,2% de 15 em 15 dias e 0,8% semanalmente), sendo de referir que 16,5% referem tempos mais alargados, entre 3 meses e 1 ano. O tempo dispendido entre a residência e as unidades de saúde mais próximas apresenta algumas diferenças em função das situações (cf. Quadro nº 5) contudo, para a maioria das respostas válidas, é indicado um tempo inferior a uma hora para qualquer um dos equipamentos sociais considerado. Do ponto de vista sectorial, em Bedanda a tendência é de reforço dos valores registados para o total (35,6% para o posto de saúde e 39,5% para o hospital), repartindo-se as restantes respostas válidas entre uma e mais de três horas. Em Cacine, para o posto de saúde, a análise não parece ser conclusiva já que se regista uma alternância entre os tempos considerados de 2007 para 2009, sobretudo no caso dos Centros de Saúde. Quadro nº 5 – Tempo despendido até Unidades de Saúde por Sector, 2007-9 2007 2009 Centro Saúde BEDANDA CACINE BEDANDA CACINE até 1 hora

36,1%

14,0%

35,0%

0,0%

6,5% 2,8%

15,5% 7,8%

17,0% 1,6%

0,0% 22,2%

4,9% 49,7%

0,0% 62,8%

2,1% 44,3%

61,9% 15,9%

até 1 hora 1 a 2 horas

34,9% 5,2%

46,5% 23,3%

44,0% 15,9%

19,0% 14,3%

2 a 3 horas + 3 horas

8,6% 5,2%

11,6% 0,0%

10,6% 5,3%

11,1% 3,2%

46,0%

18,6%

24,1%

52,4%

1 a 2 horas 2 a 3 horas + 3 horas Não sabe/NR Hospital

Não Sabe/NR

Em média, o agregado familiar dos inquiridos é de grandes dimensões, estruturando-se em família poligâmica alargada, sendo constituído por 2 ou 3 cônjuges (32,3%), mais de 4 filhos (32,4%), 1 a 3 ascendentes directos (24,3%) e 1 a 3 irmãos (28,7%). De uma forma global, a população inquirida detém um baixo nível escolar, evidenciado por uma elevada percentagem de indivíduos que não sabem ler nem escrever (52,9%) ou sabem ler sem ter concluído grau de ensino (22,1%). É de

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destacar que os graus de ensino médios ou superiores são praticamente inexistentes, perdendo qualquer importância em 2009. Quadro nº 6 – Escolaridade do inquirido por Sector, 2007-9 2007 2009 ALFABETIZAÇÃO BEDANDA CACINE BEDANDA CACINE Não sabe ler nem escrever Sabe ler sem grau

50,6% 12,0%

54,3% 23,3%

51,2% 32,6%

55,6% 20,6%

Primário completo

8,0%

13,2%

13,5%

19,0%

Ensino Médio Ensino Secundário

0,3% 10,5%

1,6% 3,9%

0,0% 1,6%

0,0% 4,8%

Superior incompleto NR

0,0% 18,5%

2,3% 1,6%

0,0% 1,1%

0,0% 0,0%

Na generalidade, o tempo dispendido entre o local de residência e a escola mais próxima é inferior a uma hora (64,5% do total), não havendo alterações significativas na análise por Sector. É contudo de referir um valor significativo para Não Respostas (25,5% no total).

4. CARACTERIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE BEM-ESTAR DAS FAMÍLIAS As condições de habitabilidade dos inquiridos podem ser definidas como muito precárias, independentemente do Sector em análise. Em média, e para o total dos inquiridos, o material utilizado na construção da habitação é o barro (98,7%), repartindo-se o telhado entre a palha (57,2%) e o zinco (41,5%).

Quadro nº 7 – Caracterização das condições de habitabilidade por Sector, 2007-9 CASA TELHADO

2007 2009

SECTOR Bedanda

Barro 96,9%

NR 3,1%

Palha 67,9%

Zinco 28,7%

NR 3,7%

Cacine

98,4%

1,6%

61,2%

38,0%

0,8%

99,5% 100,0%

0,5% 0,0%

55,4% 44,4%

43,5% 55,6%

1,1% 0,0%

Bedanda Cacine

Da análise sectorial (cf. Quadro nº 7), evidencia-se uma correspondência entre os valores apresentados para os dois sectores e a média global, registando-se apenas uma variações no que respeita à cobertura das habitações.

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No que respeita às infra-estruturas de saneamento básico (cf. Quadro nº 8), a maioria dos inquiridos afirma dispor de latrina na tabanca (75,1%), sendo praticamente inexistente no interior das habitações (em média, apenas 17,2% do total). A análise desagregada evidencia a existência de latrinas na habitação para qualquer um dos sectores apenas na primeira fase da inquirição. Relativamente a outras infra-estruturas, é importante destacar que a existência de gerador é apenas referenciada na primeira fase, em 2007, se bem que mesmo nesta altura de forma residual (2,4% em média), sem que existam registos de disponibilidade de energia no interior das habitações.

Quadro nº 8 – Identificação de infra-estruturas de saneamento básico por Sector, 20079 CASA

2007 2009

SECTOR Bedanda

Latrina 29,9%

Gerador 0,0%

Nenhuma 0,0%

NR 70,1%

Cacine Bedanda

38,8% 0,0%

0,0% 0,0%

3,1% 99,7%

58,1% 0,3%

0,0% 98,4% TABANCA

1,6%

Cacine SECTOR

0,0% Latrina

Gerador

Nenhuma

NR

2007

Bedanda Cacine

66,4% 47,3%

0,9% 3,9%

0,0% 0,0%

32,7% 48,8%

2009

Bedanda Cacine

94,4% 92,1%

0,0% 0,0%

5,3% 6,3%

0,3% 1,6%

Indiferentemente do Sector considerado, a disponibilidade de água doce e potável permanece muito condicionada, não sendo um recurso de acesso generalizado para toda a população (cf. Quadro nº 9). A maioria dos inquiridos tem acesso a água doce através de poço protegido (44,4%) ou furo com bomba (37,4%). É, contudo, de destacar que a acessibilidade por furo com bomba foi incrementada de 2007 (32,1%) para 2009 (42,7%), com particular relevância para os inquiridos que residem em Cacine. Da mesma forma, os residentes em Bedanda passaram a ter um acesso mais alargado a poço protegido. A análise permite ainda perceber uma menor procura de água através de torneira pública, o que pode resultar de um aumento dos poços e dos furos. No que respeita à forma de recolha de água percebem-se algumas diferenças em função do período em análise, registando-se um aumento das formas tradicionais

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de captação, mais relevantes em Bedanda do que em Cacine: em 2009, em Bedanda, 14,3% recolhe água da chuva e 2,1% recorre a rios e cursos de água, enquanto que ou capta em rios e lagoas em Cacine, enquanto que em Cacine, 12,7% captam água da chuva e 1,8% de rios. Esta situação parece ser de extrema relevância visto que dois anos antes, a procura de água através destes meios era muito reduzida.

Quadro nº 9 – Acesso a água doce por Sector, 2007-9 2007 2009 ACESSO A ÁGUA Bedanda Cacine Bedanda Cacine Furo com Bomba Poço Protegido

27,8% 40,7%

36,4% 43,4%

29,7% 52,3%

55,6% 41,3%

1,5%

9,3%

14,3%

12,7%

Rio, lagoa Torneira Pública

0,3% 12,0%

1,6% 8,5%

2,1% 0,0%

1,8% 0,0%

NR

17,6%

0,8%

1,6%

1,4%

Recolha da Chuva

Independentemente do Sector (cf. Quadro nº 10), a maioria dos inquiridos não necessita de se deslocar para fora da tabanca ou do aglomerado de residência para captação de água doce destinada ao consumo (72,7% no total), sendo ainda de destacar que esta situação foi alvo de melhorias de 2007 (66,2%) para 2009 (85,2%). Da mesma forma, o valor dos que necessitam de proceder a uma deslocação foi substancialmente reduzido (de 31,8% em 2007 para 13,6% em 2009).

Quadro nº 10 – Tempo despendido para obtenção de água doce por Sector, 2007-9 2007 2009 TEMPO DE RECOLHA DE ÁGUA Bedanda Cacine Bedanda Cacine 0 a 1 hora 1 a 2 horas

28,1% 3,1%

19,4% 14,0%

34,5% 11,9%

6,3% 0,0%

2 a 3 horas

0,3%

0,0%

3,4%

0,0%

0,3% 68,2%

0,0% 66,7%

0,8% 49,3%

0,0% 93,7%

+ 3 horas Não Sabe/NR

Em média, o tempo dispendido na recolha de água, incluindo as deslocações de ida e regresso e a captação, são inferiores a uma hora (22,1%), situação mais evidente na evolução positiva registada em Bedanda (de 28,1% em 2007 para - 31 -

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24,5% em 2009). No caso de Cacine, detecta-se uma quebra substancial nos inquiridos que indicam demorar menos de uma hora de tempo (de 19,4% em 2007 para 6,3% em 2009) que, contudo, não é preenchida por tempos mais elevados, já que valor das não respostas é muito elevado (93,7% em 2009). De uma forma geral, esta questão é pouco respondida, havendo, no total, 69,5% de inquiridos que não apresenta qualquer resposta. No que respeita às principais fontes de energia utilizadas para consumo quotidiano, a maioria dos inquiridos recorre a lenha (ao longo dos dois períodos, em média, 78,2% em Bedanda e 73,7% em Cacine), sendo considerada muito importante. No que respeita aos restantes recursos, o carvão é o segundo mais utilizado e classificado como importante (em média, 25,3% em Bedanda e 17,6% em Cacine). As restantes fontes de energia não apresentam significado para a análise, sendo mesmo de destacar uma ausência no que respeita ao gás e à electricidade. A forma de obtenção de lenha destinada ao consumo doméstico é comum aos dois Sectores, em que os inquiridos indicam a recolecção directa (96,1%). No que respeita ao maior contributo para a aquisição do rendimento familiar (cf. Quadro nº 11), as respostas centram-se no próprio (52,1% em média), com particular valorização em Bedanda de 2007 (38,9%) para 2009 (72,4%). Seguidamente, a pessoa que mais contribui para a aquisição de rendimento familiar é o cônjuge ((33,5% em média), percebendo-se uma desvalorização em Bedanda (de 46,9% em 2007 para 15,4% em 2009) e um incremento em Cacine (de 28,7% em 2007 para 42,9% em 2009).

