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10.Desafios à realização das atividades no terreno

DESAFIOS À REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES NO TERRENO 10.

Vale mencionar que, para a realização das atividades, a ida da equipa técnica às comunidades e a articulação com as lideranças rurais femininas exigiu um esforço conjunto de logística e adaptação do programa previsto conforme as necessidades da realidade local. Isto porque, em primeiro lugar, o acesso às comunidades é muito dificultado pela falta de boas estradas e infraestruturas de transportes, o que exige o uso de veículos próprios para terrenos irregulares e chão de terra – o acesso à comunidade também está fortemente dependente das condições climáticas. Quando chove, o transporte torna-se ainda mais raro e perigoso ou completamente inviável, acrescendo dificuldades inequívocas à participação física e efetiva das mulheres rurais nos espaços de governança e processos de tomada de decisão, geralmente localizados nos centros das cidades. Além disso, sempre que as mulheres rurais participam de alguma atividade voltada para a luta pelos seus direitos, é preciso ter em atenção como coordenar essas ações de forma a potenciar sua participação efetiva. Não basta promover as ações, é necessário considerar que, para atenderem às atividades de organização coletiva, há que criar as condições para que elas não abdiquem das tarefas domésticas e laborais que desempenham na sua rotina quotidiana. Além disso, durante o tempo destinado a essa articulação, nem todas as mulheres têm disponível uma rede de apoio para, caso sejam mães, poderem deixar os seus filhos e filhas ou as pessoas idosas sob os seus cuidados, portanto é preciso criar espaços de discussão coletiva que sejam acolhedores e flexíveis. Ainda, em certos períodos do ano que são mais intensos em termos de produção agrícola, elas não conseguem ausentar-se do trabalho físico na lavoura ou nas etapas da transformação de produto, por exemplo. Essas questões levantadas deixam ainda mais claro o papel central desempenhado pelas lideranças rurais femininas comunitárias, que fazem esse trabalho contínuo e fundamental de mobilizar e sensibilizar as suas companheiras de luta e, ao mesmo tempo, representar os interesses coletivamente definidos a nível interno, também fora das suas comunidades.

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Entretanto, também é preciso vontade política nos espaços de governança para criar e facilitar condições para garantir a presença e

voz das mulheres rurais na formulação de políticas públicas, visto que serão transversalmente afetadas por estas. Tal como para assegurar que ações de sensibilização, mobilização, intercâmbio de conhecimentos e co-construção de capacidades sejam levadas a cabo, é central que haja financiamento de coletivos, redes e projetos formados por mulheres rurais com o objetivo de advogar pelos seus direitos. Assim, é possível perceber que os desafios são numerosos, mas a vontade política e financiamento, apesar de não resolverem todas as questões, são peças-chave para a resolução de boa parte das problemáticas apresentadas. Ou, ao menos, se presentes, poderiam propiciar condições para lutar pela superação dos demais empecilhos rumo à igualdade e equidade de género em São Tomé e Príncipe.