Catálogo 24º AmadoraBD 2013

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Festival pela Cidade Galeria Municipal Artur Bual

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Geraldes Lino, Militante de BD e Fanzines

Há ainda os prozines, assim classificados quando os seus editores são profissionais de banda desenhada, o que é caso raro entre nós. Nesta classificação apenas se poderão incluir Cadernos de Banda Desenhada, em edição de Catherine Labey e direcção de A.A. de Castro (pseudónimo de Jorge Magalhães), ambos profissionais de BD, e também “Colecção Audácia” (2ª série), igualmente editada pelo conceituado argumentista; Ménage a Trois, de Fernando Relvas; e Cadernos José Abrantes, do homónimo editautor. Uma outra diferenciação tem a ver com o conteúdo. Se são totalmente compostos por estudos e críticas, são classificáveis como “fanzines sobre banda desenhada”; se apenas incluem bandas desenhadas, são considerados “fanzines de BD”; e se no seu conteúdo há muitos textos, sobre diversos temas, ou apenas sobre um específico sem ser de BD, mas incluem duas ou três bedês, são classificados como “fanzines com BD”. Todos estes tipos de fanzines, apreciados pelos fanzinéfilos, são preservados como acervo das fanzinetecas, de que em Portugal apenas existe uma, em Coimbra, que se assume como exclusivamente centrada nesse tipo de publicações. São os fanzines vítimas, actualmente, do que se poderá chamar “vírus da iliteracia”. Desde há uns anos que, entre nós, grande número de pessoas, geralmente jovens, dizem “uma fanzine, as fanzines”, talvez por ignorarem a etimologia do neologismo. Todavia, tal deturpação não aconteceu em França. Lá diz-se, e escreve-se, “un fanzine, le fanzine”; em Espanha é “el fanzine, los fanzines”; no português do Brasil é igualmente usado o género masculino. Aliás, em Portugal, este neologismo já está dicionarizado desde 1998, na 8ª edição do Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora.. Mal conhecido ou deturpado, até depreciado, o fenómeno dos fanzines já existe em Portugal há mais de quarenta anos, e mantém-se como campo experimental para autores e editores, bem como foco de resistência ao economicismo editorial, que apenas se interessa pelas publicações normalizadas, tratando de escândalos ou bisbilhotices, provadamente lucrativas. Ao invés, é através dos zines que se podem tratar todos os temas que não têm cabimento, ou dificilmente são aceites nessas revistas convencionais/comerciais. Por isso, há três palavras que sinteticamente podem definir os fanzines: independência, liberdade e imaginação.

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