Quadro nº 11 – Contributo para o rendimento familiar por Sector, 2007-9 2007 2009 > Contributo Rendimento Bedanda Cacine Bedanda Cacine Próprio 38,9% 57,4% 72,4% 39,7% Cônjuge 46,9% 28,7% 15,4% 42,9% Filhos 5,2% 6,2% 5,8% 11,1% Irmãos 1,5% 0,8% 2,4% 4,8% Pai/Mãe 4,3% 3,9% 3,2% 0,0% Outros 0,0% 0,8% 0,3% 0,0% NR 3,1% 2,3% 0,5% 1,6%

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A principal actividade profissional dos inquiridos (cf. Quadro nº 12) enquadra-se no sector primário, destacando-se a agricultura (44,8% em média), a produção animal (31% em média) e a pesca artesanal (11,8% em média). De forma paralela, as actividades de comércio parecem adquirir importância, dado que, do total, 9,1% dos inquiridos as refere. A análise por Sector permite perceber algumas variações, nomeadamente: - Uma desvalorização das actividades agrícolas em Bedanda (de 56% em 2007 para 34,4% em 2009) e da produção animal (de 33.7% em 2007 para 25,4% em 2009) compensada pela revalorização da pesca artesanal (de 5% em 2007 para 19,6% em 2009), das actividades de transformação (de 0,4% em 2007 para 5,2% em 2009) e do comércio (de 3,7% em 2007 para 13,5% em 2009). Quadro nº 12 – Principal actividade profissional do inquirido, 2007-9 2007 2009 Actividade Agricultura

Bedanda 56,0%

Cacine 45,5%

Bedanda 34,4%

Cacine 43,2%

33,7% 5,0%

29,4% 7,5%

25,4% 19,6%

35,6% 15,2%

Transformação artesanal Artesanato

0,4% 1,3%

1,8% 1,1%

5,2% 0,0%

0,8% 0,0%

Comércio

3,7%

14,7%

13,5%

4,5%

Caça

0,0%

0,0%

2,0%

0,8%

Produção Animal Pesca artesanal

- Em Cacine, uma revalorização da produção animal (de 29,4% em 2007 para 35,6% em 2009), da pesca artesanal (de 7,5% em 2007 para 15,2% em 2009), associada a uma desvalorização do comércio (que decresce de 14,7% em 2007 para 4,5%). De forma coincidente, os membros do agregado familiar desenvolvem actividades profissionais enquadradas pelo sector primário, independentemente do área geográfica de residência e do grau de parentesco.

Quadro nº 13 – Propriedade de terra com usufruto por Sector, 2007-9 2007 2009 Proprietário de Terra Bedanda Cacine Bedanda Cacine Próprio Outro membro da família

76,9% 13,6%

81,4% 8,5%

68,4% 5,8%

63,5% 0,0%

Não

3,4%

8,5%

13,3%

27,0%

NR

6,2%

1,6%

12,5%

9,5%

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A maioria dos inquiridos é proprietária de terra (em média, 72% do total), evidenciando-se um decréscimo nesta condição, de 2007 (79,2% em média) para 2009 (66%). De registar que, dos inquirido que têm propriedade e usufruto de terra (cf. Quadro nº 14), a principal forma de aquisição é herança (70,7% em média), seguindo-se a doação (13,2%). De todas as formas consideradas, a compra é a menos referenciada (4,8%), sendo contudo de anotar um acréscimo nas não respostas (de 0,4% em 2007 para 22,3% em 2009).

Quadro nº 14 – Identificação das formas de aquisição de propriedade, 2007-9 Forma de 2007 2009 Aquisição Compra 3,2% 6,4% Doação 11,8% 14,6% Herança NR

84,6% 0,4%

56,7% 22,3%

No que respeita ao tempo de usufruto das terras, pode destacar-se que a maioria dos proprietários (40,9% em média) refere dispor deste recurso produtivo há mais de 3 anos, seja por usufruto directo do inquirido ou de outro membro do agregado familiar. Gráf ic o nº 1 - Comparaç ão Produç ão e Consumo, Bedanda, 2007- 9 P ro d u z 2 0 0 7 C o n s o me 2 0 0 7

35%

P ro d u z 2 0 0 9 C o n s o me 2 0 0 9

30%

25%

20%

15%

10%

5%

a Ca ç

s O st ra

o ar ã Ca m

ix e Pe

e Av

Su ín o

Ca pr in o

vi no Bo

Fr ut a

ul tu ra

or tic

in os as

H

cu lo s

Le gu m

is

Tu bé r

Ce re a

Ar ro

z

0%

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ESTUDO SOCIOECONÓMICO DAS CONDIÇÕES DE BEM-ESTAR DAS FAMÍLIAS NOS SECTORES DE BEDANDA E CACINE Projecto Wancame – Garantir o acesso, disponibilidade e utilização estável de bens alimentares nos sectores de Bedanda e Cacine – Região de Tombali – Guiné-Bissau

A análise dos Gráficos nº 1 (Bedanda) e 2 (Cacine) permite constatar que de 2007 para 2009 se registam algumas mudanças na relação entre a produção e o consumo dos inquiridos. No que respeita à produção em Bedanda, regista-se uma evolução positiva para produtos como os hortícolas, a fruta, o peixe, o camarão e os suínos, percebendo-se mesmo que no arroz, cereais, produtos hortícolas e frutícolas, passou a haver excedentes relativamente ao consumo. Esta situação indicia bons resultados do Projecto Woncame, já que os dois períodos em avaliação são a fase inicial e a final. Grá fico nº 2 - Co mp a ra çã o Pro d uçã o e Co nsumo e m Ca cine , 2007-9 Pro d uz 2007

30%

Co nso me 2007 Pro d uz 2009

25%

Co nso me 2009

20%

15%

10%

5%

Ca ça

O st ra s

Ca m ar ão

Pe ixe

Av e

Su ín o

Ca pr in o

o Bo vin

Fr ut a

Tu bé rc ul os Le gu m in os as Ho rti cu lt u ra

Ce re ai s

Ar ro z

0%

No caso de Cacine, o cenário é semelhante ao de Bedanda no que respeita à evolução da produção, registando-se um incremento nos mesmo produtos, sendo de destacar que, comparativamente em 2009, ou seja no final do Projecto, é mais evidente a sustentabilidade da produção por referência ao consumo em produtos como o arroz, cereais, hortícolas e frutícolas. No que respeita às quantidades produzidas de produtos agrícolas, cerealíferos, hortícolas, frutícolas e piscícolas registam-se, para todos os produtos, valores médios anuais indicativos baixos até aos 100 Kg. A única excepção ocorre com o arroz (em 2009, em média, 38,5% dos inquiridos produzem mais de 500 Kg). - 35 -

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Contudo, é de referir que as não respostas a todas as questões sobre quantidades produzidas são muito elevadas, variando em função do Sector e do produto considerado. Do total de inquiridos, a maioria indica produzir caju (60,5%), dispondo de áreas de cultivo de pequenas dimensões, entre os 2 a 3 hectares (20,9%) ou menores (6,8%), sendo, contudo, de regitar que em 2009 o número de inquiridos que afirma produzir em mais de 4 hectares foi substancialmente incrementada (15,9%). Da mesma forma, o número dos que produzem mais de 5.000 Kg foi também alvo de aumento (2,6% em 2007 e 28,9% em 2009). O preço médio de venda do caju26 indicado pelos inquiridos apresenta fortes variações, sendo maioritariamente baixo não permitindo a rentabilização da produção, já que o valor indicativo se situa entre os 0 e os 100 CFA (28,8%), ou entre 101 e 300 CFA, que em 2009 recolhe a maioria (52,5%). Apesar da criação de gado ser comum à maioria dos inquiridos, o número de animais é, tal como sucede com a produção agrícola, reduzido. No caso da população abrangida pelo Woncame, o consumo familiar apresenta-se superior à produção. Em termos globais (cf. Quandro nº 15), pode dizer-se que, na fase inicial do Projecto, o gado produzido não era sujeito a vigilância sanitária (67,5%), registando-se uma inversão da tendência em 2009 (75,4% do gado era vigiado e sujeito a acções de vacinação ou de desparasitação.

Quadro nº 15 – Vigilância sanitária por sector, 2007-9 2007 2009 Vigilância sanitária Bedanda Cacine Bedanda Cacine Sim Não

1,5% 61,1%

0,0% 83,7%

77,7% 13,5%

73,0% 25,4%

NR

37,3%

16,3%

8,8%

1,6%

Também é interessante destacar que, neste caso, as não respostas diminuiram, evidenciando uma alteração no comportamento dos inquiridos no que respeita ao tratamento e à vigilância sanitária dos animais. No que respeita à entidade que realiza o controle sanitário do gado, na fase inicial, 60% referia recorrer a veterinário e 20% a outro agente sanitário. Na fase final, parece haver consenso, com referência à AD (67,3%). 26

Os preços apresentados referem-se a Francos CFA, cuja cotação é de 1 euro = 655,957 CFA.

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No

que

respeita

ao

tipo

de

controle,

em

2007,

a

vacinação

ocorria

prioritariamente em gado bovino (60%) e de forma secundária no gado caprino (20%), enquanto que, no que respeita à desparasitação, e verificava apenas a inclusão do gado bovino neste tipo de intervenção. Em 2009, registou-se uma alteração neste cenário: o gado caprino passou a ser mais objecto de vacinação (43,4%), quase em paralelo com o gado bovino (41%), enquanto que a desparasitação é mais vocacionada para o caprino (64%). A maioria dos inquiridos vende os bens que produz, registando-se uma evolução francamente positiva: em 2007, apenas 67,1% refere vender os produtos; em 2009, o valor aumentou para 85%. Em qualquer dos períodos considerados registam-se variações entre os sectores analisados, com preponderância em Cacine (72,9% em 2007 e 98,4% em 2009) face a Bedanda (64,8% em 2007 e 71,6% em 2009). Dos que vendem a produção, registou-se também uma evolução positiva no que respeita à prática da actividade em mercados e lumus (de 58,6% em 2007 para 66,9% em 2009), com decréscimo de importância das tabancas (de 38,8% em 2007 para 30,7% em 2009), não evidenciando expressão os outros locais considerados. A maioria dos inquiridos revela conhecer o destino das vendas, registando-se uma forte variação de possibilidades, incluindo o consumo local, Bissau e outros destinos nacionais, tais como Gabu, Bafata, Mansoa, Buba e Bambadinca, mas também destinos fronteiriços como a Guiné-Conacri e o Senegal. A distância em relação ao lumu apresenta variações significativas de 2007 para 2009, tendo, em média, diminuído os tempos de deslocação (em 2007, 26,7% demorava entre 1 e 2 horas e 22,1% menos de uma hora, enquanto que em 2009, 46,8% demora entre 1 e 2 horas e 31,2% menos de uma hora). De realçar em função do sector considerado que, para os inquiridos de Bedanda, as respostas repartiam-se, na primeira fase, de forma mais ou menos equitativa entre as possibilidades consideradas (16,4% entre 2 e 3 horas; 14,5% entre 1 e 2 horas; 13,9% até uma hora), e na segunda fase, 45,9%, entre 1 e 2 horas, e 33,7% até uma hora. Em Cacine, a maioria dos inquiridos centram as respostas nas hipóteses 1 a 2 horas (38,8% em 2007 e 47,6% em 2009) ou menos de 1 hora (30,2% em 2007 e 28,6% em 2009). Esta situação parece ter relação com a construção e inauguração de novos mercados e lumus como é o caso do de Gandembel.

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A maioria dos inquiridos manifesta experiência associativa, já que, em média, 60,9% integram associações locais e 5,2% cooperativas, perfazendo um total de 66,1%. A análise por períodos permite perceber uma tendência para o crescimento da vida associativa, se bem que, em média, seja posterior a 1991 (59,7%). Do total de membros, em média, 88,1% indica participar nas actividades desenvolvidas e nas reuniões, não existindo discrepâncias a registar tanto em função do sector como do período considerado na análise. Dos membros que não participam, os dados disponíveis não permitem arriscar conclusões dado os elevados índices de não respostas.

