Catálogo 24º AmadoraBD 2013

Page 36

75 anos com o Super-Homem

I  © Super-Homem, capa do nº 1, Agência Portuguesa de Revistas, 1972

70, pelo menos até ser resgatado pelo cinema em 1978, com o blockbuster Super-Homem, o primeiro filme de grande orçamento criado a partir de uma BD de super-heróis, em que o lado mais mítico, puro e sonhador da personagem veio ao de cima e conquistou novos públicos. Por esses anos, a BD foi tentando apanhar o passo, sempre a resvalar entre o status quo e a irreverência, e chegou a meados dos anos 80 a pedir uma clarificação de rumo, tal como o restante universo dos super-heróis DC em que se inseria. Simbolicamente, Alan Moore escreveu em 1986 aquela que poderia ser a última história do Super-Homem, Whatever Happened to the Man of Tomorrow, que se tornou um clássico do herói. A partir daí, tudo seria diferente.

Um herói inocente nas voragens da moda (1986-2013) Com a DC Comics a ser ultrapassada em toda a linha pela sua rival Marvel Comics, a decisão de modernização foi radical: todos os títulos começaram do zero, todas as histórias arrancaram do início, como se nada tivesse existido para trás. Os principais heróis tiveram reformulações completas e a de Super-Homem surgiu com argumento e desenhos de uma das maiores estrelas da altura, John Byrne, que soube como poucos casar a modernidade com o encanto do mito e reinventar a personagem para as gerações seguintes: entre outras coisas, Superboy e Supergirl deixaram de existir (embora apareçam muito mais à frente com novas configurações), Lex Luthor passou a ser um milionário e não um génio louco, Super-Homem deixou de conseguir mover planetas a seu bel-prazer, os pais adoptivos não morreram e Clark Kent deixou de ser um tonto balbuciante e passou a ser a verdadeira identidade do Homem de Aço, contrariando a premissa que acima postulara Jules Feiffer, com a sua educação rural e cheia de princípios a contrastar com o estilo de vida da grande cidade. Com a cultura pop a entrar sem complexos em todas as áreas da vida cultural e a BD a passar a merecer de forma consistente uma atenção alargada nos media e nas universidades, o Super-Homem aprendeu a viver nesta dicotomia singular: por um lado ele é o mais puro e estoicamente idealista num mundo de super-heróis cada vez mais negros e desesperados, por outro está continuamente em mutação (e posterior regresso ao status quo) para se manter na crista da onda em termos de popularidade. Assim, desde os anos 90, o Super-Homem morreu, ressuscitou, casou, deixou crescer o cabelo e mudou de uni-

35


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.