5. AVALIAÇÃO DO PROJECTO De acordo com o Quadro nº 16, a situação dos inquiridos no decorrer do Estudo perante o Woncame sofreu uma evolução no sentido da inclusão na concessão de benefícios. Em 2007, os inquiridos abrangidos pelo Woncame não ultrapassavam os 23,4%, em média, mas em 2009 percebe-se uma alteração total desta situação, já que 93,9% afirma ter beneficiado com o Projecto.

Quadro nº 16 – Benefício do Woncame, 2007-9 2007 2009 Benefício do Woncame Bedanda Cacine Bedanda Cacine Sim Não NR

42,0% 50,0%

4,7% 57,4%

87,8% 6,9%

100,0% 0,0%

8,0%

38,0%

5,3%

0,0%

Os benefícios recebidos até à data da fase de inquirição distribuem-se pelas diferentes linhas de actuação do Projecto, sendo os mais referidos os kits hortícolas (15,6%), os kits de sementes (14,1%), as descascadoras de arroz (13,4%), os kits frutícolas (10,7%), o estímulo a novos consumos (10,2%) e os instrumentos agrícolas (9,8%). Neste sentido, em termos de análise, parece ser evidente que as áreas iniciais de actuação do Woncame se têm centrado na disponibilização de recursos para a viabilização dos processos produtivos que, imediatamente, favorecem e estimulam os princípios que caracterizam o conceito de segurança alimentar.

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Da análise do Quadro nº 17, pode perceber-se que os benefícios foram muito diversificados atendendo os objectivos do Projecto, no sentido da promoção da segurança alimentar. Ao longo do tempo de vida do Projecto, os benefícios mais introduzidos foram os kits hortícolas (14,3% em média), os kits de sementes (10,5%), os instrumentos agrícolas (9,9%), as prensas de óleo (8,7%), os kits frutícolas (8,2%), as descascadoras de arroz (8%), os novos consumos (7,2%), os fundos rotativos (6,3%), os pulverizadores (3,2%), os moinhos de milho (2,9%), as acções de reflorestação (2,6%), os pesticidas (2,5%), a formação e a sensibilização (2,2% cada), os armazéns (1,7%) e, por fim, as campanhas de nutrição (1,1%).

Quadro nº 17 – Tipo de Benefício do Woncame, 2007-9 2007 2009 Benefícios Bedanda Cacine Bedanda Cacine Sementes Hortícolas

14,4% 15,4%

7,7% 23,1%

8,6% 9,9%

11,2% 8,7%

Frutícolas

10,8%

7,7%

8,4%

6,0%

Novos consumos Instrumentos

10,3% 9,6%

7,7% 15,4%

5,5% 7,3%

5,4% 7,1%

Pulverizador Pesticidas

2,3% 0,3%

0,0% 0,0%

7,3% 4,4%

3,3% 3,5%

Poço

3,0%

7,7%

9,0%

10,4%

0,8% 13,9%

0,0% 0,0%

5,0% 8,0%

2,9% 10,0%

Moinho Milho Prensa Óleo

2,8% 5,3%

0,0% 15,4%

3,5% 5,5%

5,4% 8,5%

Armazéns Formação

0,8% 1,5%

0,0% 0,0%

2,9% 2,0%

3,1% 2,9%

Sensibilização

1,5%

0,0%

3,8%

3,3%

Campanhas Nutrição Fundos Rotativos

0,8% 2,8%

0,0% 15,4%

2,0% 3,5%

1,7% 3,3%

Acções Reflorestação

4,0%

0,0%

3,4%

3,1%

Fornos Descascadora

A avaliação dos benefícios recebidos através do Projecto (cf. Quadro nº 18), parece ser pouco conclusiva: por um lado, visto que existe uma grande diversidade de itens que foram considerados ao longo dos dois momentos de avaliação, o que resulta em dispersão e perda de significância; por outro lado, porque

os benefícios mais bem avaliados são os kits agrícolas (sementes,

hortícolas, frutícolas e instrumentos agrícolas) que são os que aparentemente os inquiridos retiram resultados práticos mais imediatos.

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Quadro nº 18 – Avaliação dos Benefício do Woncame, média 2007-9 BEDANDA Mto Pouco Nada Benefícios Import. Indifer. Import. Import. Import. Sementes 12% 5% 0% 0% 0% Hortícolas Frutícolas

13% 6%

6% 6%

11% 11%

9% 2%

0% 0%

Novos consumos Instrumentos

5% 9%

5% 5%

5% 4%

0% 0%

2% 0%

Pulverizador

9%

3%

2%

0%

0%

Pesticidas Poço

5% 3%

3% 1%

0% 0%

0% 9%

0% 0%

15% 3%

2% 2%

2% 7%

0% 17%

0% 10%

Moinho Milho

6%

3%

2%

0%

0%

Prensa Óleo Armazéns

2% 2%

4% 2%

4% 4%

0% 8%

0% 40%

Formação Sensibilização

2% 2%

2% 2%

2% 0%

8% 0%

0% 0%

Campanhas Nutrição Fundos Rotativos

2% 4%

2% 1%

0% 0%

0% 0%

0% 0%

Acções Reflorestação

5%

1%

0%

0%

0% Nada Import. 0,0%

Fornos Descascadora

CACINE

Sementes

Mto Import. 11,5%

0,6%

0,0%

Pouco Import. 0,0%

Hortícolas Frutícolas

5,6% 3,7%

8,6% 4,0%

0,0% 3,9%

0,0% 0,0%

0,0% 0,0%

Novos consumos Instrumentos

1,3% 3,7%

6,7% 5,0%

15,4% 0,0%

0,0% 0,0%

0,0% 0,0%

Pulverizador Pesticidas

1,7% 6,5%

1,7% 4,0%

3,9% 0,0%

0,0% 0,0%

0,0% 0,0%

Poço

2,4%

1,2%

3,9%

0,0%

0,0%

Fornos Descascadora

6,1% 1,5%

6,3% 6,9%

0,0% 3,9%

0,0% 0,0%

0,0% 0,0%

Moinho Milho Prensa Óleo

7,6% 0,7%

2,9% 0,0%

19,3% 0,0%

0,0% 0,0%

0,0% 0,0%

Armazéns

0,4%

0,0%

0,0%

0,0%

0,0%

Formação Sensibilização

0,6% 1,3%

0,6% 0,6%

0,0% 0,0%

0,0% 0,0%

0,0% 0,0%

Campanhas Nutrição Fundos Rotativos

0,6% 1,5%

0,0% 0,6%

0,0% 0,0%

0,0% 0,0%

0,0% 0,0%

Acções Reflorestação

0,5%

1,2%

0,0%

0,0%

0,0%

Benefícios

Import.

Indifer.

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Seria esperado que as famílias tivessem usufruído de todos os benefícios previstos, sentindo-se habilitados para os comparar independentemente de perceberem os resultados no curto prazo, médio ou longo. Contudo, a análise dos dados, traduzida no Quadro nº 18, não permite definir com clareza a percepção dos inquiridos e a importância que atribuem a cada um. Assim, a análise da informação validada por tipo de benefício e por Sector requer uma leitura ponderada e criteriosa No que respeita a três benefícios considerados – o moinho de milho, a descascadora de arroz e a britadeira – evidencia-se um elevado número de não respostas que, em média e da análise global, varia entre 20,7% para o moinho em Cacine e 96,7% para a britadeira em Bedanda. Das respostas validadas percebe-se que o tempo de deslocação para a descascadora é, em média, inferior a uma hora para Bedanda (61,5%) e para Cacine (44,1%). Para usufruírem do moinho, os residentes de Bedanda deslocam-se por um período de tempo inferior a uma hora (11,1%) e os de Cacine entre 2 a 3 horas (13,5%). No que respeita à britadeira, os valores válidos não permitem extrair conclusões por não serem significativos na diferenciação (cf. Quadro nº 19)

BEDANDA

Quadro nº 19 – Tempo de deslocação por benefício, 2007-9 2007 2009 Moinho Descascadora Britadeira Moinho Descascadora

Britadeira

0a1h 1a2h

0,6% 2,8%

46,9% 2,2%

0,0% 0,0%

21,5% 16,2%

76,1% 11,4%

0,5% 4,0%

2a3h

0,3%

0,9%

0,0%

12,7%

1,1%

0,8%

0,3% 96,0%

0,3% 49,7%

0,3% 99,7%

6,1% 43,5%

1,1% 10,3%

1,1% 93,6%

Moinho 0,8%

Descascadora 0,8%

Britadeira 0,4%

Moinho 9,5%

Descascadora 87,3%

Britadeira 0,0%

1a2h 2a3h

0,8% 0,0%

12,4% 20,2%

4,2% 7,3%

15,9% 27,0%

9,5% 1,6%

1,6% 0,0%

mais 3 h

0,0%

6,2%

35,3%

6,3%

0,0%

1,6%

98,4%

60,5%

52,8%

41,3%

1,6%

96,8%

mais 3 h NR CACINE 0a1h

NR

No que respeita às acções de reflorestação promovidas pelo Projecto, é particularmente relevante destacar uma forte evolução positiva: no inicio, a maioria dos inquiridos afirmava não ter conhecimento da existência de

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programas de reflorestação (74,2%). Na segunda fase de avaliação, a situação inverteu-se, já que 84,5% dos inquiridos afirma ter conhecimento e participado nestas acções. Dos inquiridos que têm conhecimento e que participou nas acções de reflorestação, a maioria (81,4%) afirma ser a AD a entidade responsável, havendo uma percentagem residual que refere o IBAP (2%). A maioria das acções de reflorestação têm sido levadas a cabo nas áreas do Parque Natural, sendo nomeadamente referenciados os diferentes matos (por exemplo: Lautchandé, Madina, Canamina, Capicada, Cambeque, Amindara). As plantas introduzidas foram maioritariamente de crescimento rápido (66,3% em média) e, com menor peso as endémicas (22,1%). No que respeita às novas produções decorrentes da introdução de benefícios no âmbito do Projecto, a maioria dos inquiridos indica o arroz (19,1%), tubérculos (14,1%), óleo de palma (11,3%), produtos hortícolas (11,1%) e leguminosas (10,9%). A análise por Sector (cf. Quadro nº 19) permite perceber que em Bedanda a tendência acompanha as mudanças globais, enquanto que em Cacine se evidencia uma maior diversidade produtiva: tubérculos (18,8%); cereais (17%); arroz e leguminosas (14,2% cada); produtos hortícolas (13,6%); óleo de palma (10,8%). Quadro nº 20 – Identificação de novas produções, 2007-9 2007 2009 Nova Produção

Bedanda 20,5%

Cacine 14,2%

Bedanda 4,5%

Cacine 6,5%

Horta Leguminosas

10,3% 10,0%

13,6% 14,2%

14,8% 18,4%

21,4% 22,1%

Tubérculos Fruta

12,8% 5,4%

18,8% 2,3%

16,3% 6,4%

18,2% 8,4%

5,6%

17,0%

7,2%

7,8%

11,5% 0,5%

10,8% 0,6%

2,5% 7,8%

0,6% 1,9%

Peixe Galinha

2,3% 9,5%

0,6% 2,3%

4,1% 7,1%

5,2% 5,2%

Porco

1,6%

0,6%

4,7%

1,9%

Cabra Vaca

8,0% 1,1%

2,8% 1,7%

2,1% 0,7%

0,0% 0,0%

Laticinios Cana

0,0% 0,8%

0,6% 0,0%

1,2% 2,3%

0,0% 0,6%

Arroz

Cereais Óleo Palma Vinho Palma

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Gráf ic o nº 3 - Ident if ic aç ão das novas produç ões, 2007- 9 25%

2007 2009

20%

15%

10%

5%

Ca na

Fr ut a

La tic in io s

Va ca

Ca br a

Po rc o

G al in ha

Pe ix e

a Pa lm

a

Vi nh o

Pa lm

Ó le o

Ce re ai s

Tu bé rc ul os

in os as

H or ta

Le gu m

Ar ro z

0%

A análise do Gráfico nº 3 permite, com maior clareza, e a partir de médias por período, identificar as tendências na produção de novos bens. Em 2009, e por influência do Projecto, os inquiridos passaram a produzir mais do que em 2007: produtos hortícolas; leguminosas; tubérculos; cereais; peixe; aves; cabra e cana de açúcar. Com menor destaque, fruta e suíno. De forma a ser possível avaliar as condições produtivas e relacionadas com a aquisição de rendimento, foram identificadas algumas dificuldades com as quais tradicionalmente as famílias se confrontam. Assim, a nível médio e global, foi referida a reduzida procura (21,3%), a distância em relação a feiras e mercados (15,9%), a falta de conhecimentos (21,7%), a falta de água (13,1%) e a não inclusão no Projecto (10,1%), não sendo particularmente relevantes os restantes itens considerados. Da análise por Sector (cf. Quadro nº 21), percebe-se algumas variações ao longo do tempo de vida do Projecto: - Em Bedanda, uma valorização da falta de conhecimentos associada às avarias e aos custos de produção, mas ainda a importância do número de trabalhadores. Paralelamente, é evidente uma diminuição substancial das referências à não inclusão no Projecto, à distância relativamente a mercados, complementada pela procura;

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- Em Cacine, a importância da falta de conhecimentos é destacada, bem como a distância em relação a mercados e feiras.

Quadro nº 21 – Identificação das principais dificuldades sentidas, 2007-9 2007 2009 Bedanda Cacine Bedanda Cacine Não inclusão Woncame Falta conhecimentos

10,8% 15,1%

17,5% 15,8%

7,2% 29,7%

4,8% 26,3%

4,8%

7,5%

11,1%

1,6%

Distância feiras Pouca procura

21,3% 26,9%

10,8% 20,8%

10,4% 17,2%

21,0% 20,4%

Falta água Avarias máquinas

15,8% 4,0%

10,8% 8,8%

12,2% 5,3%

13,4% 5,9%

1,3%

7,9%

7,0%

6,5%

Poucos trabalhadores

Custo produção

Face às dificuldades tradicionalmente sentidas, a maioria dos inquiridos afirmava, em 2007, que não as conseguira ultrapassar (49,7%), se bem que, em 2009, 85% considera ter ultrapassado os problemas anteriores, em particular no caso de Cacine (100%). Os apoios recebidos (cf. Quadro nº 22) para a resolução dos problemas têm sido maioritariamente concedidos pela AD (67,7% em 2007 e 69,2% em 2009), através da prossecução de Projectos de âmbito local e regional, seguindo-se os apoios da família (23,6% em 2007 e 15,7% em 2009) e com menor importância a solidariedade comunitária (8,7% em 2007 e 15,1% em 2009), que tem contudo sido incrementada. Quadro nº 22 – Tipo de apoio para ultrapassar dificuldades, 2007-9 2007 2009 Comunidade AD

8,7% 67,7%

15,1% 69,2%

Família

23,6%

15,7%

Dos inquiridos que afirmam não ter conseguido ultrapassar as dificuldades sentidas, regista-se um elevado índice de não respostas (36,4% no total), destacando-se entre as respostas válidas, a falta de fundos (58,9% em 2009). A maioria dos inquiridos indica conhecimento da União Europeia (96,6% em 2009). Dos que conhecem a UE (cf. Quadro nº 23), em média, 52,5% referem ter tido contacto e reconhecer os principais símbolos, como a bandeira, referindo

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ainda ter conhecimento dos contactos com técnicos (19,7%), de acções financiadas (14,2%) ou de ter ouvido referências em programas de rádio (13,7%). Ao longo do tempo de vida do Projecto regista-se uma diversificação das formas de conhecimento da UE, reflexo da influência que o Woncame teve junto das comunidades locais. Quadro nº 23 – Especificação do conhecimento da UE, 2007-9 2007 2009 Símbolos/Bandeira Contacto Técnicos

74,1% 11,4%

30,9% 27,9%

7,1% 7,5%

21,3% 19,8%

Financiamento Rádio

De uma forma geral, as principais sugestões apresentadas pelos inquiridos para a melhoria do Projecto, no sentido de uma optimização dos recursos em função das necessidades (cf. Quadro nº 24), foram a continuidade das acções programadas (em média, 28,1%), os apoios agrícolas (20,5%), o que inclui kits, instrumentos agrícolas e a disponibilização de infra-estruturas de apoio à produção agrícola e posterior transformação. Quadro nº 24 – Principais sugestões apresentadas pelos inquiridos 2007 2009 Sugestões Bedanda Cacine Bedanda Cacine Apoio agrícola Continuidade

7,1% 59,0%

42,7% 28,7%

26,0% 10,3%

6,3% 14,3%

Formação jovens

1,2%

0,0%

3,4%

12,7%

Formação mulheres Micro crédito

0,0% 4,0%

2,3% 14,0%

1,3% 4,8%

0,0% 3,2%

Reabilitação estrada Outra não especificada

0,0% 17,9%

0,0% 10,9%

8,0% 2,9%

0,0% 4,8%

Não sabe / NR

10,8%

1,6%

43,5%

57,1%

Com menor relevância são referidas, tanto na primeira fase da avaliação como na final, a necessidade de promover acções de formação, em particular de grupos vulneráveis e potenciais, como mulheres e jovens, a promoção do microcrédito que estimula e valoriza o empreendedorismo, em particular a nível local e outras não especificadas.

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A análise por Sector, ao longo do tempo, revela necessidades diferenciadas: - Para Bedanda, a continuidade do apoio agrícola é uma necessidade que ganha importância (de 7,1% em 2007 para 26% em 2009), a formação de jovens e de mulheres, apesar de pouco expressiva indicia situações concretas e prementes e ainda a reabilitação das estradas que facilitam a ligação entre comunidades e os mercados; - Para Cacine, a formação de jovens parece ser o item considerado mais importante e que requer maior atenção (de 0% em 2007 para 12,7% em 2009).

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CONCLUSÃO Com base na análise dos dados recolhidos pelos técnicos locais e sob coordenação da AD, é possível afirmar que os efeitos esperados, produzidos com a implementação do projecto, foram, no geral, alcançados, se bem que seja notório o desejo de continuidade. No decurso do Projecto, foi produzido um Relatório preliminar, entendido desde o início

como

um

instrumento

facilitador

para

o

acompanhamento

na

implementação das acções planeadas e que consistiu num diagnóstico inicial das condições de bem-estar das famílias dos Sectores de Bedanda e Cacine. Este diagnóstico prévio foi complementado no final do Woncame por uma nova avaliação, com o objectivo de perceber quais as principais mudanças introduzidas pelo Projecto e quais as necessidades sentidas pela população local que não foram integralmente satisfeitas. Independentemente dos benefícios introduzidos, as condições de vida e de trabalho das populações residentes nos Sectores envolvidos no Projecto são marcadas por uma forte precariedade, sendo exteriorizada, por parte dos representantes dos agregados familiares, uma elevada expectativa em relação aos eventuais efeitos que viriam a ser produzidos após a implementação das diferentes acções programadas. As populações dos sectores de Bedanda e de Cacine caracterizam-se como carenciadas no que respeita à disponibilidade de recursos básicos e fundamentais à sobrevivência, tais como os bens alimentares e a água. A possibilidade de criar condições que garantam a continuidade produtiva com objectivos de incrementar o consumo familiar e de fomentar as redes comerciais, interligando comunidades costeiras e de interior, mas também rurais e urbanas, reveste importância vital para o desenvolvimento da Região e, de forma mais alargada, da Guiné-Bissau. Os dados analisados no Estudo revelam que, numa primeira fase, a grande maioria dos benefícios não produzira imediatamente alterações significativas na produção, no consumo e nas condições de bem-estar das famílias. A mudança é um processo que implica maturação e tempo, pelo que as alterações viriam a ser sentidas com a continuidade das acções, nomeadamente com o finalizar das actividades directas do Projecto. Esta ideia está explicitada no Relatório preliminar de acompanhamento, já que os dados iniciais faziam antever esta

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possibilidade. Contudo, com o encerramento formal do Projecto, as expectativas das famílias em relação à eventual continuidade do apoio perduraram, não sendo materializado se o apoio se faz através da intervenção directa da AD ou se implica o alargamento do financiamento por um período de tempo a definir. O Projecto Woncame parece ter sido bem sucedido em particular no incremento da produção e na diversificação, permitindo às famílias obterem excedentes susceptíveis de comercialização, que se traduzem na possibilidade de aumentar o rendimento familiar. Dada a metodologia pro-activa inerente ao Projecto, as populações locais foram incentivadas a participar e a envolver-se nas diferentes actividades, procurando alternativas às formas tradicionais de produção. Esta metodologia implica uma interiorização do sentido da participação activa, ultrapassando o princípio do beneficiário de mudanças, enquanto simples receptor. Supõe que as populações locais são reconhecidas, e reconhecem-se a si próprias, como protagonistas do que pretendem que seja o seu processo de mudança.

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RECOMENDAÇÕES Tendo presentes os resultados da análise quantitativa aos inquéritos por questionário aplicados aos agregados familiares dos dois Sectores da Região de Tombali abrangidos pelo Projecto, Bedanda e Cacine, por equipas de técnicos locais, seleccionados pela AD e sob sua coordenação, recomenda-se que: 1.

O acompanhamento das actividades iniciadas com o Projecto Woncame seja prosseguido pela equipa regional da AD sedeada em Iemberém, sendo tendencialmente informal e, com o tempo, pontual. Na fase intermédia, após o encerramento das actividades, o desligamento das comunidades e de tudo o que se tem vindo a construir revela-se contraproducente, pelo que a proximidade do acompanhamento, mesmo que perspectivado de forma

intercalar,

parece

ser

fundamental,

estimando-se

que

este

seguimento prossiga até 12 meses após a conclusão do Projecto. 2.

Sejam identificados entre 4 a 6 representantes dos beneficiários do Projecto e convidados a criar uma rede associativa para troca de experiências, identificação

de

constrangimentos

e

de

potencialidades

para

a

sustentabilidade do que foi iniciado com um Projecto. 3.

Sejam promovidas e realizadas, mesmo que informalmente, sessões formativas que estimulem o empreendedorismo local, bem como acções de sensibilização regulares, junto das comunidades beneficiárias, em particular com jovens, com vista a reforçar a importância da criação de estruturas produtivas sustentáveis;

4.

As sessões formativas e as acções de sensibilização sejam programadas de forma a abranger os membros da equipa de acompanhamento local, estimulando a participação activa dos diferentes actores envolvidos, representando instrumentos de capacitação;

5.

Seja estudada a possibilidade de criação de uma Rede Regional de Produtores, que facilite o estabelecimento de ligações comerciais com os restantes Sectores da Região de Tombali;

6.

Seja criado um Observatório local de acompanhamento dos Projectos, prevendo actividades de recolha de dados com um carácter cíclico, de forma

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a facilitar a realização de novas avaliações e Estudos, reforçando a autonomia local; 7.

Seja promovido um Encontro anual de Produtores, com mostra e venda de produtos, o que não interfere com a rotina das vendas semanais nos Lumus, chamando a atenção da sociedade civil e política guineense para as actividades que estão em curso após a conclusão do Projecto.

8.

Seja equacionada a possibilidade de promover uma segunda fase do Woncame, de forma a minimizar os problemas ainda sentidos e que se traduzem em precariedades acrescidas no que respeita à sobrevivência e manutenção das famílias.

9.

Que a segunda fase do Woncame tenha uma dimensão mais formativa e capacitadora no sentido da aquisição de competências operativas e direccionadas para o desempenho funcional, com novos conhecimentos que possam facilitar o uso e a manutenção das técnicas introduzidas e reconhecidas como inovadoras.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSULTADAS BIT (2005) – Formação para a gestão dos bancos de cereais . Auto-Avaliação. Departamento de Cooperação, Ministério da Segurança Social e do Trabalho de Portugal, Bureau Internacional do Trabalho. BIT (2004) – Formação para a gestão dos bancos de cereais. Organização Interna. Departamento de Cooperação, Ministério da Segurança Social e do Trabalho de Portugal, Bureau Internacional do Trabalho. BIT (2004) – Formação para a gestão dos bancos de cereais. Aprovisionamento, armazenamento e movimento de cereais. Departamento de Cooperação, Ministério da Segurança Social e do Trabalho de Portugal, Bureau Internacional do Trabalho. BRITO, Brígida (2008) – Estudo das Potencialidades e dos Constrangimentos do Ecoturismo na Região de Tombali . Projecto U’anan, Construir o Desenvolvimento Comunitário Sustentável na Região de Tombali: Ecoturismo e Cidadania. Instituto Marquês de Valle Flor, Acção para o Desenvovimento. ONG-PVD/2004/095-097. BRITO, Brígida (2007) - Estudo Socioeconómico das Condições de Bem-Estar das Famílias nos Sectores de Bigene e São Domingos. Projecto Konkobai – Acabar com a Fome nos Sectores de Bigene e São Domingos, Instituto Marquês de Valle Flor, Acção para o Desenvolvimento. CE: FOOD/2005/108-699 BRITO, Brígida (2006) – Estudo socioeconómico e diagnóstico para acompanhamento das condições de bem-estar das famílias da Região de Cacheu, Lisboa, Instituto Marquês de Valle Flôr – Acção para o Desenvolvimento. CE (2006) – Appel à propositions réf: EuropeAid/FOOD/123393/L/ACT/GW, Anexo I,

Documento Técnico do País – Guiné-Bissau, Programa de Segurança Alimentar ONG 2005

DENARP (2004) – Documento da Estratégia Nacional de Redução da Pobreza . GuinéBissau. FAO (2004) – Guiné-Bissau 2004, Food and Agriculture Indicators (http://www.fao.org). IMVF (2002) – Projecto Integrado de Segurança Alimentar de Cacheu – Guiné-Bissau. Lisboa, Instituto Marquês de Valle Flor. Contrato CE: FOOD/2003/057-028/109, com início em 01/12/2003. IMVF (2006) – Projecto Woncame – Garantir o Acesso, Disponibilidade e Utilização

Estável de Bens Alimentares nos Sectores de Bedanda e Cacine – Região de Tombali Guiné-Bissau. Lisboa, Instituto Marquês de Valle Flor. Contrato CE: FOOD/2006/129-419, com início em 01/01/2007.

INEC (2005) – Guiné-Bissau em números. Bissau, Instituto Nacional de Estatística e Censos. KLENNERT, Klaus (2006) – Assurer la sécurité alimentaire et nutritionnelle : Actions visant à relever le défi global – Manuel de Référence. InWEnt – Internationale Weiterbildung und Entwicklung gGmbH (www.inwent.org). PEREIRA, João et DJASSI, Braima (2005) – Plano de Acção Nacional para a Adaptação às Mudanças Climáticas, Sector Agricultura. Ministério dos Recursos Naturais e Energia, Direcção Geral do Ambiente. Projecto GBS/97/G32/GEF/PNUD. PNUD (2004) – Premier Rapport sur les Objectifs du Millénaire pour le Développement en Guinée Bissau. Polykrome.

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PNUD (2006a) – Human Development Report. New York. PNUD (2006b) – Rapport National sur le développement humain en Guinée-Bissau 2006.

Réforcer les politiques pour atteindre les objectifs du Millénaire pour le développement en Guinée-Bissau. UNDP, Bissau.

SYLLA, Momar Balla (2002) – Avaliação da Pobreza na Guiné-Bissau. Bissau, INEC, Ministério da Economia e Finanças. The World Bank Group (2005) – Guinea Bissau at a glance. United Nations Population Division (2002) – World Population Prospects: the 2002 revision. Volume I, Comprehensive Tables. Un System Network on Rural Development and Food Security (2001) Grupo Temático do Desenvolvimento Rural e Segurança Alimentar, República da Guiné-Bissau (www.rdfs.net/linked-docs/GB-brochure.pdf).

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ANEXOS METODOLÓGICOS

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ANEXO 1 TABANCAS E BAIRROS VISITADOS POR SECTOR

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PROJECTO WONCAME– GARANTIR O ACESSO, DISPONIBILIDADE E UTILIZAÇÃO DE BENS ALIMENTARES NOS SECTORES DE BEDANDA E CACINE – REGIÃO DE TOMBALI

Tabancas e Bairros Visitados por Sector no decurso do Trabalho de Campo, 2 fases, 2007-9 (Aplicação de Questionários)

SECTOR BEDANDA

TABANCA Iemberem Madina Daressalam Cadique Cabedú Cabante

Nº Localidades CACINE

6 Cassacá Cacoca Berlim Iraq

Nº Localidades

4

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ANEXO 2 MAPAS COM IDENTIFICAÇÃO DAS TABANCAS VISITADAS E INQUIRIDAS, 2007-9

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Mapa Nº 1 – Localização das Tabancas visitadas em Bedanda no decorrer do processo de inquirição

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Mapa Nº 2 – Localização das Tabancas visitadas em Cacine no decorrer do processo de inquirição

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ANEXO 3 MANUAL DE FORMAÇÃO

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1. O OBJECTIVO DO ESTUDO O Estudo Socioeconómico e Diagnóstico das Condições de Bem-Estar das Famílias realizado no âmbito do projecto “Woncame – Garantir o Acesso, Disponibilidade e Utilização Estável de Bens Alimentares nos Sectores de Bedanda e Cacine, Região de Tombali” consistem num levantamento da situação social e económica das populações residentes na região de Tombali, concretamente nos Sectores de Bedanda e de Cacine. O objectivo do Estudo é a caracterização das condições produtivas e de sobrevivência das famílias dos Sectores abrangidos pelo

Projecto identificando as principais mudanças

introduzidas e especificando as melhorias. Para a prossecução dos objectivos, e de forma a ser possível realizar uma análise comparativa com identificação das mudanças, o levantamento será realizado de forma faseada em pelo menos dois momentos principais, a saber: durante o primeiro ano da implementação dos Projectos e na fase final. Tal como se procedeu no anterior Estudo, no âmbito do PISAC (Projecto Integrado de Segurança Alimentar de Cacheu), no decorrer do trabalho de campo, são privilegiadas as metodologias quantitativas de recolha de dados com posterior tratamento e análise correspondente. Para cada fase do Estudo serão elaborados relatórios analíticos, a partir da criação de uma base de dados para registo sistemático das informações. A principal técnica de recolha é o inquérito por questionário, recorrendo-se ao instrumento anteriormente aplicado para o PISAC, após se ter procedido à actualização da base de inquirição e à revisão da bateria de indicadores. Este instrumento é aplicado de forma directa à unidade social em análise: os agregados familiares dos Sectores abrangidos pelos Projectos e que são a população-alvo dos Estudos. A técnica quantitativa de pesquisa no terreno e que fundamenta os estudos – inquérito por questionário - consiste no levantamento de informações, conseguido através da acção de perguntar e da relação estabelecida entre o inquiridor e o inquirido. O inquiridor desempenha um papel fundamental em todo o processo de recolha e de registo de dados: por um lado, é o responsável da qualidade da informação recolhida e registada, que será posteriormente analisada; por outro lado, é-lhe atribuída a importante função de seleccionar os dados mais pertinentes para o estudo, a partir das questões colocadas.

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2. PRINCIPAIS CONCEITOS: UNIVERSO, POPULAÇÃO DO ESTUDO E AMOSTRA A maioria dos estudos que recorrem a metodologias quantitativas, como é o caso da técnica do inquérito por questionário, procura analisar um conjunto alargado de informações

disponibilizadas

por

um

elevado

número

de

indivíduos.

Perante

a

dificuldade, e impossibilidade, de incluir estatisticamente a totalidade dos indivíduos que se pretende estudar, recorre-se com frequência a uma selecção criteriosa de grupos de menores dimensões e que sejam representativos do todo. Quadro 1 - Exemplificação dos principais conceitos com o estudo 1. População Teórica

população de Tombali

2. População do Estudo

agregados familiares residentes em Bedanda e Cacine

3. Amostra

5% da população do estudo, seleccionada de forma aleatória, seguindo o critério da representatividade dos benefícios (Bedanda = 70%; Cacine = 30%)

A totalidade de indivíduos constitui o Universo (população teórica ou conjunto de todos os elementos constituintes do grupo em análise), e os grupos de menores dimensões, definidos de acordo com características padrão, denominam-se de População do Estudo. Após a identificação da População do Estudo, que apresenta ainda uma dimensão considerável, não permitindo proceder à inquirição total, torna-se necessário definir outros critérios selectivos para a definição da Amostra. A amostra é uma parte do todo que, pelas características que apresenta, é representativa da população do estudo e do universo, permitindo conhecê-los e caracterizá-los. O processo de amostragem, ou de definição da amostra, nem sempre é simples, dependendo dos objectivos do estudo e das características da população-alvo.

Alguns

critérios têm de ser respeitados, tais como a representatividade e a fiabilidade, de forma a garantir que a inferência dos resultados seja correcta e que as conclusões sejam validadas. A inferência estatística é a generalização dos resultados e das conclusões extraídas da análise dos dados obtidos na amostra para a população do estudo. O processo de inferência ocorre apenas quando a amostra é representativa da população. Há diferentes técnicas de amostragem, sendo as mais comuns as probabilísticas ou aleatórias (havendo ainda as não probabilísticas ou não aleatórias). Nestas existe uma probabilidade idêntica para todos os elementos da população de fazerem parte da amostra.

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Quadro 2 - Amostras aleatórias ou probabilísticas: Simples

todos os elementos da amostra seleccionados completamente ao acaso

Estratificada,

a população do estudo é dividida em subgrupos homogéneos com base em critérios de sexo ou idade, por exemplo, garantindo a representatividade de todos os grupos

por quotas ou proporcional

são

Sistemática

os elementos constituintes da amostra são seleccionados de forma sistemática com uma ordem pré definida, normalmente numérica

Por grupos ou áreas

áreas regionais

Multi-etapa

combinações amostragem

entre

diferentes

tipos

de

De forma a garantir a representatividade e o grau de significância no Estudo Woncame, a inquirição terá uma base aleatória, seguindo um critério de estratificação regional, com representatividade de benefícios por área sectorial, que no total de cada uma das regiões não será inferior a 5%. No que respeita ao planeamento do trabalho de campo (entre 17 e 20 dias para a recolha de dados): Woncame (9 dias - 6 dias em Bedanda com 6 inquiridores / 3 dias em Cacine com 6 inquiridores) Bedanda = 322 questionários/6 inquiridores = 53,7 questionários por inquiridor/6 dias = 9 questionários por dia por inquiridor Cacine = 138 questionários/6 inquiridores = 23 questionários por inquiridor/3 dias = 7,6 questionários por dia por inquiridor Quadro 3 – Definição da amostra WONCAME Sectores Bedanda

Pop. Total Número 38.979

Nº Agregados

Amostra 5%

Amostra 5%

(6 pax)

2007

2009

6.497

(71,5%)

(1143 km²) Cacine

16.287

2715

(28,5%)

(613 km²) TOTAL

(85,7%) 324

55.266

9.212

Total (78,5%)

377 (14,3%)

701 (21,5%)

129

63

192

453

440

893

Fonte da População Total: INEP, Projecções Demográficas (2004)

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3. TÉCNICAS QUANTITATIVAS DE RECOLHA DE INFORMAÇÃO 3.1. O INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO O Inquérito por questionário é uma técnica quantitativa de recolha de informação que se aplica a unidades sociais (grupos ou indivíduos), tais como a família (agregado familiar), o alojamento, a empresa, ..., procurando analisar-se de forma aprofundada todas as variáveis que permitam definir e caracterizar a estrutura social, como por exemplo o sexo, a idade, a composição do agregado familiar, a situação profissional. Este instrumento de recolha de informação consiste numa sequência estruturada de questões e de hipóteses de resposta, que são igualmente apresentadas a todos os inquiridos ou respondentes para selecção da possibilidade mais adequada à situação vivida, a partir de uma formulação previamente definida, servindo de orientação ao inquiridor.

3.2. PRINCIPAIS VANTAGENS Uma

das principais características, e vantagens, reconhecidas ao inquérito por

questionário, como técnica de recolha de informação de natureza quantitativa, é permitir uma pesquisa aprofundada, sistemática e rigorosa, recorrendo à quantificação ou mensuração. De forma complementar, é possível identificar um conjunto de vantagens, entre as quais: - a simplicidade na colocação das questões, a rapidez dos procedimentos (simples, objectivo e de resposta directa), bem como a clareza das respostas - a facilidade na recolha, no registo e na sistematização da informação (questões maioritariamente fechadas), já que as opções de resposta estão pré definidas e são claramente apresentadas, cabendo ao inquirido a escolha da(s) hipótese(s) mais adequada(s) -

a

possibilidade

de

criar

espaços

de

diálogo

directo

com

os

respondentes,

contextualizados pelo ambiente que é objecto do estudo, de forma a minimizar os constrangimentos da situação inerente ao próprio questionamento - a possibilidade de auto aplicação, sendo desejável que o inquiridor acompanhe o processo e esteja presente em toda a fase de reposta, de forma a esclarecer eventuais dúvidas que se coloquem em relação ao questionário

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- a utilização de categorias reconhecidas, tanto para o inquiridor como para respondente, evitando as dificuldades de comunicação, a imprecisão de linguagem ou as diferentes conotações de significados (problema cultural) 3.3. CONSTRANGIMENTOS O momento da inquirição é caracteristicamente um período sensível, crítico e constrangedor para qualquer um dos intervenientes no processo: o inquiridor; o respondente; toda a comunidade, já que esta situação interfere com o dia-a-dia, provoca desconforto e inclusivamente, em determinadas circunstâncias, alguma desconfiança. É fundamental que o inquiridor esteja consciente que é um elemento exterior e que, mesmo que de forma mínima, desestabiliza o equilíbrio da vida comunitária. Em primeiro lugar, habitualmente, o inquiridor, ou a equipa de inquirição, não pertence aos grupos comunitários que são objecto dos estudos, pelo que, mesmo quando é conhecido e tem uma boa relação com as populações, é considerado um elemento exterior ao grupo, o que causa alguma perturbação. Em segundo lugar, a presença de uma equipa de inquiridores em processo de recolha de informações, interfere no quotidiano das comunidades e nas actividades desenvolvidas, pelo facto de todos terem consciência da razão da visita: fazer perguntas sobre as suas vidas e recolher respostas, sem se saber exactamente com que objectivo e de que forma a informação disponibilizada vai ser utilizada. Em terceiro lugar, o tempo disponível para a fase da inquirição é sempre muito limitado, pelo que com frequência o inquiridor confronta-se com uma grande quantidade de informação que tem de recolher de forma rigorosa e cuidada num curto período de tempo. Os constrangimentos podem ser limitados para o sucesso da pesquisa, adoptando-se princípios e de critérios que deverão ser reconhecidos e seguidos da mesma forma, por todos os elementos da equipa de inquirição: a) antes da inquirição, deverá ser efectuada uma breve apresentação do inquiridor, com referência à AD e, dependendo das regiões, aos Projectos Konkobai e Woncame, b) seguidamente, são apresentados de forma clara os objectivos do estudo, c) a apresentação termina com a garantia do anonimato do respondente e da sua família, reforçando-se a importância do contributo das respostas do inquirido para o estudo, na perspectiva de uma contínua melhoria das actividades dos Projectos.

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4. PRINCÍPIOS E CRITÉRIOS PARA A REDUÇÃO DOS CONSTRANGIMENTOS 4.1.

O PLANEAMENTO, A ORGANIZAÇÃO E A SISTEMATIZAÇÃO

Tendo em conta as limitações de tempo e os constrangimentos com que a equipa se confronta, a pesquisa no terreno deve ser planeada com antecedência, identificadas e organizadas as actividades a desenvolver e sistematizada toda a informação que for sendo recolhida, com critérios acordados entre todos os membros da equipa. O tempo despendido na organização e no planeamento resulta em tempo ganho nas fases sequentes. A cada inquiridor é atribuído um número ou código que o identifica, bem como a toda a informação por ele recolhida e sistematizada. O código é convencionado entre todos, não podendo ser repetido para mais do que um inquiridor, sendo escolhido pelo próprio entre uma combinação de dígitos (número) ou de letras (nome). O critério terá de ser o mesmo para todos os membros da equipa, independentemente do tipo de função desempenhada, sendo acordado previamente. Diariamente são distribuídos aos membros da equipa o número de questionários que se espera que venham a aplicar, devendo imediatamente cada um dos inquiridores, e de forma a reduzir os tempos de inquirição, preencher todos os campos próprios com os dados de identificação pessoal e regional (exemplificar com o inquérito). O planeamento da inquirição segue uma ordem previamente apresentada e acordada em função dos níveis amostrais, tendo um carácter regional ou sectorial. Assim, só se passa a um Sector quando o anterior estiver completo, de acordo com os objectivos definidos (relembrar o número de inquéritos a aplicar diariamente por Sector). Diariamente, e no final das sessões de inquirição, os inquiridores entregam os questionários aplicados, e devidamente preenchidos, de acordo com uma ficha de registo diário comum a todos. A inquirição decorre assim de acordo com o previamente planeado, e em função da organização definida, procurando cumprir-se os objectivos definidos pela equipa. Este é um trabalho de equipa, pelos que os objectivos são comuns a todos os membros. A sistematização da informação é determinante para o sucesso da inquirição, pelo que os inquiridores devem dispor de todos os materiais que são necessários para o trabalho diário – número suficiente de exemplares do inquérito a aplicar dia a dia e uma caneta.

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4.2.

A RELAÇÃO INQUIRIDOR-INQUIRIDO

Ao longo da inquirição, a relação entre o inquiridor e o inquirido é muito importante, já que se fundamenta numa base de confiança. É fundamental que, no curto período de tempo em que a inquirição decorre, o respondente sinta empatia pelo inquiridor, tendo em conta que lhe confia informações objectivas e subjectivas de carácter pessoal, mas também relacionadas com o seu agregado familiar, com a sua situação profissional e com os seus hábitos. A relação entre o inquiridor e o inquirido faz-se de proximidade, empatia, compreensão e entendimento. É importante que o inquiridor conheça, pelo menos minimamente, a realidade que se está a estudar, de forma a facilitar o contacto e o diálogo: o projecto e a região; os problemas sentidos pelas famílias, de forma mais agravada. O inquiridor jamais pode emitir um juízo de valor ou fazer uma avaliação acerca da informação que o inquirido lhe revelou, mesmo que a nível pessoal não concorde, não entenda ou não aceite. Nesta fase, a função do inquiridor é apenas a recolha dos dados previstos no questionário e deve fazê-lo com a consciência de que qualquer manifestação avaliativa condiciona a recolha da informação e consequentemente o seu tratamento, alterando o resultado e as conclusões que se possam tirar. Por natureza, e mesmo que de forma inconsciente, o respondente recorre a mecanismos de defesa, muitas vezes dissimulando a verdade ou respondendo com cortesia às perguntas mais sensíveis. Durante a inquirição, e sem que o respondente tenha consciência disso, existem momentos de controle das respostas, através de novas perguntas que vão sendo efectuadas, pelo que, para facilitar a detecção de eventuais erros de resposta, no decorrer da conversa, cabe ao inquiridor conduzir o questionário (exemplificar com o questionário). Os erros são facilmente detectados durante a fase de tratamento dos dados. O rigor da recolha dos dados vai condicionar todo o estudo, pelo que é determinante que as questões sejam feitas pela ordem com que aparecem no guião, devendo ser apresentadas ao inquirido todas as hipóteses possíveis de resposta, incluindo a possibilidade de serem consideradas “outras” opções que não foram inicialmente contempladas, devendo neste caso ser especificadas.

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5. TIPOS DE PERGUNTAS E DE RESPOSTAS 5.1. SIMPLES E MÚLTIPLAS As perguntas de resposta simples são tradicionalmente fechadas e, como o nome indica, permitem ao inquirido a escolha da hipótese que ele considera mais correcta ou mais adequada, em função da questão que é colocada e por comparação com as outras opções apresentadas. As perguntas de resposta múltipla são também fechadas mas, ao contrário das anteriores, permitem a escolha de mais do que uma opção, podendo o inquirido inclusivamente considerar todas as possibilidades de resposta apresentadas como correctas e adequadas.

5.2. FECHADAS E ABERTAS As perguntas de resposta fechada são as que apresentam ao inquirido um conjunto de hipóteses previamente identificadas, em função dos objectivos do estudo, dando-lhe a possibilidade de escolher a(s) mais adequada(s). As perguntas de resposta aberta são as que, não apresentando ao inquirido as opções de resposta, permitem maior criatividade na resposta, dando maior liberdade de expressão.

5.3.

ESCALAS

As perguntas de resposta de escala são as que, para um conjunto de respostas consideradas, o inquirido tem de avaliar ou emitir um juízo de valor, de acordo com um grau de importância previamente definido, normalmente dependente de um critério hierárquico.

5.4. NÃO RESPOSTAS As não respostas são também um tipo de resposta a considerar no registo e no tratamento dos dados, resultando, na maioria das vezes, de situações de ausência de informação por parte do inquirido, por desconhecimento ou porque voluntariamente recusou responder a uma questão formulada.

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6. INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO Apresentação do guião do inquérito por questionário e das fichas diárias de contagem da inquirição para controle do processo de pesquisa. Explicitação das questões, uma a uma, e das diferentes situações de resposta (exemplificação de perguntas de resposta simples, múltipla, fechada, aberta, de escalas e não resposta). Simular um

momento

de

inquirição

em

sala

para

exemplificação

e

treino

preenchimento do questionário, esclarecimento de dúvidas.

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no


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ANEXO 4 GUIÃO DO INQUÉRITO POR QUESTIONÁRIO APLICADO AOS AGREGADOS FAMILIARES

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PROJECTO WONCAME: GARANTIR O ACESSO, DISPONIBILIDADE E UTILIZAÇÃO ESTÁVEL DE BENS ALIMENTARES NOS SECTORES DE BEDANDA E CACINE O IMVF e a AD estão a realizar um estudo na região de Tombali, nos sectores de Bedanda e Cacine, com o objectivo de acompanhar as actividades do Projecto WONCAME em relação ao nível de segurança alimentar das famílias. As informações disponibilizadas são confidenciais e serão utilizadas apenas para este efeito. Agradecemos a sua colaboração. DATA: _____/_____/2007

HORA: _____h_____

ENTREVISTADOR: _________________

P1. Sector: (01) Bedanda (02) Cacine P2. Meio: (01) Rural (02) Urbano P3. Sexo do respondente: (01) Masculino (02) Feminino P4. Etnia do respondente: (01) Balanta (02) Fula (03) Mandinga (04) Felupe (05) Mancanha (06) Manjaco Outra: ________________________________ P5. Idade do respondente: (01) 18-25 (02) 26-35 (03) 36-45 (04) 46-55 (05) 56-65 (06) + 66 P6. Estado Civil do respondente: (01) Solteiro(a) (02) Casado(a) (03) Separado(a)/Divorciado(a) (04) Viúvo(a) P7. Tem filhos? (01) Sim (02) Não

se NÃO, passe à P9

P7.1. Se sim, indique quantos: __________________ P8. Idade e sexo dos filhos: (01) (02) (03) (04) (05) (06)

indicar o número de filhos por idade e sexo Masculino

Feminino

Até 1 ano De 1 a 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 14 anos De 15 a 17 anos + de 18 anos

P8.1. Costuma pesar os seus filhos com idade inferior a 5 anos? (01) Sim (02) Não

se NÃO, passe à P9

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P8.2. Se sim, indique onde ________________________________________________________________ P8.3. Com que regularidade (01) 1 vez por semana (02) 1 vez 15 em 15 dias (03) 1 vez por mês (04) de 3 em 3 meses (05) de 6 em 6 meses (06) 1 vez por ano (07) Não sabe P9. Indique o número de pessoas que vive consigo: indicar o número para cada possibilidade (01) Marido/Mulher (02) Filhos (03) Pai/Mãe (04) Irmãos (05) Outros __________________________ P10. Alfabetização do respondente: (01) Não sabe ler nem escrever (02) Sabe ler/escrever sem grau de ensino (03) Ensino primário completo (04) Ensino secundário (05) Ensino médio/profissional (06) Ensino superior incompleto (07) Ensino superior completo

último completo

P11. Quanto tempo demora até chegar às escolas mais próxima? EP1 EP2 EPC Outro (01) - 1 hora (02) 1 a 2 horas (03) 2 a 3 horas (04) + 3 horas (05) Não Sabe P12. Quanto tempo demora até chegar à unidade de saúde mais próxima? Com internamento Sem internamento (01) - 1 hora (02) 1 a 2 horas (03) 2 a 3 horas (04) + 3 horas (05) Não Sabe P13. Material utilizado na construção da habitação do Agregado Familiar: (01) Alvenaria (02) Madeira (03) Pedra (04) Barro/terra Outra: ________________________________

resposta múltipla

P13.1. Material utilizado na cobertura da habitação/residência (01) Palha (02) Zinco (03) Telha Outra: ________________________________ P13.2. Infraestruturas disponíveis na habitação ou aglomerado:

resposta múltipla Habitação Aglomerado

(01) Água corrente (02) Electricidade ou gerador (03) Casa de Banho (04) Latrina Outra: _______________________________

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indicar todas

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se NÃO, passe à P18.4

P18.1. Se sim, onde? (01) Lumu (02) Tabanca (03) Estrada (04) Outro ____________________________ P18.2. Sabe qual o destino da produção que vende?

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Desparasitação

P20. É proprietário da parcela de terra onde produz ou do barco que utiliza na pesca? (01) Sim (02) Não (03) Outro membro do Agregado Familiar

se NÃO, passe à P21

P20.1. Se sim, como adquiriu? (01) Herança (02) Compra (03) Doação Outra:_____________________________________ P20.2. Há quanto tempo tem o usufruto? (01) - 1 ano (02) entre 1 e 2 anos (03) + 3 anos (04) Não sabe P21. Produz caju? (01) Sim (02) Não

se NÃO, passe à P22

P21.1. Se sim, qual a área cultivada? __________________________________________ P21.2. Qual a quantidade total produzida durante o ano passado?

_____________________________ Toneladas

P21.3. Qual o preço médio de venda por tonelada? _____________________________________________ CFA P22. Indique que tipo de bens utiliza para consumo (01) Agricultura

indicar todas

(011) Arroz pam pam (012) Arroz de bolanha salgada (013) Arroz de bolanha doce (014) Milho (015) Milho preto (016) Milho “bacil” (017) Milho cavalo (018) Sorgo (019) Tubérculos (batata doce, mandioca,...) (100) Leguminosas (feijões) (101) Produtos Hortícolas_________________________________________

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Filhos

resposta múltipla Pais Irmãos

Outro

P24. É membro de: Desde (01) Cooperativa: (02) Associação Local: (03) Nenhuma Outra:__________________________________________ P24.1. Costuma participar nas reuniões e apresenta propostas? (01) Sim (02) Não

se SIM, passe à P25

P24.2. Se não participa, indique a razão? __________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ P25. O seu agregado familiar é directamente abrangido pelo Woncame? (01) Sim (02) Não P25.1. Se sim, especifique de que formas:

se NÂO, passe à P27

resposta múltipla

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Britadeira

P26. Qual foi a entidade responsável pelo Plano de Reflorestação? _______________________________________ P26.1. Participou em alguma actividade de reflorestação? ____________________________ se NÃO passe à P27 (01) Sim (02) Não P26.2. Se sim, em que local? _________________________________________________________________

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resposta múltipla

P28. Indique que tipo de dificuldades tem sentido: (01) Não inclusão no Projecto (02) Falta de conhecimentos técnicos agro-pecuários/piscatórios (03) Reduzido número de trabalhadores (04) Distância dos mercados e feiras (05) Falta de compradores (06) Falta de água (07) Avarias nas máquinas (08) Elevado custo da produção Outra:___________________________________________ P28.1. As dificuldades têm sido ultrapassadas? (01) Sim (02) Não

se NÃO passe à P28.3

P28.2. Se sim, através de que tipo de apoios? (01) Comunidade (02) AD (03) Família Outra:_________________________________ P28.3. Se não, indique as razões: ________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ P29. Já ouviu falar na União Europeia? (01) Sim (02) Não

se NÃO passe à P30

P29.1. Se sim, especifique a forma (01) símbolo/bandeira (02) camisolas e outros objectos (03) contacto directo com técnicos (04) financiamento Outra:_________________________________ P30. Apresente sugestões para a melhoria o projecto: ___________________________________________ _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ Agradecemos a sua disponibilidade para responder às questões colocadas.

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ESTUDO SOCIOECONÓMICO DAS CONDIÇÕES DE BEM-ESTAR DAS FAMÍLIAS NOS SECTORES DE BEDANDA E CACINE Projecto Wancame – Garantir o acesso, disponibilidade e utilização estável de bens alimentares nos sectores de Bedanda e Cacine – Região de Tombali – Guiné-Bissau

ANEXO 5 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS

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Tabela 1 – Repartição dos inquiridos por sexo e Sector, 2007-9 2007

Feminino

Bedanda Cacine 2009

Sexo Masculino

66,9% 33,1% Feminino

Bedanda Cacine

NR

74,2% 25,8% Masculino

30,2% 49,2%

72,2% 27,8% NR

69,8% 49,2%

0,0% 1,6%

Tabela 2 – Repartição dos inquiridos por estado civil e Sector, 2007-9 2007 Casado Separado Solteiro Viúvo NR 2009 Casado Separado Solteiro Viúvo NR

Sector Bedanda 71,3% 3,4% 16,4% 8,0% 0,9% Bedanda 14,3% 71,9% 4,5% 8,5% 0,8%

Cacine 81,4% 2,3% 14,0% 2,3% 0,0% Cacine 19,0% 71,4% 3,2% 6,3% 0,0%

Tabela 3 – Repartição dos inquiridos por idade e Sector, 2007-9 Sector 2007 18 a 26 a 36 a 46 a 56 a Mais NR

25 35 45 55 65 66 2009

18 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 55 56 a 65 mais 66 NR

Bedanda 10,2% 19,8% 29,3% 20,1% 11,4% 7,4% 1,9% Bedanda 14,9% 21,0% 21,8% 17,8% 21,5% 2,9% 0,3%

Cacine 8,5% 29,5% 34,9% 15,5% 5,4% 6,2% 0,0% Cacine 25,4% 22,2% 17,5% 22,2% 11,1% 1,6% 0,0%

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Tabela 4 – Relação entre idade e estado civil, 2007-9 2007 18 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 55 56 a 65 mais 66 NR 2009 18 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 55 56 a 65 mais 66 NR

Solteiro 40,8% 33,8% 9,9% 5,6% 8,5% 0,0% 1,4% Solteiro 71,2% 15,2% 7,6% 4,5% 0,0% 0,0% 1,5%

Casado 4,2% 22,9% 37,8% 21,4% 7,7% 5,1% 0,9% Casado 7,6% 22,8% 25,3% 21,5% 21,8% 0,9% 0,0%

Sexo Separado 0,0% 7,1% 21,4% 14,3% 35,7% 14,3% 7,1% Separado 5,3% 36,8% 10,5% 21,1% 26,3% 0,0% 0,0%

Viúvo 3,4% 0,0% 10,3% 17,2% 24,1% 44,8% 0,0% Viúvo 0,0% 11,1% 16,7% 13,9% 36,1% 22,2% 0,0%

NR 0,0% 0,0% 0,0% 66,7% 0,0% 0,0% 33,3% NR 0,0% 0,0% 0,0% 33,3% 33,3% 33,3% 0,0%

Tabela 5 – Relação entre idade e filhos, 2007-9 2007 18 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 55 56 a 65 mais 66 NR 2009 18 a 25 26 a 35 36 a 45 46 a 55 56 a 65 mais 66 NR

Sim 4,8% 21,3% 33,1% 21,1% 10,8% 7,5% 1,5% Sim 7,0% 22,5% 23,5% 20,6% 23,3% 3,2% 0,0%

Filhos Não 42,0% 34,0% 16,0% 2,0% 2,0% 4,0% 0,0% Não 65,1% 16,3% 11,6% 2,3% 2,3% 0,0% 2,3%

NR 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% NR 78,3% 8,7% 0,0% 13,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Tabela 6 – Pesa os filhos, 2007-9 Pesa Filhos Sim Não NR

2007

2009 79,2% 10,0% 10,8%

77,3% 9,6% 13,1%

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Tabela 7 – Lugar de pesagem dos filhos, 2007-9 Local Brigadas Móveis Centro materno Centro saúde Hospital NR

2007

2009 1,9% 29,1% 46,8% 0,3% 21,8%

0,0% 0,0% 91,7% 0,3% 8,0%

Tabela 8 – Regularidade de pesagem dos filhos, 2007-9 Regularidade 1 vez semana 15 em 15 dias 1 vez mês 3 em 3 meses 6 em 6 meses 1 vez ano Não sabe/NR

2007

2009 0,9% 13,9% 45,3% 4,1% 6,3% 5,7% 23,7%

0,7% 20,4% 60,2% 10,0% 5,2% 1,7% 1,7%

Tabela 9 – Relação entre Sector e tempo de deslocação para a escolas, 2007-9 Tempo Escola até 1 hora 1 a 2 horas 2 a 3 horas mais 3 horas NR

2007 Bedanda 53,7% 5,6% 0,0% 0,3% 40,4%

Cacine 67,4% 3,1% 0,0% 0,8% 28,7%

2009 Bedanda 73,2% 11,9% 2,1% 0,5% 12,2%

Cacine 60,3% 14,3% 1,6% 0,0% 23,8%

Tabela 10 – Relação entre Sector e captação de água fora da tabanca, 2007-9 2007 Captação de Água fora Sim Não NR

Bedanda 31,5% 66,4% 2,2%

2009 Cacine 32,6% 65,9% 1,6%

Bedanda 22,3% 76,7% 1,1%

Cacine 4,8% 93,7% 1,6%

Tabela 11 – Relação entre Sector e forma de obtenção de lenha, 2007-9 2007 Obtenção Lenha Apanha Compra Troca NR

Bedanda 95,4% 2,8% 0,0% 1,9%

2009 Cacine 94,6% 3,9% 0,0% 1,6%

Bedanda 98,1% 1,6% 0,3% 0,0%

Cacine 95,2% 4,8% 0,0% 0,0%

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Tabela 12 – Produção de arroz em Kg por Sector, em %, 2007-2009 2007 Kg/Lt 0-100

BEDANDA Arroz

Horta

Leguminosa

Tubérculo

Cereal

Óleo Palma

Vinho Palma

Peixe

Ave

Porco

Cabra

Vaca

Fruta

12,7

26,9

32,1

25,3

19,8

22,8

27,5

27,5

34,9

27,5

30,2

27,2

25,6

101-200

4,9

0,0

0,0

0,0

1,2

3,7

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,3

201-300

1,5

0,0

0,0

0,0

0,0

6,5

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0%

301-400

0,0

0,0

0,0

0,0

0,6

0,9

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

401-500

1,5

0,0

0,0

0,0

0,0

0,6

0,0

0,3

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

+ 500

18,2

0,0

0,0

0,6

1,9

0,0

0,0

0,0

0,3

0,0

0,0

0,0

1,9

NR

61,1

73,1

67,9

74,1

76,5

65,4

72,5

72,2

64,8

72,5

69,8

72,8

72,2

Vinho Palma

Porco

Cabra

2009 Kg/Lt

BEDANDA Arroz

Horta

Leguminosa

Tubérculo

Cereal

Óleo Palma

Peixe

Ave

Vaca

Fruta

0-100

4,5

8,8

15,4

13,3

8,2

5,6

2,7

4,5

19,1

9,3

17,8

4,0

0,0

101-200

9,5

1,6

5,8

1,1

3,4

4,8

0,3

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

201-300

0,0

0,0

2,4

0,8

0,8

4,5

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

301-400

1,6

0,3

0,3

0,0

0,3

1,1

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,3

401-500

0,8

0,3

0,0

0,0

0,0

0,3

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

+ 500

52,5

0,5

4,5

16,2

8,2

3,4

0,0

0,3

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

NR

31,0

88,6

71,6

68,7

79,0

80,4

97,1

95,2

80,9

90,7

82,2

96,0

99,7

2007

CACINE Arroz

Horta

Leguminosa

Tubérculo

Cereal

Óleo Palma

Vinho Palma

Porco

Cabra

21,2

50,4

40,3

36,4

48,8

48,1

50,4

49,6

53,5

50,4

51,9

50,4

50,4

101-200

7,5

0,0

3,1

0,8

2,3

2,3

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

201-300

3,1

0,0

2,3

3,1

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

301-400

0,8

0,0

0,8

1,6

0,0

0,8

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

Kg/Lt 0-100

401-500

Peixe

Ave

Vaca

Fruta

2,4

0,0

0,0

0,0

0,8

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

+ 500

42,4

0,0

2,3

6,2

2,3

1,6

0,0

0,8

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

NR

22,7

49,6

51,2

51,9

45,7

47,3

49,6

49,6

46,5

49,6

48,1

49,6

49,6

Vinho Palma

Porco

Cabra

2009 Kg/Lt 0-100

CACINE Arroz

Horta

Leguminosa

Tubérculo

Cereal

Óleo Palma

Peixe

Ave

Vaca

Fruta

0,0

14,3

14,3

20,6

3,2

1,6

1,6

6,3

19,0

7,9

28,6

3,2

0,0

101-200

12,9

9,5

11,1

3,2

0,0

3,2

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

201-300

4,8

0,0

3,2

3,2

0,0

4,8

1,6

1,6

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

301-400

0,0

0,0

0,0

0,0

1,6

1,6

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

401-500

3,2

0,0

0,0

0,0

0,0

1,6

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

+ 500

27,4

0,0

1,6

3,2

0,0

7,9

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

0,0

NR

51,6

76,2

69,8

69,8

95,2

79,4

96,8

92,1

81,0

92,1

71,4

96,8

100,0

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Tabela 13 – Relação entre venda de produção e Sector, 2007-9 2007 Vende Produtos

Bedanda

2009 Cacine

Bedanda

Cacine

Sim

64,8%

72,9%

71,6%

98,4%

Não NR

29,0% 6,2%

26,4% 0,8%

26,0% 2,4%

1,6% 0,0%

Tabela 14 – Identificação do local de venda, 2007-9 Local

2007

Estrada Horta Lumu Tabanca NR

2009 0,7% 0,3% 58,6% 38,8% 1,6%

1,8% 0,0% 66,9% 30,7% 0,6%

Tabela 15 – Destino final da produção vendida, 2007-9 Qual o destino Bafata Bambadinca Bissau Buba Consumo local Gabu Guiné-Conacri Mansoa Senegal NR

2007

2009 1,7% 0,0% 58,6% 0,0% 4,0% 5,2% 1,7% 0,0% 1,1% 27,6%

8,2% 0,6% 40,4% 0,6% 23,4% 6,4% 8,2% 1,2% 0,0% 11,1%

Tabela 16 – Relação entre Sector e distância para o Lumu, 2007-9 2007 Distância Lumu 0 a 1 hora 1 a 2 horas 2 a 3 horas mais 3 horas Não Sabe / NR

Bedanda 13,9% 14,5% 16,4% 4,9% 50,3%

2009 Cacine 30,2% 38,8% 5,4% 0,0% 25,6%

Bedanda 33,7% 45,9% 8,8% 3,2% 8,5%

Cacine 28,6% 47,6% 17,5% 0,0% 6,3%

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Tabela 17 – Relação entre vigilância sanitária e Sector, 2007-9 2007 Bedanda Cacine 1,5% 0,0% 61,1% 83,7% 37,3% 16,3%

Vigilância sanitária Sim Não NR

2009 Bedanda Cacine 77,7% 73,0% 13,5% 25,4% 8,8% 1,6%

Tabela 18 – Relação entre tipo de vigilância sanitária e animal, 2007-9 ANIMAL

2007 2009

Vigilância sanitária Vacinação Desparasitação Vacinação Desparasitação

Bovino

Aves

60,0% 60,0% 41,0% 1,2%

Caprino

0,0% 0,0% 11,5% 0,6%

Suíno

20,0% 0,0% 43,4% 64,0%

NR

0,0% 0,0% 0,0% 0,3%

20,0% 40,0% 4,1% 33,9%

Tabela 19 – Produção de caju 2007-9 2007 Produz Caju

Bedanda

2009 Cacine

Bedanda

Cacine

Sim Não

64,5% 19,4%

48,8% 37,2%

63,4% 23,6%

58,7% 27,0%

NR

16,0%

14,0%

13,0%

14,3%

Tabela 20 – Produção de Caju, 2007-9 Área cultivada ha

2007

2009

0a1 2 ou 3

9,6% 24,3%

4,0% 17,5%

3a4 mais 4

0,0% 8,1%

9,3% 15,9%

58,1%

53,4%

Não sabe / NR

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ANEXO 6 FOTOGRAFIAS

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Fotografia nº 1 – Placa indicativa de recuperação de Bolanhas, Projecto Woncame

IMVF/AD

Fotografia nº 2 – Placa indicativa do Lumu de Gandember, Projecto Woncame

IMVF/AD

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Fotografia nº 3 – Diques de retenção de água, Projecto Woncame

IMVF/AD

Fotografia nº 4 – A equipa do Projecto junto a benefícios, Projecto Woncame

IMVF/AD

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Fotografia nº 5 – Benefícios agrícolas, Projecto Woncame

IMVF/AD

Fotografia nº 6 – Bolanhas, Projecto Woncame

IMVF/AD

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Fotografia nº 7 – Construção de Poço, Projecto Woncame

IMVF/AD Fotografia nº 8 – Resultado da produção agrícola, Projecto Woncame

IMVF/AD

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Fotografia nº 9 – Produção de caju, Projecto Woncame

IMVF/AD

Fotografia nº 10 – Extracção de óleo de palma, Projecto Woncame

IMVF/AD

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Fotografia nº 11 – Descascadora de arroz, Projecto Woncame

IMVF/AD

Fotografia nº 12 – Arroz descascado, Projecto Woncame

IMVF/AD

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